terça-feira, julho 29, 2008

Ateísmo e decadência.

O modismo da chamada militância ateísta na Europa e nos Eua, encabeçada por gente como o biólogo Richard Dawkins e o “filósofo” Sam Harris, é surpreendente, senão um enigma do universo. É curioso que livros como “Deus, um delírio” e “Carta a uma Nação Cristã”, dado um exemplo, tenham tanta notoriedade nos meios pretensamente cultos, a despeito de visível e notória indigência intelectual. Ainda me lembro de uma amiga, estudante de mestrado, soltando a seguinte pérola: - Ahhhhhhh! Dawkins é muito respeitado na universidade de Brasília. Pensei cá com meus botões: deviam fechar essa pocilga, essa merda!

De fato, quem, ao menos, folhear as obras destes sujeitos, perceberá que não há o que poderemos chamar de “argumentação”. Na verdade, são um conjunto de estereótipos, clichês e palavras de ódio contra a religião e os religiosos, extraídos da velha cantilena cientificista ultrapassada do século XIX. Ou na melhor das hipóteses, são falácias extraídas do iluminismo do século XVIII e somadas com novas mentiras inventadas no século XX. É pior: a leitura desses livros não serve para debatedores sérios e sim para seduzir leigos, ignorantes que são da história e teologia cristã. Cheias de adjetivações, falsas correlações e induções sofisticas de raciocínio, tais obras são panfletos de fanática militância, nada muito “racionais” ou “científicos”, (embora os seus autores julguem sê-los). Quando Dawkins formula algumas perguntas ou quando Harris dá respostas, eles discutem tão somente a compreensão do homem comum sobre a religião. Todavia, para o bom conhecedor, os dois demonstram uma completa ignorância no assunto. Salvo, é claro, nos velhos rótulos com que a religião é difamada.

É um paradoxo que a linguagem vulgar da panfletagem anti-religiosa seja consumida como verdade sacrossanta em meios universitários supostamente criadores de conhecimento. Há muito tempo Deus foi banido da faculdade, em nome de uma cultura laicista. Não é por acaso que uma horda de bandoleiros ateus e comunistas se reuniu na universidade Sapienza, em Roma, para defenestrar o papa. Ateísmo, por assim dizer, se tornou “cult”, ainda que ninguém ouça a opinião contrária. Tal como estes militantes, a proposta de Harris e Dawkins não é discutir a religião, mas bani-la. E para isso, basta soltar meia dúzia de calúnias contra a fé em geral, e o cristianismo em particular, e calar a boca dos religiosos como previamente ignorantes, fanáticos e mitomaníacos. Uma tragédia assola a espiritualidade européia. A Europa se desvencilha das bases geradoras de sua civilização. E a doença espiritual ameaça a nação cristã norte-americana.

Interessante notar um argumento comum entre os ateus e que é o mantra de muitos de seus pregadores: a laicização completa da Europa é um sinal de modernidade, de evolução cultural. A religião, por assim dizer, é costume de gente ignorante e de nações atrasadas e a absorção do cristianismo nos países pobres, em particular, na África e na Ásia, é fruto de um atraso civilizador. O ateísmo público já é uma regra em alguns países do Velho Mundo e a tendência é o abismo acirrar mais, com a intoxicação cada vez mais gradual de laicismo na educação, na cultura e nos costumes do Velho Continente. Em específico, a UE é cúmplice deste projeto, ao criar uma espécie de moralidade biônica e politicamente correta, a despeito de varrer a cultura cristã do continente. Poucas nações corajosas resistem à mudança política e à revolução cultural, como a Irlanda e Polônia católicas. Porém, o laicismo é a religião do mundo europeu.

Outro argumento sofístico utilizado pelos materialistas é a superioridade iluminista da razão e da ciência sobre o pensamento religioso. Esta premissa parte de uma falsa perspectiva evolucionista de redenção histórica de presente e futuro sobre o passado, como se antes dessa época iluminada, só houvesse obscurantismo, decadência e trevas. Os mitos gerados sobre a Idade Média obscurantista (que é uma fantasia criada a partir do Renascimento) e os louvores descabidos dos processos futuristas, partindo da sanguinária Revolução Francesa e chegando pela genocida Revolução Russa, são farsas utopicas criadas pela mentalidade revolucionária dos laicistas. Nota-se que “razão” e “ciência”, vindo da boca de seus apologistas, não têm o sentido próprio daquilo que se quer dizer. Elas disfarçam o caráter ideológico do materialismo, outorgando-lhe uma autoridade moral que não possui. Até os liberais estão na moda laicizante. Estes podem aderir ao “fim da história”, aceitando livremente a economia de livre mercado e o Estado Democrático, ainda que isso implique num vazio espiritual e moral completo das formalidades jurídicas e das liberdades civis. São tão economicistas quanto os esquerdistas, com a diferença de os últimos serem mais espertalhões. Os liberais se vendem por tão pouco: podem aceitar a expressão formalista das liberdades, ainda que a cultura seja intoxicada de totalitarismo marxista.

Há algo que muitos paladinos liberais da democracia não percebem, por vesguice intelectual: os valores morais, jurídicos, políticos, filosóficos e culturais da civilização européia se devem ao cristianismo. Direitos inalienáveis à vida, à liberdade, a propriedade, a igualdade ou a dignidade dos homens, como valores supremos, só existem dentro de uma perspectiva em que o cristianismo é uma cosmovisão da realidade. O que se costuma chamar “direitos humanos” é tão somente uma forma laicizada de valoração cristã. O caso é que foi o cristianismo que fundamentou filosoficamente uma hierarquia de valores universais que deu substancia a existência desses direitos. A noção sacralizada da vida, da família e da existência humana como absoluta e universal está sendo substituída por uma visão moralmente utilitária, senão relativista destes conceitos. A figura de Deus, como criador do universo e coordenador das hierarquias harmônicas da ordem da natureza e da escalas éticas e morais do homem, está sendo substituída por meia dúzia de intelectuais e burocratas que querem moldar a humanidade a sua imagem e semelhança.

A Europa perde o sentido existencial de seus pressupostos filosóficos e morais e cai no niilismo. As ideologias atéias e materialistas, antes de serem meras elucubrações intelectuais particulares, são cosmovisões da realidade, pautadas numa idéia utilitária de moral e numa existência humana gerada pelo acaso. Ou mais, são justificadas por forças materiais impessoais da natureza. Antes de surgir o projeto político nazista e comunista, houve, anteriormente, uma perspectiva ideológica totalizante da realidade que produziu suas finalidades políticas. Muitos pensadores do século XIX começaram a negar a igualdade cristã de direitos entre os homens para forjar a teoria da evolução das espécies, da supremacia dos mais aptos e das raças superiores. Por outro lado, a ideologia materialista ocupou espaço na história, ao preconizar que as idéias são frutos da matéria e não do espírito e que o homem é tão somente um composto orgânico e biológico moldado pelo meio material. E que a realidade social é mera reprodução deste. Essas doutrinas não explicam, aprioristicamente, o sentido da vida humana ou a justificativa valorativa da existência do homem. O paradoxo é que, embora sejam ideologias utilitárias, tornam seus critérios fenomenológicos como verdades absolutas.

A perda do sentido da existência foi a maior crise espiritual do mundo ocidental no século XX. Foi ela que levou a Europa e o mundo a sucumbir ao pesadelo nazista e bolchevista. E, atualmente, quando o Velho Continente se depara com a propaganda ateísta de Dawkins ou Harris, nada mais absorve do que a moral utilitária, vazia e perversa que deu incremento às aberrações totalitárias do passado. Quando Dawkins reduz toda a existência humana pelo prisma da evolução das espécies e Harris descreve a ética em torno de um niilismo vulgar, eles nada mais reproduzem tudo aquilo que deu incremento ao vazio espiritual da Europa. Eles nada mais reproduzem Hitler e Stálin na teoria.

Curioso é perceber que a tentativa de empurrar o cristianismo à esfera privada tem o sentido de concretizar aquilo que os ateus militantes sempre quiseram fazer: transformar a cosmovisão teológica do Cristianismo numa mera crença, num mero capricho, numa mera “superstição”. Se a fé cristã é supersticiosa, os arautos do ateísmo inventam novas superstições, novas formas de conceber o mundo dentro do materialismo. O evolucionismo, o marxismo, o positivismo, e outras demais crenças laicistas, querem virar uma espécie de consenso existencial e público, uma nova cosmovisão teológica, uma forma de moldar crenças da realidade. Daí a entender que as aberrações morais relacionadas à eutanásia, ao aborto, ao casamento gay e à pedofilia ganhem um caráter jurídico no mundo europeu, ainda que se esvaziem de pressupostos morais. O cristianismo essencial que sacraliza a vida está sendo revogado nas suas raízes. Se as raízes são extraídas, os frutos apodrecem. Por este aspecto, no mundo laico, a vida e a família não são mais sagradas, a prática heterossexual não é mais natural e a existência humana é apenas um dado ocasional, uma mera convenção do absurdo.

A conseqüência básica da renúncia da fé cristã na vida pública é o esvaziamento da moralidade na conduta social, jurídica e política. Tudo o que é essencialmente cristão na substância, só permanecerá na aparência. A mesma comunidade européia que fala de direitos humanos recusa-a terminantemente aos nascituros, aos velhos e aos doentes, pelo prisma da utilidade ou da inversão moral. Isso implica questões muito mais graves. A religião não é apenas atacada; é marginalizada, junto com seus adeptos religiosos. A militância atéia é absolutista. Qualquer defesa da vida pelo ponto de vista religioso deve ser sumariamente calada, senão, ignorada. A defesa sagrada da vida pela Igreja Católica é inútil, porque não é “científica”. Até porque o “sagrado” não existe. Os materialistas podem sacralizar a morte à vontade. Contudo, o direito à vida é questão de foro privado, posto que seja mera expressão de gosto ateu ou religioso. Daí a militância laicista dar vazão ao suicídio assistido como um “direito”. Isto, quando a religião cristã não é boicotada por leis ou normas, no sentido de restringir sua manifestação. O Estado laico, na sua concepção moderna, é totalmente inimigo da religião. É, ele próprio, uma espécie de deus.


A civilização cristã proibiu o incesto, a pedofilia e o infanticídio, relativamente comuns no mundo antigo; a modernidade quer restaurá-los. A civilização cristã nos ensinou o amor ao próximo; a modernidade quer nos tribalizar e dividir a humanidade em esquemas grupais, seja de raça, de classe, de nação, de sexo, entre outros. A civilização cristã nos invocou o valor sagrado da vida, gerado por uma inteligência superior e amorosa, que criou o universo; a modernidade quer destruí-la, em favor de um utilitarismo pseudo-científico, que transforma a vida humana num absurdo existencial e num mero composto orgânico descartável pelo desuso. A religião cristã nos exige o sentido da justiça e da caridade; a modernidade quer exaltar o poder iníquo dos governos e matar os fracos, por serem um estorvo. A civilização cristã nos educou para uma hierarquia absoluta de valores, seja na ação individual, seja na ação política; a modernidade quer varrê-las, para criar anti-valores, no sentido de distorcer a compreensão da realidade e mesmo da conduta humana. E a destruição do modelo familiar, dos laços morais, civis e políticos privados que defendem o indivíduo da ação hostil do Estado e mesmo de uma coletividade sombria, acaba por instituir uma burocratização sem precedentes da vida social, uma intervenção absolutista do governo em todos os aspectos da vida comum, fragmentando, isolando e esmagando os indivíduos. Os mesmos que preferem a proteção estatal paternalista a construir famílias, gerar filhos ou ter laços de amizade, infantilizados, imbecilizados pelo ogro filantrópico do Estado moderno. Eis o que nos promete o futuro, com a destruição do cristianismo. E isso já é um fato real na sociedade européia.

O fenômeno de cristianização da África e da Ásia, muito antes de ser uma manifestação de atraso, é um processo civilizatório autêntico, o mesmo que ocorreu na Europa, no começo da Idade Média. O africano que se torna cristão deixa de ver seu vizinho como um inimigo da tribo, para ser seu irmão, portador dos mesmos direitos e também filho de Deus. O chinês cristão, preso nas concepções holísticas totalitárias de sua cultura e da política, apela a uma força superior contra as inverdades do mundo que o aprisiona e se transforma em indivíduo real. O indiano cristão, que até então, aceitava o fatalismo da sociedade de castas, agradece pela sua conversão ao descobrir que sua vida tem mais valor do que ser um pária. Enfim, esse caráter abertamente renovador do cristianismo é que educa e civiliza toda uma humanidade. E da mesma forma que educou a sociedade européia, está educando os países pobres. E é bastante provável, um dia, que os países pobres invertam a ordem das coisas, ao educarem os países ricos no sentido de suas raízes civilizacionais cristãs ancestrais perdidas.

Os arautos do ateísmo falam da defesa da “civilização” contra o obscurantismo religioso. No entanto, que civilização o laicismo criou? O regime soviético, que foi um modelo laico e ateu de sociedade por excelência, não nos deixou legado algum de civilidade. O nazismo, outro modelo leigo e anticristão, também não há coisa digna de nota. Ambas foram tiranias monstruosas, que quase destruíram a civilização vigente, ao invés de construir uma. A Europa atual laica não serve de parâmetros culturais para ninguém. E se há uma sociedade que pode ser modelo de estabilidade, prosperidade e empreendimento é uma nação majoritariamente cristã, os Eua, que ainda preserva valores autênticos de fé religiosa. Os americanos quebram os parâmetros ateístas mentirosos que imputam a países pobres o aval da “barbárie” religiosa.

A civilização européia está doente. O laicismo não será páreo para a expansão islâmica que ocorre por toda a Europa, porque não apaixona, não contagia, não civiliza. O Velho Continente só preservará seus valores genuínos quando buscar as raízes cristãs geradoras de sua civilização. O ateísmo, na versão antiga e moderna, é pura expressão da decadência. O materialismo suga as energias criativas do mundo europeu, empobrece seu espírito, corrói as suas instituições, bestializa os seus homens. Se o passado dos laicistas engendrou nazismo e comunismo, a atualidade pode forjar coisas bem piores. O “admirável mundo novo” de ateus como Dawkins ou Harris nos promete muitas aflições. A salvação da civilização européia está em Cristo.

sexta-feira, julho 25, 2008

Segunda entrevista com José Sepúlveda da Fonseca

Nesta edição do vídeo, eu dividi em duas partes, por causa do tempo superar o limite exigido pelo youtube. Aqui conversamos a respeito da prisão do banqueiro Daniel Dantas e das implicações políticas do governo Lula e da polícia federal nas mãos do PT.



Parte I


Parte Final.

terça-feira, julho 22, 2008

Bate papo do conde com José Sepúlveda da Fonseca.

Neste vídeo interessantíssimo, eu converso com meu amigo José Sepúlveda da Fonseca, assessor do Príncipe Dom Bertrand de Orleáns e Bragança, membro da Associação dos fundadores da TFP e blogueiro do site Radar da Mídia, onde escreve e comenta fatos da política brasileira. O tema é a libertação da senadora colombiana Ingrid Betancour e as consequências da derrota da narco-guerrilha na Colômbia. Um vídeo bem humorado e imperdível! José Sepúlveda escreve no blog www.radardamidia.blogspot.com.

domingo, julho 20, 2008

As falácias históricas do "genocídio indígena" nas Américas.



Um historiador espanhol mostra os mitos, mentiras e contradições alegadas pela historiografia a respeito do "genocídio" contra os índios pelos espanhóis. Muito pelo contrário, revela a benevolência dos colonizadores cristãos europeus, a preocupação dos reis espanhóis pela seguridade dos índios e a antiga cultura tribal sanguinária os maias, astecas e incas. Um vídeo interessantíssimo. O historiador entrevistado é o grande escritor espanhol César Vidal.

quinta-feira, julho 17, 2008

Belém, terra das mangueiras.



Quanta nostalgia! Amanhã, sexta feira, dia 18 de julho de 2008, sairei de São Paulo e voltarei a Belém. Minha amiga acabou de me enviar este vídeo muito bonito sobre a cidade onde moro. O nome da música é "Bom Dia Belém", do paraense Edgar Proença.

segunda-feira, julho 14, 2008

O adepto da religião civil.

Leio os artigos do Sr. Andre Petry, colunista da Revista Veja, com certas reservas. Eu não me preocuparia com ele, se fosse apenas mais uma criatura insignificante que escrevesse impropérios no anonimato. O problema mesmo é ele escrever em uma revista de grande circulação, influenciando pessoas com idéias estultas. Uma particularidade de seu discurso é sempre encontrar pretextos para atacar a Igreja Católica, em particular, e a religião cristã, em geral. De fato, o dogma do jornalista é o velho pseudo-iluminismo vulgar, com pitadas de pregações supostamente “libertárias” a favor do aborto, da eutanásia e mesmo a apologia gay. Impressiona-me o ar de superioridade do sujeito, já que seus valores, antes de refletirem algum bem genuíno, são puras perversões de uma mentalidade tacanha, visivelmente autoritária e moralmente deformada.

Primeiramente, analisamos a sua campanha pró-eutanásia. Petry faz parte daqueles tipos energúmenos que pregam o direito do enfermo de morrer com “dignidade”. Ele defendera a exigência de um pai em desligar os aparelhos do filho em estado vegetativo, que entrou na justiça brasileira, para que tal ato fosse cumprido. Todavia, os argumentos do jornalista são falaciosos e desonestos. Primeiro, porque oculta as questões dramáticas e implicações morais da eutanásia que ocorre na Europa, em específico, na Holanda, onde a prática é permitida. E segundo, antes de o discurso ser pretensamente humanitário, camufla a intenção perniciosa, maligna e cruel de matar pessoas pelo fato de elas serem consideradas inválidas. André Petry falsifica a perspectiva da realidade, ao dar um sentido de dignidade ao suicídio ou mesmo o assassinato de pessoas consideradas inúteis.

O modelo holandês de eutanásia, tão alardeado como exemplo pelos seus defensores, é responsável por uma fuga em massa de velhinhos, temerosos de serem mortos pelas próprias famílias. Descobriu-se que naquele país, 40% dos casos de idosos sacrificados não partiram do consentimento das vítimas, e sim de seus parentes. Na verdade, a defesa da eutanásia é pura eugenia, disfarçada de discurso humanitário. Os incapazes devem ser eliminados, pela perspectiva de não serem “perfeitos” ou “felizes”. A presunção não se limita aí. Os apologistas da eutanásia querem eliminar até os pacientes em estado de coma, como se eles pudessem prever ou determinar o futuro das pessoas. É como se a morte fosse o único destino para elas.

Os cristãos, tão ridicularizados pelo Sr. Petry, apenas defendem a dignidade essencial da vida e o autêntico humanitarismo em defesa dos fracos, dos enfermos e dos doentes. Essa humanidade implica deveres e responsabilidades de proteger os fracos. E concomitante a isso, não cabe a nós decidir o destino deles. André Petry mandaria ou aprovaria matá-los.

Se o Sr. Petry defenestra os doentes, tampouco preserva os nascituros. Tal como os enfermos em estado terminal ou mesmo vegetativo, ele nega a humanidade intrínseca do embrião. A ladainha de defesa sobre o aborto é impessoal, como é impessoal sua visão sobre os doentes terminais, como se embriões e doentes não fossem humanos. A semelhança da ótica é visível, modificando apenas o estágio da existência: Petry não poupa os homens da morte, nem no inicio, como no fim da vida. Se os fetos ou embriões podem ser rejeitados pelos pais, mal amados, defeituosos, imperfeitos, tanto melhor eliminá-los, tal como é conveniente eliminar os velhinhos portadores de mal de Alzheimer ou vegetativos. Tudo é mera questão de economia. A legalização da eutanásia e do aborto é simplesmente dar o direito a qualquer pessoa de matar os fracos, colocando-os à margem da proteção da lei. É isentar as pessoas sãs dos deveres morais pelos indefesos. Em outras palavras, é criar uma inversão da moralidade, visando destruir o amor cristão essencial em defesa deles. Daí a exigência absurda de um pai saturado em acompanhar um filho em estado vegetativo. Como ocorrera exatamente o caso de Terry Schiavo, a americana enferma que foi morta por uma medida judicial peticionada pelo seu marido, cansado da esposa inútil. Como são os casos dos velhinhos holandeses, que precisam fugir para a Alemanha, sob pena de serem eliminados pelos próprios filhos, com o apoio do Estado.

É por isso que gente como Petry odeia o cristianismo. Odeia a responsabilidade individual que essa fé exige. Mas o jornalista tem, na ponta da língua, um discurso para calar a boca dos religiosos: a sua devoção civil pelo Estado laico. Percebam a ironia. O filósofo Benjamin Constant, em seu tratado de política, foi muito feliz quando falou de um novo fenômeno político, cujo pai é Rousseau: a religião civil. O iluminismo substituiu a intolerância religiosa pela intolerância civil. Nas palavras do próprio Rousseau, a religião seria substituída pela devoção cívica pelo Estado. E não é por acaso que Contrato Social é o modelo perfeito de toda sorte de totalitarismos. O “Estado laico”, no seu ódio anti-religioso, é uma nova forma distorcida de religião. André Petry deve ser adepto desse credo terreno. O Estado laico, na visão dele, é a exclusão pública do religioso e a cidadania plena do ateu.

O ódio anticristão do jornalista chega a ser patético. Um ateu como ele é capaz de aderir até a defesa das práticas tribais africanas da macumba para criticar a religiosidade católica. Ou mais, ele ataca os evangélicos, por causa da lei “anti-homofobia”, excrescência típica da revolução cultural esquerdista, que deseja criminalizar, por decreto, toda e qualquer rejeição ao homossexualismo. André Petry nos fala da “tolerância”, ainda que seja por decreto, sentimento que, supostamente, os cristãos não possuem. Entretanto, a grande maioria da sociedade será obrigada a sacralizar, por lei, uma conduta que rejeita social e moralmente. Qualquer ojeriza a esse tipo de comportamento poderá processar homens e mulheres de bem. Ou melhor, tornará a maioria da sociedade potencialmente criminosa, uma vez que, de antemão, impõe uma aceitação forçada de um comportamento sexual que viola princípios morais elementares compactuados pelas pessoas. Neste ponto, André Petry relativiza os efeitos dessa lei totalitária. Diz aos seus leitores que nada ocorrerá. Ele esconde as ações da militância homossexual na Europa e nos Eua, no sentido de perseguir, censurar ou mesmo prender pastores, padres e rabinos acusados de práticas e manifestações “homofóbicas”. Ou pior: os religiosos serão obrigados a trair suas consciências e sua moral, pela legalidade pró-homossexual. As igrejas e outras agremiações religiosas não poderão distinguir as condutas homossexuais, seja no seu clero ou mesmo no seu meio. A expulsão de um padre, um pastor ou um rabino gay em uma comunidade pode acarretar ônus processuais às instituições religiosas. André Petry nem mesmo esconde as pretensões odiosas contra a religião. Ele acha que uma lei deve prender alguém que fale, publicamente, que a homossexualidade é uma doença ou aberração moral. Em outras palavras, ele quer calar a boca dos religiosos na marra.

Interessante notar que indivíduos como ele critiquem as igrejas por desejarem impor valores religiosos à revelia do Estado e da sociedade, como se os cristãos sonhassem com uma espécie de Estado teocrático. Entretanto, quem quer impor valores à sociedade é o próprio jornalista, junto com sua corja de militantes abortistas, eugenistas e homossexuais. A grande maioria dos cristãos apenas defende a garantia mínima aos valores fundamentais arraigados na sociedade civil criados pelo cristianismo, ou seja, a reverência por Deus, o respeito à vida, à família, à propriedade, entre outros. E essa grande maioria não somente deplora qualquer tipo de imposição religiosa, como quer preservar a liberdade de culto, no sentido de cada um buscar o que melhor convém à sua consciência, dentro de uma vocação cristã voluntária. Os cristãos, em geral, querem preservar o Estado laico, mas rejeitam o Estado ateu. O fanático, perigoso, totalitário na essência, é o Sr. André Petry, devoto da idolatria estatal laica, que não passa de um Estado ateu auto-divinizado.

sábado, julho 12, 2008

Ingrid Betancour, volte pra selva!

A senadora Ingrid Betancour, libertada pelo exército colombiano, depois de uma ação espetacular de resgate, não sabe compensar o esforço da opinião pública internacional, e mesmo do governo da Colômbia. Salvo pelo fato de que Álvaro Uribe conseguiu uma vitória militar e moral esmagadora contra as Farc e o presidente Hugo Chavez da Venezuela, do resto, dona Ingrid Betancour não faz jus ao preço pago para salvar sua vida. A senadora franco-colombiana fez declarações dignas de uma pessoa esquizofrênica. Ao invés de aprovar os esforços do Presidente colombiano Álvaro Uribe, para soltá-la das garras das Farc, ela faz justamente o contrário: elogia os esforços dos seus algozes. Ela não somente declarou querer “intermediar” a presença de Hugo Chavez, notório financiador da guerrilha, para negociar a “paz” na Colombia, como ainda elogiou os “esforços” do Presidente Lula, que não moveu um palha para sua salvação. Antes, o governo brasileiro promoveu a pantomima de Hugo Chavez para boicotar as ações de Uribe e salvar as Farc. Isso porque, lembremos, a diplomacia brasileira não reconhece as Farc como “terroristas”.

As asneiras da ex-refém não pararam por aí. Eis as suas palavras: "Há vezes em que a Colômbia vai na contramão em relação aos demais países da América Latina porque a situação da Colômbia é diferente da de todos os demais. É o único país que tem guerrilha e por isso estamos na extrema direita."


Ou seja, o problema da Colômbia não é o terrorismo de esquerda associado ao narcotráfico, e sim da direita malvada que o combate, porque estimula a reação violenta dos criminosos. De fato, este é o argumento maluco usado por alguns esquerdistas brasileiros defensores das Farc: a de que seqüestros são justificáveis, porque são uma forma de “resistência”. Porém, Ingrid tem outras pérolas:


"Quem elegeu Uribe foram as Farc. Se não existissem as Farc, não existiria Uribe. Os colombianos votaram em Uribe porque estão até o pescoço com as Farc."


Ingrid emite duas frases que se contradizem. Primeiro, porque Uribe foi eleito pelo povo colombiano, não pelas Farc. E se os colombianos estão até o pescoço com as Farc, elegeram Uribe, precisamente porque foi um dos poucos presidentes da república daquele país que tomaram medidas eficientes contra o narco-terrorismo. Não foram os Farc que elegeram Uribe. Foi o próprio Uribe que conseguiu se eleger pelos seus méritos, mostrando a competência e a ação dura que muitos presidentes não fizeram.


"Uribe concebe o problema colombiano como uma crise de violência, de segurança, e esta crise de segurança, esta violência, é o que cria um mal-estar social. Eu penso o contrário. Eu penso que é porque há um mal-estar social que há violência. Estas interpretações diferentes fazem com que as políticas para atacar o problema sejam diferentes."


Se dependesse de Ingrid Betancour, ela estaria sob o jugo das Farc ad infinito, até o dia em que os guerrilheiros resolvessem matá-la. Só faltou dizer que a culpa da guerrilha seqüestrar pessoas é de Álvaro Uribe. Patética definição da “extrema direita”, já que os governos da Colômbia e mesmo da França, (que não mediram esforços pela sua libertação e a salvaram), são de direita. Inclusive, Ingrid falsifica a perspectiva política: ela nega relação do esquerdismo e do terrorismo das Farc. Eis suas palavras:

"as Farc não são de esquerda. A mim, me parece que são da extrema direita de alguma esquerda de um tempo pré-histórico. Mas de esquerda não são".

Ingrid Betancour demonstra um esquerdismo tão paranóico quanto qualquer dos seus próprios pares. Em outras palavras, para ela, as Farc estão no mesmo nível de Álvaro Uribe, já que ambos são de “extrema-direita”. Esquerdismo, para ela, deve ser Lula e Hugo Chavez, os defensores morais e logísticos das Farc!

Todavia, essa esquizofrenia da senadora foi compartilhada por uma boa parte da esquerda intelectual, atordoada com a derrota humilhante das Farc. Um comentarista universitário afirmou na TV que o resgate de Ingrid Betancour foi uma “derrota” para Uribe. Mesmo sabendo-se, claro, que o presidente da Colômbia goza de quase unanimidade popular, com 91% de aprovação! Outros espalharam a mentira de que o governo colombiano pagou 20 milhões de dólares pela libertação da senadora, afirmando que o resgate foi uma “farsa”. Se houve ou não uma farsa, as últimas instituições que merecem ser condenadas são o exército colombiano e o governo Uribe. É o criminoso que cobra a extorsão que merece ser condenado, não quem paga. Só numa cabeça moralmente doente é que alguém pode ser condenado por salvar vidas.

A esquerda que chora de raiva pela libertação da senadora foi a mesmíssima que inventou a história da “negociação” de Hugo Chavez e Lula com as Farc. No intento de dar legitimidade ao grupo terrorista e impedir os esforços de Uribe de derrotar o narcotráfico, os governos do Brasil e da Venezuela intervieram nos interesses da Colômbia, para boicotar a ação repressiva do governo colombiano. Ingrid Betancour seria usada como mera moeda de troca para facilitar a interferência da Chavez e Lula nos interesses do país, usando o caso da senadora para desmoralizar um governo democrático. Muitos esquerdistas, de tão mentirosos, ainda espalharam boatos afirmando que Uribe tinha intenções de matar a senadora em uma ação de resgate. A família de Betancour colaborou nessa mentira, criticando duramente Uribe e dando total apoio ao governo venezuelano. E na campanha de desinformação, Chavez e Lula, como “mediadores”, seriam uma espécie de salvadores da pátria (ainda que alheia), quando na verdade usariam esse pretexto para abortar as operações militares do governo colombiano. A inversão era óbvia: o governo colombiano, pressionado pelos dois vizinhos, seria obrigado a negociar com a guerrilha como um grupo político respeitável, permitindo as chances de se fortalecer novamente. Entendamos a proposta esquerdista: a opinião pública elevaria os próprios aliados dos terroristas como negociadores idôneos e fora de qualquer suspeita! Tudo uma farsa! Meses depois, o exército colombiano mata o segundo chefão das Farc, Raul Reyes, no Equador e captura documentos comprovando as ligações do governo de Caracas com a narco-guerrilha. Com o apoio descarado do governo de Quito, que dava guarida aos guerrilheiros em suas fronteiras, para ataques terroristas ao país vizinho. Em um desses arquivos, apreendidos no laptop de Raul Reyes, foram encontrados registros de 300 milhões de dólares em doações da Venezuela à narco-guerrilha, além de armas e logística, contrabandeadas da Venezuela pela fronteira com a Colômbia.


Uribe, que até em dezembro de 2007, foi cercado e chantageado pelos governos do Brasil e Venezuela, com a ajuda do Equador e mesmo com o beneplácito da França, conseguiu uma reviravolta espantosa. Manteve a política dura de combate ao terror e humilhou seus adversários externos e internos. Está, virtualmente, aniquilando as Farc. Na verdade, o governo colombiano conseguiu aquilo que muita gente não queria ver: revelar o conluio internacional de partidos de esquerda na América Latina, unidos para destruir as democracias, com a existência do Foro de São Paulo.

Quanto a Ingrid Betancour, não se sabe por que abriu a boca para falar tolices. Por mais que tenha agradecido Álvaro Uribe pelo resgate, na prática, porém, suas declarações foram infames, estúpidas, demagógicas, ingratas, e direcionadas ao presidente que a salvou. Ela resolveu simplesmente elogiar seus carrascos. Estará com síndrome de Estocolmo? Provavelmente não. Será que ainda sonha com a presidência da Colômbia? Espera-se que não, porque demonstrou uma incompetência e uma irresponsabilidade assombrosa como senadora. Suspeita-se que a própria seja atraída pelo sensacionalismo. Antes de ser seqüestrada, em 2002, as autoridades colombianas diziam que ela poderia correr riscos se entrasse na zona de influência das Farc. Ela não deu ouvidos e isso custou seis anos de sua vida num cativeiro, enjaulada na selva amazônica. O esquerdismo de Ingrid Betancour não somente é confuso, delirante, destrutivo, como um mal de família. E agora, a senadora se oferece para agradar aos algozes de seu sofrido país, ainda que ela tenha caído fora para a França, cheia de publicidade. Será que ela valeu pelas 700 pessoas anônimas ainda seqüestradas na Colômbia? Pelo jeito, era melhor que voltasse para a selva!


quinta-feira, julho 03, 2008

Plínio Correa de Oliveira fala sobre reforma agrária.



Parte I


Parte II

Essa entrevista é do falecido fundador da Sociedade Brasileira pela Tradição, Família e Propriedade, Dr. Plínio Correa de Oliveira. Este católico ultra-conservador foi uma das pessoas mais caluniadas e mais difamadas deste país. Também pudera. Ele foi um dos maiores militantes políticos do Brasil. A sua organização foi responsável pela maior mobilização pública da história brasileira, a Marcha com Deus pela Família e pela Liberdade, que colocou quase meio milhão de pessoas nas ruas, contra a ameaça esquerdista representada pelo governo João Goulart, em 1964. Os seus inimigos não o perdoaram. Não é por acaso que a TFP é, atualmente, uma associação estigmatizada pela extensiva propaganda comunista. O vídeo, gravado em 1985, soa profético quanto a questão da Reforma Agrária. O próprio Plínio já antevia o fracasso. A sua capacidade de síntese, explicando a idéia de propriedade privada, é simplesmente espetacular. A única questão que divirjo dele, talvez seja pelo aspecto das terras improdutivas. Eu consigo ser até mais radical do que ele. As terras improdutivas, a princípio, não devem ser desapropriadas, precisamente porque o não-uso delas não constitui, essencialmente, prejuízo econômico, e sim, uma poupança rural. Pois atualmente, as terras produtivas já atendem à demanda do mercado. Entrevista imperdível!