sábado, setembro 27, 2008

Evolução e permanência: outras razões cristianíssimas.


Estranha é a definição com que muitos fazem da chamada “evolução”. Quando este raciocínio é aplicado cronologicamente, ele se torna particularmente corrosivo. Na verdade, o mito evolutivo da história parte do pressuposto de que o tempo tem algum mecanismo auto-regulatório da espécie humana, destruindo os valores e tradições das épocas passadas que não condizem com as conveniências da realidade futura. De fato, este raciocínio também é aplicado à mutação biológica das espécies. Através de um processo de adaptação contínua, alguns seres se tornam inaptos à vida natural e desaparecem, para dar lugar a outros. Dentro dessas crenças, existe um moto perpétuo de modificações de ordem biológica e histórica, em que o homem não é visto como alguém portador de uma natureza própria imutável e atemporal, porém, como uma vítima amorfa destes processos de transformações. Na prática, a única coisa absoluta é o mecanismo de mutação.


Todavia, há um problema sério nessa perspectiva evolucionista. Ela tem um caráter destrutivo, porque não reconhece a herança cultural e histórica acumulada. Quando algumas ideologias afirmam que uma época histórica “substitui” a outra, há uma ruptura do processo histórico, uma descontinuidade daquilo que o homem criou através dos tempos. É, em suma, uma filosofia anti-histórica. Certos conceitos evolucionistas possuem as sementes do ódio revolucionário contra as tradições. Não é por acaso que muitas revoluções quiseram destruir os legados do passado em nome de um futuro hipotético “maravilhoso” da humanidade. Quiseram criar uma espécie de “tabula rasa” milenarista de uma época dourada hipotética, ainda que para isso se apagasse toda a memória intelectual, moral, cultural e histórica do mundo. O “progresso”, no sentido moderno e iluminista tal como é entendido, é justamente uma rebelião contra o passado histórico da civilização, em particular, a civilização cristã. É uma revolta mesma contra a realidade e a natureza humana.


Há outra contradição séria na idéia exaltada e futurista do progresso evolutivo da humanidade: é que não há parâmetros morais e éticos sólidos ou absolutos para consagrá-la. Só podemos falar em “evolução” dentro de um universo de valores e de uma realidade preexistentes que possam ser aperfeiçoados. Pois dentro dessa mesma realidade, alguns aspectos da natureza se mantêm imutáveis e alguns valores permanecem absolutos. Por mais que haja mudanças aparentes na forma em como a sociedade aborda seus valores, a perspectiva da realidade, a causalidade e conseqüência dos atos e mesmo a boa tradição que a sustenta tendem a permanecer os mesmos, na sua essência. Só há como aceitar a melhora ou evolução da humanidade dentro de atos humanos sublimes de criação ou o aperfeiçoamento do que já existe de bom. Isto porque a boa tradição é que assegura a validade e a consagração destes parâmetros.


Neste caso, existe outro mito tão alardeado pela cantilena revolucionária idólatra do futuro: a de que a tradição é refratária ao progresso ou contra a melhora da humanidade. A palavra tradição já está implícita no seu sentido: ou seja, o repasse de experiências, conhecimentos, valores, de gerações a gerações, no objetivo de se preservar uma bagagem cultural, histórica e de conhecimento da civilização. Uma sociedade sem tradições é uma cabeça com amnésia existencial, uma planta sem raízes, uma prataria sem valor real. Porque a tradição, através da solidez da experiência e do conhecimento, aperfeiçoa continuamente a humanidade. Jamais a cultura pode se renovar sem os parâmetros comparativos do passado e do futuro e sem sua interligação histórica no tempo e no espaço. Na verdade, a tradição é uma tensão permanente entre o que foi construído, cultivado e descoberto e o que há para descobrir. A tradição não é válida porque pertence ao passado; não é uma época que a valida. O tradicionalista que eleva o passado pelo passado, peca pela mesma idolatria cronológica revolucionária do progressista. Ela é válida porque seu legado vale para todas as épocas vindouras. Quando se fala de uma tradição ocidental respaldada na cultura judaico-cristã e greco-romana, se está falando de um acúmulo histórico e existencial de experiências que criam nortes para as criações futuras. Da boa árvore, conhecereis os frutos. A negação completa da tradição não somente nega a historicidade dos atos humanos, como destrói a memória cultural da humanidade, já que esta se torna alijada de suas criações através da história. Sem a tradição, a humanidade perderia sua memória e seria incapaz de compreender a si mesma.


Isto porque toda grande tradição histórica que permanece, um dia representou a renovação, a novidade que se firmou no tempo e no espaço. Quando Deus revelou os Dez Mandamentos no Sinai para os judeus e quando Jesus Cristo chegou à Terra para pregar as boas novas, tudo isso era novidade aos homens. E depois se tornou costume, tanto pela prática, como pelo valor. Alguém poderia objetar, afirmando que há costumes ruins que são preservados no tempo. Isso também é verdadeiro. Entretanto, a reflexão histórica da tradição é que faz resguardar valores autênticos e, ao mesmo tempo, abandonar costumes e práticas odiosas em nome dela. O cristianismo aboliu muitas práticas terríveis do mundo antigo, consideradas “tradicionais”, e, nem por isso, revogou a grandeza da filosofia antiga grega e do direito romano. Mesmo na história cristã, muitas coisas ruins surgiram em nome da Cristandade. Porém, os princípios essenciais do cristianismo foram educativos, no sentido de corrigir ou combater essas distorções muitas vezes imprevistas.


Há outro aspecto que a tradição revela, ainda que não se confunda com ela: a transcendência. A busca filosófica, como a busca religiosa, revela, através dos tempos, que a história implica uma continuidade, um estado de permanência, ainda que algumas coisas da natureza pareçam mutáveis. Quando se lê Aristóteles, Platão ou Santo Tomás de Aquino; ou quando se degusta a leitura da bíblia ou de Dom Quixote, existe um componente de identificação de certas questões que permanecem dentro de nosso meio, mesmo que isso tenha sido escrito num passado longínquo e distante. Há nestes pensadores, escritores e obras, uma busca do absoluto, do universal e do eterno. A identificação ou mesmo a rejeição pessoal do que podemos ter pelo passado nos liga a uma continuidade histórica com ele. O acúmulo das tradições, como a valoração do que elas preservam, implica um permanente estado de coisas existentes na realidade e que ganham universalidade, na medida em que são imutáveis no tempo e no espaço. Quem lê Aristóteles ou Santo Tomás de Aquino, em parte, sente os mesmos dramas filosóficos e existenciais que estes. Quem ama a figura do Dom Quixote vê um personagem que se eterniza na existência humana, a do homem iludido e sonhador. E a bíblia, com suas tramas familiares, seus personagens enigmáticos, suas guerras e mesmo os conflitos do povo eleito de Israel sujeito a uma obrigação moral com Deus, implica um reflexo da relação do homem temporal com a eternidade determinada pelos céus. Por mais que a humanidade modifique suas instituições e a expressão formal da cultura, na prática, os dilemas políticos, morais, éticos, filosóficos, continuam parecidos, senão os mesmos. A unidade, harmonia, coerência, revelados na tradição através da historia, acabam nos levando a crer que existe uma ordem superior que coordena toda a natureza das coisas. Os valores do sagrado, por assim dizer, permanecem eternizados, precisamente porque comprovam uma continuidade, uma permanência, uma imutabilidade, uma fé no absoluto. E a tradição é mero canal disso. Há certas características ontológicas do homem e da natureza que são imutáveis. E essa imutabilidade só é possível dentro de um pré-ordenamento do universo vindo de uma inteligência superior, que é Deus.

Interessante observar que uma boa parte da perspectiva política e moral do mundo ocidental foi influenciada pela idéia da imutabilidade de certos valores e atributos da natureza, produto tanto da tradição cristã, como da filosofia greco-romana. A idéia moderna dos “direitos humanos”, indevidamente possuída pelos politicamente corretos cheios de relativismos, só tem substância, de fato, na premissa de que existem princípios invioláveis e imutáveis do direito, no âmbito da natureza e da realidade humana e divina. A vida, a liberdade e a propriedade são sagradas porque existe uma ordem natural inata na realidade que valida a consagração destes direitos. Mesmo a ordem política, pautada nos valores do bem comum e da verdade objetiva, só tivera respaldo autêntico e completo dentro dos valores cristãos da Idade Média. Que a filosofia grega e o direito romano tenham contribuído para esse fim, isso é inegável. Mas foi a associação com a transcendência cristã que deu os critérios teológicos necessários para a legitimação de valores essenciais a uma sociedade política virtuosa. Em outras palavras, o cristianismo medieval colocou o direito romano e a filosofia grega nas alturas. Quando o homem ocidental médio repudia a escravidão, a violência, a barbárie e enaltece a idéia da compaixão, da piedade e do amor pelos fracos; ou quando ele se recusa a aderir à divinização das tiranias, pela idéia dos direitos individuais elementares e irrevogáveis, ele pensa como cristão, ainda que não o seja por confissão. Repudia-se o totalitarismo nazista e comunista e demais aberrações da modernidade, pela visão judeu-cristã tradicional de que somos portadores naturais de direitos e de que a sociedade política visa o bem comum da verdade, da justiça e da concórdia. Essa sorte de direitos é imutável porque é condição necessária a nossa felicidade e existência e reflete a própria realidade mesma, seja no âmbito da natureza como da conduta humana. Por mais que certas sociedades violem a consagração de tais direitos, postergam o princípio básico da justiça elementar vinda dos céus. Direitos são “justos” ou “injustos”, precisamente por há algo além das leis jurídicas que o pré-ordena, um propósito da realidade e da transcendência que assim o determina.

As ideologias totalitárias, como negadoras completas de absolutos na natureza, projetaram criar um homem e uma realidade artificiais, negando a natureza humana e mesmo a realidade tais como elas são. Não é por acaso que elas negam as tradições mais genuínas e as crenças mais absolutas da Cristandade, já que o único absoluto que reconhecem é a gnose da engenharia social, a gnose destrutiva de revogar o que é imutável no homem e no universo. Como o homem do passado e do presente é apenas um “atraso”, dentro da concepção evolucionista do futuro, os regimes totalitários acabam devastando o homem real, imutável nas suas qualidades, em nome de um homem fictício, irreal e mutável. O “homem novo” do nazismo e do comunismo é a destruição da humanidade tal como ela é. Os relativismos e os materialismos representam o homem rebaixado à cova e ao desespero do nada. E o totalitarismo que os inspira é uma bota esmagando um rosto humano, na feliz expressão de George Orwell.


Civilização, tradição, transcendência, Cristandade. Legados que permanecem no tempo, a despeito de algumas mudanças, boas ou ruins. No entanto, mudam-se as aparências, e as essências continuam imutáveis. Não se pode falar em “evolução”, aperfeiçoamento, sem referências absolutas. Não se pode falar em melhora dos valores e da sociedade, sem sustentáculos morais e éticos autênticos. Não se pode falar em causalidades e efeitos fora da realidade. As concepções evolucionistas do tipo materialista não visam reformular ou melhorar o ser humano. Visam sim, destruir a natureza humana, a sociedade, os valores absolutos e mesmo a memória histórica milenar. Esse é o preço a se pagar pelas revoluções do século XX.



sexta-feira, setembro 26, 2008

Diogo Mainardi, muito bom, metendo o pau na petralhada!

O jornalista Diogo Mainardi comenta mais uma das peripécias do Presidente Lula, ou seja, suspeitas de corrupção envolvendo membros de sua família e as tentativas totalitárias do petismo de calar a boca da imprensa. Muito bom! Clique aqui para escutar!

domingo, setembro 21, 2008

Algumas razões cristianíssimas.

Uma das razões de eu ter buscado o cristianismo, e, em particular, o catolicismo, foi a minha profunda aversão ao materialismo moderno. Durante uma boa parte da minha adolescência, eu me embebi do veneno do ateísmo e do relativismo, e não percebia o quanto isso tinha um potencial destrutivo. Minhas idéias passavam de uma estranha mistura de liberalismo anticlerical, com aquela pitada de pseudo-cientificismo pedante, tão comum a muitas estrelas do circulo acadêmico (embora eu não pertencesse a nenhum). Lembrava os velhos ódios maçônicos da Revolução Francesa contra a igreja católica e contra o cristianismo em geral. Claro, com sacadas de Nietszche na cabeça. Na verdade, meus sentimentos eram até sinceros, embora obtusos. Observava alguns absurdos sendo atribuídos a religião e acabava crendo nisso como se fosse uma totalidade. A minha crença era a de que a religião visava um mal, os clérigos foram feitos para dominar a sociedade em causa própria e a fé era um emaranhado de superstições. E eu infernizava a vida dos pobres religiosos: os protestantes eram minhas maiores vítimas. Paradoxalmente, hoje, eles são todos amicíssimos meus. E, confesso, tenho um carinho profundo por eles.

É curioso que, a despeito desse aparente conflito com a religião, nunca me isentei dos valores com que ela me ensinou. Felizmente, percebi, com o tempo, que meu relativismo era postiço; que minha visão anti-religiosa era falsa. E tais manifestações não condiziam com a realidade dos meus sentimentos. Percebia que me identificava com o passado, com a história e com a Idade Média cristã. Algo estranho para um suposto ateu militante. . .

O materialismo promete a liberdade insuflando a revolta contra Deus e mesmo contra os homens. É pior: ele insufla uma revolta sem precedentes contra a realidade e contra a escala das premissas morais, éticas e epistemológicas elementares, deformando a própria compreensão do mundo. Analisando parcamente as teses iluministas atéias, marxistas, positivistas e outros tipos ideológicos “cientificistas”, deparo-me com algo que me foi particularmente incômodo: elas conspiram contra a consciência e contra a liberdade humana. Porque os aspectos filosóficos que dimensionam a liberdade, a consciência, a moral, a ética, entre outros, só podem ser visíveis e substanciais, dentro de uma profunda crença na transcendência. Até então, eu, que acreditava lutar pela liberdade, na prática, estava ajudando a destruí-la.

Se há algo que existe nos materialismos é um profundo fatalismo da realidade humana. Não existem atributos inatos que nos caracterizam como seres humanos livres, independentes ou espirituais. Os marxistas, os positivistas, os evolucionistas e outros tipos de “ismos” nos reduzem a um rebanho determinado por forças históricas, biológicas e materiais arbitrárias e impessoais. Às vezes pensava comigo: como conciliar a razão humana e seus valores dentro de uma perspectiva filosófica que transforma a humanidade num nada? O matemático Blaise Pascal falava do terrível silêncio do universo na falta de Deus. Este universo sem voz, sem razão de ser, sem nexo causal, anulava e esmagava o significado e a importância do homem no mundo. O que percebi, cada vez mais nos materialismos, é que eles supõem piamente que o acaso é algo superior a racionalidade. Mas desde quando o acaso cria alguma coisa? Se os homens não conseguem criar quase nada ocasionalmente, como isso pode ser uma realidade do surgimento do mundo, com suas complexidades, suas harmonias e suas maravilhas? Qual seria o sentido de discutir sobre a liberdade, sobre os direitos, sobre a consciência, sobre a sacralidade da vida humana, se todo o resto do universo silencia quanto a isso? Um amigo ateu me perguntou por que comecei a crer em Deus. E aí respondi: - Por uma razão muito simples. Se Deus não existir, todas as hierarquias valorativas da ética, da moral e mesmo da existência humana, com os quais cremos com tanta preciosidade, simplesmente não terão sentido.

Apesar disso, nunca ignorei a existência da religião. Pelo contrário, comecei a ficar impressionado com suas metáforas, quando li algumas questões a respeito do judaísmo. Havia uma singeleza simbólica nas tradições ancestrais daquele povo errante do deserto da Palestina. Isso também me aproximou do cristianismo, em particular, o catolicismo romano, com suas complexidades teológicas e filosóficas e sua gloriosa história civilizacional. Assim, conhecer a figura de Jesus Cristo é algo que me apaixonou.


A idéia mitológica de uma modernidade utópica foi outro caso com que perdi a fé. É um senso comum a muitos intelectuais, ativistas e políticos, essa perspectiva idolátrica do progresso da humanidade, como se o presente e o futuro por si mesmos fossem uma época superior aos tempos históricos do passado. Essa crença fantasmagórica evolutiva da humanidade parece ser uma ilusão da era dourada, uma laicização do juízo final e do reino de Deus na Terra. O positivismo prega um futuro onde o mundo será regido pela cosmovisão racionalista e científica e a religião e a metafísica serão trituradas pela perspectiva positiva. O marxismo pretende essa mesma finalidade, através de um paraíso da sociedade materialista e sem classes. No geral, percebi que são falsas religiões, são falsas concepções de mundo. Não é por acaso que Auguste Comte acabou criando uma lunática e esotérica “religião da humanidade” e um “catecismo" ou uma "igreja positivista”. E os marxistas criaram o Partido-seita-oráculo-da-deusa-história, implantando a pior tirania jamais registrada na história humana.


Sinceramente, eu não acredito na "evolução" histórica da humanidade, tal como se supõe esse culto idolátrico ao tempo. Acho até uma tolice. Não existe nada criterioso que possa nos levar a crer que, cronologicamente, há um aperfeiçoamento da humanidade. Esta não se aperfeiçoa por um mecanismo evolutivo. Pelo contrário, a civilização pode ser perdida em uma década. Basta esquecermos os legados do passado e tudo será jogado na lata de lixo. Se há algo que acredito é que a civilização não é evolução, mas permanência. A história da civilização é um esforço pela continuidade e tradição. Algumas tradições se preservam através dos tempos, precisamente porque são autênticas, atemporais e universais. O cristianismo me ensinou uma coisa preciosa: que por trás das aparentes mudanças históricas, sociais e políticas, o que vale mesmo é o que pode ser preservado na eternidade, na transcendência. É ela, de fato, que dá uma continuidade histórica ao homem e a sua existência. Dá, inclusive, um referencial ético, moral e filosófico à sua existência. O que é de fato imutável, atemporal e eterno é o que deve ser compreendido como um legado autêntico da historicidade. Os homens podem viver em várias culturas e épocas. E, no entanto, continuam os mesmos nas suas essências. Sob determinados aspectos, a história nos liga ao passado, precisamente porque os homens de outrora possuem os mesmos dilemas, aptidões e dramas visíveis à nossa atualidade. A natureza humana continua a mesma. O culto do progresso é uma ideologia de glorificação insana do tempo, uma vangloria insensata de quem é contemporâneo a tal época. Em suma, uma notória besteira renascentista e iluminista. Quando me deparo com o culto do progresso na boca dos ativistas, eis que me recordo do nazismo e do bolchevismo, as duas doenças espirituais do século XX. Raramente a humanidade registrou tamanha perversidade moral. É tudo isso que até então o século XVIII, com o seu desprezo pelo passado religioso e pela sua idolatria ao progresso nos esperava?

Santo Agostinho, em suas Confissões, fala de algo que me causou profunda impressão: “Observado as outras coisas que estão abaixo de Ti, compreendi que absolutamente não existem, nem totalmente deixam de existir. Por um lado existem, pois provém de Ti; por outro lado não existem, pois não são aquilo que És. Só existe aquilo que permanece imutável. ‘Bom para mim é apegar-me com Deus’, porque, se eu não permanecer Nele, tampouco poderei permanecer em mim mesmo. ‘Ele, imutável em si mesmo, renova todas as coisas. Tu és o Meu Senhor, porque não tens necessidade dos meus bens”. Para os homens, os números são infinitos. E para Deus, o tempo simplesmente não existe, é insignificante.

Daí minha atávica rejeição e desprezo por todas as ideologias revolucionárias. Porque elas são essencialmente anti-históricas e destrutivas. Ou melhor, são doenças. Uma coisa que aprendi com elas é que as desordens espirituais do gênero humano acabam se refletindo na realidade e na ação humana. A deformidade política e social da ideologia nazista precisou, primeiramente, de uma deformidade moral sem precedentes no intelecto humano, na figura dos pensadores acadêmicos e universitários. O bolchevismo é algo bem pior. Aumentou exponencialmente o número de cadáveres do nazismo. E a loucura continua solta, sob os auspícios de uma classe de pessoas levianas, irresponsáveis, que apregoam novas justificativas para o genocídio. O embelezamento intelectual da feiúra estética, do rebaixamento moral e da violência e do crime em todas as suas formas é uma das coisas mais assustadoras da nossa época. Quem vê beleza num campo de concentração nazista e comunista e crê que isso é o belo futuro redentor da humanidade, deveria estar internado num manicômio judiciário. Porém, estes são os nossos formadores atuais de opinião, seja na mídia ou nas faculdades. O sonho deles é uma bota esmagando um rosto humano. São os sacerdotes da modernidade, que ao rejeitarem os compromissos da realidade e da transcendência em Deus, querem ser como deuses. Acabam virando monstros, tão demoníacos como aqueles encontrados no romance de Dostoievski.

Não me vejo como um grande modelo de cristão. Estou muitíssimo longe da perfeição e muito longe de ser um carola. Contudo, não consigo viver sem o cristianismo. Aliás, não consigo ver o mundo sem o cristianismo. São as minhas razões cristianíssimas, meus motivos autênticos de referência. Penso que quando o ocidente abandonar totalmente a fé na Cristandade, ele estará em decadência. Já está. É o que se assiste na civilização européia. Tomará conta do resto?! Aí será o final dos tempos!

sábado, setembro 20, 2008

O fim da economia de mercado?

A crise do mercado imobiliário norte-americano, na visão lúcida de Roberto Fendt, do Instituto Liberal. Fim do "neoliberalismo"? Bobagem.

terça-feira, setembro 16, 2008

O homem-massa como burocrata.

Quando o ex-oficial nazista Adolf Eichmann foi capturado na Argentina por agentes do Mossad, o serviço secreto israelense, uma boa parte da opinião pensante achou que encontraria um monstro frio e diabólico. Sentiram-se frustrados. Se ele não fosse o responsável pelo massacre de judeus no Leste Europeu, qualquer pessoa veria no sujeito um burocrata mediano, uma criatura medíocre, que causaria indiferença, enfurnado em uma mesa de repartição pública. De fato, o mesmo se pode esperar do capitão SS Rudolf Hoess, o chefão todo poderoso do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. Em suas cartas e escritos, o sanguinário burocrata fala de seu emprego como um empreendimento maçante, estressante, menos cruel. Não havia remorso no que fazia, nem mesmo uma citação de clemência para suas vítimas. Ademais, ao lado de um dos maiores genocídios da história, o “respeitável” burocrata Hoess voltava em mais um dia de trabalho, beijava seus filhos e sua mulher, passeava pelos campos e parecia dormir calmamente. Jogar zyklon B nos judeus e cremá-los era um expediente tão estressante quanto marcar com carimbo uma boa papelada. Era, em suma, um ato impessoal. Como um burocrata, achava que fazia um bom serviço e tinha senso de dever. Tão assustador quanto o aspecto moral criminoso desses homens, era sua particular obsessão pela técnica, pela eficiência burocrática. Não havia contradição neles em beijar seus parentes e massacrar centenas de milhares de famílias judias inteiras. Eles poderiam ser o nosso vizinho ao lado, o sonolento funcionário que encontramos em uma mesa de escritório, ou mesmo um amigo de trabalho em uma festa de fim de semana.

Aí volto à questão do “senhorito arrogante”, do homem-massa do livro de Ortega y Gasset, “A Rebelião das Massas”. Alguns sujeitos ficaram escandalizados com as críticas que fiz a respeito da legião de bacharéis tecnocratas que hoje em dia são jogados pelas universidades brasileiras. Em particular, referia-me às faculdades de direito, onde os novos reizinhos querem moldar a sociedade pelo horizonte limitado de suas concepções meramente técnicas ou burocráticas. Há, no entanto, um vazio moral e filosófico perigoso na nova cepa de bacharéis. Eles não conseguem refletir em termos morais ou intelectuais genuínos, porém, em meras projeções sistêmicas e academicistas. Ou mais, crêem que as leis são um fim em si mesmo, tal qual a doutrina disseminada pelos juristas. Existe algo bem pior: alguns se acham, inclusive, acima das leis. Sinceramente, o direito achado na academia dá náusea. É uma mera discussão de burocratas carreiristas por cargos públicos. Aliás, a filosofia e história do direito, atualmente, são mal vistas. Na verdade, o que se convém chamar “filosofia do direito”, com algumas exceções, é mera discussão de grupos militantes, é mera ideologia. A erudição intelectual é algo virtualmente extinta nas universidades: o que há, de fato, é um proletariado cultural que destrói o conhecimento e o transforma em mera instrumentalização da retórica política. A sabedoria contemplativa, um bem precioso que existia até a época medieval, é um ser maldito nos tempos modernos. A meditação é inútil. O negócio mesmo é modificar o mundo sem entendê-lo. Ou instrumentalizar a técnica como uma interpretação gnóstica ou uma revelação divina do mundo.



Daí a existência de uma penca de juristas, promotores, juízes e advogados exigindo cada vez mais intervenção governamental na vida privada, em nome de “corrigir” ou “transformar” a sociedade, dentro de um voluntarismo pseudo-moralizante. São os ativistas profissionais. O excesso de regulamentação que exigem do Congresso Nacional é o alargamento da “técnica” deles. Quando mais burocracia e leis, melhor para eles. Acabam controlando mais. . .é o mundo moldado pela tecnocracia jurídica.

É claro que em nosso país, essa obsessão por papeladas, por status burocrático e por títulos honoríficos de doutores não é de hoje. O culto da aparência intelectual formal, em detrimento do conteúdo essencial, é uma regra que existe desde que o romancista Lima Barreto escreveu uma sátira aos doutores, no famoso livro “Pais dos Bruzundangas”, no inicio do século XX. No entanto, algumas mazelas parecem se acentuar. O fenômeno da busca desenfreada do concurso público, dado um exemplo, constitui uma anomalia intelectual, social e econômica. É uma anomalia intelectual, pois o direcionamento do que se julga conhecer e desenvolver como “sabedoria” em universidades é meramente uma expressão técnica e formal do Estado. É uma anomalia social, pois constitui um agigantamento do Estado e uma diminuição de força política da sociedade civil privada. E é uma anomalia econômica, precisamente porque o Estado, que jamais foi produtor de riquezas, cada vez mais se apropria destas em favor de uma classe ociosa e inútil. E há outro aspecto, que é mais grave: a mera instrumentalização da técnica e da retórica implica uma isenção moral dessa classe burocrática que hoje atua. Não me chocaria nem um pouco o porquê de existirem pessoas como Eichmamm ou Hoess no século XX. O burocrata frio que considera seu trabalho deportar populações inteiras a um campo de concentração, apenas no poder do carimbo, tem as mesmíssimas propensões da burocracia voluntariosa que ascende ao poder em nosso país e em alguns lugares do mundo. É uma classe de pessoas extremamente obediente, voluntariosa, corporativista e defensora de seus cargos de carreira. Entretanto, não são morais, no sentido tal como entendemos. Pelo contrário, a falta de um suporte intelectual e moral é ocupada pela técnica e preenchida pela ideologia. A adesão de uma boa parte da burocracia brasileira ao socialismo não é mera coincidência. É uma defesa férrea e apaixonada de um cadinho de poder pelo puro ativismo. A estatolatria se torna, por assim dizer, um “direito natural” do funcionário público.

A burocracia nazista, em parte, herdou a velha tradição prussiana, que via a sociedade como uma expressão técnica e extensiva do Estado. O Estado alemão tinha algo muito mais severo: era uma burocracia militarizada. Os funcionários públicos alemães usavam farda e compunham um exército. A disciplina militar obrigava ao funcionalismo ser obediente, em troca de favores e ascensão aos cargos públicos. E o sonho de cada prussiano médio era usar um uniforme e compor as fileiras do governo. Havia no povo alemão uma espécie de reverência quase religiosa pelos burocratas. Tal como engrenagens de um corpo sistêmico, a obediência estrita era lei. Não é por acaso que, no vácuo de princípios intelectuais e morais genuínos, a burocracia alemã aderiu fielmente à ideologia nacional-socialista. Uma sociedade tradicionalmente servil ao Estado acabou encarnando uma ideologia perversa, pela isenção filosófica e moral e pelo culto da técnica. Ou pelo favoritismo pessoal ativista.

O que o burocrata alemão médio perderia com o nazismo? Uma ideologia que diviniza o governo não somente o promove, como cria uma enormidade de prerrogativas e poderes jamais sonhados por eles. Massacrar judeus pode ser um incômodo desagradável, maçante e estressante para alguns. E pode ser até prazer para outros, fanatizados com a ideologia lunática da superioridade das raças de Hitler. Contudo, é algo compensável, já que a burocracia não pensa em outra coisa, senão buscar status e mais status em órgãos públicos. Uma boa parte, senão a maioria dos alemães, talvez detestasse a idéia de crer que o seu governo estivesse massacrando os judeus. No entanto, o conforto material enganoso do Estado nazista parecia redimir o preço a ser pago por um grande crime. Quando Eichmamm foi interrogado num tribunal israelense, sobre os motivos de ter matado aquelas pessoas, aquele burocrata sonolento, submisso, insignificante, dizia que apenas recebia ordens. O protótipo do homem-massa, do senhorito arrogante, não contemplava outra coisa senão a obrigação de seguir a técnica e o oficio de um burocrata.

Em cada acadêmico tecnocrata pomposo e ativista, em cada burocrata voluntarioso, em cada funcionário público tapado, devemos ver sempre um Eichmamm ou um Hoess a temê-los. São "senhoritos satisfeitos" e estupidamente arrogantes.Os fascismos e demais socialismos têm muito a dever a esses tipos humanos. É a rebelião das massas sob o signo da falsa instrução e a falsa indignação moral, nivelando a cultura e os valores por baixo. E no final das contas, é tão somente o desejo de poder de pessoas medianas, incapazes de entender os dilemas graves de suas responsabilidades e os valores da civilização.

quarta-feira, setembro 10, 2008

Homem-massa nos tribunais: uma justiça totalitária no Brasil.

Uma questão observável no meio jurídico brasileiro atual é a quase total indigência de conhecimentos gerais e humanísticos entre muitos bacharéis em direito. Se há algo que a universidade forma atualmente é uma legião de futuros tecnocratas, meros copiadores de leis, como que preparados para pertencer a uma gigantesca burocracia, seja ela estatal ou paraestatal. Isso se reflete no excesso de regras jurídicas, de funcionários públicos e de advogados que são jogados aos montes no mercado de trabalho. Na prática, é uma gigantesca estatização da classe média, já que as atividades privadas, sobrecarregadas de impostos e, por conta disso, cheias de riscos, tornam-se cada vez menos interessantes. Do ponto de vista econômico, a classe média vai aonde está o dinheiro. E a maior parte do butim está nas mãos do Estado. Nada mais lógico que ela procure no funcionalismo público uma estabilidade que não encontra na iniciativa privada. Entretanto, fica a pergunta: quem é que vai sustentar tanta gente? Alguém duvida que isso é um processo lento e graduação de estatização da economia?

Se o Estado sofre um processo lento e gradual de agigantamento, cria-se no mercado uma série de empecilhos burocráticos e morais. Já é relativamente comum a ideologia anti-empresarial no imaginário brasileiro. Essa perspectiva se coaduna com outras formas de distorções econômicas, tais como as reservas de mercado e outras demais formas antiquadas de corporativismo em ofícios profissionais, sejam elas empresariais ou até mesmo profissões liberais. Quem duvidará que as provas da OAB, que depuram milhares de bacharéis em direito, restringindo a profissão advocatícia, não é uma reserva de mercado? Em nosso país, até então existia reserva de mercado para jornalistas, uma aberração, do ponto de vista das democracias. Quando o MEC exige títulos e mais títulos para o exercício da profissão de licenciatura nas universidades ou escolas, isso é também reserva de mercado. A cultura cartorial da papelada, tão comum nas altas esferas do Estado, contamina a economia privada do país, incapaz de ser competitiva, empreendedora e dinâmica. Para cada profissão, um título. Quer ensinar história? Tenha diploma de história. Quer ensinar direito? Tenha diploma de direito. Enfim, o que vale não é a cultura real, mas o papel timbrado. Os autodidatas, por definição, estão excluídos desse mercado, ainda que demonstrem ter um conhecimento acima da média dos nobilitados.

Feito isto, eis o que é preocupante na cultura jurídica brasileira: o vácuo de um conhecimento geral apurado de filosofia e demais outras letras deu margem ao ativismo militante encarnado na figura de advogados, promotores, procuradores, juízes ou defensores públicos. Esse ativismo implica uma partidarização do direito, dentro de espúrias crenças de esquerda. Se a classe média está sendo estatizada, por outro lado, ela quase sempre assume uma ideologia corporativista e totalitarista do poder e do direito no Estado. A lógica se processa da seguinte forma: a burocracia estatal é sempre voluntariosa e benévola; a livre empresa é sempre má e exploradora. É o que se passa na cabeça de muitos causídicos iletrados, a despeito de notórios conhecimentos jurídicos. Entretanto, saber jurídico é tão somente um saber técnico. Não é saber filosófico, não é cultura intelectual, não é elevação moral, no sentido maior do termo.

A média dos advogados brasileiros está no nível dos “señoritos arrogantes” tão fielmente descritos na Rebelião das Massas, de Ortega y Gasset: os medianos, de cultura técnica acham que podem medir a humanidade pelo prisma de suas limitadas idéias e esquemas de conhecimento. Não é por acaso que o positivismo jurídico ou o marxismo mais rasteiro se apropriem do vazio intelectual da classe jurídica. Diria rasteiro, porque uma boa parte, senão a maioria, só conhece os autores através de fragmentos, e nunca se interessou em se aprofundar a respeito. Na verdade, há uma certa absorção sofística no direito que vicia sua linguagem. O positivismo jurídico, na valorização absolutista da formalidade e aparência legal e o marxismo, na politização e instrumentalização corporativista das leis, parecem atender perfeitamente a consciência de uma classe de pessoas que só se contentou em decorar e soltar regras a granel. A ideologização do direito no Brasil adquire sintomas preocupantes, porque representa o nascimento de esquemas totalitários aplicados em sentenças e formas abusivas de controle do Estado sobre a sociedade civil.

Alguns exemplos podem ser vistos na realidade política atual. O tribunal paulista que condenou o jornalista Diogo Mainardi da Revista Veja, em processo movido pelo também jornalista Paulo Henrique Amorim, representa um sintoma claro desse modelo de pensar. O parecer do Ministério Público do Estado de São Paulo sobre o assunto mais lembra àquelas tristes épocas da burocracia soviética, em que os tribunais inquiriam ideologicamente o réu e o fuzilavam. A declaração do Procurador de Justiça Carlos Eduardo de Athayde Buono é uma pérola do sovietismo mais ralé. Daqui a alguns anos, quem sabe os futuros burocratas e juristas “soviéticos” não fuzilem o Mainardi?!

O procurador tem umas senhoras pérolas: “É notório que o querelado, em suas matérias semanais, quase sempre atinge a honra de alguém, maldosamente, maliciosamente, com evidente animo de depreciar seu alvo”. (Como se os vigaristas citados por Diogo Mainardi tivessem algum tipo de honra e não merecessem ser depreciados). O fazedor de regras ainda nos completa: “É preciso ressaltar que não sou simpatizante do PT, ou de qualquer partido político”. Bem, todos os petistas chapas vermelhas dizem isso, para simular imparcialidade. O resto do relatório é um poço de puxa-saquismo e falta com a verdade: “Ah, se soubesse adivinhar o futuro esse jornalista não devia ter dito o que disse, ante os fatos e a prisão de Daniel Dantas pela Polícia Federal e sua posterior soltura”. Qualquer pessoa informada sabe que a prisão do banqueiro Daniel Dantas não foi motivada por um excesso de moralidade do governo, e sim para chantagear um sujeito que presta grandes favores ao mesmo, através de muita propina.

Todavia, o Sr. Carlos Eduardo é um burocrata sem senso de humor. Assim ele nos diz: “Dizer que Franklin Martins, Paulo Henrique Amorim e Mino Carta estão na fase descendente de suas carreiras só porque os dois primeiros não estão na Globo é bobagem sem tamanho dita pela arguta defesa. Felizmente não é verdade. A Record e a Bandeirantes e outros meios de comunicação têm crescido e feito frente à Globo (hoje o monopólio não é mais saudável, especialmente nas democracias e na globalização).” Presumo que o Sr. Procurador é incapaz de entender ironias. De fato, Franklin Martins foi demitido pela Rede Globo quando se soube que ele era figura carimbada no Planalto, principalmente quando sua irmã foi favorecida pelo governo. Isso porque o próprio ganhou um cargo de ministro, por serviços prestados à chapa vermelha petista. Sem contar o jornalismo de Mino Carta e Paulo Henrique Amorim, que é notório e descarado apoio ao governo. Recordemos, o próprio Paulo Henrique Amorim foi demitido da IG, já que nem o público endossa suas vigarices.
Entretanto, o procurador Carlos Eduardo se entrega, quando demonstra o cacoete mental típico de um petista. Afirmar que a Globo é monopólica é demonstrar uma completa ignorância do que seja o sentido da palavra “monopólio”, salvo nos clichês típicos da esquerda. O mesmo princípio se aplica ao chavão mais adiante: “Diogo Mainardi por fazer parte dos poderosos conglomerados de comunicação (Globo e Ed. Abril) não está imune ao Direito Penal”. Quer coisa mais comunista do que esse discurso? Quer coisa mais piegas, mais grotesca, mais parecida com o colegial de DCE acadêmico, do que uma pantomima ideológica como essa travestida em um relatório de uma sentença? Há uma certa dose de elogio em causa própria, como se o "grande conglomerado" da imprensa fosse mais poderoso do que o Estado, como se o próprio Procurador fosse um David lutando contra Golias.
Os impropérios grosseiros de Mino Carta sobre o filho deficiente de Mainardi devem ser um saudável jornalismo ao Sr. Procurador. O contrário, ou seja, a verdade sobre a corrupção moral dos jornalistas pagos por Brasília (entre os quais, Mino Carta), é uma “ofensa à honra” de alguém. O Dr. Carlos Eduardo de Athayde Buono tem futuro no país governado por senhoritos arrogantes. O acórdão que condenou Mainardi é uma senhora defecada de regras sem a menor disposição com a realidade. No final das contas, o charlatão Paulo Henrique Amorim pode mentir á vontade a peso de soldo de Brasília, pois a justiça endossa o seu jornalismo vendido.

Os senhoritos arrogantes passaram anos estudando direito, quando na verdade, não estudam absolutamente nenhuma outra coisa. Fazem sentenças ideológicas, por falta de conteúdo intelectual mais apurado, para cobrir a carência das idéias genuínas. Ser ativista nos tribunais dá status. Neste vazio, há os senhoritos arrogantes que acham que pensam alguma coisa. Um amigo meu do Rio Grande do Sul me avisa qual a obra a ser estudada para o seu curso de Direito: “As motivações ideológicas da sentença”, do desembargador amigão das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, Rui Portanova. Se não bastasse isso, outro amigo, lá dos confins do Paraná, me conta a estripulia de uma turma de Procuradores de Justiça que odeiam os empresários, porque estes são malvados por natureza e “exploram” os trabalhadores.

As pessoas não são mais julgadas pelos atos, porém, pelas suas idéias, pelos seus papéis sociais. E os burocratas, fabricados pelas faculdades, tornaram-se os justiceiros do mundo, tomando postos do governo para intervir, lapidar e oprimir, cada vez mais, a sociedade privada e nossas relações particulares. São estes que querem controlar nossa fala, nossos pensamentos, nossas manifestações, em nome da legalidade e da ordem, em nome de uma cartilha politicamente correta estéril e idiotizante. Querem controlar, inclusive, a internet, presumindo que todos os usuários são pedófilos e racistas, até que se prove o contrário. Enquanto isso, eles aderem falaciosamente à ideologia totalitária que domina o governo de Brasília, tais como cachorrinhos amestrados de guarda. Há os oportunistas, os fanáticos e os idiotas úteis nessa história. Ninguém do Ministério Público, do Judiciário ou mesmo da OAB moveu uma palha contra o governo mais cínico, corrupto e imoral da história do Brasil. Quase todos eles pensam em carguinhos, em mesquinharias úteis, em ascensão na burocracia estatal, tal como um burocrata da nomenclatura soviética. Não seria de espantar que, se o Brasil caminhasse para uma ditadura (como de fato está caminhando), haveria uma ordem inumerável de alcagüetes e colaboradores desse sistema totalitarista. Muita gente está pronta para abdicar das liberdades fundamentais em nome do Estado voluntarioso e benévolo. A banalização do mal começa pela indiferença moral burocrática. É a rebelião do homem-massa no Brasil.

domingo, setembro 07, 2008

A militância abortista falsifica a realidade.

A história de Marcela é algo que desafiou os círculos abortistas, ardorosos em querer extirpar as imperfeições físicas da espécie humana. Ela foi a menina que nasceu com anencefalia e conseguiu sobreviver por quase dois anos, até falecer, recentemente, vitima de outras complicações que nada tinham a ver com sua deficiência. Para os católicos (como para mim), foi algum milagre divino, dentro da campanha eugênica do assassinato dos inocentes nascituros. Mostrou a fraqueza, senão a falácia argumentativa, a respeito do aborto de anencéfalos, como se estes não tivessem vida. Marcela provou que existe sim.

Aí temos o arauto da seita do Estado-deus-eugênico, o Sr. André Petry, afirmando, categoricamente, em um artigo da Revista Veja, que Marcela não era anencéfala, acusando indiretamente de fraude, os militantes católicos pró-vida. Na verdade, os abortistas, inconformados com as evidências fortíssimas sobre a vida de Marcela, querem modificar a ciência pela ideologia. Querem mudar o conceito da anencefalia. Enfim, querem mudar ou mesmo destruir o conceito de ciência. Falando em causa própria, o jornalista André Petry está de olho no ardil dele próprio, para imputar aos outros, aquilo que é do seu caráter. Em seu último artigo, “De Olho no Ardil”, de 27 de agosto de 2008, ele já inicia com essa pérola: "Tomar o exemplo de Marcela, o símbolo antiaborto, para proibir a interrupção da gravidez de fetos sem cérebro é exploração desonesta da tragédia alheia." Em outras palavras, o jornalista quer ocultar a verdade dos olhos do público, já que ela não o satisfaz. E ainda nos dá o aval de seu caráter: em nome de um fingido e suposto apelo moral, ele quer ocultar a verdadeira tragédia que poderá ser a legalização do aborto. Todavia, Petry não se faz de rogado: “Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal, que tem dado mostras de ser o poder mais conectado com a realidade dos brasileiros comuns, fará outra de suas audiências públicas. Uma delas discutiu as pesquisas com células-tronco embrionárias, finalmente aprovadas. Agora, o debate será sobre o direito de interromper a gravidez de fetos sem cérebro – que não sobrevivem fora do útero mais do que algumas horas ou dias.”

O jornalista acha que as discussões éticas e morais são meros caprichos da moda midiática e jurídica, não a aprovação ou reprovação de conceitos milenares enraizados na consciência cristã e ocidental e que podem ser revogados por meia dúzia de juízes presunçosos e proxenetas, criadores de regras. Interessante é ele afirmar que o STF fala em nome da maioria dos brasileiros comuns, já que a maioria deles é contra o aborto; e se o povo conhecesse os meandros ideológicos do discurso abortista, seria muito mais fervorosamente pró-católico. Porém, Petry mostra sinais de completa desumanidade, quando se refere ao caso particular da anencéfala, como se fosse uma espécie de empecilho ou inconveniente moral: “Para um deles, é preciso que a platéia esteja especialmente atenta porque são grandes as chances de que apareça na audiência pública do Supremo: chama-se Marcela de Jesus Galante Ferreira. É o nome da menina que viveu um ano, oito meses e doze dias em Patrocínio Paulista, mesmo tendo nascido, dizia-se, sem cérebro. Marcela morreu no último dia 1º de agosto, de pneumonia. Por ter sobrevivido tanto tempo, a pequena Marcela foi tratada como um milagre divino. Chegou a virar símbolo de passeata contra o aborto, que reuniu 5 000 fiéis católicos, espíritas e evangélicos em São Paulo”. É curioso observar que o nome de Marcela de Jesus é que nem o de Nosso Senhor; é maldito e não deve ser falado.

Todavia, a lógica perversa de André Petry se revela no seguinte trecho final de seu artigo: “A pediatra Márcia Barcellos, que cuidou de Marcela, examinando ressonâncias magnéticas de alta definição, concluiu que a menina sobrevivia porque não era um bebê sem cérebro. Ela tinha o mesencéfalo, parte intermediária do cérebro, e outras proto-estruturas que lhe permitiram tamanha sobrevida. Na sessão do Supremo, sempre pode aparecer alguém – bem-intencionado, lógico – dizendo que o aborto de feto sem cérebro tem de ser proibido porque ainda pode haver centenas de Marcelas vivendo anos a fio”.

Das duas uma: ou o Sr. Petry desconhece o conceito de anencefalia, ou ele age de tal má fé patológica de um ideólogo, que é capaz de destruir os escrúpulos de consciência e falsificar a compreensão da realidade. Quer enganar o público que o lê. Qualquer pessoa minimamente estudada no assunto sabe que a anencefalia não significa ausência total de cérebro; pode ser tão somente ausência da parte dela. Não existe um conceito científico definido para a anencefalia, já que qualquer ausência cerebral mínima pode ser caracterizada como tal, dentro da gravidade dessa deficiência. É o caso de Marcela. Todavia, a militãncia abortista está numa histeria doida: como se eles se preocupassem com detalhes técnicos ou formais da saúde dos nascituros!
Partindo de seu próprio princípio, Marcela não teria vivido um ano e oito meses e sim morrido antes de nascer. Para gente como o Sr. Petry e uma boa parte dos abortistas, ela não é gente, é um dejeto humano, um ser inferior que deve ser eliminado porque é supostamente incapaz de viver. Ainda que as evidências comprovem precisamente o contrário, os abortistas insistem na mentira em silenciar os fatos. É isso que será discutido no Supremo e que gente como o jornalista pernóstico da Revista Veja quer calar ou abafar.

Pior é o argumento final do seu texto. Para Petry, a existência de Marcela não corrobora em favor da vida de outros nascituros defeituosos, e sim para a morte de todos eles. Ai se revela a moral ideológica do abortismo: a eugenia mais perversa, ressuscitada em forma de humanitarismo moral. A perversão semântica do discurso não esconde a perversão dos atos. Não nos espantemos as conseqüências desse ato: esses ideólogos da perfeição física e racial da humanidade querem decidir nosso direito de nascer. Depois, roubarão o nosso direito de existir pelo decurso de nossa vida, quando estivermos enfermos. E quando não estiverem satisfeitos, vão decidir até destruir a velhice, matando-a, quando se tornar inútil. A Holanda eugênica, que é o modelo perfeito do assassínio de velhos, doentes e nascituros do Sr. André Petry, é expressão formal de onde pode nos levar o relativismo moral, um pesadelo em nossas democracias. Eles querem importar essa doença moral para o Brasil. Católicos e demais cristãos deste país, orai e vigiai para combater o mal!

sexta-feira, setembro 05, 2008

O hino do Partido Abortista!

Essa é a nossa homenagem aos adeptos do Partido Nazi-Abortista dos Trabalhadores, o PT do Sr. Lula e do Ministro da Saúde, o médico da SS-Einzattgruppen, José Gomes "Abortão". O hino combina perfeitamente com o botequim socialista petralha: lembra um bando de cervejeiros bêbados politiqueiros e vagabundos, só que alemães. (National-Sozialische Deustche Abeiter-Partei) Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães não é mera coincidência. Xô abortismo!