sábado, junho 09, 2007

O Brasil cego e a Venezuela invertebrada: algumas crônicas da loucura coletiva do continente.

1. Censura, economia venezuelana e bolivarianistas.


A revogação da licença de concessão da RCTV, a Radio Caracas de Televisão, na Venezuela, e o posterior confisco de seus aparelhos de transmissão, pelo governo de Hugo Chavez, demonstram aquilo que qualquer observador sensato já notava, desde a ascensão do sargentão venezuelano no poder: ele levará o país a uma ditadura. Se hoje a RCTV é a vítima maior da censura do governo venezuelano contra a liberdade de imprensa, a Rede Globovision está com seus dias contados. A ameaça de destruir qualquer voz de oposição paira no ar. Todas as esferas do Estado venezuelano estão controladas pelos chavistas: o executivo, o judiciário, o congresso nacional, o sistema eleitoral, etc. E Chavez criou mecanismos de controle da população civil, até no que diz respeito à economia. O sistema é tão perverso, tão desumano, que subjuga às necessidades da população ao controle total do governo. Como as multinacionais foram roubadas ou expulsas do país e as empresas privadas nacionais foram confiscadas, só restou ao Estado controlar todos os serviços essenciais do país. O povo venezuelano está próximo de depender de cartões distribuídos pelo governo, em que cada cidadão será chantageado politicamente, se não colaborar, sob pena de passar ou mesmo morrer de fome. É questão de tempo o povo venezuelano viver de racionamento de comida, tal como ocorre em Cuba. A aliança de Chavez com Fidel Castro não é mera coincidência: um imita e emula o outro.

Essa forma de controle pode ser demonstrada em uma palestra de Chavez, a respeito da economia: a distribuição compulsória de moedas perecíveis e não-conversíveis, para controlar a circulação de riquezas no país. O sistema é bastante simples: o cidadão venezuelano de uma respectiva cidade será obrigado a trabalhar ou vender seus pertences para a um estabelecimento específico do governo. O governo liberará uma espécie de ticket, em que o cidadão só poderá trocar no estabelecimento em que obrigatoriamente o recebeu, sem ter a liberdade de convertê-la em outra moeda ou comprar em outro lugar. Em outras palavras, o governo pagará os serviços da população com moeda podre, tal como um fazendeiro rural pagaria uma espécie de vale de crédito de sua mercearia da fazenda. Como a moeda oferecida pelo governo só vale na mercearia do próprio, ele pode decidir os preços e as mercadorias que impuser ao consumidor. Isto é só um detalhe: as moedas, com o tempo, perecem por oxidação. Ou seja, o povo, além de ter sua liberdade de comprar e vender castrada, terá o valor de seu trabalho diminuído e não poderá acumular poupança, já que uma parte do capital será apropriada pelo governo, com a imposição de uma moeda sem valor e que se desvaloriza ainda mais, com o tempo. O poder de consumo do cidadão venezuelano será virtualmente controlado pelo governo. Ou seja, Chavez controlará quando, como e onde o venezuelano médio vai consumir. O pior desse sistema é que vai reduzir a população venezuelana virtualmente a uma situação de subsistência, a uma condição próxima da fome. Como a liberdade de poupança e a acumulação de capital são destruídas, a tendência é cair a produção de qualquer coisa no país, já que o cidadão comum saberá que vai ser roubado pelo governo.

Porém, isso já ocorre: em oito anos de governo Chavez, a Venezuela decresceu do PIB. A miséria aumentou absurdamente, sem contar a violência da capital, Caracas, umas das mais altas do mundo. E como todo governo socialista que se preze, Chavez quer levar o povo à mendicância, para depender eternamente do governo. Já dizia um economista sueco: “os famintos não fazem revolução, apenas morrem de fome”.

A leve explanação da economia chavista foi exposta pelo próprio protoditador venezuelano, num vídeo do pomposo e inócuo do “ministério da economia popular”. Ditadores latino-americanos são espalhafatosos na vigarice. Impressionante é Chavez falar para um público simpático a seu discurso, assumindo que vai roubar todo mundo! Mas há de se entender que a grande maioria dos chavistas, no geral, ou é desonesta, ou é ignorante. Eles, em geral, são de um sectarismo estúpido e um palavrório vazio. O chamado “bolivarianismo” é de uma assustadora indigência intelectual. O termo, extraído de Simon Bolívar, o libertador da Venezuela e de uma boa parte dos países latino-americanos, é uma grotesca falsificação histórica. A grande maioria dos chavistas militantes desconhece as idéias de Simon Bolívar, um aristocrata liberal “criollo”, admirador confesso da democracia norte-americana, embora partidário de uma democracia elitista e censitária. Quando não desconhecem, são condescendentes com a fraude propagandística do chavismo.


2. Oposição venezuelana, sua força e suas fraquezas.


A oposição venezuelana, em sua maior parte, é feita por pessoas de bem. Ao contrário das mentiras chavistas, o grosso da população opositora não é feita de “elites oligárquicas”, e sim por pessoas muito conscientes e educadas. Muitos são da classe média empobrecida pelo governo: profissionais liberais, universitários, jornalistas, funcionários públicos perseguidos pelo regime. Os oposicionistas, ao perceberem o naufrágio iminente do país, vão corajosamente às ruas enfrentar os desmandos de Chavez e seus asseclas. O grande problema da oposição na Venezuela é sua desorganização, sua falta de unidade e força política. É uma fragmentação de tendências, todas num propósito comum de defender a democracia, e, no entanto, sem um contrabalanço organizacional que possa enfrentar um Estado onipotente e um exército bem armado. Ela sofreu um duro golpe em 2002, quando reagiu ao processo revolucionário, tentando derrubar Chavez do poder. Como teve escrúpulos demais contra Chavez, o monstrengo acabou voltando ao poder, para radicalizar o processo que já patrocinara, desde que se elegeu, em 1998. E como uma voz difusa de uma democracia agonizante, ela é abafada dentro e fora da Venezuela. A opinião pública mundial, omissa e mesmo cúmplice de Chavez, ignorou os apelos democráticos do país.

Para essas pessoas instruídas, empreendedoras, esclarecidas, a situação é de um completo pesadelo. Como me dizia uma venezuelana com quem me correspondia, “nós nos sentimos com uma arma na cabeça, pronta pra apertar o gatilho”. Elas sabem o caminho da servidão que esperam. Demonstram uma profunda depressão sobre os destinos do país. Percebem que o país é refém de um delinqüente.

3. Bolivarianismo como uma política imperialista: leia-se, Foro de São Paulo.

Se Bolívar era um liberal da velha guarda, “bolivarianismo” é o velho socialismo com outro nome, com sinais trocados. Ele mistura uma suruba doida de um tosco e inflamado discurso nacionalista e militarista, com chavões anticapitalistas e internacionalistas proletários. Porém, a estratégia do processo revolucionário é nunca ter um discurso concreto, coerente: porque a busca única e consciente do poder compreende vários discursos, para se adaptar melhor à conjuntura do que é conveniente. Se Chavez usa um discurso nacionalista para os venezuelanos, ele demonstra ter um projeto revolucionário e imperialista em escala continental. Hoje em dia, a Venezuela praticamente determina a geopolítica da América Latina, financiando variados governos latino-americanos, prontos para destruírem a democracia no continente. Bolívia, Colômbia, Peru, Nicarágua, México, Equador e mesmo o Brasil sofrem a influência do “bolivarianismo”. A promoção de governos legalmente eleitos se coaduna com o aparato ilegal de criminalidade. Isso implica guerrilha, narcotráfico, crime organizado e terrorismo. É velha tática leninista sendo readaptada nos trópicos. Chavez apóia diplomaticamente, tanto governos eleitos, que se transformam em ditaduras, como grupos de guerrilhas que tentam tomar o poder pela força. As Farcs colombianas, notório grupo de guerrilha narcotraficante e comunista, têm pleno apoio de Chavez. Isso porque, com a derrota de Huanta Humala no Peru, outro candidato fantoche no “bolivarianismo”, Chavez posteriormente incrementou o surgimento do Sendero Luminoso no país, grupo de guerrilha terrorista, que nos anos 80, matou de 50 a 70 mil peruanos. A derrota de outro candidato de esquerda, ditado por Chavez no México, fez explodir uma revolta em Oaxaca, causando sérios problemas institucionais na frágil democracia mexicana. O surgimento repentino do terrorismo nestes países tem não somente o dedo, como o dinheiro de Hugo Chavez.

Essa situação é tão grave, que a Venezuela quase entrou em guerra contra a Colômbia. O presidente colombiano mandou capturar membros das farcs nos círculos chavistas de Caracas e Chavez, com seu estilo histriônico e megalomaníaco, ameaçou atacar o país. Se Chavez blefou ou não, o caso é que ele está construindo o maior exército a América Latina. Comprou jatos soviéticos e permitiu a primeira fábrica de fuzis kalashinikovs no continente. Aliás, há uma proximidade conjunta da esquerda latino-americana com o terrorismo árabe. Chavez não se une ao Irã apenas por causa do petróleo: tamanho zelo pelo islamismo fundamentalista fez com que a Venezuela, outrora aliada de Israel, rompesse com o Estado judaico. Há de convir que Irã é um país que desenvolve um projeto nuclear, ameaçando a paz no Oriente Médio. E como não poderia deixar de ser num megalomaníaco, Chavez sonha com a bomba atômica.


Na prática, o que há é um conchavo de esquerdas latino-americanas. O nome da associação: Foro de São Paulo. O Foro de São Paulo já diz para que veio: é o novo Cominten do processo revolucionário comunista na América Latina. Encabeçado pelo próprio Chavez, tem a colaboração de seu chefe de honra e um de seus fundadores: o presidente do Brasil Luis Ignácio Lula da Silva. A linha partidária do Foro de São Paulo engloba desde partidos legais de esquerda, até grupos terroristas, como Farcs, Mir chileno e Frente zapatista do México. E claro, com as bênçãos de Fidel Castro, o eterno ditador de Cuba. E todos eles possuem um propósito comum, nas palavras deles: restaurar na América Latina aquilo que foi perdido no Leste Europeu, ou seja, restaurar ditaduras comunistas em escala continental. Chavez não teria essa força toda, se a esquerda latino-americana não colaborasse para isso. Em particular, o Partido dos Trabalhadores, maior patrocinador da causa comunista.



4.Um país cego na ignorância. . .

O Brasil está desarmado contra o processo revolucionário que pulveriza as democracias latino-americanas. O grupo que hoje governa Brasília é composto dessas mesmíssimas pessoas que querem fazer aqui no país, o que Chavez e o Foro de São Paulo fazem em todo o continente: destruir o Estado de Direito e impor ditaduras totalitárias. Na verdade, Chavez só teve esse poder todo, porque o Brasil assim o permitiu. O Brasil foi o maior promotor de Chavez e seus aliados na América Latina. E isso, com o preço do país perder influência, credibilidade e se tornar vulnerável a essa loucura coletiva.

O caso Evo Morales, em que o presidente da Bolívia confiscara os poços de gás explorados pela Petrobrás, enviando o seu exército, e, posteriormente, expulsou os fazendeiros brasileiros, confiscando suas produções de soja na fronteira do país, foi um ato de traição. Sim, o governo brasileiro traiu os interesses da nação. Foi uma das atitudes mais escandalosas, mais monstruosas e mais malignas da história republicana brasileira. Foi o governo Lula que promoveu Evo Morales e sua ascensão ao poder, a despeito do sólido envolvimento de Morales com o narcotráfico e o crime organizado em seu país. E foi o governo brasileiro que calou a boca, quando um bilhão de dólares em investimentos dos contribuintes e acionistas da Petrobrás, e mesmo a dignidade dos brasileiros roubados da fronteira, foram jogados pelo ralo. Todavia, a ação da Bolívia contra o Brasil não foi algo espontâneo e imprevisto. Foi algo deliberado. Chavez estava por trás disso. Mal a Petrobrás foi expulsa do país, a PDVSA tomava conta do lugar. E, atualmente, bases militares do exército venezuelano estão na fronteira do Brasil e do Chile com a Bolívia. Com a colaboração de Lula. E sob o aplauso das esquerdas nacionais e internacionais!

É também colaboração de Lula, o incremento do crime organizado no país. Os ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) contra o estado de São Paulo em 2006, matando quase uma centena de pessoas nas ruas, e a quase guerra civil entre a polícia e o crime organizado do Rio de Janeiro, demonstram o quanto as alianças do governo brasileiro influenciam no cotidiano do povo. Há provas contundentes de que as Farcs da Colômbia dão treinamento paramilitar aos membros do PCC e de outras facções do crime organizado. Alguns militantes da guerrilha, inclusive, foram presos em algumas capitais brasileiras. E há de se lembrar que Fernandinho Beira-Mar, o chefe do Comando Vermelho, foi preso na Colômbia, na área de atuação das Farcs, trocando armas por cocaína. As farcs, atualmente, não só têm foro de ação nas fronteiras brasileiras, trocando tiros contra o exército brasileiro, como agem livremente em território nacional.


E que tipo de providências o governo brasileiro fez, para combater a influência do crime organizado? Nada, absolutamente nada! Pelo contrário, fez é promovê-lo em nosso país. Quem fez campanha para a libertação do guerrilheiro “padre” Olivério Medina, preso pela policia federal? Quem foi acusado pelos SNI, serviço de inteligência brasileiro, de receber 5 milhões de dólares pelas farcs, para a campanha presidencial? Quem se recusou, enquanto governo, a reconhecer as Farcs como grupo terrorista? O governo do presidente Luis Ignácio Lula da Silva. Ademais, por tamanhos serviços prestados, as próprias Farcs reconhecem, em cartas oficiais, os esforços do PT e do presidente Lula em promoverem um dos grupos mais criminosos do continente. Um grupo que fere e mata nossos cidadãos nas cidades brasileiras, além de destruir a juventude com as drogas.

Por outro lado, há indícios graves que acusam o envolvimento do MST com o crime organizado do PCC e das Farcs. Meses antes dos ataques do PCC no Estado de São Paulo, a polícia civil constatou escutas de membros do MST dando “dicas” de como fazer protestos contra o sistema carcerário, pressionando para o favorecimento dos líderes do crime organizado. Todavia, o MST também é um grupo criminoso, já que invade terras, saqueia propriedades e depreda prédios públicos. Tão grave quanto essas ligações e ações, é o fato de o governo brasileiro liberar milhões de reais para a reforma agrária, a uma associação que nem existe. O MST não é partido político, não é pessoa jurídica, não é nada. Simplesmente é nula como entidade jurídica. Milhões de reais são jogados no lixo para uma associação fantasma, cuja meta única é alimentar uma guerra civil no campo.

Se o MSLT invade impunemente o congresso nacional e faz quebradeiras e vandalismo contra o Congresso Nacional, com a liderança de um dos membros da cúpula do PT, recentemente, o MST invadiu o maquinário da usina de Tucuruí, ameaçando deixar o norte e nordeste do país sem luz. Pouca gente percebeu a gravidade deste tipo de ação, quando um grupo, usando de métodos violentos, ameaça causar um prejuízo assombroso a cidadãos, no suposto direito de reivindicar mais dinheiro público e extorqui-los.
E será que a opinião pública brasileira esqueceu da grave acusação de envolvimento de um secretário da prefeita do PT, Marta Suplicy, com o crime organizado do PCC? Como algo tão grave ficou impune e sem explicação, depois do que ocorreu no Estado de São Paulo?
?
E para não perder a praxe da submissão e da covardia ao Foro de São Paulo que ajudou a criar, o Presidente Lula mentiu para o país: enquanto Chavez chama o Congresso Nacional de “papagaio do imperialismo americano”, Lula desconversa e se acovarda. Faz que não é com ele. Diz defender a liberdade de expressão. Entretanto, declara abertamente apoiar o fechamento da RCTV, como medida “democrática”. Se não bastasse a encenação e o circo, o PT de Lula e o PSOL de Heloisa Helena mandam um manifesto à embaixada venezuelana apoiando o fechamento da emissora de oposição a Chavez. Por que o espanto? Não foi o PT que tentou criar uma burocracia “fiscalizadora” do jornalismo, que no final, era uma censura descarada contra a imprensa brasileira? E que se pode esperar do PSOL, senão a reputação do seu maior ideólogo, Achille Lollo, um terrorista assassino foragido da Itália, que matou dois jovens em seu país? E como o PT não consegue esconder ao público o amor que não ousa dizer o nome, assinou um tratado de cooperação entre o Partido Baath socialista árabe da Síria, o mesmo partido que elevou Saddam Hussein ao poder!

A maior parte dos brasileiros parece que esqueceu a política. Estão cegos, estúpidos, eufóricos em uma ilusória estabilidade econômica. O povo está de olhos vendados. Não consegue ver a realidade diante de seu nariz. Enquanto lenta e gradualmente o Estado brasileiro está sendo aparelhado para uma ditadura, o brasileiro médio, ignorante da realidade escusa do país e do que ronda o continente, acredita que ainda vive numa normalidade democrática. Pensa que todo os ocorridos patrocinados pelo PT são meras coincidências, e não fatos premeditados de uma lógica partidária de um movimento revolucionário. Enquanto isso, o presidente do Brasil mente com naturalidade, o PT tergiversa, e todo mundo engole como a mais natural das práticas cotidianas.

E mesmo aquelas pessoas esclarecidas, que poderiam fazer algo, ou ver algo, racionalizam a negação da realidade. Por covardia ou omissão não querem vê-la. É bem fácil negar aquilo que não conhecemos ou mesmo não queremos visualizar. Porém, mais dia, menos dia, essa realidade vai bater à nossa porta. E quando o povo abrir os olhos, será tarde demais.

Ortega y Gasset, o grande filosofo espanhol, falava da sua Espanha invertebrada, que acabou se afundando numa feroz guerra civil. A frágil Venezuela de hoje tem consciência, coragem e olhos para combater o mal, contudo, falta-lhe os ossos. Sua espinha foi quebrada. E sua força e consciência definham, tal como um aleijado sem a força do corpo. O Brasil ainda não está aleijado das forças, mas já perdeu os olhos e a mente há muito tempo. Tão grave quanto a falta de uma vértebra, é a falta dos olhos, porque os cegos, guiados por outros cegos, acabam definhando para o abismo.


Notícias de um país real. . .

Carta das Farcs ao Foro de São Paulo elogiando o PT.

PT apóia Partido de Saddam Hussein.

MST ensinou o PCC a fazer protesto.


sexta-feira, junho 01, 2007

Antiamericanismo e totalitarismo.


Este artigo foi escrito há dois anos, no dia 11 de maio de 2005. Republico-o pela atualidade do seu tema.

Na minha época de estudante da faculdade de direito, eis que, dentre tantas propostas absurdas do movimento estudantil, leio uma delas: CONTRA O IMPERIALISMO AMERICANO! NÃO A ALCA E AO FMI! Às vezes me perguntava como um projeto tão pífio como odiar o imperialismo americano poderia ser um projeto estudantil de centro acadêmico. Em um outro jornal do centro acadêmico de direito, dominado pelos marxistas de plantão, eis que vejo um artigo justificando toda sorte de ódios aos americanos: afirmavam que ninguém odiaria o Canadá ou a Suíça, sendo países ricos, porque só os americanos detêm algum monopólio exclusivo da maldade humana. Na época do terror em NY, no famoso 11 de setembro de 2001, excetuando-se o cidadão comum médio, horrorizado com aquela selvageria, uma boa parte dessa militância raivosa rejubilou o ataque contra os americanos. Mas isso não é o bastante. De Hugo Chavez a Fidel, passando pelos países árabes e vários movimentos europeus radicais, a cantilena é sempre a mesma: o ódio antiamericano, os americanos são culpados por todos os males do mundo.

Num certo dia, em uma conversa com uma jovem americana, ela parecia não entender tanto ódio ao seu país, isto, num país como o Brasil, que está há anos-luz de distância dos problemas mundiais mais sérios. Aliás, é uma reação interessante do americano médio não compreender a natureza de tamanha hostilidade. Muitos poderiam rotular, como é comum, a suposta “alienação” dos americanos a respeito, na costumeira lisonja invejosa dos latino-americanos. Nada mais falso. Os americanos têm uma certa dose de razão de não entenderem isso. Chega a ser aparente mistério o porquê do ódio antiamericano no mundo. Porém, fazendo uma reflexão, não poderemos entender o ódio antiamericano, sem entender o que está por trás de uma soberba propaganda de calúnias, injúrias e difamações que esta nação sofre pelo mundo. Isto porque ninguém entenderá o ódio antiamericano, sem entender o século XX e os regimes totalitários.


Sim, uma boa parte da propaganda antiamericana é totalitária! O imaginário antiamericano é construído dentro de uma perspectiva de falsificação deliberada da história e da informação. Não é por acaso que uma boa parte das propagandas antiamericanas é genuinamente comunista (no sentido mais esplêndido do termo que se daria a KGB ou a qualquer policia política de desinformação do mundo). Isto porque, uma boa parte da propaganda antiamericana é atualmente vinda de grupos marxistas nostálgicos do muro de Berlim.

Essa esplêndida propaganda de mentiras totalitárias nascera com o regime bolchevista, que ainda nos anos 30, comprou uma boa parte da intelectualidade ocidental, a peso de muito suborno. Uma instituição estava por trás disso: o Cominten, o braço armado do comunismo internacional, responsável pela fantástica propagação de mentiras. O comunismo talvez criou uma das propagandas de desinformação mais espetaculares da história. Ele impregnou de maneira demoníaca, todo um imaginário cultural, forjando em si mesmo uma cultura intelectual, filosófica e antropológica fictícia. Aliás, eis a proeza da Rússia Soviética: criar uma cultura, cujos cacoetes mentais, falsas racionalidades lógicas e consensos fabricados se tornam um lugar comum. A repetição é tanta que as pessoas nem se apercebem como absurdas. Essas faculdades mentais da propaganda não somente criaram um imaginário difícil de destruir, como também dominou o linguajar, a psique, o raciocínio lógico, o conceito moral e até a maneira de ver a realidade, por critérios distorcidos.

Este movimento cultural foi uma das coisas mais surrealistas jamais escritas na história. Quase toda a intelectualidade do ocidente, seja nos Eua, Europa ou mesmo na América Latina, fora corrompida pela propaganda de desinformação e mentiras ideológicas do regime soviético. Tal atividade política não se restringiu a dominar os centros culturais universitários; ela se infiltrou nas igrejas, na mídia e na vida política da maioria dos países democráticos. A Rússia Soviética não somente criava um arcabouço institucional para forjar um imaginário socialista na democracia, como se introduzia, através de vários movimentos políticos e culturais de fachada.

Os americanos foram sérias vítimas deste arcabouço de engenharia social. Seja na Guerra da Coréia, como na Guerra do Vietnã, é o imaginário da propaganda comunista que explicou a guerra. Os movimentos comunistas destes países, autodenominados “guerras de libertação nacional”, rotulavam os americanos de opressores, enquanto apoiados pela União Soviética, impunham seus regimes totalitários. Para a história falsificada dos antiamericanos, foram os americanos é que causaram a guerra da Coréia, e não o contrário. É interessante observar que praticamente o exército americano ganhou todas as batalhas que travou com os vietnamitas. Na famosa ofensiva do Tet, em 1968, o exército americano esmagou as milícias vietcongs de Nguyen Giap. Todavia, foi a propaganda esquerdista, seja ela dentro e fora dos Eua, que esmagou o exército americano, impondo uma derrota moral, o que foi na prática uma vitória militar. De fato, o esquema terceiro-mundista da “exploração capitalista” dos americanos e da “libertação nacional dos povos oprimidos” nada mais é do que uma reprodução das teorias de Lênin sobre o imperialismo, adaptadas para falsificar a realidade em torno da ideologia. Elevando paises subdesenvolvidos na condição de “proletários” e países ricos na condição de “burgueses”, os comunistas inventaram uma falsa e engenhosa lógica, na tentativa de destruir os países de tradição liberal e capitalista. E claro, como não devia deixar de ser, o maior capitalista malvado é os Eua.

É incrível pensar que um sistema que fracassou no plano da política e da economia, possa ter ganho espaço no plano das idéias e da cultura. Entretanto, isso tem explicação: a propaganda de mentiras dos comunistas é tão soberbamente perfeita, que ela sobrevive até hoje, sem sofrer um aranhão sequer em sua reputação, porque ela se incorporou como uma tradição de consenso intelectual. Reconhecer o desastre socialista é simplesmente obrigar a muitos intelectuais assumirem a culpa pelo monstro que tanto defenderam. Tal falta de senso das proporções isenta de consciência moral uma boa parte da intelectualidade ocidental. É, em suma, algo que desmoraliza os intelectuais. Quem dará crédito a pensadores e acadêmicos que defenderam um sistema assassino da liberdade humana e gerador de cem milhões de mortes em todo mundo? O intelectual socialista militante vive na mais completa fuga da realidade e da responsabilidade moral. Numa moral distorcida em que o consenso coletivo de idéias sempre o irresponsabiliza de atos individuais, é perfeitamente compreensível que o militante socialista sempre fuja de suas culpas pelas crueldades que apregoou e aprovou em nome do comunismo. Em miúdos, é uma mistura de fanatismo e mau caratismo.

Por isso que há tanta autocomiseração, com a repetição grotesca das mentiras, como uma espécie de redenção da própria loucura dos intelectuais. Curioso é perceber a condenação quase neurótica que a esquerda em geral faz a Stalin, depois de tê-lo bajulado como num transe de revelação divina. Nem mesmo essa condenação é sincera. Tão submissa foi essa classe intelectual militante, que só fez cumprir, tal como um clone de burocrata soviético, os caprichos de Krushev redimindo o socialismo, criminalizando Stalin por todas as atrocidades e poupando o regime soviético. Contudo, se o espectro de Stalin foi teoricamente enterrado, os esquemas mentais mais odiosos dessa época vivem como nunca, até na presente atualidade.

De fato, na derrota econômica e política, os socialistas têm uma válvula de escape, que é a revolução cultural, visando transmutar os valores da sociedade em seu favor. Isso implica um conjunto de técnicas sutis e grotescas de manipulação do senso comum, através da mídia, da educação e até no uso semântico das palavras. Para preservar a reputação da intelectualidade militante, é preciso preservar a mentira e fazer da mentira um consenso. O politicamente correto norte-americano é apenas uma transmutação do socialismo visível soviético, para o socialismo etéreo e irreconhecível da revolução cultural.

Este tipo de imaginário cultural distorcido não somente cria uma visão falsa dos americanos, como também de qualquer grupo que contrarie os postulados retóricos de tais movimentos totalitários. Se hoje nos Eua há movimentos “progressistas” em que cerceiam a liberdade de religião e sufocam a manifestação política de conservadores, são pelos mesmos métodos que os regimes comunistas usaram em larga escala, e usam atualmente. Só que estes métodos se tornam sutis. Cabe fazer uma observação: o esquema mental do “progressista” tido como moderno, avançado e do “conservador” tido como “retrógrado”, “atrasado”, “reacionário”, é um dos legados mais profundos da época de Stalin. Sem contar a fusão do “conservador” com o “fascista”, que é outra artimanha da propaganda soviética. Que dirá então do liberal e do chamado "neoliberalismo" associados ao fascismo, que é de uma desonestidade intelectual patológica?!

O mais grotesco desse imaginário perverso é o fato de ser invisível aos olhos das democracias. Quem relata a história da propaganda comunista no Ocidente, crê piamente que isto não passa de teoria da conspiração. Se os regimes comunistas, com seus crimes odiosos e suas políticas de genocídio e extermínio, já são por si só tão assustadoras quanto os crimes do nazismo, difícil é imaginar que este regime teve sérias influências até nas democracias liberais mais decentes.


É pior: os americanos lutam contra uma artimanha, que tem por meta, minar toda a verdade, toda a honestidade intelectual e mesmo os fatos, ao sabor das mentiras da ideologia, dentro das liberdades democráticas. É uma luta desleal. Os americanos são vitimas de um imaginário de mentiras, que de tão repetidas, apregoadas e enclausuradas mil vezes no senso comum, acabam por se tornar a mais extrema verdade. Curiosamente, a liberdade civil nos EUA é tão respeitada, que até as mentiras mais absurdas sobre eles se difundem com facilidade, já que os americanos parecem ter aqueles escrúpulos democráticos de respeitar as opiniões alheias. Como bem dizia o dramaturgo Nelson Rodrigues, a liberdade nos Eua é tanta, que parece que os americanos não se contentam. Precisam vilipendiá-la.
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Interessante pensar que a nação mais próspera e mais rica do mundo seja também alvo de difamações por mentalidades que tem como defesa, a apologia da velha União Soviética ou quaisquer outras formas bizarras de socialismo totalitário. Será coincidência? Aparentemente morta a mamãe Rússia soviética, todavia, os legados de seus filhotes continuam intocáveis. Quem analisa a história do século XX com honestidade, vai perceber que os americanos, embora não sendo santos, estão longe das maldades alardeadas pelos antiamericanistas de plantão. Os chineses, japoneses, alemães, ingleses, franceses, norte-coreanos, iraquianos, africanos, russos, cambojanos, individualmente ou somados, foram ou são muito mais sanguinários e opressores que os americanos. E nem por isso se vê queimarem bandeiras russas, chinesas, japonesas ou norte-coreanas por isso.

É curioso perceber que enquanto os antiamericanos condenam nos Eua a toda sorte de absurdos, são capazes de redimirem qualquer tirania terceiro-mundista, para justificar os mais sórdidos regimes. São os apologistas do castrismo, do bolivarianismo, de Bin Laden, do terrorismo islâmico, da China e Coréia do Norte comunistas. A guerra do Iraque não é diferente. São capazes de defenderem até um criminoso como Saddam Hussein, em nome da “soberania dos povos”! O cinismo digno de União Soviética é visível em tais palavras, isto para quem quer ver. Se a soberania do povo valesse para um ditador, vale tanto quanto Hitler, Stalin ou qualquer tiranete genocida. A prostituição do vocabulário é pública e notória.

Tamanha gritaria histérica contra a democracia americana, contudo, possui a condescendência criminosa com regime genocidas. São os Noam Chomskys , os Fóruns Sociais Mundiais da vida, as universidades americanas, povoadas de intelectualóides comprometidos com a farsa mais abjeta, enquanto toleram quaisquer tipos de violências contra as nações democráticas. É mais repugnante ainda pensar que a militância de esquerda norte-americana seja tão traidora de seu país. Quando se vê um pseudo-intelectual como Noam Chomsky sentar ao lado dos inimigos de seu país, observa-se o quanto o esquerdismo é indigno e antipatriótico. Chomsky deve a liberdade que tem a seu país. Inclusive, Chomsky teve a liberdade para afirmar a mentira de que o genocídio do Camboja não passava de propaganda americana, a fim de macular o socialismo. Em contrapartida, estes militantes profissionais são inimigos da civilização ocidental e das liberdades civis tão caras ao ocidente. E estes americanos cínicos, são verdadeiros inimigos da democracia americana e do bem estar de sua nação.


Se a guerra fria acabou, por que o ódio antiamericano persiste? É simples: os Eua, junto com Israel, são os únicos paises que geram o equilíbrio entre as democracias ocidentais e as ditaduras totalitárias. As ditaduras totalitárias ainda existem e são bastante poderosas e perigosas. E o que sobrou do regime bolchevista, se personifica na China, Coréia do Norte e em muitos modelos árabes laicos, que são meros protótipos adaptados da velha ditadura de partido único soviética. Ninguém pode subestimar a China ou a Coréia do Norte, com um grande contingente militar e bombas nucleares. Sem contar, naturalmente, o terrorismo islâmico e os países árabes, que se encontram cada vez mais eficientes e organizados na política de terror. É o exército americano, junto com o patriotismo judaico, que fazem o equilíbrio entre os exércitos da democracia, contra aos exércitos da tirania ainda existente. É o exército americano quem assegura a democracia no Japão e na Coréia do Sul, além da ilha de Taiwan. É o exército americano, junto com Israel, as únicas ameaças reais contra o terrorismo islâmico e as ditaduras totalitárias árabes, além dos regimes comunistas. Tanto para estes países ditatoriais, como para os intelectuais totalitários que odeiam as democracias, é bastante lucrativo destruir a reputação e enfraquecer a força dos americanos e israelenses. Eles têm perfeita consciência de que se um dia os dois países democráticos sucumbirem, não haverá força alguma para defender as democracias do ocidente. Nem a Europa terá força para isso.

Não é por acaso que a propaganda “pacifista” mundial contra Bush, foi na verdade, uma verdadeira propaganda de guerra, disposto a ferir o moral norte-americano. O mundo simplesmente queria que os americanos fossem covardes como os espanhóis, aceitando em seu próprio território, o criminoso e humilhante ataque terrorista de 11 de setembro. Os “pacifistas” chorosos que criticaram a guerra do Iraque, são os mesmíssimos que pregam revoluções e ditaduras totalitárias violentas nos países do terceiro mundo. São os mesmíssimos que fazem elogios a regimes criminosos a China ou mesmo apóiam as propagandas mentirosas do regime de Saddam Hussein. Enfim, eles querem, explorando os sentimentos humanitários apenas existentes nas democracias, apelar à paz para fazerem a sua guerra. Todavia, o povo americano repudiou este ato de covardia moral e reelegeu Bush, dando a mínima para o mundo. E com razão.

Tal antiamericanismo tem também a cumplicidade da Comunidade Européia. É perfeitamente compreensível a razão da hostilidade americana contra os europeus. Os europeus têm um débito histórico incalculável com os americanos. Os Eua salvaram os europeus em praticamente todas as atrocidades que os europeus criaram para si. Chega a ser patético um europeu dizer que Bush é “fascista”, tal como muitos franceses, em particular, parecem acreditar. Em mais de duzentos anos de história, os americanos nunca tiveram uma ditadura fascista sequer e nunca aniquilaram sua democracia (embora vontade de alguns não faltem, vide os intelectuais norte-americanos esquerdistas). Já a Europa teve o fascismo italiano, o nazismo alemão, o governo fantoche francês de Vichy e o bolchevismo soviético. E os americanos, os “caipiras” calvinistas do outro lado do continente, em tudo fizeram uma senhora caridade aos despeitados europeus. Salvaram a Europa do nazismo, do bolchevismo, enfim, dos próprios problemas europeus. E a Europa, a decadente, lembra a velha reumática, cuja ordem é somente reclamar e não apresentar nenhuma solução. E sua válvula de escape é aderir todos as propagandas odiosas contra os americanos, seus benfeitores. Até no combate ao terrorismo é uma vergonha.

Isto são algumas observações a respeito do ódio antiamericano. Nada mais é do que um conjunto de crendices de desinformação, calúnias e difamações totalitárias. Por mais odiosos que sejam os americanos, mais odiosos ainda são seus caluniadores, que na maior parte das vezes, defendem coisas piores. Diga-me quem tu andas e eu te direi quem tu és. O antiamericanismo militante é a expressão mais completa da esquizofrenia criminosa da intelectualidade esquerdista, que conspira contra o ocidente e suas liberdades genuínas, às custas do bel prazer das sociedades livres. O preço da liberdade é a eterna vigilância!