segunda-feira, dezembro 29, 2008

Para quem acredita na extinção do capitalismo.

Um cartoon simplesmente educativo e espetacular. Produzido pelo Departamento da Faculdade de Harding, nos Eua, mostra os males do comunismo e por que a economia de mercado a democracia liberal continuam sendo as melhores melhores opções.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Quinto bate-papo entre Conde Loppeux de la Villanueva e David Carvalho.


Conde Loppeux de la Villanueva e David Carvalho falam sobre outras atualidades: direita e esquerda, educação sexual, diluição dos valores, relativismo moral e intelectual, família, filmes, hierarquias sociais, etc. Baixe em download.

ParteII

Parte III

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Matar nascituros: uma questão de saúde pública.


O governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral fez uma declaração que escandalizou uma boa parte da mídia brasileira. Ele disse que se o aborto fosse legalizado, a violência no Rio diminuiria, porque haveria menos pobres favelados. Não me impressiona que uma cria demagógica da política carioca tenha feito essa afirmação. De fato, o Sr. José Temporão é do mesmo partido do governador, o PMDB, e é famosíssimo por defender a campanha pró-aborto. Daí o epíteto jocoso de “abortão”. É também o ministro da saúde do governo do presidente Lula. Daí o codinome “o ministro da morte”. Ademais, os abortistas sofreram um grande revés quando o projeto deles sofreu uma dura derrota no Congresso Nacional. A Igreja Católica, as igrejas protestantes e mesmo a presença do papa no Brasil impediram a oficialização do morticínio.

No entanto, impressionante a reação da imprensa, os intelectuais e os comentaristas, em sua maioria, em contradizer fatalmente o raciocínio do governador: não são eles próprios que declaram que a pobreza gera violência? Não são eles que justificam o aborto pelo argumento de que as mães são incapazes de sustentar os filhos? Não são eles que querem legalizar o aborto em todas as suas formas, como uma espécie de controle da natalidade dos indesejados, incapazes e indigentes? Por que se chocar com a opinião cretina do governador, impotente para combater a criminalidade nas favelas, já que nos seus íntimos pensamentos, são solidários a ele? O berço das famílias humildes é culpado por crimes não realizados. E aí, dentro da lógica dos abortistas, deve-se matar por antecipação. E esse mesmo povo defende “direitos humanos”, ainda que só para bandidos!

Malgrado a histeria da opinião pública, o Presidente Lula já declarou ser favorável ao aborto. Só que ele disfarça as intenções delinqüentes com a conversa fiada de “discutir com franqueza” uma questão que ele considera de “saúde pública”. Nestes tempos sombrios não há discussões éticas, morais ou religiosas: o debate é um sacrossanto argumento pseudocientífico. Em declarações à grande imprensa, assim ele diz: “Não se trata de ser contra ou a favor (do aborto). Mas de se discutir com muita franqueza porque é uma questão de saúde pública. Se perguntarem quantas madames vão fazer aborto até em outro país? E as pobres que morrem na periferia? Não se trata de ser contra ou não. É preciso que se faça o debate".

Na primeira frase, a declaração é simplesmente incoerente, senão uma revelação da faceta moral de quem nos governa. Na visão do presidente, os aspectos morais e éticos que implicam a discussão sobre o aborto são menos importantes do que o conceito elástico e genérico de “saúde pública”. Relembremos que no começo do século XX, a eugenia racial, a esterilização de doentes mentais e de outros elementos considerados “inferiores” também foram motivadas por questões de saúde pública. Como futuramente foi de “saúde pública”, a eutanásia contra débeis mentais na Alemanha Nazista e o extermínio de judeus, considerados no mesmo nível de “ratos”, “insetos” ou “bacilos nocivos”. Ou mais, o “bacilo judeu” impuro da raça ariana. Há de acrescentar outro caso exemplar de “saúde pública”. A União Soviética internava em hospícios dissidentes que divergiam do regime comunista, porque eram considerados “sabotadores”, “anti-sociais”, “perigosos” para a ordem política ou para a “saúde pública”. O governo insano internava os sãos no manicômio, controlado pela polícia política. Nikita Krushev, o cínico burocrata da nomenclatura do Partido Comunista, já dizia: “- Um crime é um desvio de padrões de comportamento geralmente reconhecidos, com freqüência causado por distúrbios mentais (...) Aqueles que começam a exigir a oposição ao comunismo. . .é claro que o estado mental de tais pessoas não é normal”. Se a ditadura comunista era publicamente “reconhecida” pela comunidade, ainda que na base de execuções sumárias e campos de concentração gulag, quem seria louco para contestar?

A lógica da outra frase “quantas madames vão fazer aborto em outro país” parte do pressuposto de que devemos adotar a criminalidade e o relativismo moral de outros países, para que os nacionais pratiquem crimes aqui. E quem é o presidente para se preocupar com as pobres que morrem na periferia, já que propõe legalizar a morte de milhões de outros pobres, bem ao gosto do governador Sérgio Cabral? O presidente diz que não é questão de ser a favor ou contra. Porém, propõe um debate para ser a favor. E ainda diz que é “contra”. Recorde-se que o presidente já chamou um lado dos debatedores de “hipócritas”. Ou seja, o grosso dos católicos, protestantes e demais Igrejas e denominações cristãs contrários ao aborto. Isso não é tudo. “Sincero” mesmo é o presidente, como vamos ver agora.

Ele mostra uma duplicidade moral quando diz: “- Eu fiz questão de dizer ontem (em entrevista a emissoras católicas), não apenas como presidente, mas como cidadão, que na minha história política sou contra o aborto. Mas enquanto chefe de Estado acho que o aborto tem de ser tratado como questão de saúde pública". Em outras palavras, o presidente coloca sua pretensa moralidade no ralo, para adotar o papel de chefe de Estado defensor do aborto. Que tipo de figura pública é essa que faz de sua opinião pessoal algo tão descartável na sua vida política? Será que os cristãos não perceberam que o presidente, além de mentir publicamente, está chamando-os de hipócritas?

Se os argumentos do governador do Rio de Janeiro, do Presidente de República e do Ministro da saúde estão acima dos valores que sacralizam a vida humana, com que finalidade os paladinos do progresso humano em nosso atual governo querem chegar, com a legalização do aborto? A eugenia? A diminuição de pobres nas favelas? O controle de natalidade? Alguns dirão, incluso as feministas, atualíssimas inimigas da mulher, que é para proteger a mãe pobre que aborta, dos infortúnios das clínicas clandestinas. Ou mais, eles,preocupadíssimos com a seguridade da espécie humana, não querem que as mulheres morram; querem sim que elas matem seus filhos com segurança. Jogar nascituros no lixo não é questão de ser contra ou a favor, e sim mera questão de “saúde pública”. Linguagem mais totalitária do que essa não há!

terça-feira, dezembro 16, 2008

Estranhas liberdades.

Tornou-se uma mania em muitos setores jurídicos, políticos e midiáticos falar do “direito” como qualquer reivindicação tosca ou panacéia pronta para as neuroses psicológicas mais idiossincráticas. Advogados, ativistas sociais, juízes, promotores, professores e jornalistas são mestres nessas tolices jurídicas pomposas. De fato, qualquer exigência, por mais anormal que seja, pode se tornar fonte de direito. Se houver o apoio de uma ONG ou mesmo a “vontade política” de uma turba organizada, rotulada com algum epíteto de “social”, quase tudo se pode realizar. Ou mesmo se alguma corja acadêmica der aval a tais motivações. Isso dá voto, popularidade, atestado de bom mocismo. Saiu-se da racionalidade de valores cristãos tradicionais, de concepções claras de direitos naturais, para uma outra ordem, muito mais arbitrária e imprecisa, ou seja, a “vontade coletiva” ou “individual”. São duas faces da mesma moeda. Alguns tipos “liberais” e os socialistas estão no mesmo barco, prostituindo o conceito da liberdade e do direito, em suas várias acepções.

É interessante notar que a disputa entre essas correntes revela um problema seriíssimo. Para eles, as normas do direito e da sociedade política não implicam certos valores éticos e morais transcendentes, genuínos, hierárquicos, pautados numa perenidade e agindo objetivamente na realidade, e sim, de consagração de vontades, convencionada por mero capricho ou gosto. Em outras palavras, as reivindicações políticas perderam todo o norte da realidade e da razão. E a vontade se torna regra moral ou lei. Se for questão de gosto, qualquer dia alguém poderá socar à vontade a cara do outro, que dá no mesmo. Essa idéia lembra a do jurista alemão Carl Schmidt, que serviu de teorização para a ideologia nazista de Estado: a vida política é tão somente disputa de vontades pelo poder. Os grupos liberais e socialistas estão abrindo precedentes gravíssimos para a destruição da democracia e da sociedade civil. Isso porque todos eles reivindicam esses caprichos em nome da “liberdade”.

Dentre tantas indústrias do “reivindicacionismo” jurídico e profissional, o mais perigoso, certamente, é a revolução cultural que variados grupos propõem. Ou seja, a mudança radical dos comportamentos morais e sociais, através da instrumentalização jurídica da moral, do Estado e do direito. A luta socialista, por assim dizer, não é mais direta, é sutil. Ela explora as noções de liberdade civil da democracia para degradá-la moral e culturalmente. É o que chamaríamos de “mudança das mentalidades”. Isso implica a maneira como a sociedade encara a família, as relações interpessoais, a propriedade privada e outros elementos que formam a vida civil privada. Uma dos princípios mais atacados por eles, certamente é o da religião cristã. Interessante notar a violência com que a fé cristã é atacada. Uma boa parte desses militantes sabe que muito do que se acredita como moral se deve a uma simbologia e concepção teológica cristianizadas, arraigadas na consciência popular. Todavia, as classes supostamente cultas, em sua maioria, já baniram o cristianismo da vida intelectual universitária. Filosofia cristã, que vai da Patrística a Santo Tomás de Aquino, só em grupos de religiosos marginalizados, rotulados previamente como “fanáticos”. A academia, por assim dizer, é encharcada de materialismo e marxismo. Ou então por qualquer modismo darwinista.

A primeira concepção cristã atacada pelos acólitos da modernidade progressista é a sacralidade da vida. Curioso que certos indivíduos defendam, em nome da “liberdade” da mulher, a destruição da vida do nascituro. É o que hoje se reivindica como “direitos” da mulher, dentro da estultice de certas feministas, ainda que se negue o direito de nascer de outro indivíduo. Logo, é tão somente o direito de matar, camuflado por uma linguagem eufemística e perversa, do ponto de vista moral e jurídico. As justificativas são ainda mais estranhas. Mata-se um nascituro por não ser desejado ou amado pelos pais; porque é pobre; porque é defeituoso; enfim, por razões que somadas, seriam abertamente reconhecidas e aprovadas pelo regime nazista. Nada mais do que a eugenia.

Mas as características eugênicas não se resumem aos nascituros. Há uma certa tendência para que a matança absorva também os doentes e os velhos. A cultura cristã tradicional nos exorta à vida em toda a sua plenitude. Os arautos do progresso humano defendem o “direito de morrer”, que pode ser do mero suicídio assistido até o assassinato consentido pelo doente. Ora, velhos, pobres, indigentes, nascituros incômodos, defeituosos, débeis mentais, pra quê? Os progressistas não querem a “evolução” (no sentido darwinista do termo) da raça humana?

Os paladinos do progresso humano não se contentam em transformar o homem num esterco biológico. Eles querem modificar a estrutura familiar para atomizar o indivíduo e destruir suas relações mais íntimas. A família propriamente dita no mundo ocidental implica alguns fatores que a identificam e preservam, a saber: a compatibilidade biológica heterossexual entre um casal para gerar filhos; a monogamia, que implica a individualização da relação do casal e o compromisso de fidelidade recíproca; e a consangüinidade que gera direitos e deveres mútuos entre pais e filhos. Mesmo que apliquemos o caso dos filhos adotivos, a relação familiar não muda substancialmente: a filiação simbólica acaba reproduzindo o que é tradicionalmente feito dentro das famílias biológicas. Eis os aspectos mais identificáveis do que poderíamos chamar de “família natural”.

Entretanto, o reivindicacionismo jurídico ameaça transformar de maneira brutal essas relações tradicionais, de modo pernicioso. A militância homossexual que exige direitos legais comuns de família impõe uma corrupção moral sem precedentes no âmbito da estrutura familiar. Destrói a referência sexual do casamento e mesmo inverte o sentido simbólico do pai e da mãe na educação dos filhos. Isto porque a “família gay” é um contra-senso do ponto de vista biológico, porque parte de uma atividade sexual antinatural. Se alguém atentar para o fato de que a legalidade pode colocar na mesma hierarquia duas condutas virtualmente diferentes como padrões de família, logo, a família natural será abalada, senão destruída. A homossexualidade, que até então era mero desejo particular e restrito de algumas pessoas, acabará se tornando um valor cultural e familiar, repassado de pais para filhos. Com que parâmetros uma sociedade pode fundamentar uma noção familiar sã, se o modelo apregoado é essencialmente estéril, tanto do ponto de vista moral, como comportamental? Se o padrão familiar natural pode ser renegado por mera lei positiva, desvirtuando-se completamente da realidade elementar, que tipo padrão pode servir como referência moral para as pessoas em geral, dentro da seara do direito? A resposta é muito simples: nenhum. Não me espantaria que, qualquer dia, a brecha legal abra precedentes para outras condutas destrutivas da família.

Curiosamente, escutei de alguns estudiosos de direito, o argumento de defesa da poligamia. Como nesta época esquisita não se pode subestimar ou ignorar os idiotas, eis que na visão deles, a família deveria proceder dentro dos modelos que os casais escolherem. A imposição da monogamia seria uma espécie de violação da liberdade individual, um mal terrível e despótico da fé cristã. É interessante como certos tipos imbecis, elevados a cargos ou lugares de excelência, tenham o disparate de falar asneiras grosseiras e levianas, além do que serem incapazes de compreender os elementos civilizacionais que distinguem os homens das bestas das florestas. Em outras épocas, seriam açoitados ou enxotados a pontapés. Hoje, eles são “doutores”.

A poligamia foi abolida, justamente por criar uma situação de promiscuidade sexual dentro do ambiente familiar. Um ambiente onde duas mulheres convivem com o mesmo homem e vice-versa é naturalmente conflitante, até porque o cônjuge não dará atenção a duas ou três pessoas ao mesmo tempo. A poligamia tem um elemento degradante que é a depreciação da individualidade. A mulher que divide seu homem com outra é bem menos especial do que numa relação monogâmica. O homem que divide sua mulher com outro homem tem o risco de nem mesmo poder identificar a sua própria prole. A poligamia, antes de gerar unidades familiares autênticas, acaba gerando divisões insanáveis, muitas vezes prejudiciais à sua existência, uma vez que os papéis dos pais são misturados. Mesmo nas sociedades islâmicas, a poligamia cada vez mais é um comportamento restrito, em vias de esquecimento, precisamente por conta desses conflitos. E, no entanto, os idiotas progressistas querem colocar a família cristã ao nível do harém do sultão ou do bordel do cafetão. Só faltam legalizar o adultério. Ou legitimar o islamismo, nos seus costumes mais bizarros.

O problema é que relativizam a família, porque também já relativizaram a conduta sexual. Interessante notar que o ativismo social, ao pregar a chamada “diversidade”, quer combater a discriminação de todas as práticas sexuais. São as chamadas leis que protegem a tal “orientação sexual”. Mais uma vez permitem que o Estado invada a esfera íntima dos indivíduos, querendo moldar seus gostos ou, ao menos, estimular comportamentos abjetos e odiosos. Em suma, o direito pode priorizar no mesmo nível a heterossexualidade, a homossexualidade, a zoofilia, a necrofilia, a pedofilia e outros tipos de “orientação sexual”. O problema não é de cada um, tal como dizem os liberais ou socialistas? Por que não podem formar famílias visando as orientações sexuais mais convenientes? E quem, até então, acreditava na moralidade tradicional, se rejeitar tais condutas, é possível que vá pra cadeia por conta disso, por ser “preconceituoso”.

O cristianismo apenas consagrou o que poderíamos chamar de família natural, em que um homem e uma mulher formam um núcleo coeso, sólido, individualizado, onde as relações consangüíneas e amorosas são direcionadas um para outro. Em outras palavras, as duas carnes que se tornam uma. A instituição familiar não é mero capricho do casal. É algo que implica responsabilidades, deveres, vocações, força moral, que está além deles. Quem reduz a família a mero gosto não tem a menor idéia do que está dizendo. É pior, está apto a destruir o seu caráter moral, já que a família implica vínculos bem definidos e que formam o universo principal de um indivíduo que vai nascer neste ambiente.

Certamente o Estado não deve invadir a esfera individual da sexualidade e do foro intimo dos indivíduos. Mas tampouco deve reconhecer comportamentos, que do ponto de vista ético e moral, transgridem valores autênticos e sólidos de virtude e honestidade que formam a conduta da família e do casamento e que não servem de parâmetros para o direito. Os juízos de valor são obrigatórios, dentro de cada lei que o direito sanciona. Equiparar diferenças é o mesmo que nivelar por baixo ou rebaixar a ordem hierárquica dos valores. Porém, é a mania dos inimigos da família: destroçá-la por dentro, em favor de uma conduta, que na prática, é licenciosa e prostituída.

Por outro lado, é interessante notar que, a despeito da defesa liberal dos direitos de propriedade, os mesmos achem que este instituto pode sobreviver dentro de um imaginário cultural socialista. Daí o economecês inócuo, quando a ordem de valores que sancionam o direito é preterida. Ademais, a concepção atual dos direitos de propriedade, pautada na idéia de uma suposta “função social” determinada pelo Estado, é uma mudança radical na concepção mesma desse direito. Isso porque a legalidade está dando poderes arbitrários ao Estado determinar os usos e posses da propriedade. Na realidade, é a destruição lenta e gradual da esfera civil independente, exposta ao controle estatal. Ou seja, o socialismo puro e simples.

Entretanto, alguns liberais se acham o supra-sumo da inteligência ao defenderem a velha dicotomia entre Estado e sociedade civil, prevalecendo a idéia de que a vontade individual é superior a coletiva. Os socialistas pensam o inverso: a vontade coletiva sobrepõe a individual. O problema é que essa dicotomia é incompleta. A relação entre o público e o privado não é uma disputa de vontades. Pelo contrário, tanto a vontade individual como a vontade coletiva podem levar a arbitrariedades, com a diferença de o alcance coletivo ter um poder destruidor maior. Na prática, ambos os raciocínios levam à atomização do indivíduo ou ao seu aniquilamento. Quando um liberal diz que uma pessoa pode fazer tudo, contanto que não incomode os vizinhos, há neste discurso o veneno da indiferença moral, da incapacidade de ajuizar valores de conduta, do isolamento individual na sociedade, como se a pessoa não tivesse relações com seus semelhantes, e como se seus atos não gerassem conseqüências para si e para outros. Por outro lado, se essa conduta individual arbitrária é aceitável do ponto de vista ético, por que o liberal médio reclamaria do socialista, se a coletividade despótica é justamente a junção de indivíduos isolados transformados em “vontade coletiva”? Os totalitarismos são frutos dessa perda completa da ordem de valores morais.

É nesta ordem de raciocínio que as leis, o direito e mesmo a sociedade política estão sendo formadas atualmente. As reivindicações jurídicas são as mais espúrias, as mais tolas, as mais imaturas possíveis. Quando a disputa apaixonada oblitera a razão e quando a paixão se torna lei, nada poderemos esperar senão o arbítrio. E os valores que consagram o respeito à individualidade, a liberdade e as instituições privadas, como o direito à vida, a integridade da família e os direitos de propriedade, estão sendo substancialmente destruídos pelo relativismo dos liberais e dos socialistas.

Por que, afinal, os liberais progressistas e os socialistas odeiam tanto o cristianismo? Porque o cristianismo é a única fé que dá fundamento moral para a ordem ética e moral ainda sólida nas sociedades democráticas. São as noções cristãs da vida, da família e da propriedade que ainda dignificam o ser humano e orientam a sua liberdade para a justa e reta razão. Os liberais, ao relativizarem todas as escolhas individuais em nome da liberdade, degradam o indivíduo e prostituem a liberdade. E os socialistas relativizam a liberdade, justamente para destruí-la, quando controlarem o status do coletivo, seja no âmbito da política, como da cultura. A renúncia da sacralidade da vida, da família e da propriedade é a renúncia dos laços privados autênticos da pessoa, contra os desmandos do Estado e dos engenheiros sociais. É a prevalência da vontade irracional contra a razão, a queda da civilização para a barbárie. E a barbárie quer se tornar lei. São as estranhas noções de liberdade que eles prometem. A liberdade dos libertinos.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Os gatinhos siameses do socialismo cultural.

O debate intelectual no Brasil há muito é escasso de pluralidade, senão quase extinto. De fato, quando se disputa idéias no âmbito da política, da economia, na cultura mesma, espantoso é perceber que entre os debatedores, as divergências são mínimas. Na verdade, eles têm algo em comum: são todos socialistas. A diferença, por assim dizer, é só sobre modos de socialismos. Pode ser a ortodoxia marxista clássica, o marxismo-leninismo, o gramscianismo, a Escola de Frankfurt, etc. Porém, quando o socialismo não tem linhagem marxista, a tendência é de se nacionalizar. É o que chamaríamos de “nacional-socialismo”, ainda que com sua vertente tupiniquim: o desenvolvimentismo estatizante histriônico junto com a conspiração dos gringos para roubarem a Amazônia. Curiosamente, muitos marxistas são solidários nessa idéia, ainda que hipocritamente.

Por outro lado, temos os liberais. Estes defendem o Estado de Direito, o livre mercado e as liberdades individuais. Pelo menos é a sua forma. O problema é a substância. De fato, o mal dos liberais é olhar quase sempre a democracia, o direito e mesmo o valor da liberdade como meras expressões formais, ignorando seus postulados éticos, morais e culturais autênticos. Daí a entender o porquê da esquerda ter uma hegemonia quase absoluta no que diz respeito ao imaginário, criando uma espécie de “socialismo cultural”. Até porque, salvo no caso do livre mercado, os liberais tendem a aderir a todo o programa socialista na ordem da cultura. Ou seja, eles acabam aceitando as migalhas das concessões econômicas, quando renunciam a todo o resto. No final das contas, os liberais acabam servindo de empregadinha doméstica dos socialistas. E depois são enxotados quando não são mais convenientes.

O mal de certas perspectivas liberais tem o mesmo fruto envenenado do socialismo cultural: o relativismo moral. Ninguém parece entender que a democracia, o Estado de Direito e mesmo a economia do mercado só sobrevivem dentro de certas categorias morais e espirituais transcendentes e, portanto, irrenunciáveis. Os conservadores não deixam de estar corretos em afirmar que a disputa intelectual entre um liberal e um socialista é um debate de materialismos. Como ambos recusam postulados morais e éticos superiores, só nos restam dois caminhos: para o socialista, a diluição do individuo na comunidade; para o liberal, a atomização do individuo na comunidade. Na prática, são duas vertentes aparentemente opostas que chegam ao mesmo fim. Atualmente, quase todo liberal é laicista, anticristão, ateu, adepto das ideologias politicamente corretas, tal qual como o socialista. Difere e muito do liberalismo clássico que o gerou. Pois o antigo liberal clássico ainda guarda postulados tradicionais cristãos. Não difere muito do socialista, no que diz respeito a uma vertente progressista. Contanto que o homem seja reduzido a uma criatura que só saiba comer e dormir, do resto, todos estão satisfeitos.

Neste aspecto, a história ensina muita coisa. Uma das causas da democracia liberal ter entrado em colapso na primeira metade do século XX, consumida pelos fascismos e pelos comunismos, foi o esvaziamento moral e espiritual da sociedade. Esse vazio refletiu também na completa negação dos postulados básicos do direito natural e do bem comum na política, como a renúncia de critérios éticos da liberdade pelo confortos materiais ilusórios. Por outro lado, a lenta e gradual rejeição do cristianismo na Europa foi uma das maiores tragédias civilizacionais da época contemporânea. Até porque a noção simbólica que o ocidente possui da liberdade e demais instituições, como família e propriedade, existe precisamente por conta de uma visão teológica cristã. Como resposta, os totalitarismos representaram a força mística da modernidade, seja na idéia da raça, da classe ou da nação personificada no Estado, ainda que, na prática, fossem uma pseudo-espiritualidade.

Todavia, o liberal médio prega a liberdade sem a cultura que a engendrou. Ou pior, prega a liberdade dentro da impregnação cultural socialista que vai destruí-la. De nada adiantará o Estado de Direito ou o livre mercado, se no plano do imaginário das pessoas é possível renunciar a tudo isso em nome de um Estado benfeitor e acolhedor; ou se a propriedade e a família são vistas como caprichos individuais ou coletivos, sem vínculo com a tradição, a realidade e a moral cristianíssima estabelecidas. Se a liberdade é tão somente um meio para escolher os confortos materiais desta vida, o que impede alguém de renunciá-la pelos mesmos confortos? A ojeriza do liberal médio pelo Estado se torna uma completa inocuidade. Até porque ele mesmo acabou por dessacralizar a liberdade, vilipendiá-la, rebaixá-la moralmente. E como a liberdade é tão somente uma subjetividade e um fim em si mesmo, e não uma ação justa, reta e racional, buscando um tipo de bem, nada impede que alguém, em nome dessa liberdade, acabe renegando-a. Foi assim que ocorreu na Itália fascista e na Alemanha Nazista. É pior: como a liberdade não tem padrões morais finalísticos que orientem uma conduta saudável, ela acaba se degenerando em licenciosidade. Ou mesmo se aniquila.

Não me espanto quando um liberal e um socialista defendam as mesmas causas culturais. Um dos elementos mais dramáticos dessa similaridade é a negação do valor da vida humana. O aborto é uma bandeira comum a ambos os lados. Transformaram, inclusive, a matança de nascituros num “direito” feminino. A eutanásia se tornou uma prerrogativa mais bizarra: o “direito de morrer”. Na velha mentalidade cristã tradicional, os fracos, os velhos e os doentes deviam ser protegidos do desamparo e da morte, amenizando as agruras da vida; daí a existência dos hospitais e asilos às pessoas carentes e a prática da caridade, engenhosas instituições e práticas da espiritualidade católica. Todavia, os liberais e os socialistas querem eliminar os incapazes. Não por “caridade”, tal como dizem, mas porque, como a sua perspectiva sempre é utilitária, os velhos, os fracos e os débeis mentais são criaturas inúteis. Aliás, matar por caridade é puro cinismo. Se não bastasse isso, o suicídio também virou exigência moral. Há nestas manifestações uma perniciosa teorização darwinista nas relações sociais. Ao menos, anteriormente, se dava explicações cientificistas falaciosas sobre essas ações grotescas. Agora tais práticas ganharam aura de humanitarismo, de civilidade. Quando a morte se torna um valor, é porque as coisas vão muito mal.

Outro ataque frontal é contra a família. A tendência a destruir o padrão tradicional de moralidade familiar é princípio defendido tanto por círculos liberais e socialistas. Para eles, a família não tem fundamentos morais absolutos, já que é mero capricho de convenções sociais e legais. Daí a entender que até os homossexuais querem se casar ou mesmo adotar crianças. Paradoxalmente, se defendem as exigências maritais entre os gays, querem depreciar, senão destruir, o casamento entre os heterossexuais. Tais slogans se associam à liberação sexual irrestrita, entre os quais, quaisquer tipos de perversões sexuais, legitimadas, em nome do indivíduo.

Se não bastassem tais caprichos, o ateísmo é difundido como dogma intelectual e universitário e a religião cristã é duramente atacada como obscurantista. A maior vítima, sem dúvida, é a fé católica, difamada e caluniada por séculos de história. De fato, os sustentáculos morais de maioria das instituições do ocidente possuem um débito com o cristianismo em geral, e o catolicismo em especial. No entanto, é contraditório que o liberal médio fale de “direitos naturais” quando defende o ateísmo. A idéia naturalística de direitos se torna absurda dentro de uma cosmovisão onde o universo é criado pelo nada. Dentro de uma perspectiva relativista, torna-se lunática. Por outro lado, é forçoso crer que a democracia vá sobreviver se os valores políticos fundamentais que dignificam a pessoa humana são relativizados e substancialmente destruídos, dentro de seu conteúdo moral. O direito está sendo corroído por dentro, até o dia em que a idéia da dignidade humana, reduzida na sua pura forma legal, será revogada por leis arbitrárias, desumanas. Não foi assim que ocorreu com os totalitarismos? E o mesmo processo não se repete na Europa e demais países ricos?

Outra questão notória nos discursos entre liberais e socialistas é a extrema valorização do economicismo em detrimento de outras esferas do ser humano, negando validade aos seus aspectos morais e espirituais. É curioso que o liberal médio tenha assimilado o viés marxista materialista de que a economia determina o universo da “superestrutura” cultural, ainda que não use tecnicamente os conceitos do marxismo. Não é por acaso que os liberais brasileiros sejam reducionistas. O liberalismo progressista deixa um completo vácuo ético e intelectual para as idéias inimigas da liberdade humana. Cegos nas fórmulas econômicas como respostas para todos os problemas do mundo, estão perdendo terreno em todas as esferas acadêmicas e culturais. Nem mesmo o marxismo médio, com seu viés materialista, ignora a importância da cultura. Pelo contrário, se há algo que o marxista médio atual preza é modificar e destruir a cultura para justificar sua teoria, por mais esquizofrênica que seja. Que os socialistas entrem em contradição, invertendo a lógica marxista, isso é mero detalhe: eles não estão preocupados, substancialmente, com dimensões filosóficas e teóricas autênticas. O negócio deles é mesmo o poder.

Os liberais, com sua lógica “dinheirista”, e os socialistas, com sua organização social de abelhas e formigas produtoras, destroem toda a cultura intelectual superior que prima pelos valores do espírito humano. Rebaixam a transcendência espiritual para um materialismo estéril. Reduzem a humanidade pelo prisma do tecnicismo econômico ou pela engenharia social. E no final, acabam bestializando o homem. A estupidez dos liberais progressistas e dos socialistas não é mera coincidência. É reflexo próprio de suas posições políticas e intelectuais.

Um amigo meu, extremamente católico, me fala uma descrição, que é perfeita, tanto para os liberais, como para os socialistas: o liberal-progressista e o socialista são dois gatinhos siameses, pintando um de azul e outro de vermelho. Todos são economicistas de sinais trocados. Embora divergentes na aparência, são solidários no socialismo cultural. Esse é o debate que hoje existe, como regra, em nosso país.

terça-feira, dezembro 02, 2008

Quarto bate-papo entre David Carvalho e Conde Loppeux de la Villanueva



O Conde Loppeux de la Villanueva e David Carvalho, num quarto bate-papo, comentam a respeito do "Dia da Consciência Negra" e as implicações racistas desta data e do movimento negro no Brasil. Imperdível! Clique abaixo para baixar o download:






segunda-feira, dezembro 01, 2008

Entrevista de Reinaldo Azevedo em Curitiba.

Reinaldo Azevedo, jornalista da Revista Veja, fala sobre o lançamento de seu livro "O País dos Petralhas", em Curitiba. Quem entrevista é meu amigo Itamar Flávio, de Maringá, Paraná, no seu programa "Visão Livre".

quinta-feira, novembro 27, 2008

A política das “libertárias” criancinhas mimadas.

Recentemente assisti a um filme sobre a guerra civil espanhola. Como é de costume num assunto controverso, a película é uma santificação chorosa dos republicanos espanhóis. O título é “libertárias” e fala da história de um grupo de mulheres anarquistas empedernidas num misto de luta feminista e revolucionária, pegando em armas contra os “fascistas” (leia-se, o exército de Francisco Franco). Convém dizer: feminismo e ideologia revolucionária são meras redundâncias. Um aspecto que me chamou atenção neste filme é o primarismo intelectual do anarquismo socialista. Os personagens idolatrados como heróis no filme mais pareciam criancinhas birrentas e infantis, revoltadas contra a autoridade constituída, tal como que revoltadas contra os próprios pais. De fato, duas particularidades se notam nas posições dos anarquistas: a negação de um poder e uma hierarquia de valores, princípios e ciências em relação a eles próprios. E como eles negam que haja algo superior a eles, acabam se deidificando como autistas, como se eles próprios representassem a autoridade encarnada.

Algumas cenas do filme retratam esse tipo de personalidade. Uma fanática miliciana armada, no frenesi da queima de objetos de arte e esculturas de santos de uma Igreja, dizia: - Ni pátria, ni Dios, ni amos (nem pátria, nem Deus, nem amos)! Outro revolucionário, no âmago da histeria da destruição de palácios e conventos, reverberava, quase nestes termos: - Pode-se deixar a civilização em ruínas, precisamente por nós, os trabalhadores, construimos e podemos construir, do nada, um novo mundo (grifo meu). A loucura dessa frase parte do seguinte dilema: a humanidade voltará à idade da pedra, na mais completa tabula rasa, porque o sujeito, revoltado com aquilo que nunca criou durante milênios, agora se acha no direito de prejulgar e destruir tudo que a humanidade construiu. E mais, ele acha que a civilização é construída em torno de coletividades revoltadas do seu tipo. Mal sabe que a civilização é, muitas vezes, criação de inteligências privilegiadas, que se destacam justamente por ser algo mais além da coletividade. Porém, os homens medianos, pequerruchos, formados em bandos, acham que podem criar palácios e igrejas sem o engenho intelectual. Resumem a humanidade pelo trabalho manual rudimentar ou pela força. Enfim, resumem o mundo pela esfera material e animalesca, negando os aspectos espirituais mais elevados, que distinguem as inteligências superiores dos simples ineptos.

Se não bastasse a rebelião dos homens da massa, as mulheres da massa entram junto, como é o caso da história do filme. Uma rebelde da anarquista CNT (Confederação Nacional do Trabalho) reivindica um grupo só de mulheres para pegar em armas contra os “fascistas” e se recusa a obedecer aos homens. Ou melhor, as mulheres devem lutar de igual para igual com os homens na guerra civil. Esse hermetismo intelectual, essa cultura de auto-suficiência presunçosa em ser algo comum, inclina-se a um estranho rebaixamento da existência. Ser mulher não implica nada muito especial, se partirmos apenas da idéia de seu sexo (a não ser a beleza, delicadeza e um trato sutil de inteligência, algo que as feministas se recusam a ser). No entanto, a feminista radical transforma isso numa mistura ressentida de vitimização e idolatria. É como houvesse algo especial em ser inferior. Uma inferioridade que clama uma posição raivosa de soberba. Ou melhor, uma soberba e uma pompa que se justifica por se sentir eternamente inferior. O espanhol Ortega y Gasset falava que a nossa época contemporânea era “masculina”. As mulheres querem ser como os homens. E pobres coitadas, elas engolem as tolices destes, querendo imitá-los. No final, as pobres anarquistas são massacradas pelos soldados marroquinos nacionalistas e uma delas, barbaramente atacada e quase estuprada, só não é morta porque um capitão do exército franquista enxota quase a pontapés os soldados. Antes, as mulheres faziam filhos e os homens os levavam à guerra. Agora, as mulheres deixam os filhos e vão à guerra. Não é um sintoma da barbaridade de nossos tempos?

E por falar em inteligências, a rebelião das massas, das turbas, é a rebelião contra a inteligência, a rebelião do homem comum contra aquilo que ele mesmo julga e sabe ser superior. De fato, as ideologias revolucionárias fazem da quantidade um elemento acima da qualidade; fazem do número maior de idiotas uma força suprema ao inteligente solitário. Depois soube compreender perfeitamente a quem o vigoroso escritor Ortega y Gasset falava, por volta de 1928, sobre a famigerada sublevação dos “señoritos satisfechos”. O “satisfecho”, conformado com sua mediocridade, é inconformado com a superioridade alheia. Daí ele ter sido o braço armado da guerra civil espanhola, destruindo fachadas das igrejas barrocas, queimando pinturas de El Greco, fuzilando os eruditos padres de Aragón ou Salamanca e se achando o supra-sumo realizador de uma época. De fato, reconheçamos, ele o é. A diferença é que transformou uma época em obscurantista.

Voltemos ao caso das mulheres anarquistas, até então, chamadas de “libertárias”, pelo filme. É curioso perceber que o anarquismo pode ser qualquer coisa, menos libertário. Até porque, desde a revolução francesa, nunca se matou e oprimiu tanto como qualquer causa “libertária” (a única causa que talvez supere a liberdade em matança é a igualdade).
O anarquismo é uma curiosa confusão silogística entre a liberdade autista do indivíduo e sua total sujeição à coletividade. São duas coisas antagônicas, senão incompatíveis. A revolta contra as hierarquias é apenas a destruição orgânica das relações equilibradas de poder da sociedade, para dar espaço ao despotismo mais assustador. No filme, uma revolucionária anarquista invade um bordel e aponta um fuzil para uma cafetina e um cliente, um padre, “libertando” todas as prostitutas do puteiro. Lembra Dom Quixote beijando as mãos de Dulcinea, elevando a camponesa ignorante como donzela. O fato, paradoxal em si, denuncia a confusão: uma mulher que diz lutar contra todos os poderes e hierarquias do universo pega em armas, justamente para impor suas noções de política. Alguém diria: - Está se rebelando contra a tirania. Todavia, a violência utilizada para reprimir quem não entra na cartilha política já é a expressão mesma de um novo poder que se forma. O anarquismo, tal como outras ideologias revolucionárias, não é substancialmente, uma rebelião contra todas as hierarquias. Até porque a sociedade é naturalmente hierárquica, é um dado da natureza do homem e da realidade mesma. Lideranças, homens de carisma, homens de idéias, homens de empreendimento, sempre vão inspirar àqueles que precisam de um direcionamento para suas forças e opiniões. Porque a hierarquia não é apenas mera relação de poder. Ela é divisão do trabalho, divisão de tarefas, divisão voluntária de esforços, em que cada sujeito toma uma função para si e aceita uma ordem para realizá-lo. Seja numa sociedade de cinco homens ou de um milhão de pessoas, sempre existirá aquele que se destaca porque toma a iniciativa pelo resto. E a maré e a civilização vão juntas com ele.

A hierarquia significa também uma escala de valores, seja de natureza ética, moral, epistemológica, desde os superiores até os inferiores. Reflete, inclusive, a qualidade individual de cada pessoa no meio social e dentro de seus atos, talentos, aptidões e papéis sociais. Mal se percebe que os juízos de valor que os homens tiram sobre si mesmos e a sua realidade existente são hierárquicos. Mesmo apelando às forças transcendentais do universo, cuja figura maior é próprio Deus, o poder divino é a demonstração óbvia da expressão máxima da hierarquia no mundo.

Por outro lado, a valoração hierárquica implica sua própria limitação. Porque a racionalização da hierarquia expressa uma definição, e, por conseguinte, restrições ao alcance desse poder. A anarquia, destruindo a noção mesma da hierarquia, aniquila a definição e as atribuições do poder. Se não há o que pode ser definido como poder, o seu exercício pode ser qualquer coisa, pode ser qualquer mando.

No entanto, nem Deus, que é absoluto, exerce um poder arbitrário. E os anarquistas (e incluo no rol, os comunistas), na confusão mental que é notória neles, querem destruir as hierarquias racionais, necessárias e delimitadoras de poderes na sociedade para concentrar o poder na “coletividade”. Na prática, porém, isso é impossível. A “coletividade” propriamente dita só existe se houver organização. E organização é, basicamente, hierarquia de uns sobre outros. Entretanto, a exaltação do coletivismo supremo do anarquista é o contra-senso, uma forma de hierarquização. Porque o anarquismo não nega as hierarquias. Pelo contrário, o que os anarquistas levam, substancialmente, é o absolutismo das hierarquias mais opressivas e irracionais, pois nascem da premissa de que a coletividade é uma unidade amorfa, compacta; e na falta de uma estrutura orgânica das relações políticas de poder, a massa se torna dispersa e caótica. Ou mais, a massa agindo por si mesma é tirânica. Até porque a desordem é aquilo que Hobbes chamaria de “estado de natureza”: a guerra de todos contra todos. Contudo, a maioria das pessoas não suporta isso. A “coletividade”, por assim dizer, exige uma coesão, um mando que a organize. Na falta de um equilíbrio de poder, das divisões de poder, só resta uma autoridade centralizadora e cesarista, dentro da ausência das hierarquias intermediárias, para perpetuar-se sobre a massa. O anarquismo não destrói o poder. Destrói sim a qualidade e a capacidade de valoração do poder, em nome da quantidade que atomiza e esmaga politicamente o indivíduo dentro dessa coletividade. Quantidade, que no final, acaba em tiranias.

Não me espante que quase todas as ideologias anarquistas sejam essencialmente ditatoriais. O anarquismo, basicamente, é uma dissolução da sociedade política estável, com seus equilíbrios públicos e particulares, suas voluntariedades, seus hierarquias intermediárias e delimitadoras, seus pactos e seus interesses consensuais, para a absolutização completa de uma hierarquia centralizadora e totalitária e a homogeneização da comunidade, destruindo pluralismos e diferenças. Quase todo caos e a dissolução de uma sociedade política levam ao despotismo.

A guerra civil espanhola, tão exaltada na figura de seus grupelhos revolucionários, é a demonstração cabal da dissolução da sociedade política. Saques, fuzilamentos, massacres, estupros, queima de conventos e igrejas, violação de túmulos, bibliotecas e patrimônios históricos destruídos, sob a ação das turbas armadas que cantavam “A las barricadas” pelas ruas, representavam o início da nova ordem totalitarista que assolaria a Espanha. Os nacionalistas encarnavam a velha ordem conservadora e salvaram o país. De fato, a direita ganhou a guerra civil porque fez valer a realidade das hierarquias e da sociedade política. Ela não estava preocupada em “mudar” a realidade ou sacrificá-la nas disputas pseudo-escolásticas das ideologias. Enquanto os comunistas, anarquistas e trotskistas se matavam entre si por quizílias ideológicas e arruinavam a sociedade civil, a direita, que era tão fragmentada quanto a esquerda, tinha tão somente um propósito comum: salvar a Espanha do comunismo. O general Francisco Franco foi bem sucedido nessa empreitada. A direita venceu porque obedecia a hierarquias e isso foi primordial para sua vitória, ou seja, sua capacidade de organização e seu objetivo determinado. Um chefe forte, uma direita unida, uma soldadesca leal, pôs fim à desordem.

Por falar em “a las barricadas”, lembro-me de uma cena particular do filme: os anarquistas empunhando armas, maltrapilhos, com gorros da CNT, entoando em cima dos caminhões a inflamada e rebelde canção citada e dando vivas à revolução! Esse ódio à autoridade, esse desprezo bárbaro pelas coisas elevadas e superiores, assemelha-se a um bando de criancinhas mimadas e birrentas, que cansadas da professora do jardim de infância, infernizam a sua vida, esgotam a sua paciência, expulsam-na da sala de aula e tomam conta da creche. Ou, no mais, é a revolta histriônica de um recém-nascido, que cansado de obedecer aos pais, quer destroná-los de casa. Para as criancinhas desobedientes, umas boas palmadas resolvem. Para os anarquistas, os paredões e as cadeias franquistas. Simples assim!

sexta-feira, novembro 21, 2008

"Cuba é uma democracia"; Rafael Correa, presidente do Equador, mentindo ao jornalista.


Esse é o amiguinho de Lula, o presidente do Equador Rafael Correa, bajulando Fidel Castro, dizendo que o regime comunista em Cuba é uma "forma de democracia". Atualmente, o "camarada" Rafael está causando problemas diplomáticos ao Brasil, uma vez que rompeu acordos com a empreiteira Odebrecht, inclusive, proibindo os funcionários de saírem do país, e, ainda, se recusa a pagar os empréstimos que o BNDES fez ao Equador.

A independência do Brasil contada pelo descendente de seus protagonistas.


Encontrei esse vídeo do Príncipe Dom Luis de Orleáns e Bragança, Chefe da Casa Imperial, falando sobre a história da independência do Brasil. Uma excelente explicação histórica.

segunda-feira, novembro 17, 2008

Terceiro bate-papo entre Conde Loppeux e David Carvalho.













Terceiro bate-papo entre o Conde Leonardo Bruno e David Carvalho, sobre atualidades da política. Imperdível. Clique aqui.

quarta-feira, novembro 12, 2008

Segunda parte do bate-papo entre Conde e David Carvalho.










O Conde Loppeux e David Carvalho comentam sofre a religião africana e sobre a cultural judaico-cristão, catolicismo, protestantismo, além de outros assuntos. Clique aqui para baixar.

Marx-miliano, o boneco comunista!

Vídeo hilário: um boneco comunista pra crianças!

domingo, novembro 09, 2008

Bate-papo: Conde e David Carvalho falam sobre a vitória de Barack Obama.



Meu amigo David Carvalho, mineiro de Belo Horizonte, graduado e Física, pela UFMG e interessado em assuntos de política, convidou-me para um bate-papo gravado, a respeito da vitória de Barack Obama, nos Eua. Um podcast interessantíssimo e imperdível. Clique aqui para baixar.

sexta-feira, novembro 07, 2008

O Lula Deles.

Meu amigo André Mariosa, economista de São Paulo, enviou-me esse artigo sobre a vitória de Barack Obama à Presidência dos Estados Unidos. Um texto interessantíssimo.
Obama venceu. Ele é quase uma unanimidade. O mundo está simplesmente encantado por Obama. Eu devo ser muito, mas muito azedo mesmo. Eu torci por McCain. Eu entendo o encantamento do mundo com a eleição de Obama. Há meses quem poderia imaginar um preto, com o sobrenome Hussein, ocupando o posto de chefe político dos Eua? Só um parênteses aqui: sempre uso o termo “preto” e não “negro”. Quando se diz “negro” presume-se popularmente que estamos falando de uma raça. A ciência, até onde sei, não autoriza ninguém a falar de raças, a única raça que existe é a humana, ainda bem. Ainda que existisse uma raça negra e uma branca, Obama não seria negro, pois sua mãe é branca como a neve, ele seria mestiço. Enfim, não é pra discutir semântica com esse artigo, só quis explicar por qual motivo uso “preto”; as pessoas não percebem, mas dizer o politicamente correto “negro” é coisa de racista, enquanto o aparentemente desrespeitoso preto não é.

A imprensa, os intelectuais, a população mundial inteira apoiou Obama. O comentarista Arnaldo Jabor, por exemplo, aparecia em êxtase para propagar as qualidades de Obama e taxar os Republicanos de racistas. Ser a favor de Obama é um direito dele. Mentir não é. Jabor ignorou completamente a realidade. Fato fundamental para a construção do Partido Republicano foi o embate entre Abraham Lincoln e Arnold Douglas, este Democrata a favor da escravidão, aquele, Republicano contra. Foi o Republicano Lincoln, aliás, quem aboliu a escravidão nos EUA. Eu vi inúmeros episódios desse tipo, inúmeros episódios da imprensa mentindo a favor de Obama. Precisaria de outro texto pra tratar só disso.


Mas o que acho realmente divertido é quando a TV mostra americanos ou brasileiros dizendo o porquê de preferirem Obama. As respostas são sempre evasivas, uns dizem que ele representa mudança, outros vão pelo simbolismo do primeiro preto presidente, enfim, ninguém sabe responder. Afinal, quais as propostas de Obama? Ninguém sabe. Não interessa, o que interessa é mudar, não importa qual mudança. O candidato que eu gostaria de ver presidente também é preto, chama- se Alan Keyes, e sei exatamente o seu programa de governo, embora ele seja um candidato independente que teve apenas 0.1% dos votos.

Eu fico impressionado em ver como uma boa retórica pode iludir o mundo. As pessoas cometem a infantilidade de julgar um político pelas suas palavras, pelo seu discurso, e não pela sua história, suas alianças e as coisas reais que ele fez. Obama vai resolver a crise financeira? Não sei, os Democratas forçavam os bancos a emprestarem pra quem não tinha dinheiro pra pagar, por meio de lei, especialmente no governo Clinton. Bush tentou revogar tais leis, Obama esteve entre os contrários. Obama é intimamente ligado a ACORN, uma associação que faz lobby e pressão pra ter créditos “subprimes” ( aos maus pagadores e caloteiros), e que estão na raiz da crise. O fato é que qualquer um que não se deixar levar pelo embalo da imprensa e procurar realmente se informar verá que a maior realização de Obama foi aprovar uma lei que institui a educação sexual infantil no jardim de infância.

Teria muito pra falar sobre o verdadeiro Obama, não caberia aqui. Muita gente vai me chamar de racista. Contestar Obama já é suficiente pra isso. Uma vez, conversando com um senhor, discordei de posições de Lula e ele me disse: "- Você não gosta do Lula por ele ser pobre e nordestino”. Aqui elegemos o primeiro “homem do povo”, lá o primeiro preto. Pobre e preto deixaram de ser condição pra se tornarem atestados de caráter. Contestar alguém com essas características virou quase uma heresia perante a ditadura do politicamente correto.

Tudo o que deu certo no governo Lula, principalmente em economia, se deu pelo fato de Lula ter negado a sua biografia, pois se fizesse o que pregava seria um caos. Obama pode ser um bom presidente? Pode, basta ele ter o pragmatismo de Lula. Obama pode se dar muito bem se não for ... Obama.

O País dos Petralhas.

Tio Rei mandando ver no programa do gorducho puxa-saco do PT, Jô Soares. Imperdível.

quarta-feira, novembro 05, 2008

Breve histórico da cultura, imprensa e a mídia a serviço do totalitarismo.

Um fenômeno foi espetacular no século XX: o uso dos meios culturais e de comunicação como um gigantesco instrumento de manipulação e desinformação em massa, a ponto de distorcer ou mesmo podar a compreensão da realidade. Neste aspecto, Ortega y Gasset estava correto em afirmar que uma dos instrumentos mais notórios de mando no poder político é sua opinião pública, ou melhor, sua opinião “publicada”. Claro, nem toda opinião pública é desinformação. Ela, muitas vezes, reflete o nível de reflexão de algumas elites intelectuais e políticas, e que acabam se entronizando no pensamento médio do povo. Quando é aberta, livre e decente, ajuda muito no esclarecimento da realidade e na disseminação de novas idéias. Contudo, pode ser usada tanto para o bem, como para o mal. Neste aspecto, a sua distorção começa a ser vista em larga escala, na primeira experiência histórica de proto-totalitarismo: a Revolução Francesa. Uma das questões que fizeram o Rei da França Luis XVI e sua esposa Maria Antonieta serem tão odiados pelo público foram menos os seus atos tirânicos do que os boatos, calúnias e difamações que sofreram durante todo o seu reinado. De fato, a força da desinformação foi tão peculiar que até hoje a Revolução Francesa é sacralizada, ainda que tenha causado um banho de sangue e de cabeças rolando no patíbulo. Uma parte do povo francês odiou a monarquia por nada. Ou melhor, por uma chuva de mentiras. Ninguém perguntou a outra parte que a amava. Esses não tinham “opinião pública” (quem se lembrará dos camponeses católicos massacrados de Vendéia?). Tudo isso custou a cabeça dos reis e de centenas de milhares de indivíduos, além da destruição física e moral de um grande país.

O mesmo fenômeno, em escala muito mais colossal, ocorreu a partir do surgimento da União Soviética. Não houve grupo mais mentiroso da história da humanidade do que os comunistas. Em 1918, início da guerra civil e da matança generalizada de grupos sociais inteiros patrocinada por Lênin, o Partido Comunista já fiscalizava tudo o que era publicado da Rússia para o ocidente, ao passar pelo crivo da Tcheka, a polícia política revolucionária. Nenhum texto, nenhum intelectual escapava da vigilância partidária. Pior foi a colaboração dos intelectuais pela mentira. Fascinados pelo empreendimento utópico que concretizava seus particulares ideais marxistas, muitos esconderam a brutalidade e a imoralidade do regime bolchevista, virando, eles próprios, censores de si mesmos e fiéis colaboradores. Uma obra famosíssima, idolatrada pela hagiografia da propaganda comunista, é “Os Dez Dias que abalaram o mundo”, do jornalista americano John Reed. Publicado como relato “autêntico” dos primeiros dias de poder dos bolcheviques, a história não passa de propaganda de desinformação. Também pudera, o Sr. Reed, além de ter sido um militante comunista desonesto, nem por isso foi poupado do crivo da Tcheka.

Quando Lênin morreu, surgiu Stálin. A elite intelectual e a opinião pública renderam loas ao novo tirano bolchevista. O “homolodor”, o massacre sistemático pela fome de seis milhões de soviéticos, entre os quais, quatro milhões de ucranianos, em 1932, não teve o efeito esperado no ocidente porque a opinião pública, em geral, mentiu e omitiu sobre o assunto. “Opinião pública”, leia-se, intelectualidade comunista nos jornais e universidades. A tragédia foi escondida dentro de um universo de falsificação em massa tal, que o mundo inteiro ignorou a história. Ou mais, acreditou-se nas versões falsas do Partido Comunista, enquanto as dissidências anticomunistas foram suprimidas, quando não, caluniadas. Dentro da novilíngua da intelectualidade esquerdista, qualquer indivíduo que denunciasse os crimes bolchevistas, era considerado um “fascista”. Com isso, Stálin matou a verdade, em silêncio sepulcral. E o "fascismo" se tornou o espantalho dos comunistas para desmoralizar seus detratores.

Foi pior. Se o caso ucraniano era omitido pela inteligentsia e por uma boa parte da imprensa, os governos dos países democráticos, infiltrados de simpatizantes stalinistas, preconizavam justamente o coletivismo soviético como modelo substituto do capitalismo, depois da crise de 1929. Curiosa simpatia, fruto de um humor negro: a solução para a quebra da Bolsa de Nova York seria justamente a deportação forçada de camponeses às fazendas coletivas e o planejamento estatal totalitário nas indústrias. Planejamento este que reduziu uma parte da população soviética ao canibalismo e a outra parte a condição análoga de escravidão.

A intelectualidade e a mídia acabaram por se corromper moralmente, ao defender uma monstruosa tirania e ao falsificar a sua realidade dentro dos países democráticos. Na época do Grande Terror, em 1936, milhares de intelectuais simpáticos a União Soviética deram verossimilhança à farsa dos julgamentos e expurgos do Partido Comunista em Moscou. Gente do quilate do dramaturgo Bertold Brecht e pessoas influentes na política inglesa, como o casal de socialistas fabianos Sidney e Beatrice Webb, demonstravam credibilidade a uma das maiores encenações do regime soviético. O escritor francês Louis Aragon sonhava com a ação da GPU, uma das abreviações da policia política soviética, atuando na França. Mesmo o romancista Lion Feuchtwanger declarava que os tribunais soviéticos tinham a perfeita intenção de se buscar a verdade dos fatos. Que dirá das afirmações do teatrólogo Bernard Shaw, que dizia que o prisioneiro soviético adorava o conforto e a humanidade das cadeias soviéticas?

Jean Paul Sartre, outrora fiel bajulador dos ocupantes nazistas, na época em que vivia nos cafés de Paris, tornou-se comunista e declarava que a existência dos arquipélagos gulag era invencionice. E quando a Coréia do Norte invadiu a Coréia do Sul, em 1950, ele condenou justamente a reação militar americana, como agressora. O mesmo caso se aplica ao historiador marxista inglês Eric Hobsbawn. Em 1940, ele escreveu um infame artigo defendendo o ataque soviético contra a Finlândia, em nome do antinazismo. Paradoxal indagação, já que a União Soviética invadiu o país com o aval da Alemanha Nazista, que era sua aliada.

Nos anos 60, época da contra-cultura (leia-se, revolução cultural comunista na educação e nos valores morais), a campanha de desinformação em massa e infiltração de grupelhos comunistas nos meios midiáticos e intelectuais foram sentidas na imprensa americana. E mais uma vez, os intelectuais e jornalistas contribuíram como fiéis servos das tiranias utópicas. A guerra do Vietnã é um dos maiores exemplos desse fenômeno. Até hoje, a grande maioria das pessoas crê que o exército americano perdeu a guerra. Todavia, os fatos dizem outra coisa: o exército americano jamais perdeu uma batalha naquele país. A ofensiva do Tet, em 1968, quando o exército comunista invadiu em massa o Vietnã do Sul, foi uma das mais destruidoras vitórias militares norte-americanas, inviabilizando, por muitos anos, as tropas norte-vietnamitas. Entretanto, o que foi uma vitória militar se transformou numa derrota moral. Muitos jornalistas americanos, simpáticos aos comunistas vietnamitas, criaram uma verdadeira propaganda assimétrica de informação, demonizando os seus compatriotas norte-americanos, ao mesmo tempo em que divinizava a ação comunista na guerra (ou escondia seus crimes). Como não poderia deixar de ser, as próprias universidades americanas foram uma fábrica de anti-patriotismo e antiamericanismo. Os covardes militantes pacifistas, usuários de drogas, vagabundos, selvagens, cretinos, em nome da “paz”, simplesmente apoiavam a entrega da Indochina a um regime criminoso e violento. A farsa contaminou a Europa. O filósofo velhaco Bertrand Russel, demonstrando sinais claros de senilidade e incoerência, junto com o vigarista incorrigível Jean Paul Sartre, participava de um fraudulento “tribunal de crimes de guerra” dos americanos no Vietnã. Quando os comunistas tomaram Saigon, em 1975, a Indochina foi submetida a um governo brutal. A matança da ditadura comunista do Vietnã custou cerca de mais de um milhão de vidas e a destruição completa das liberdades do país. Algo bem mais monstruoso ocorreu com a ditadura do Camboja: na ausência do exército americano pela região, patrocinou um dos experimentos mais sanguinários da história, matando 25% de sua população e transformando o país num verdadeiro campo de concentração em massa.

O exemplo do Vietnã se aplica perfeitamente à guerra do Iraque. A propaganda antiamericana aí é exemplo da paixão atávica e tradicional por setores da opinião pública e da inteligentsia no ódio às democracias. Por mais que um país democrático tenha banido uma monstruosa tirania; por mais que uma democracia se preste a instalar seu sistema de liberdades naquele país; por mais que os americanos tenham enviado bilhões de dólares pela sua recuperação econômica e política, a esquerda festiva sente uma saudade patológica pelo sanguinário Saddam Hussein. Os esquerdistas, ateus e feministas raivosos viraram até “islâmicos”.

E agora, uma curiosidade: a candidatura de Barack Hussein Obama à Presidência dos Eua. Se há algo mais assustador em nossos tempos, é permitir que alguém que oculta seu passado governe o país mais importante do globo terrestre. Os problemas são as mentiras e a imoralidade que estão por trás de sua candidatura oculta. Os americanos vão eleger um homem que nos bastidores odeia seu próprio país; vão eleger um homem que tem a fé ideológica e religiosa dos inimigos de seu país; vão eleger, em suma, alguém que é aliado dos inimigos dos Eua e de todo o sistema democrático que ele representa. Não será estranho que a mídia “liberal” norte-americana e toda a esquerda festiva torçam pela candidatura dele? Claro, também pudera: Obama já deu a entender que será displicente com os inimigos dos americanos. Fidel Castro, Hugo Chavez, Armadinejah e o próprio presidente Lula estão nessa teia de simpatizantes e agradecem pela caridade.

Nem se pode dizer, ao certo, que ele odeie “seu” país. Por mais que ele se diga norte-americano, nem mesmo o americano médio tem certeza de sua nacionalidade. Os seus aliados espirituais são simpatizantes do islamismo terrorista e esquerdistas que odeiam os Estados Unidos e querem ver o país prostrado diante das nações totalitárias de todo o mundo. Querem, inclusive, destruir os sistemas democráticos de todo o mundo.

Não menos espantosa é a cumplicidade da imprensa, da mídia e dos meios culturais pela criatura farsesca. Ao invés de esclarecer, a opinião pública oculta o que está por trás de Barack Hussein Obama. Os jornais, universidades e a grande mídia viraram uma extensão da cultura política totalitária, prontas para criar, em torno de vários mitos, o culto à personalidade de um líder tirano. Se há algo notório na campanha do candidato democrata à Presidência dos Eua é o populismo vulgar típico das republiquetas latino-americanas ou dos despotismos mais assombrosos.
A opinião pública dos países democráticos não cansou de mentir, em favor dos totalitarismos de todos os matizes e gostos. Ou mais, tornou-se homogênea, estéril, panfletária, tal como o são a imprensa e os meios culturais totalitários. Neste ínterim, as democracias desejam se autodestruir, cometer suicídio. Se a imprensa, a grande mídia e os meios culturais, no conforto de suas liberdades, conspiram para destroçá-las, o que se pode esperar da sobrevivência da democracia? Na melhor das hipóteses, a opinião pública está prostituindo a democracia. Barack Obama pode ser um sinal de grandes atribulações para os defensores da liberdade. O mundo pode estar em perigo quando a maior força democrática do mundo se permite liderar por um notório charlatão e um completo traidor de seu país. Os cidadãos dos países democráticos ainda não perceberam que a “opinião pública” e os círculos intelectuais do poder se tornaram suas fiéis embusteiras. São, enfim, a extensão da “opinião publicada” de seus inimigos.

sábado, outubro 18, 2008

A morte do capitalismo?

A crise atual na economia americana implica discussões apaixonadas entre os liberais e os socialistas. O ocaso da bolha imobiliária e, ao mesmo tempo, a quebra de vários bancos americanos, suscitam novas discussões sobre a necessidade ou não de intervenção estatal na economia. Interessante notar que esses debates já ultrapassaram as questões acadêmicas de economia há um bom tempo. A discussão em si não é técnica. Ela tem elementos morais, políticos e ideológicos, que influenciam, e muito, os destinos da economia mundial.

O que está em jogo nessa discussão? A salvação da economia americana? O resgate dos bancos? A restituição dos credores? A recuperação da economia mundial? Penso que não. O que está em jogo, basicamente, é o sistema político e econômico de liberdades e propriedades que mantém as democracias em pé. Os arautos anticapitalistas, os milenaristas marxistas de plantão, já estavam decretando antecipadamente o “eschaton”, a morte do capitalismo e, em particular, do “neoliberalismo”. Se atentarmos aos apelos contra o livre mercado na ótica destes apocalípticos, há na sua proposta uma tendência perigosíssima de um completo agigantamento da burocracia estatal, como se esta fosse a fiel salvadora da economia capitalista. Não deixa de ser patética essa hipótese, pois quase todos eles sentem uma dolorosa saudade do falecido e criminoso modelo soviético. Um amor que não ousa dizer o nome. . .

É curioso perceber que a falácia da burocracia voluntariosa e salvadora é um lugar-comum nos comentários de jornalistas, economistas e acadêmicos, como se a existência mesma do livre mercado fosse uma corrupção moral tolerável dentro dos limites da benevolência do Estado. A crise de 1929 é o espantalho destes notórios profetas, relembrando a figura do New Deal e de Roosevelt como salvadores do malvado e corrompido capitalismo norte-americano. Este mito, forjado nos anos 30, não deixou de ter um dedo da União Soviética, já que muitos tecnocratas da administração Roosevelt eram francamente stalinistas, fanáticos estatólatras. Aliás, a idéia da burocracia voluntariosa e sábia chegou a ser uma mania daqueles tempos. É paradoxal que eles exaltassem as medidas de planejamento centralizado bolchevista, quando na mesma época, a União Soviética experimentava o maior surto de fome e miséria de sua história, com a coletivização das terras na Ucrânia. Tragédia que custou a vida de milhões de ucranianos pela fome e reduziu o país ao canibalismo. Em suma, a desproporção, além de desonesta, é paranóica.

É desonesta e paranóica porque falsifica a compreensão histórica do século XX. Se há algo que se tem de rememorar no Estado contemporâneo é o de ser organismo mais destrutivo que se tem notícia. As piores crises econômicas do capitalismo foram justamente causadas pela intervenção estatal. Aliás, se há algo que o Estado fez, em todo o século passado, foi criar problemas inexistentes para depois presumir resolvê-los. Estranha metodologia, porém, perfeitamente compreensível, em parte, pela idéia mítica do Estado engenheiro social e de uma sociedade lapidável, tal como uma argila de um oleiro. O governo intervém na economia e na sociedade civil em nome de resolver seus problemas. Quando ele não os resolve, ou mais, piora os males, exige mais burocracias e, em nome disso, mais poderes sobre a sociedade civil. E cada vez mais, o Estado destrói a vitalidade, a espontaneidade, a capacidade criativa da sociedade, para tornar tudo sumariamente coercitivo, compulsório, forçado. É espantoso que o processo seja um circulo vicioso, uma espécie de louca autofagia. E além de não resolver os velhos problemas que se propõe, o Estado cria outros novos, inexistentes, até o dia em que a sociedade definha.

Não é novidade, para os mais estudiosos, que a crise de 1929, como a crise atual, tem no Estado o seu maior responsável. Todavia, o espírito totalitário e idolátrico do Estado parece bem vivo na mente de muitas pessoas, como atávicas a um processo de servidão. É estranho bradar a crise de 1929 como o pecado original do capitalismo liberal, quando na verdade, seus diletantes escamoteiem os fracassos (e por que não dizer, crimes?) da economia estatal planejadora. Isso porque há de se recordar, a crise de 1929, como a crise americana atual, é pecado original do espírito planejador do Estado.

Uma boa parte dos que aderiram ao discurso de morte do capitalismo tem o espírito stalinista dentro de seus devidos corações. São as viúvas do Muro de Berlim, os nostálgicos da Gosplan soviética da vida, amantes naturais da ditadura comunista chinesa, cubana e norte-coreana, que odeiam o sistema de liberdades civis, no qual os americanos representam seu maior símbolo. Nesta lista entram os fracassados caudilhos cripto-comunistas, os Chavez, os Morales da selva latino-americana , junto com seus adeptos cretinos do fracasso permanente, que de tão permanente, acabam se tornando um sucesso insistente de público. São verdadeiros fantasmas brigando contra a realidade viva. Até porque o livre mercado e a propriedade privada são garantias materiais para as liberdades civis que o ocidente usufrui. São essas instituições que preservam os direitos individuais, sem os quais, o Estado controla tudo e a sociedade é subjugada. São, em suma, garantias para o progresso natural da economia. O resto é conversa mole!

segunda-feira, outubro 13, 2008

Direto do país dos Bruzundangas. . .na república dos bestializados.


Estou na loja da minha mãe, cuidando dos negócios da família e eis que vejo um santinho de um candidato a vereador, em cima da mesa de trabalho, nas seguintes palavras: “vote no ‘anormal’ do brega”, professor e advogado!”. Aquela cena me pareceu curiosa, senão saída de um romance. Lembrou-me do brilhante folhetim escrito por Lima Barreto, “Os Bruzundangas”, que falava justamente da República Velha, com seus conchavos e suas parvoíces políticas e a degradação moral das elites governantes. De fato, já havia uma comicidade em nossa república: ela já nasceu velha! Se o Sr. Lima Barreto vivesse hoje, seu texto seria bem mais fecundo. Ainda não vi ninguém imitar a vida com a arte. Em nosso país, a realidade é tão surrealista que supera a arte do cômico.

Naquele cidadão vulgar, candidato a vereador, observava o rebaixamento moral, intelectual e ético das elites políticas brasileiras atuais. O mesmo princípio se aplicava às candidaturas a prefeito da minha cidade. Todos, em maior ou menor extensão, queriam parecer como o populacho ralé, sem as distinções graves e necessárias que se exigem nas lideranças políticas virtuosas. Todos queriam ser comuns, padrões medíocres da massa. Mais grotesco do que essa constatação é a falta de personalidade nas classes políticas. Se há algo que desapareceu nessa república foram às oposições. Se não bastasse a vulgaridade dos candidatos, quase todos beijavam a mão do vulgar-mor, do homem-massa, da personificação da revolta dos ralés da república: o Presidente Lula.

Às vezes me pergunto quais as qualificações do “anormal do brega”? Vejo um candidato a prefeito falando assim: “- Eu sou burro e pobre como você, logo, vote em mim”. É como se a burrice e a pobreza, tão comuns ao povo, fossem alguma virtude, dessem alguma moral para governar. Para contrabalançar a vulgaridade, o nosso candidato a vereador nos assevera: “professor e advogado”. E me pergunto: o que um “anormal do brega” pode ensinar de louvável ao povo? A baixeza cultural se associa ao mais rasteiro bacharelismo, como se o papel timbrado de um diploma desse autoridade intelectual ao vulgar. De fato, o que menos falta neste país são pessoas incultas, iletradas, porém, nobilitadas com algum título de “doutor”.


As elites democráticas atuais não vêem exemplos em instâncias superiores de cultura, política e moral que as distinguam. Elas mesmas não se exigem para esses fins. Agora quase todo político quer fingir ser do povo. O presidente da República se exalta por violar o português ou soltar sofismas de botequim sindical. Os candidatos vão na mesma onda, ora exaltando as virtudes da própria indigência moral e intelectual, ora exaltando uma falsa origem de pobreza. Quando o rei quer se parecer com o lacaio ou quando o prefeito quer se assemelhar a empregadinha doméstica ou dona de casa da propaganda eleitoral, é porque alguma coisa está errada com essa classe política. Antigamente, as empregadas domésticas e os lacaios sabiam fazer distinções. A massa buscava a se assemelhar aos melhores da elite. Ainda me lembro de um sujeito simples do povo, porém, muito sábio e honesto, que dizia: “- Eu não voto no sicrano, porque ele é parecido comigo, porque eu mesmo jamais saberia governar o país”. Agora é justamente o contrário. Mimados por discursos demagógicos, o lacaio ou a empregada doméstica acham que devem votar no rei semelhante a eles próprios. Ou pior: as elites querem ser piores do que o povo. A democracia, neste aspecto, é um circo, um fingimento, uma palhaçada. É um povo inepto, sem hierarquias de valores para escolher como ser governado. É uma elite inepta, postiça, nula, sem senso de autoridade e auto-exigência do dever moral para governar.

Se por um lado, quase todo político se orgulha de ser “massa”, ninguém quer assumir as distinções e deveres inerentes às elites. A “elite”, para a classe política, é o inimigo, o rival. É como se a distinção fosse em si mesma má. Claro, isso implica dizer que a padronização é um referencial de proximidade com o povo. Na prática, porém, é uma perversão moral das lideranças e uma destruição completa de valores hierárquicos no povo. Tal ódio contras as elites tem o aspecto cabal da inferioridade moral de nossos tempos, que é a inveja, o desprezo por aquilo que soa diferente e superior. Tudo que fuja aos padrões da massa em matéria de criatividade, zelo pelo dever moral, originalidade e inovação, é suprimido pela imensidão das multidões ignorantes, incapazes de saberem distinguir os bons e os maus. Os maus políticos, do mesmo modo, seguirão os padrões idiotizados da massa.

Há outro aspecto assustador neste fenômeno: as lideranças políticas, camuflando as distinções notórias de seu poder e seu status, acabam se escondendo nos anseios irresponsáveis das massas. Qualquer político que diga ser como o povo, de alguma forma, está mentindo. No entanto, a sua responsabilidade como líder se dilui na vontade das massas. É muito cômodo acusar os males de elites imaginárias, quando na verdade, são as próprias elites que se acusam nos outros! Quem dirá que o Presidente da República, este notório vigarista e charlatão, não é um membro da elite? Grotesco é ele se afirmar eterno operário, mesmo sendo a figura política mais poderosa do país. O grupelho intelectual petista, formado pela USP e pela UNICAMP, que o diga, na farsa de ser contra as elites, quando na verdade, tem quase toda a máquina cultural e universitária do país em seu poder!

Se analisarmos, por outro ângulo, o “anormal do brega” poderá ter algum sentimento de culpa de sua distinção. É, nas suas palavras, um advogado e professor. Contudo, para se mostrar mais povão, diz que é cantor de algo popular. Entretanto, tudo nos leva a crer que o homem é vulgar mesmo, e é mais promissor para ele se dizer um “anormal” de uma música visivelmente anormal, do que ser professor e advogado. Na verdade, chego à conclusão de que a realidade é bem anormal neste país.

Eu ainda sinto nostalgia de uma sociedade nobiliárquica, de eclesiásticos, de estamentos sociais, enfim, de reis. Sinto, inclusive, falta de profetas. Os do Antigo Testamento ofendiam o povo à exaustão e os enviavam pragas e punições divinas! Os nobres não fingiam que não mandavam: sabiam de seus deveres de casta e de governo. Os eclesiásticos colocavam ordem moral e espiritual nos reinos e principados. E a massa sabia e reconhecia seu devido lugar de insignificância. “Soberania popular”? Acaso as donas de casa e empregadinhas domésticas orgulhosas votariam em reis naqueles tempos? A civilização deixaria de existir antes de nascer! Nelson Rodrigues tinha razão: antes do século XIX, o mundo era feito de uma imensidão de idiotas e meia dúzia de notáveis. Quando os idiotas viram que eram maiores em número, acabaram colocando seus similares e afins no governo, nas universidades, nos lugares nobres de excelência. E os idiotas se rebelaram contra a ordem natural das coisas, invertendo tudo, como se a vulgaridade fosse sinônimo de excelência. Aí temos Lula no poder. E também o “anormal” do brega e muitos outros "anormais" da política. E outras figuras miúdas, senhoritos arrogantes e satisfeitos, invadindo as esferas mais graves do poder e da cultura. A democracia brasileira é a ditadura dos homens estreitos. É o país dos Bruzundangas. É a república dos bestializados!

terça-feira, outubro 07, 2008

De bunda pro chão!



Meu querido amigo economista André Mariosa, de São Paulo, mandou-me este texto engraçadíssimo a respeito da bolha imobiliária americana que abalou o mercado de ações em todo o mundo. A explicação dele é bem didática e cheia de senso de humor.

Eu não vejo muito cinema, eu não sou muito ligado em filmes. Eu não sei exatamente o motivo. Quanto tempo dura um filme? Uma hora e meia? Duas? Eu acho que não vejo filmes porque duas horas é tempo demais pra ficar sem falar, é tempo demais pra ficar sem importunar alguém, é tempo demais pra ficar sem dar petelecos na orelha da minha companhia.

Pra vocês terem uma idéia da minha alienação cinematográfica, o último filme que vi e me marcou de alguma forma foi Forrest Gump, e isso foi em 1994. Ontem, eu lembrei de outro filme em que Tom Hanks atua. Eu estava andando numa galeria, ignorei o aviso de piso molhado e minha bunda magricela quase foi ao chão. Acho que o vigor da juventude permitiu que eu me segurasse e desse só aquela sambadinha ridícula. Na hora, eu lembrei de "O Terminal". No filme, a diversão do tiozinho da limpeza é assistir a queda das pessoas que ignoram o aviso de piso molhado. As pessoas sempre ignoram o aviso.

Mas não é de cinema que vou falar aqui, é de economia. Vou tentar explicar a tal crise didaticamente. Sem o terrível economês, tentando deixar o assunto claro para qualquer pessoa.

É importante dizer que essa é em grande parte uma crise causada pelo “Bin”. Explico: com os atentados de Bin Laden em 11 de setembro de 2001, os EUA baixaram seus juros de forma acentuada, para estimular o consumo e levantar o moral dos americanos. Os juros, na verdade, determinam o grau de risco que os grandes jogadores do mercado vão correr. Explico de novo: os juros remuneram os títulos da dívida dos EUA, que são considerados seguros, quase risco zero. Como a remuneração desses títulos –juros- caíra, os grandes bancos precisavam achar uma saída pra ganhar tanto quanto ganhavam quando a remuneração destes era boa. E qual a saída? Eu disse que queriam estimular o consumo, e estimularam até demais. Com a procura em alta, os preços foram parar nas alturas e qualquer quarto e sala com vista para uma folha de árvore do Central Park passou a custar muito dinheiro. Então os bancos pensaram que seria uma boa emprestar dinheiro para as pessoas e pegar os imóveis delas como garantia, já que o preço dos imóveis não parava de subir – a famosa “bolha”-; achavam que era interessante emprestar até para quem não tivesse um histórico de bom pagador –os chamados “subprime”.

Tudo começou com os juros baixos e tudo terminou com a alta dos juros, que foi necessária para conter a inflação. A bolha dos imóveis estourou e o preço deles passou a cair. Até o tomador de empréstimo pensar: espera aí, eu devo 200 mil dólares, a garantia é meu imóvel que custava 300 mil. Agora ele custa 100 mil. Não seria melhor eu entregar a garantia? O tomador não pagou e desencadeou todo efeito dominó.

Essa crise era anunciada. Lembro que ouvi dizer desse problema da bolha imobiliária em 2006. Todos sabiam que a bolha estouraria e que os excessos seriam enxugados, só não sabiam quando.

O ex-presidente do Banco Central americano, Allan Greenspan e o atual Ben Bernanke preferiram ignorar os sinais que indicavam piso molhado, e os EUA caíram com a bunda no chão.

O tiozinho do filme deve estar achando graça.