quinta-feira, maio 31, 2007

Antropólogos: perigosos bichinhos de zoológico.

Quando eu vejo um antropólogo, a primeira coisa que me surge na mente é o museu Emilio Goeldi. Para quem não sabe, aqui no Pará há um museu de flora e fauna da Amazônia: além de plantas e árvores, há jacarés, puraqués (ou as famosas cobras elétricas), peixe-bois, jabutis, araras, onças, etc, além de outros bichinhos. Em particular, os jacarés parecem mais assustadores; silenciosos, quietos, traiçoeiros, esperam a presa passar até darem o bote. Mas, que tipo de bicho eu poderia imaginar do antropólogo? Para falar a verdade, não sei. Antropólogo num zoológico seria como uma “avis rara” da fauna amazônica.

No entanto, vemos muitos deles por aqui pela selva afora. Queridinhos da Funai, quando eles visitam uma aldeia indígena, sentem uma possível atração pelo quadrupedismo! Explico: por algum exotismo da natureza, os bípedes querem andar de quatro ou nus, tal como alguns animais ou os índios da mata. Como camaleões, eles querem se parecer com a mata. Quando são europeus, a coisa fica mais engraçada e divertida: aqueles pelancudos branquelos pintados de índio, usando cocar e caçando na selva. Se um conquistador europeu do século XVI visse aquilo, pensaria que algumas tribos são albinas. Ou no mínimo, acharia que os seus conterrâneos já tinham chegado antes. Que nada, são uns desocupados e fedorentos, de preferência, escandinavos, sem ter o que nada pra fazer lá nos confins da Suécia ou Noruega!

O bicho antropólogo é surpreendente: importado da Europa, se adapta bem a nossa fauna. Quando abre a boca, o nexo lógico some do mapa. Como quase todos são partidários de duas doenças mentais ideológicas, o relativismo e o multiculturalismo, eles apregoam que nenhuma cultura é superior a outra; tanto faz andar de quatro, comer carne dos inimigos, arrancar clitóris ou ser bom cristão e rezar o terço, que tudo dá na mesma. Porém, quando o bicho antropólogo não está na selva, tampouco ele é encontrado no zoológico: é mais comum achá-lo nas universidades públicas, junto com os dinossauros marxistas, anarquistas e socialistas de todas as cores, e todos os seus “tiranosaurus rex”, os Lenins, os Stalins, os Maos, os Pol Pots da vida. Em uma universidade pública, a riqueza animal é muito bem mais exposta. Sob vários aspectos, em matéria de bichos, vence até a dimensão da selva amazônica. Um “Jurassic Park”!

O paradoxo do relativismo cultural é precisamente absolutizar as culturas. E mais grave, a antropologia cultural é feita de um grosseiro método sofistico: com que critérios um estudioso pode fazer juízos de valor, dentro de uma metodologia antropológica, se a mesma antropologia é produto de uma cultura determinada? Contraditoriamente, um antropólogo pode afirmar que as culturas são incomparáveis e não há cultural superior e inferior, ao mesmo tempo em que não percebe que seu juízo de valor é uma própria negação de sua premissa inicial. Ora, como ele pode afirmar isso, se nivelar todas as culturas é um juízo de valor? E desde quando as contribuições culturais da humanidade estão no mesmo nível? Uma cultura índia pode nos chamar a atenção a muita coisa, mas, sem dúvida, sob variados aspectos, é qualitativamente inferior às culturas da Europa e da Ásia. Por outro lado, são aceitáveis algumas contribuições de uma cultura primitiva, que podem ser muito mais aprimoradas do que a civilização européia. Enfim, é neste ritmo que a humanidade se compara e faz juízos de valor de suas criações culturais, desde que mundo é mundo. Pois a cultura não é um fim em si mesmo, e sim um meio pelo qual a humanidade cria suas manifestações intelectuais e físicas. Essa relação entre as culturas está ligada à utilidade intrínseca e contributiva que cada uma pode oferecer a cada homem e a cada sociedade.

Outras estranhezas da lógica relativista: o julgamento do bicho antropólogo se presume acima das culturas humanas e vê toda a humanidade como cobaia. Daí a entender como os índios são tratados pelos sectários da Funai: excluídos da sociabilidade humana elementar, isolados dos benefícios culturais das civilizações, são tratados como animais de cativeiro. Na prática, os índios são tratados como seres domesticáveis, bichinhos exóticos, tão exóticos quanto os antropólogos que querem imitá-los. O multiculturalismo torna uma prisão para qualquer ser humano em geral, já que sua presunção é negar a intercessão, e mesmo, o câmbio entre as culturas. Como a cultura, em si mesma, não possui linguagem universal, logo, o caráter humano em espécie una é negado e, concomitantemente, cada criação cultural se torna um fim em si mesmo. Claro, linguagem universal e absoluta é o relativismo do antropólogo.

Eis a loucura dessa questão. Se por um lado, os antropólogos dizem se isentar de juízos de valor, por outro, eles paradoxalmente, emitem os seus juízos, ao negar, de forma alienante, o processo dinâmico entre as culturas. A busca do melhor, do mais racional, do mais viável e mesmo do bom senso é algo que está em toda a humanidade. Nem todas as culturas possuem essa sofisticação. E é precisamente o contato de outras culturas, que os indivíduos começam a meditar as suas contribuições sobre si mesmos. Daí o nonsense, muito comum entre os antropólogos, ao afirmarem que alguns cidadãos só fazem juízos de valor, a partir de seus procedimentos culturais. Se isso fosse realmente verdadeiro, nenhum cidadão modificaria sua cultura, como ninguém assimilaria uma outra cultura diferente da sua.

Juízos de valor sobre pessoas, atos e culturas não somente são umas das características humanas mais comuns, pois são desenvolvidas pela razão, como são totalmente indispensáveis à vida cotidiana. Sem isso, a humanidade não conseguiria sobreviver e cairia numa completa alienação e loucura. A cultura particular de um povo é apenas parte de um todo criado pela humanidade. As identidades culturais são apenas peculiaridades aparentes de uma qualidade comum ao homem, que é a criatividade. A dissociação da cultura dentro de um todo de criatividades humanas, castra o desenvolvimento cultural. Uma vez que as culturas só se desenvolvem, porque a humanidade desenvolve juízos de valor universais, no que diz respeito ao conhecimento e à racionalidade de compreender os prós e contras de cada universo humano. Todas as culturas são comparáveis e questionáveis e, precisamente por não serem imutáveis, são submetidas a juízos de valor. Estes juízos implicam conceitos de bom, mal, melhor, pior, ou mesmo superior e inferior. Porém, o antropólogo médio é uma espécie de bichinho tribal: ele não admite comparações culturais. Todas as culturas são fechadas em si mesmas, não possuem premissas que podem ser universalizáveis e compreensíveis para outras culturas. A humanidade é, tal como o antropólogo, um autista.


A antropologia dos relativistas transforma a cultura humana num projeto arbitrário, irracional, fruto de meros caprichos de sociedades e indivíduos. Isso reflete, em parte, a paranóia do relativismo no plano do conhecimento, já que o paradigma da verdade e da mentira é negado, em favor da mera opinião. Se para os relativistas, os homens são incapazes de compreender a realidade, já que tudo é questão de mero achismo, eles aplicam o mesmo princípio entre as culturas. Pode parecer profundamente aceitável ao antropólogo, chamá-lo de macaco, inseto, ser humano ou animal de quatro, contanto que isso seja uma mera interpretação cultural. Como seria culturalmente aceitável arrancar o coração em nome dos deuses, no mesmo nível de uma religião que apregoasse isso como crime abominável. Tal como uma opinião, a cultura se torna uma espécie de gosto.

Não é por acaso que o bichinho antropólogo é uma espécie querida pelo meio fauno das universidades, em geral, e dos movimentos sociais, em particular. Os militantes GLS se sentem realizados, quando “descobrem” outras civilizações que aderiam sacrossantamente à pederastia e pedofilia. As feministas pró-aborto se locupletam quando descobrem que outras sociedades jogavam filhos defeituosos no precipício. Os movimentos negros agora redescobriram a cultura africana: só faltam derramar o sangue das galinhas pretas e jogar farofa na encruzilhada, para assumirem seu lado racial e culturalmente negro, tal como os nazistas. E como não devia deixar de ser, os comunistas inventaram mil e umas definições para a palavra “democracia”. A democracia “burguesa” é opressiva, enquanto a democracia popular “comunista” é libertária. Quem se choca com os assassinatos em massa dos comunistas, no fundo, é, antropologicamente, um homem de mentalidade burguesa, que precisaria ser fuzilado! É tudo uma questão de ótica, dirá o antropólogo. Culturalmente falando, um nazista que mata um judeu, não mata um ser humano, e sim um rato, porque o assassino pensa assim! Logo, tratar judeus como pessoas ou camundongos é apenas uma questão de ponto de vista.

Enquanto isso, tribunais europeus dão ganho de causa aos islâmicos que dão surras nas esposas. Como na ótica islâmica, dar surra na esposa é algo culturalmente válido, uma juíza alemã desconsiderou o pedido de uma mulher que apanhava horrores do marido e ela continuou a apanhar até não viver mais. Na Espanha, o PSOE, partido socialista espanhol, adora atacar a Igreja Católica, enquanto é capaz de morrer de amores pelo terrorismo islâmico. Só falta explodir junto. É curioso um partido que legaliza o casamento gay e, ao mesmo tempo, faz vista grossa para cartilhas muçulmanas espanholas que aconselham a baixar o cacete nas mulheres. Qualquer dia vai se ver cortes de clitóris femininos na Europa, com o aval dos paladinos da diversidade cultural. E com o apoio de feministas. . .

Já alguns outros idiotas ocidentais querem julgar os crimes de islâmicos, de acordo com as leis islâmicas. Isso ocorreu no Canadá. Como os islâmicos se reproduzem como ratos, enquanto os canadenses mal procriam, por essa lógica, qualquer dia, o Canadá poderá se tornar um Estado islâmico. Aí veremos aquilo que entre nós abominamos: cortar mãos, torturas, decapitações e outras coisinhas mais, tudo em nome da tolerância. Tudo é questão de multiculturalismo, dizem os nossos bizarros antropólogos. Claro, a lógica da tolerância é só com a aberração de outras culturas não ocidentais. Enquanto isso, as demais culturas, bajuladas à exaustão, nutrem o santificado direito de odiar o ocidente. O Islão prega o direito inalienável de nos riscar do mapa do planeta Terra, enquanto inventam responsabilidades que não possuímos. Isto quando não são os movimentos indígenas da América Latina, saudosos dos tempos em que comiam carne humana ou arrancavam corações humanos aos deuses. Talvez a maledicência dos ocidentais é o simples fato de existirem.

Mais esquizofrênica é a maneira histérica, moralista, quase masoquista, com que os europeus e americanos multiculturalistas invalidam sua própria cultura. Ora, se nenhuma cultura tem juízo de valor absoluto, por que condenar a civilização européia? Não comparar parece ser um sentimento de culpa do primeiro mundo. A Europa criou praticamente tudo aquilo que nenhum continente jamais criou e agora se sente remoída pelos pecados que cometeu. E o multiculturalismo explora essas culpas, como uma indução do europeu ao ódio a si mesmo. No final das contas, o relativismo cultural é apenas uma ideologia, um ódio ressentido pela civilização. E suas bases totalitárias são inegáveis, na tentativa de destruir a razão e a moral elementar da sociedade ocidental.

O exemplo mais cabal do totalitarismo antropológico é um índio prisioneiro de sua cultura. Como cobaia de uma engenharia social, é vítima de uma mentalidade tacanha, que nega seus atributos humanos elementares e o isola do resto da raça humana. Ele não é o único. O islâmico que espanca a esposa, explode bombas matando civis, crendo que está certo; o africano que corta o clitóris das mulheres; o hominídeo tribal que come carne humana ou arranca o coração em nome dos deuses; enfim, todos eles representam a anticivilidade que o antropólogo médio tanto parece admirar.

Antropologicamente falando, eu devo estar correto. O antropólogo é o bicho mais perigoso do zoológico. Perto dele, eu me sinto seguro até com os jacarés do Emilio Goeldi!

terça-feira, maio 29, 2007

Psicopatia apaixonada: a autoridade moral dos genocidas.

Uma coisa que sempre surpreende nos esquerdistas é que são incapazes de ver a realidade mais óbvia. É uma grande patologia do conhecimento, um dos grandes enigmas do universo. Uma boa parte do discurso deles é um reflexo de neuroses e idealizações rasteiras de assuntos que desconhecem completamente. Os socialistas não compreendem a realidade como ela é, e sim como eles querem que seja. Daí uma vez eu comentar que o socialista é como alguém contaminado por um vírus de computador, um trojan. Quanto mais eles atuam na cabeça do sujeito, mais fica emburrecido, preso nos esquemas mentais estéreis de pensamento, que empatam a qualidade de raciocínio. É curioso perceber que todos os comunistas que eu conheço, em sua maior parte são burros, por causa do raciocínio que comungam. O estranho é que muitas vezes a burrice é artificial. E quando alguém deixa de ser socialista ou comunista, parece que o QI do indivíduo, tal como um antivírus, se eleva dramaticamente. Eu já vi muitos casos assim: o cara era idiota, admirador de genocidas e assassinos em massa, incapaz de entender noções básicas de economia e política; e num belo estalo de Vieira, ele desperta de sua sonolência, de sua letargia intelectual e sai do matrix. Começa a pensar como gente. Alguns escritores diriam que isso é uma paranóia: eu diria que a ideologia socialista foi a maior doença mental do século XX. Na mais cômica das hipóteses, é o pesadelo humorístico da história, já dizia Nelson Rodrigues. Todavia, o problema, em si, não é a estupidez, mas a deficiência de caráter. O socialista médio costuma acreditar nas suas loucuras, com aquela indignação típica das pessoas honestas. É uma das maiores perversões do pensamento que se há notícia: aquela mentira apaixonada, histérica, com uma retórica moralista e lacrimosa. Mentir, mentir e mentir acaba se tornando uma espécie de causa do bem, ainda que seja o pior mal. Torna-se uma regra moral do malígno.

No século do genocídio em massa, exemplos é que não faltam. Quando se medita que uma boa parte da inteligentsia européia e norte-americana serviu conscientemente ao mal, percebe-se a monstruosidade do fato em questão. Uma elite pensante, supostamente esclarecida, apoiou, escondeu, enganou, escamoteou, colaborou, para encobrir uma das maiores tragédias e um dos mais monstruosos crimes do século: entre oitenta a cem milhões de mortos causados por regimes totalitários socialistas. Quando figuras como Lênin, Stalin, Trotsky, Mao, Pol Pot, e muitos outros, eram divinizados nas academias, universidades, escolas, com o aval de intelectuais, professores, jornalistas e formadores de opinião, milhões de inocentes eram chacinados na Rússia, China, Camboja e alhures. Quem ignora as mentiras de intelectuais como Sartre, que dizia que os campos de concentração soviéticos não existiam? Ou a ilusão esquizofrênica de Bernard Shaw, ao afirmar que o arquipélago gulag era tão bom de se viver, que o prisioneiro político não queria sair mais lá? E os socialistas chiques da Fabian Society, como o casal Webb, que dizia, categoricamente, que Stalin era menos poderoso do que o presidente Roosevelt e que a Constituição Soviética de 1936 era a mais democrática do mundo? Ou mesmo a propaganda política disfarçada de documentário jornalístico de John Reed, mesmo sabendo das atrocidades cometidas por Lênin e Trotsky contra o povo russo? E a adesão bestial de intelectuais dos anos 60 às monstruosidades da Revolução Cultura Chinesa? Que dirá então de Louis Aragon, o famoso escritor francês, que idealizava a França esmagada pela NKVD stalinista? E as falácias de Noam Chomsky (o maior intelectual vigarista do mundo), negando o genocídio do Camboja e do ditador Pol Pot, o eterno queridinho dos intelectuais do Partido Comunista Francês?Que razões explicariam para que homens supostamente inteligentes servissem, de forma tão lacaia, aos auspícios de um grupo político e um sistema tão criminoso?

Há duas coisas que parecem claras para entender a sociopatia apaixonada do século XX: uma, é o relativismo moral, e outra, a ambição desmesurada da engenharia social. A total falta de escrúpulos de uma elite intelectual em relação aos valores da moral e mesmo da verdade engendrou um tipo de pessoa, cujas ambições não significam o amor pelo conhecimento, e sim a ânsia pelo poder. O intelectual não procura a verdade: molda-a; não quer compreender o mundo, quer transformá-lo. Daí o vendaval de mentiras e charlatanismo que seduziu todo o século XX e as demais loucuras intelectuais, que geraram demências coletivas, como o comunismo. Demência que inverte a ordem dos valores, destrói qualquer busca racional e honesta da verdade e aniquila o conhecimento e a moral em nome do poder. A negação da verdade no século XX compatibilizou com o alto grau de alienação e depravação moral de um séqüito de pensadores. Em particular, os socialistas, neste ponto, são imbatíveis.

Os socialistas foram gênios da mentira. Quando se abrem os arquivos históricos de Moscou, com as documentações comprovando toda sorte de crimes e genocídios do bolchevismo; quando se coleta relatos e mais relatos, declarações e testemunhos, que confirmam todas essas atrocidades aberrantes; quando ainda saem notícias sobre as crueldades que ocorrem na China e na Coréia do Norte, em flagrantes violações dos direitos humanos; e, apesar de tudo, quando uma classe intelectual presunçosa, mau caráter e mitomaníaca, se presta a apontar o dedo para toda uma sociedade democrática e capitalista, e ainda é vista com notoriedade e respeito pela classe acadêmica, percebe-se até que ponto uma ideologia pode desfigurar a consciência de alguém. É mais grave: o imaginário da mentira socialista dá alta credibilidade moral, já que eles se apropriaram das intenções da justiça e da igualdade das sociedades democráticas. Isto, com o propósito de destrui-las.

Os socialistas têm vários subterfúgios para escamotear suas mentiras: uma, é relativizar a extensão das tragédias que causaram, como que querendo culpar as vítimas pelas matanças ocorridas. Daí ainda se ver pessoas justificando a morte de milhões de pessoas, ora porque eram “burguesas”, ora porque eram “reacionárias”, “fascistas”, como se a ideologia fosse motivo para matar alguém. A perversão da linguagem totalitária é notória: o socialista ou comunista médio quer que as pessoas pensem, com a mesma perspectiva criminosa dele. É como se fosse justificável a matança de judeus, precisamente por alguém do senso comum adaptar sua consciência à ideologia nazista. Na verdade, a humanidade de um ser humano não é vista pelas qualidades intrínsecas da pessoa individual, mas pelos atributos abstratos e estéreis da classe social inimiga.

A deturpação lingüística não tem fim; os princípios de justiça, igualdade e liberdade, tão apregoados por eles, são totalmente diferentes dos conceitos comuns conhecidos em nossas democracias. Até o termo “democracia” na boca de um socialista é invertido. São apenas apropriações momentâneas de um discurso, que é contrário do que ele significa. Trotsky, não sem razão, dizia que a moralidade bolchevista não era a moralidade comum: era a “moral” deles, contra a “nossa” moral. A raiva maníaco-depressiva com que os socialistas acusam os crimes nazistas, é algo de um descompasso e cinismo tão doentio, que nos faz crer que os nazistas são ogros bem sinceros. O nazismo, pelo menos, nunca escondeu suas intenções criminosas. Não é por acaso que George Orwell, ao escrever “1984”, retratou bem esse vício retórico e semântico, quase beirando a doença mental, no lema do partido totalitário do seu romance: “Guerra é paz, Liberdade é escravidão, ignorância é força!”. “Justiça”, “igualdade”, “liberdade”, na alma de socialista termina como sempre terminou, em qualquer tempo, em qualquer lugar: em genocídio, tirania e assassínio da liberdade.


Há outro subterfugiu, mais desonesto ainda: simplesmente negar os fatos históricos. Aí a exploração do argumento ad hominem e do relativismo é total. O socialista médio precisa negar a objetividade dos fatos, para transformar a discussão dos crimes totalitários, como mera formalidade de opinião. Ou seja, a mentira vai da negação sistemática (tal como idealizaria Goebbels, o ministro nazista da propaganda), até a tentativa de desmerecer os comentaristas e os historiadores, como “reacionários”, “burgueses”, “vendidos”, etc. O comunista ou socialista médios reduzem o discurso da verdade como se fosse um estado de natureza, uma guerra de todos contra todos. Foi assim quando Alexander Soljenitsin publicou seus romances, denunciando os crimes das prisões soviéticas, em o “Arquipélago Gulag”, tanto quanto Boris Pasternak, André Gide, e muitos outros. Acusados de fascistas, reacionários e traidores, tal dialeto apenas reproduzia o procedimento inquisitorial arbitrário que já existia, até então, na União Soviética. E neste ponto, os militantes cumpriram seu papel. O processo de desinformação repetitivo, estridente, pedante, com um aparatchik de cães raivosos elevados a intelectuais do regime comunista, dentro de nossas democracias, minou de tal maneira o acesso à verdade, que só muito tempo depois se descobriu a verdadeira história. Até então, os crimes eram praticados livremente, enquanto toda a sociedade ocidental, cega nas mentiras socialistas, simplesmente esqueceu os inocentes. O comunista médio, na onda relativista, acaba monopolizando a idéia de dizer a verdade, já que esta não depende dos fatos em si, mas daquilo que ele determina. Ou melhor, daquilo que ele possar mentir mil vezes, até a idéia se tornar verdadeira. Pouco importa que ele mate mais do que os nazistas; a causa que ele preconiza para a humanidade é maior do que os meros acidentes de milhões de vidas!

É grotesco quando o comunista, arrogando-se o monopólio da verdade, só admiti-la, quando é falada por um comunista. Foi daí que, de uma hora pra outra, o queridíssimo Stalin, guia genial dos povos, líder progressista da humanidade, virou o psicopata paranóico, assassino e criminoso em massa. Tudo por responsabilidade de Krushev, um de seus asseclas e capataz dos próprios crimes do seu mestre. A revelação dos crimes de Stalin foi uma escapadela que Krushev tentou para ocultar seus próprios crimes. Antes disso, porém, fizera a última cartada stalinista: mandara fuzilar o chefe da KGB, Lavrenti Beria, tal como Stalin fez com Yagoda e Yezhov. Pois a nomenklatura soviética, cansada das matanças periódicas causadas pelo seu benfeitor, queria manter a ditadura com estabilidade, sem os seus fantasmas. E como era ordem do dia, os cães de guarda comunistas, antes, fidelíssimos a Stalin, começaram a culpá-lo pelas falhas do regime que promoveram.


Outro raciocínio desonesto é negar a aplicação lógica da ideologia na prática. Um dos modismos é dizer que o “comunismo nunca existiu”, como se a teoria marxista não fosse aplicada na realidade. Inventaram vários motivos para as falhas: culpa de Stalin, culpa de Lênin, culpa da nomenclatura bolchevique, culpa dos capitalistas, culpa da realidade. É curioso perceber que os mesmos comunistas, que defenderam esses modelos com devoção fanática, agora cuspam no prato que comeram e reneguem tudo aquilo que até a um tempo atrás defendiam como o futuro da humanidade. Todavia, como dizia Jean François Revel, o socialismo nunca é um fracasso, é apenas um sucesso mal explicado. Os socialistas e comunistas inventaram a nova mentira do momento: tudo que eles tanto defenderam, tudo que eles tanto eram capazes de morrer, nunca foi o socialismo. Na melhor das hipóteses, transformaram o marxismo numa ideologia platônica: é o socialismo “real”.

Os sofismas de tais argumentos não sobrevivem a uma avaliação séria. Tudo aquilo que Marx pregou no Manifesto Comunista, ou que Lênin escreveu em seus panfletos, foram integralmente aplicados. Até os lampejos de violência, de crueldade e de domínio total e tirânico do Estado, são fundamentos genuinamente marxista-leninistas e revolucionários. Quanto a bobagem do comunismo nunca ter existido, os marxistas não percebem (ou fingem não perceber), que se a ideologia leva a fins totalmente contrários aos meios que apregoa, logo, essa ideologia é falsa. O comunismo nunca vai existir no modelo que eles idealizam. Ele sempre será aquilo que sempre foi, quando aplicado na prática: uma assombrosa tirania e um assombroso morticínio em massa. As premissas totalitárias do comunismo sempre levarão aos fins diversos daquilo que os socialistas apregoam. Contudo, o socialista e o comunista médios nunca questionam a insanidade de suas premissas básicas, quando a questão é comunismo: é um dogma, um paradigma de realidade, ainda que tudo seja pura irrealidade. Daí eles mentirem a vontade, sempre respaldado numa hipótese que acreditam de forma sectária, enquanto a realidade prova justamente o contrário. No mundo puramente racional e abstrato, todas as ideologias são lindas, porque vivem no plano das idealizações. A mentira chegou a tal ponto, que o socialismo “real” não é mais socialismo; é capitalismo de Estado! Ou quando não, Stalin era fascista! Em outras palavras, se o socialismo fracassa, a culpa é sempre dos outros! Quanto mais os comunistas matam, destróem, roubam, violam e oprimem, menos eles se responsabilizam pelos atos. A ideologia se torna cada vez mais rarefeita, irracional, incompreensível, já que vira uma subjetividade no plano das idéias. Uma verdadeira mitologia! E quanto mais confusa e inalcançável é a ideologia, mais ela se torna atraente!

Porém, os comunistas e socialistas inventaram outro escopo histórico de mentiras convenientes: a culpa do socialismo ter fracassado foi da burocracia estatal. O raciocínio, por si só, já é contraditório. Primeiro, porque é imprescindível ao Estado a gerência burocrática, princípio básico da organização e hierarquia administrativa. Se os mesmos se dizem tão inimigos da burocracia, por outro lado, a lógica socialista só tende a alargar o poder burocrático ao infinito. A idéia do planejamento estatal centralizado e do controle total do Estado só é possível, mediante um poder onipotente e onipresente da burocracia. Se uma das características do Estado moderno democrático é a existência de um corpo burocrático-funcional limitado, o Estado totalitário idealizado pelos socialistas é o agigantamento monstruoso de burocratas. É interessante notar a particularidade dessa esquizofrenia: os socialistas criticam aquilo que, logicamente, acabam promovendo. Isso porque prometem acabar com o Estado, criando o Estado mais absoluto da face da Terra, um poder que centraliza o comando da economia e da política da sociedade nas mãos de uma diminuta burocracia planejadora.

E como não devia deixar de ser, o socialista médio diz, contraditoriamente, negar seu passado, enquanto quer repeti-lo no futuro. É um ardoroso defensor da China Comunista, de Cuba, enquanto apóia a ascensão de ditaduras totalitárias na América Latina. Hugo Chavez e Morales são os queridinhos desses psicopatas monstrinhos. Todos se merecem aí. Ele defendem o mesmo raciocínio que até então condenavam no tão alardeado socialismo “real”: a centralização absoluta do poder governamental, a burocratização total da vida civil e a sua pulverização como foro livre e autônomo do poder estatal. Movimentos sociais como o MST, treinados pelas Farcs, sonham em coletivizar a agricultura a brasileira. Desejam matar de fome milhões de brasileiros, tal como Mao eliminou, só numa tacada, milhões de chineses, através de uma reforma agrária desastrosa. Ou mesmo Lênin e Stalin, com as mesmas aplicações políticas de confisco e estatização da agricultura. E o Presidente da República, o sr. Lula, sonha em cubanizar o Brasil, criando uma gigantesca miséria e servidão comunista tropical. São tagarelas pomposos, que repetem a exaustão a ideologia de culpas sociais dos ricos e dos injustos, enquanto são os mais criminosos, os mais mentirosos e os mais injustos e arbitrários. É possível entender o quanto é surrealista crer que um regime tenha matado tanta gente; as pilhas de ossos do Camboja, as pilhas de cadáveres da Rússia e mesmo as torturas insólitas aplicadas aos chineses recalcitrantes, nos dão a idéia demoníaca de uma ideologia, que em nome do bem, faz o pior mal neste mundo. Biblicamente e metaforicamente falando, o Anticristo parecerá justo e enganará a muitos com a linguagem floreada, enquanto os fins serão diametralmente opostos à língua da serpente. O comunismo soube, como ninguém, personificar essa maldade inacreditável, sem precedentes para os padrões humanos.

E mesmo depois de toda a desmoralização histórica e denúncia dos crimes socialistas, as universidades públicas, com seus militantes vermelhos, assassinos em potenciais, querem ossos e sangue. Quem se diz comunista, depois de milhões de cadáveres na consciência, é uma pessoa ignorante, ou um doente que precisa de tratamento; no mínimo, uma internação no manicômio judiciário. A consciência deste homem simplesmente não existe. Isso faz refletir as palavras de Alain Besançon, em seu livro “A Infelicidade do Século”, o nível moral de alguém que se diz comunista: (...)nas discussões que se seguiram à publicação do Livro Negro do Comunismo, um editorialista do L´humanité declarou à televisão que os oitenta milhões de mortos não manchavam em nada o ideal comunista. Eles representavam apenas um lamentável desvio. Depois de Auschwitz, continuou ele, não se pode ser nazista; mas depois dos campos soviéticos, pode-se continuar sendo comunista. Esse homem que falava com a consciência não se dava de forma alguma conta de que acabava de formular sua mais fatal condenação. Ele não percebia que a idéia comunista tinha pervertido de tal forma o princípio de realidade e o princípio moral, que ele não poderia de fato sobreviver a oitenta milhões de cadáveres, ao passo que a idéia nazista tinha sucumbido sob os seus. Acreditando falar como um homem muito honesto, idealista e intransigente, ele tinha pronunciado uma palavra monstruosa. O comunismo é mais perverso do que o nazismo porque ele não pede ao homem que atue conscientemente como criminoso, mas, ao contrário, se serve de espírito de justiça e de bondade que se estendeu por toda a terra para difundir em toda a terra o mal. Cada experiência socialista é recomeçada na inocência”.

Basta complementar, só se for a inocência útil!

sábado, maio 19, 2007

Homossexualismo e pedofilia.

O movimento homossexual se escandaliza quando os conservadores ligam o crescimento da homossexualidade com a pedofilia militante. Poder haver exageros nessa ligação, uma vez que nem todo pedófilo é necessariamente homo, como também nem todo homossexual é necessariamente pedófilo. Todavia, essa conclusão, por mais exagerada que seja, é, em parte, verdadeira. Os movimentos pedófilos mais agressivos e violentos que rondam nos países ricos têm claras conotações homossexuais. Na Europa e nos Eua há um crescimento vertiginoso da pedofilia e sua associação ao movimento gay. Na verdade, essa militância assumida já existe como prática política. No Canadá, o movimento gay exige a diminuição da idade sexual para menores, em específico, a descriminalização da relação entre adultos e adolescentes, cujas faixas etárias são quase infantis. Na Holanda, um partido pedófilo, declaradamente homossexual, além de exigir a legalização das relações “homoeróticas” entre adultos e crianças, conta com a oficialização de sexo com animais. E na Inglaterra, e mesmo em alguns estados norte-americanos, crianças são ensinadas a absorverem valores politicamente corretos, como historinhas de conto de fadas homossexuais, de príncipes que rejeitam princesas e se casam com príncipes e filhos com dois pais ou duas mães. Se isso não bastasse para abrir os olhos de uma sociedade vilipendiada nos seus valores, os homossexuais já “casam” e adotam crianças em alguns países do mundo!


E por falar em “casamento gay” e adoção de crianças por homossexuais, nada mais assustador do que um projeto de engenharia social, que tem por finalidade, destruir o modelo familiar cristão tradicional. Muitos ainda não perceberam a extrema gravidade que é a negação dos modelos do pai e da mãe na formação da criança. O universo familiar consagrado pela heterossexualidade e pelo papel do homem e da mulher será radicalmente transformado em um novo modelo, que é simplesmente a destruição de qualquer referencial moral. De uma maneira monstruosa, a homossexualidade militante, radical, niilista, vai inventar uma estrutura familiar ficcional. As crianças, em poder dos homossexuais, serão expostas e um tipo de doutrinação e de comportamento totalmente desvirtuado de uma sexualidade saudável. Serão induzidas a crerem que a homossexualidade é algo natural. E se elas serão educadas dessa forma, a homossexualidade vai deixar de ser uma mera exceção nas famílias, para se tornar uma regra, tanto quanto educar crianças por famílias normais. Em outras palavras, a homossexualidade deixará de se tornar um mero desvio de sexualidade, para se tornar uma cultura e um fundamento moral.

A perversão aí tem várias facetas: primeiro, se a homossexualidade é elevada no mesmo plano moral da heterossexualidade, a distinção moral e ética entre os comportamentos sexuais será destruída. Se os casamentos gays são reconhecidos, logo, a família tradicional será invalidada por novas formas comportamentais, cujos dilemas serão os mais duvidosos possíveis. E se os homossexuais podem educar crianças, inclusive, induzindo-as a modelos homossexuais de conduta, vamos ver movimentos mais bizarros querendo reivindicar o direito de educá-las. Se a homossexualidade pode ser modelo de família, qualquer coisa pode. A família tradicional está sendo vítima de um terrível processo de inversão moral, que vai destruir as bases da sociedade. E o agente dessa transmutação cultural será a infância, exposta, desprotegida, como joguete de um modelo perverso de educação moral. É perfeitamente explicável a tendência politicamente correta de induzir os menores a seguirem modelos homossexuais em contos de fadas, educados em aulas de sexualidade precoce. Isso é um meio caminho a outra prática nociva, que está ganhando os bons ares da militância sexual: o movimento pedófilo, em sua conotação homossexual.

A destruição dos padrões morais claros de sexualidade, no que diz respeito ao comportamento hetero e mesmo à família tradicional, nos levará a um relativismo moral tal, que ainda vai se ver a legalização de algo tão monstruoso como a pedofilia. Ora, a adoção de filhos por casais homossexuais é somente o primeiro passo dessa longa engenharia social. Isso não é o bastante: já se tenta criminalizar a rejeição contra a homossexualidade. Não somente as crianças são bombardeadas com contra-valores, como os adultos são perseguidos e mesmo ameaçados de condenação, por rejeitarem, de pleno direito, uma conduta sexual que não os agradam. Um pai que educa uma criança para a heterossexualidade pode ser preso, simplesmente por ensinar a seu filho a rejeitar a homossexualidade. O homossexualismo foi sacralizado!

Vê-se uma quebra total de referências sociais no âmago da moral cristã, em que a sociedade se permite ao livre direito e exercício dos homossexuais ditarem valores, de forma ditatorial. Se juizes, legisladores, jornalistas e formadores de opinião dão incremento à exposição de nossas crianças serem educadas como homossexuais, o que impede de outros grupos reivindicarem o mesmo direito? Muitos vão objetar, afirmando que a homossexualidade não é a mesma coisa que pedofilia. E que ser homossexual não é produto da cultura, mas da individualidade. No entanto, não é menos grave que homossexuais induzam crianças a um comportamento nocivo, tanto do ponto de vista social, como individual. Isso porque o relativismo moral da família dá os argumentos suficientes ao movimento pedófilo para legalizar suas práticas, na idéia de que a sexualidade é predeterminada em cada indivíduo, que crianças podem ter vida sexual ativa (e que tais restrições sexuais apenas têm fundo moral). Se o fundamento moral básico da sexualidade é ignorado, que fundamentos podem se embasar a família, a educação e proteção das crianças?

A falácia do argumento determinista da sexualidade, declarado por militantes homossexuais, em geral, e pedófilos em particular, é revelada quando eles lutam para minar e mesmo destruir uma soma de crenças e valores morais comuns que orientam para a heterossexualidade. Ora, a sexualidade de um indivíduo é influenciada tanto por fatores biológicos, como educacionais e psicológicos e só, muito raramente, por fatores genéticos, o que dá a entender que há uma relação entre escolha e orientação moral no sexo. Na verdade, o aspecto biológico determinante é a heterossexualidade, que não somente é óbvia, como essencial a preservação da espécie humana! Todavia, a sexualidade, em si mesma, não é somente um dado da natureza, como um juízo psicológico e moral, de como agir em relação a este dom. Daí o valor ético que a sociedade dá ao relacionamento heterossexual, por ser um dado natural e essencial da espécie. E daí a marginalização de outras condutas sexuais, ora por serem perversas, ora por serem contrárias ao decurso natural do sexo, que é a procriação e a relação natural hetero. É claro que a orientação moral tradicional não compreende somente uma visão naturalista do sexo. Ela compreende também limites, regras e normas de como o indivíduo deve orientar seus instintos e desejos sexuais, e mesmo suas emoções e laços de amor. A heterossexualidade, e tão somente ela, é que dá fundamento ao casamento e mesmo à educação dos filhos, e demais instituições da família, porque ela é a única conduta sexual capaz de gerá-los, como também de orientá-los. Na prática, a moralidade é um dos mecanismos que faz o homem se distinguir dos animais, ao racionalizar as condutas instintivas. E a moralidade tradicional hetero, inspirada no cristianismo, é que faz a distinção das pessoas sexualmente sãs, dos homossexuais, dos pedófilos, dos zoófilos e de outras práticas sexualmente nocivas.

Porém, o princípio implícito da militância homossexual não é o dever moral e sim o hedonismo. O juízo de valor que os militantes homossexuais fazem do sexo não é em si moral, mas do ponto de vista do desejo. Em suma, o sexo e o prazer são fins em si mesmos. Curiosamente, essa lógica é uma característica de qualquer movimento de cunho sexual libertário, embora os homossexuais, e mesmo os pedófilos, saibam declará-lo como ninguém. Como o desejo parece abranger a negação de uma orientação ética majoritária e de instituições consagradas, e mesmo uma revolta contra a condição natural da espécie humana, tais exigências do movimento se mostram profundamente destrutivas. Por isso, exigem legitimarem uma nova forma de família e de matrimônio que são totalmente contrários à moral, aos bons costumes e mesmo à sensatez elementar da conduta sexual humana. A nivelação sexual que os homossexuais tentam fazer em relação à heterossexualidade nunca é vista pelo plano biológico e moral, mas, do ponto de vista do prazer, ignorando os fins sexuais que levam cada conduta. E como a sociedade sofre a chantagem de ser chamada de “preconceituosa”, “discriminatória”, por um bombardeio desonesto da propaganda, de ongs riquíssimas, e mesmo da mídia festiva, muitas pessoas honestas, acuadas, pressionadas, acatam aquilo que é contrário aos seus princípios.

E se o desejo ou mesmo o prazer são os valores mais elevados que estes movimentos invocam como juízos de valor, o que impede, substancialmente, de se oficializar a pedofilia? Alguns afirmarão: as crianças não têm discernimento; elas não consentem; é um ato de violência. Porém, não é o que dizem os apologistas do prazer absoluto com menores. Se as crianças podem sentir estímulos ou prazer, na visão deles, logo, isso não é mal para elas. E se os homossexuais podem manipular a consciência das crianças, através de uma inversão moral da sexualidade, por que os pedófilos não poderiam? Qual seria a diferença entre induzir uma criança à homossexualidade e abusá-la sexualmente? Obviamente que o abuso sexual é bem mais violento. Contudo, induzir crianças a crerem em referenciais perversos de conduta não é menos repugnante. E se há a quebra dos padrões de educar as crianças, já que, supostamente, a velha família tradicional é vista como “ultrapassada”, logo, não há modelo algum em como julgar o mais apropriado a dar acolhida a elas.

Não é por acaso que o movimento pedófilo tem sólida força no movimento homossexual. Ainda que nem todos os movimentos homossexuais sejam pedófilos, a idéia mesma de uma relativização absoluta dos padrões de moralidade leva a isso. Hoje, serão os homossexuais educando nossas crianças e nivelando na mesma proporção o desejo deles com a sexualidade delas. Depois serão outros tipos devassos, exaltando “novos” modelos de família, já que as prioridades sexuais dos pais são subjetivas. E aí, aparecerão os pedófilos, cujo amor pelas crianças é bastante conhecido, por assim dizer! E o que será da pureza de nossas crianças, sujeita a todo tipo de taras sexuais?

segunda-feira, maio 14, 2007

O papa e o presidente: os católicos não estão mais sós!

Quem assistiu a recepção do presidente Lula ao papa Bento XVI no Brasil, viu um descalabro moral entre duas autoridades: um Lula nulo, inexpressivo, inócuo, representando a maior nação católica do mundo e um papa radioso, chamativo, inspirado, intimidador, representando a mais influente fé cristã do mundo. É interessante perceber que um papa tão tímido, tão recatado, surpreende quando faz suas declarações. Bento XVI não possui o carisma de seu antecessor, João Paulo II. É um erudito, um homem de estudos, a como tal, raramente é acostumado com o público. Todavia, na sua voz mansa e no ar sério é a moralidade da Igreja em pessoa, que impressiona, desafia, instiga. O presidente brasileiro representou apenas um ornamento inútil, perto de Sua Santidade, que era todas as atenções. Se o governo leigo é a paixão idólatra dos anticatólicos, a mera presença do papa representou a total supremacia de uma autoridade espiritual da Igreja sobre o poder temporal do Estado. Descobre-se, por trás do papa, um país profundamente cristão, onde multidões vão às ruas, para reverenciar um líder nato, autêntico, acima de qualquer aparência, símbolo de dois mil anos de cristianismo e civilização ocidental. É curioso notar essa afeição católica tão profunda ao bispo de Roma no Brasil. Muitos católicos divergem das orientações papais; podem até criticar abertamente a Igreja Católica; outros são até desviados dos seus caminhos. No entanto, a despeito das diferenças, das dissidências internas e mesmo de repulsas aparentes, o papa é uma orientação moral para milhões de pessoas neste país, um norte de moralidade dentro de uma crise de valores.

Em seu discurso de recepção ao santo padre, o Presidente Lula, pra variar, mentiu ao papa. Eis suas palavras: “Esteja seguro, santo padre, de que compartilhamos a justa preocupação de resgatar e fortalecer a vida familiar, como premissa da autêntica vida comunitária e social. Nosso empenho será cada vez maior e mais vigoroso para combater e superar as causas da sua desagregação. Tenho dito e repito que o avanço da sociedade brasileira no rumo da justiça e da fraternidade passa necessariamente pela revitalização dos laços familiares, do papel ético e educativo da família”.

O sr. Lula, notório defensor da licenciosidade sexual nas escolas (vide as “cartilhas sexuais” pornográficas que ajudou a distribuir em escolas de Brasília), do aborto, do casamento homossexual, da legalização da prostituição e outras aberrações apregoadas pelo seu partido, nunca defendeu o modelo familiar cristão. Pelo contrário, é um dos agentes da revolução cultural esquerdista, que tenta destruir os valores da família. Mas o papa não é bobo. Em um português fluente, em qualidade superior ao do presidente Lula, o santo padre discursava, quando causou um mal estar ao governo brasileiro. Eis suas palavras, para desgosto do governo petista:

“Estou muito feliz por poder passar alguns dias com os brasileiros. Sei que a alma deste Povo, bem como de toda a América Latina, conserva valores radicalmente cristãos que jamais serão cancelados. E estou certo que em Aparecida, durante a Conferência Geral do Episcopado, será reforçada tal identidade ao promover o respeito pela vida, desde a sua concepção até o seu natural declínio, como exigência própria da natureza humana; fará também da promoção da pessoa humana o eixo da solidariedade especialmente com os pobres e desamparados”.

Muitos comentaristas, articulistas e jornalistas da mídia manifestaram um verdadeiro ódio ao papa. Claro, o bispo de Roma tocou numa ferida onde uma boa parte da imprensa militante não queria tocar. Sabiam eles que o Vaticano estava canalizando a resposta de milhões de brasileiros contrários ao aborto e à eutanásia e que raramente têm voz na mídia.

Porém, isso foi o de menos: o santo padre ainda declarou “excomungado” aquele que vota a favor do aborto! A politicalha de Brasília ficou em polvorosa, já que há uma campanha maciça no Brasil, defendida a exaustão pela mídia, a favor do aborto. Logo o Ministro da Saúde do governo Lula, o Sr. Temporão, que queria um debate sobre sua legalização? De fato, jocosamente, o ministério da Saúde de Lula acabou sendo batizado, com razão, de o “ministério da morte”! Na verdade, sem perceber, o Santo Padre excomungou o presidente Lula e seu grupo.

Se o governo afirmou ser “a favor da família”, recusou-se qualquer compromisso com o papado. Não quis discutir nada a respeito da educação religiosa e tampouco se comprometer sobre a questão do aborto. A idéia de um acordo entre o Vaticano e o governo brasileiro suscitou um mito de que a Igreja interferiria nos assuntos de Estado. Nada mais tolo. A Igreja apenas queria reafirmar velhos compromissos já assumidos entre os dois Estados. É até compreensível ter reservas sobre a educação religiosa, já que o é Estado laico, ou seja, sem religião oficial, embora a constituição brasileira admita seu ensino nas escolas públicas. Todavia, a questão do aborto vai além da mera convicção religiosa: ela é princípio moral, ético e político básico de qualquer sociedade humana.

A turminha fanática do petismo quer importar aquilo que já é processo avançado na Europa: o reconhecimento legal do assassinato de nascituros e a eutanásia contra velhinhos e doentes mentais. Já existe uma visível campanha para esse fim em nosso país, preparando o terreno e as almas para engolir o visível engodo moral e ético nas leis brasileiras. Daí os comentários da legitimação de um plebiscito pró-abortista, vindo de um ministro da saúde, que é pura apologia da morte. O mais trágico, senão cômico, é que o povo brasileiro vai ser induzido a legitimar o homicídio legal, pela simples idéia do consenso político. Tal como fizeram em Portugal, nação tradicionalmente católica, a militância pró-aborto, através de uma propaganda desleal e desonesta, usou de todos os artifícios possíveis para omitir o peso das opiniões contrárias ao homicídio de nascituros. E aí foi o resultado: menos da metade da população portuguesa votou e essa minoria militante acabou legalizando o aborto no país.

Há um outro aspecto sobre o aborto e a eutanásia: quando se discute por igual o direito a vida e o direito de matar, não há pressuposto moral válido que possa ser colocado no mesmo nível. É dar legitimidade moral ao homicídio. Só as democracias, caindo no engodo relativista e na falência dos princípios morais mais genuínos, é que conseguem aceitar no mesmo plano, um valor e um antivalor, tudo em nome de uma liberdade, que por vezes, é licenciosa. Não que o aborto e a eutanásia não possam ser discutidos. Porém, há um abismo muito grande entre discutir sobre essas duas práticas e legalizá-los.

Há aqueles que querem tirar a religião dos assuntos públicos e, em nome disso, desprover de toda discussão moral, a questão do aborto e da eutanásia. Afirmam que o Estado laico está acima de qualquer princípio religioso e, como tal, podem legalizar qualquer coisa, como se os poderes leigos estivessem acima da moralidade elementar, considerada “subjetiva”. Essa argumentação é comum tanto aos socialistas, como até aos liberais militantes, sacerdotes zelosos da pretensa tolerância e superioridade cientifica do Estado laico. Todavia, a homilia destes senhores esconde um argumento notoriamente antidemocrático: excluir, por antecipação, qualquer preceito ou idéia religiosa da vida pública. Isto significa uma censura maliciosa e desonesta a todos os cidadãos de convicções religiosas da nação, que serão estigmatizados de obscurantistas e fanáticos, por defenderem os credos de sua fé. Reitera-se, a maioria da população é religiosa.

O pior, talvez, não seja apenas esse fato, e sim a idolatria quase divina com que o Estado laico é cultuado, acima de uma moral e de princípios consagrados por uma sociedade, seja através da prática cotidiana, seja através da religião. Se o Estado não obedece a moral alguma, ele será tão somente a vontade arbitrária do governante, do legislador ou do povo, de acordo com os ânimos de sua loucura coletiva. O paradoxo desse discurso antimoral é que transforma a vontade e autoridade do Estado numa espécie moral em si mesma. Isso, quando esse mesmo Estado legitima o aborto e a eutanásia, que é a oficialização legal do homicídio dos fracos e dos inocentes, impossibilitados de se defenderem. Em outras palavras, o que os socialistas e liberais querem é a institucionalização do Estado totalitário.

Quando um militante pró-aborto e pró-eutanásia argumenta que o problema em si é questão de subjetividade, nem percebe a perversão moral de seu discurso. Ele dá um poder arbitrário ao particular de fazer qualquer coisa contra os fracos. Ou seja, os incapacitados, os nascituros, impossibilitados de quaisquer meios de defesa, estarão à margem da lei, vitimas das arbitrariedades daqueles que os rejeitam. E não deixaria de ser cômico que tal premissa valida os pressupostos cristãos: dentro de “subjetividade” da doutrina católica, são reconhecidos direitos sagrados que o Estado Laico, os materialistas, os ateus, os abortistas e toda sorte de militâncias abjetas negam aos nascituros e aos enfermos. Os católicos são alçados a uma elevação espiritual acima dos valores desta sociedade. Soa até elogioso nascer numa família católica, já que os católicos reconhecem todos os direitos às suas crianças e seus velhos, que a sociedade inteira é incapaz de reconhecer!

O bombardeio mental de uma boa parte da mídia brasileira contra o sentimento religioso, e a militância atéia que domina as escolas e universidades, são contrabalançadas por uma maioria silenciosa, que a despeito da marginalidade, persevera na fé. É a eterna solidão do cristão, entre o mundo que o hostiliza e o Deus que o agracia. Entretanto, essa maioria não tem voz. Até seus mais autênticos livres pensadores, eruditos, são marginalizados. As bodas do materialismo e os dogmas do cientificismo são as verdadeiras ideologias dominantes do pensamento atual, junto com o governo federal, as ongs nacionais e internacionais, os setores de extrema esquerda, a ONU, que odeiam os valores cristãos do povo. A visita do papa ao Brasil revelou um profundo hiato entre uma elite política e intelectual pseudoletrada e um povo religioso, uma diferença abissal de valores entre um e outro. São realidades que se conflitam e se enfrentam, embora de forma desigual e silenciosa. Enquanto essa elite perniciosa é bem organizada, a cristandade está vulnerável e dispersa. É a Igreja acuada contra os ataques dos principados e potestades do mundo. No final das contas, os inimigos, dentre e fora da Igreja não puderam ignorar a presença do papa. O brilho de sua presença pareceu anular esses podres poderes que o enfrentam. Em sua visita, o bispo de Roma foi o fiel representante do povo brasileiro. Foi ele quem deu voz a um povo sufocado de cultura politicamente correta e marxismo. O povo brasileiro não teve vergonha de ser cristão e saiu às ruas, para desespero dos socialistas e liberais devotos do bezerro de ouro laico. Os católicos não estão sós!

sexta-feira, maio 04, 2007

Paz no campo significa “tolerância zero” com o MST e congêneres. .

Essa entrevista do Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança está excelente. Ele soube, de uma forma bem sintética, explicar o que está por trás dos problemas do campo e as investidas do MST, no intento de destruir a agricultura brasileira. No site "Catolicismo", as declarações do nobre a respeito:

http://www.catolicismo.com.br/materia/materia2.cfm?IDmat=4F56EEF2-3048-560B-1C2F4B47E1054D19&mes=Maio2007&pag=1

Paz no campo significa “tolerância zero” com o MST e congêneres. O Brasil precisa de paz para produzir e que seus homens públicos sejam sensíveis ao grito de socorro do campo: chega de invasões e de confiscos promovidos por uma Reforma Agrária socialista .

Paz no campo significa “tolerância zero” com o MST e congêneres.

O Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, trineto de Dom Pedro II e bisneto da Princesa Isabel, a Redentora, é advogado formado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da USP. Coordenador e porta-voz do movimento Paz no Campo, tem percorrido o Brasil fazendo conferências para produtores rurais e empresários, em defesa da propriedade privada e da livre iniciativa. Nessas conferências, alerta para os efeitos deletérios da Reforma Agrária e dos movimentos ditos sociais, que querem afastar o Brasil dos rumos benditos da Civilização Cristã. Catolicismo entrevistou Dom Bertrand, que esclarece nossos leitores sobre os princípios que justificam a campanha por ele coordenada.
* * *

Catolicismo — A campanha Paz no Campo, o que representa?

Dom Bertrand — Diante das contínuas violações do direito de propriedade no campo, através de invasões de fazendas pelos movimentos ditos “sociais” como o MST e congêneres, inspirados e insuflados pela CPT (Comissão Pastoral da Terra, da CNBB), de uma legislação que visa impor uma Reforma Agrária socialista e confiscatória, e de uma ação articulada para perseguir o agronegócio, é indispensável que os agricultores se unam e tenham os argumentos para defender seus legítimos direitos. Para isso percorremos o Brasil fazendo conferências, visitando feiras agropecuárias e procurando aglutinar e motivar os produtores rurais. Agora lançamos o Movimento Paz no Campo, que pretende representar um basta a toda essa perseguição ideológica que se faz contra o produtor rural. Pleiteamos, portanto, uma política de “tolerância zero” e "financiamento zero" para o MST e movimentos congêneres, o que traria de imediato o fim de toda essa baderna que se instalou no campo brasileiro.

Catolicismo — No centro desse debate estaria a propriedade privada versus a coletivização do campo?

Dom Bertrand — O direito de propriedade não decorre da lei, nem de convenções. É um direito natural que antecede ao Estado — e que o Estado deve garantir –– como são direitos naturais a vida, a educação, o salário justo e familiar, etc. O Estado tem a obrigação de garantir, e não pode passar por cima desse direito. Todo homem, por ser inteligente e livre, é dono dos frutos de seu trabalho. Se assim não fosse, ele seria um escravo do Estado. Tudo decorre da natureza do homem, como Deus o criou. Nenhuma lei pode mudar a boa ordem posta por Deus na Criação. A lei positiva deve garantir a propriedade privada, como estabelecem dois Mandamentos da Lei de Deus: o 7º, “Não furtarás”; e o 10º, “Não cobiçarás as coisas alheias”. A “esquerda católica” ignora os reiterados pronunciamentos pontifícios e dá apoio maciço ao MST.

Catolicismo — O direito de propriedade decorre da própria liberdade do homem?

Dom Bertrand — O homem trabalha o necessário para seu sustento. Ele pode também trabalhar algo a mais do que para o próprio sustento. Dia após dia, ele acumula esse algo a mais, forma um capital. O Papa Leão XIII exatamente define o capital como sendo trabalho acumulado.Com isso ele não só atende às necessidades essenciais de sua família, mas compra a sua casa, um automóvel, um sítio, uma fazenda, etc. Tudo isso é fruto de seu trabalho e lhe pertence.

Catolicismo — Será por assumir a doutrina socialista que a “esquerda católica” abomina a propriedade privada?

Dom Bertrand — Apesar de apresentar-se freqüentemente como se fosse a própria Igreja, a “esquerda católica”, de fato, não segue os ensinamentos tradicionais dos Papas em matéria social. Os ensinamentos pontifícios constituem um monumento vivo de como se deve pensar e agir. Lembro-me neste momento de um trecho de Leão XIII na encíclica Rerum Novarum: “Fique bem assente que o primeiro fundamento a estabelecer para todos os que querem sinceramente o bem do povo é a inviolabilidade da propriedade particular”. A “esquerda católica” ignora esse e outros reiterados pronunciamentos pontifícios e dá apoio maciço ao MST, à Via Campesina e outros movimentos que promovem invasões e desordens. Na verdade, não se trata apenas de apoio, o MST foi gerado pelas Pastorais da Terra. A experiência histórica mostra que a propriedade comunitária — regida ou não pelo Estado — traz a miséria, pois favorece o desinteresse e a preguiça. É o que se viu no fracasso da antiga União Soviética. É o que se vê na Cuba atual e nos assentamentos da Reforma Agrária no Brasil.

Catolicismo — Se a livre iniciativa e a propriedade privada são justas e necessárias para o desenvolvimento do homem e progresso da sociedade, por que a querem abolir?

Dom Bertrand — Por trás dessas questões, há uma doutrina igualitária. Segundo essa doutrina marxista, se todos devem ser iguais, é injusto que uns possuam mais que os outros. É também uma revolta contra as desigualdades justas, harmônicas e complementares, que Deus colocou na natureza: desigualdades de inteligência, de força de vontade, de sensibilidade, de ocasiões, etc., que acarretam diferentes aptidões. Uns são chamados a ser médicos, outros músicos, entalhadores, pintores, agricultores, engenheiros, etc. E daí decorrem orgânica e legitimamente desigualdades de fortunas.

Catolicismo — Alguns costumam alegar que algumas desigualdades são muito grandes...

Dom Bertrand — É claro que poderá haver desigualdades exageradas e malsãs: essas devem ser, dentro da medida do possível, atenuadas pela caridade cristã e, se necessário, combatidas. Mas nunca deve ser imposto o igualitarismo, que se opõe à natureza criada por Deus. As pessoas de mentalidade comunista querem impor o igualitarismo, porque é através dele que se chega ao comunismo. No manifesto de Marx e Engels, de 1848, lê-se: “Os comunistas podem resumir sua teoria nesta única fórmula: abolição da propriedade privada”.

Catolicismo — A Reforma Agrária irremediavelmente leva ao socialismo?

Dom Bertrand — Historicamente, em todas as nações em que o comunismo se implantou, o primeiro e mais importante passo para impor o igualitarismo socialista sempre foi a Reforma Agrária. Ela quebra a produção no campo, tornando com isso inviável a vida normal nas cidades, e cria as condições para a ação de um Estado onipotente que estabelece o igualitarismo. Depois da Reforma Agrária vêm as outras reformas: Urbana, Empresarial, Bancária, etc. A Reforma Agrária é apenas o primeiro passo rumo ao socialismo. Aliás, um documento básico do MST, aprovado pelo VI Encontro Nacional, diz textualmente: “As ocupações e outras formas massivas de luta pela terra vão educando as massas para a necessidade de tomada do poder e da implantação de um novo sistema econômico: o socialismo”.

Catolicismo — Também se alega que a Reforma Agrária resolveria o problema do desemprego.

Dom Bertrand — Somente com o aumento da produção entre 2003 e 2004, o agronegócio criou 1,3 milhão de empregos novos, diretos e indiretos, segundo o então Ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. Ao passo que, para assentar um pouco mais de 60 mil famílias, gerando favelas rurais, gastaram-se a fundo perdido bilhões de reais. Aliás, como está comprovado, grande número de assentados abandonam seus lotes, pouco depois de os receberem, e vão invadir outras propriedades.
Catolicismo — A atual estrutura agrária cumpre a função social da propriedade?

Dom Bertrand — Cumpre, e muito bem. Produz quatro vezes mais alimentos que o necessário para alimentar a população do País; o agronegócio representa 40% do PIB; 41% das exportações; ocupa 35% da mão-de-obra. Uma prova a mais de que cumpre sua função social é o fato de que não há precedentes no Brasil de empregados de uma fazenda invadida terem se solidarizado ou unido aos invasores. Muito pelo contrário, sistematicamente os empregados tomam a defesa do patrão. As condições de vida dos empregados agrícolas são muito melhores do que as da imensa maioria dos assentados. Estes vivem em verdadeiras favelas rurais, dependendo em tudo das benesses do Estado e dominados totalmente pelos “movimentos sociais” tipo MST. Os assentados, sim, subsistem em condições que se podem chamar de análogas ao “trabalho escravo” — escravos das lideranças de tais movimentos, que utilizam os “assentados” como massa de manobra para agitações.

Catolicismo — De qualquer forma, ainda há os que afirmam que é uma injustiça alguns terem muito e outros pouco, que há gente passando fome.

Dom Bertrand — Devemos nos esforçar para que todos tenham o necessário para o seu digno sustento, bem como o de sua família. Posto este princípio básico, é natural que alguns progridam mais e ganhem mais, quer por seu esforço pessoal, quer por razões várias, decorrentes de legítimas circunstâncias. Quanto ao fato de existir gente passando fome, na medida em que as há, é lamentável. Mas tal afirmação não condiz com a realidade. Pelo contrário, problema maior no Brasil é a crescente obesidade da população, segundo revela recente estudo do IBGE. E os programas “Fome Zero” e “Bolsa Família” acabam favorecendo a corrupção, o clientelismo assistencialista, e não encontram a alegada legião de miseráveis.

Catolicismo — Há muita terra improdutiva e muita gente sem terra, querendo produzir?

Dom Bertrand — Segundo os entendidos na matéria, as terras improdutivas estão normalmente em região de fronteira agrícola, sendo que boa parte delas são devolutas, isto é, propriedade do Estado. Quem realmente quer produzir, está disposto a abrir novas fronteiras agrícolas — como o têm feito especialmente gaúchos, catarinenses e paranaenses que vêm colonizando o norte e o centro-oeste do Brasil — e eles não ficam invadindo terras no sul. O próprio governo reconhece que quase não há mais terras improdutivas. E as poucas ainda qualificadas como “improdutivas” são, na maioria dos casos, terras produtivas que –– por razões circunstanciais como seca, problemas de mercado, preços baixos, etc. –– não atingiram os altos índices de produção exigidos pelo INCRA. Onde realmente há grande número de terras improdutivas é nos assentamentos do INCRA, nos quais não se produz nada, e terras são transformadas em favelas rurais.

Catolicismo — O que Dom Bertrand opina sobre os tão falados “índices de produtividade”?

Dom Bertrand — Tanto pela moral católica quanto pela razão, não pode ser desapropriada uma terra pelo simples fato de não atingir índices de produção determinados pelo Estado. É pela mesma razão que não pode ser desapropriada uma fábrica por ter parte de sua capacidade ociosa, ou uma casa por ter um quarto vazio. O direito de propriedade é independente do seu uso. Afirmar o contrário importa em aceitar o princípio marxista de que o Estado tem o direito de determinar o que se deve produzir, quanto e quando se deve produzir. Cairíamos no dirigismo econômico comunista, que não considera as leis de mercado, a oferta e a procura, etc. Resultados calamitosos disso ficaram escancarados aos olhos do mundo com a queda do Muro de Berlim e da Cortina de Ferro, e se fazem sentir ainda na tirânica miséria de Cuba e da Coréia do Norte.

Catolicismo — Dada a capacidade empreendedora do produtor rural, ser obrigado a produzir mais não seria um fator benéfico para a produção?

Dom Bertrand — Imaginemos que todos os proprietários do Brasil, de norte a sul, leste a oeste, produzissem o que determina atualmente o INCRA. Estaria criada uma das maiores crises econômicas da História do Brasil e do mundo, pois haveria uma tal superprodução de alimentos, que não haveria quem os consumisse. Os preços cairiam a níveis inimagináveis. Com isso teríamos a quebra da agricultura e, em seguida, a fome no Brasil e no resto do mundo.
Atualmente, em um território de 850 milhões de hectares, temos um pouco mais de 60 milhões de hectares de agricultura e uma área de cerca de 220 milhões de hectares dedicados à pecuária. Já produzimos quatro vezes mais alimentos do que necessitamos, e somos um dos maiores exportadores de carne. Não se podem considerar os cerca de 63 milhões de hectares com os assentamentos do INCRA, cujo resultado é praticamente zero. E se não fossem as cestas básicas oriundas da produção da iniciativa privada, distribuídas pelo governo à custa de impostos escorchantes que pesam sobre a população, estariam os “beneficiários” da Reforma Agrária passando fome!

Catolicismo — Os defensores da Reforma Agrária garantem que ela aumentaria a produção de alimentos.

Dom Bertrand — Esta é uma afirmação absolutamente falsa! Em nenhum país houve Reforma Agrária que tivesse produzido resultados positivos. Em toda parte ela só trouxe miséria e fome. A tal ponto que praticamente todas as nações que realizaram a Reforma Agrária estão hoje voltando atrás e revogando as respectivas leis. Assim ocorreu na Rússia, na Ucrânia, na Hungria, no Chile, em Portugal, no México, em Angola e até na China comunista. O caso do Japão é paradigmático: depois da Segunda Guerra Mundial foi implantada a Reforma Agrária, modificando sua estrutura fundiária tradicional. Resultado: fracasso! Recentemente foram realizados estudos sobre como aumentar a produção nas suas poucas terras cultiváveis (mais de 75% do Japão são montanhas ou florestas) para diminuir a dependência da importação de alimentos. Resultado do estudo: necessidade de uma anti-Reforma Agrária, isto é, uma legislação que favoreça a aglutinação da propriedade. Razões: o pequeno proprietário tem psicologia de subsistência; e o grande, de produção. Se se quer aumentar a produção, é preciso aumentar a dimensão das propriedades!

Catolicismo — O que se poderia fazer para aperfeiçoar a estrutura agrária e estimular o agronegócio?

Dom Bertrand — Seria, por exemplo, no caso do Brasil, um projeto que favorecesse a colonização pela iniciativa privada, como a que tem acontecido nos últimos anos, de novas fronteiras agrícolas para as famílias que têm real vocação para o cultivo da terra ou a criação do gado. Ou então poderíamos criar condições para que o acesso à propriedade se torne mais fácil, pelo aumento da capacidade de poupança, resultante em uma real diminuição da brutal carga tributária que pesa sobre os brasileiros. Outra política bem-vinda seria a de preços e seguros agrícolas que desse garantias para os agricultores, especialmente em função de intempéries, etc. Ou ainda, solucionar certos gargalos que prejudicam seriamente os produtores, tais como falta de silos, de armazéns, estradas, hidrovias, deficiências portuárias, custos portuários muito superiores aos padrões mundiais. Poderíamos ainda aduzir outras propostas, como simplificar em toda medida do razoável as obrigações trabalhistas, cada vez mais detalhistas e absurdas, que pesam sobre os produtores agrícolas e pairam como verdadeiras espadas de Dâmocles sobre os empregadores e os sujeitam a toda sorte de arbitrariedades.

Catolicismo — Qualquer tipo de Reforma Agrária é inaceitável? Não há uma Reforma Agrária boa?

Dom Bertrand — O que é reformar? Reformar é tomar algo –– por exemplo, uma casa ou um automóvel que foi bom, mas que com o tempo e com o uso ficou desgastado –– e renová-lo, aperfeiçoando-o, melhorando-o. A Reforma Agrária, até hoje, em todo o mundo, só gerou miséria e fome. De si, poder-se-ia falar numa reforma agrária boa. Mas a expressão “Reforma Agrária”, com o correr dos tempos e por influência de uma certa mentalidade igualitária de fundo marxista, passou a ter um sentido totalmente inaceitável: a) desapropriação confiscatória de propriedades privadas pelo Estado, pagando um valor inferior ao real, com os famigerados TDA (Títulos da Dívida Agrária), depois de longas pendências na Justiça; b) redistribuição igualitária aos ditos “beneficiários” da Reforma Agrária, isto é, os assentados, que não recebem título de propriedade, mas apenas uma concessão de uso, permanecendo as terras propriedade do Estado. Isso importa, em última análise, na estatização das terras. É o que foram os kolkhozes soviéticos.

Catolicismo — Em que pontos insiste o movimento Paz no Campo?


Dom Bertrand —
Quem observa as invasões de terra, muitas vezes não se dá conta da verdadeira conjuração que há por trás desses movimentos subversivos, verdadeiras guerrilhas rurais, que freqüentemente atuam sob as ordens de religiosos inescrupulosos e, infelizmente, com o apoio e o financiamento de uma aparelhada máquina do Estado, e sob os auspícios de movimentos internacionais como a Via Campesina. Dâmocles tinha suspensa sobre sua cabeça uma única espada. Sobre o produtor rural pendem várias espadas: as invasões, a “esquerda católica”, os índices de produtividade, os conflitos com índios, falsas acusações de “trabalho escravo”, o falso ambientalismo, a nova lei da agricultura familiar, a nova agro-ecologia, etc. Por isso nosso movimento insiste sempre: Reforma Agrária não, nenhuma, nunca! E tolerância zero com todos os crimes do MST e movimentos afins. Só assim poderão, todos aqueles que querem realmente trabalhar dentro da lei e da ordem, desfrutar de uma verdadeira paz no campo.