quarta-feira, janeiro 30, 2008

O burguês e o banqueiro: por que eles são tão úteis?

Este texto eu escrevi há pelo menos quase três anos, em torno de 2005. Fala sobre o desenvolvimento da economia, na figura do banqueiro e do comerciante, duas figuras vilipendiadas em nosso país. É preciso fazer justiça a história desses dois grupos sociais importantes para o capitalismo e para a economia mundial.
No cerne da literatura, como também no vocabulário dos militantes engajados da pretensa “justiça social”, duas figuras parecem fadadas a caricatura, senão a ojeriza da plebe em geral, e dos intelectuais, em particular: O BURGUÊS E O BANQUEIRO. Em específico, dentro da panfletagem e da literatura socialista, estes dois seres motrizes da economia de mercado são taxados com os mais virulentos estereótipos. São culpados de empobrecer economicamente a humanidade, de extorquir os trabalhadores, de cobrar juros altos e agiotagem, de executar impiedosamente os bens dos devedores e reduzir às relações civis num “roubo” e “alienação” chamado comércio (sendo tal retórica, vindo dos chavões surrados do marxismo). Nestas condições, burgueses e banqueiros são seres pejorativos, tão pejorativos como qualquer estelionatário de beira de rua, como qualquer trapaceiro de canto de esquina. Malgrado estas roupagens, a literatura universal granjeou uma estupenda horda de antipatia a esta classe de comerciantes e atravessadores de dinheiro, que vivem de rendas e da poupança alheia: moralistas hipócritas, racionalistas frios, materialistas extremados, arrivistas arrogantes, tudo movido pelo mais mesquinho das benesses materiais: O LUCRO. Se os estereótipos não são ao todo falsos, por outro lado, nunca se cometeu tamanha injustiça como a falta de reconhecimento da necessidade dos burgueses e dos banqueiros. Pelo contrário, eles revolucionaram mais a economia e a política do que muitos revolucionários profissionais da vida somados. O problema dos burgueses e dos banqueiros é que eles não têm tanta indústria midiática como um Karl Marx e Che Guevara. Chamam menos atenção que Karl Marx e Che Guevara, porque são mais discretos e são menos espalhafatosos em sua prática revolucionária. Talvez os burgueses sejam espalhafatosos naquilo que muita gente critica e inveja: gastar, gastar e gastar sem muito compromisso e sem muito romantismo. Todavia, financiar guerrilhas de um aventureiro fútil do tipo Che Guevara custa mais caro do que os caprichos monótonos dos comerciantes. Os burgueses, os banqueiros e os que vivem de rendas em geral, quase sempre são conseqüentes e não arriscariam perder tudo o que tem em aventuras desastrosas e destrutivas dos guerrilheiros. Para muitos homens de negócios, Che Guevara soaria como um burguês excêntrico ou idiota. E ao contrário do que muitos pensam, os burgueses de tradição e linhagem detestam aparecer.

Mas por que tamanha injustiça aos burgueses? Poucas revoluções foram tão fantásticas como as transformações econômicas, políticas e jurídicas alimentadas pelos empreendimentos comerciais. A revolução burguesa, tal como a previdência burguesa e o sentido da poupança burguesa, nasceu em alguma vila ou feira de Europa do século IX, numa sociedade rigidamente estratificada, estamental, cuja sobrevivência era a subsistência da terra. Na prática, nada mais eram do que pequenos feirantes, uns verdadeiros camelôs sem origem social, excluídos das terras senhoriais, que vagavam de um lado para outro, transferindo e oferecendo mercadorias e serviços. As práticas dos vagantes, ao contrário dos servos e escravos, eram profissões livres, atividades autônomas, as mesmas daqueles mascates que carregam malas cheias de quinquilharias para vender de porta em porta (e no caso da Idade Média, de castelo em castelo). Os mercadores, embora se locomovessem livremente, fincavam pontos comerciais onde poderiam ser encontrados ou fixassem moradias. Tal casa era o burgo. E os seus moradores, os burgueses, assim foram batizados. E deste modo nasceu a sociedade comercial. O comércio gerou uma revolução na Europa feudal. Muitos servos fugiam de seus feudos para tentarem a vida comercial e as práticas de mercancia eram uma oportunidade de vida para muitos que se livravam dos pesados fardos da hierarquia feudal. Por outro lado, a escassez de terras e o difícil acesso a elas restringiam a posse de muitos na atividade agrícola. De fato, a riqueza chama aqueles que a buscam e o comércio prosperou, e junto com ela, as cidades burguesas, com seu fausto de liberdade e riqueza. Foram as cidades burguesas medievais que foram pioneiras de legislações políticas democráticas modernas. As leis civis, as comunas parlamentaristas dos moradores da cidade contrastavam com o domínio dos nobres e reis da época. Na realidade, os parlamentos não eram estranhos à nobreza ou a monarquia feudal. Porém, os governos colegiados e as liberdades civis criaram vínculos muito maiores na cidade do que no campo. Os modernos conselhos e parlamentos democráticos possuem um particular débito com as comunas e assembléias burguesas. Perspectivas de vida melhor e liberdade civil eram os maiores emblemas das cidades. De fato, dizia um provérbio medieval alemão: “STADTLUFT MACHT FREI” (o ar das cidades nos torna mais livres). Curiosamente, se for observado por uma ótica moderna, no êxodo rural para as cidades, qualquer camponês parece respirar esta liberdade que as cidades inspiram, em oportunidades e melhora de vida.

De fato, grande parte dos preconceitos contra a burguesia não é de hoje. A crença comum do “individualismo” do mercador já era retratada muito antes da Idade Média, uma vez que o comerciante era visto como uma pessoa desterrada, sem vínculos com ninguém. Na Grécia Antiga, como em Roma e na Idade Média, o vínculo de alguém a algum lugar era determinado pela terra, mais precisamente pela propriedade privada rural. Quem não tivesse vínculos com a terra, era considerado um degradado, um estranho na comunidade, sem direitos políticos. Ou na pior das hipóteses, um “idiota”, ou seja, alguém sem vínculos com a comunidade, um individualista. A terra, ou a propriedade, desde a época antiga até a baixa Idade Média, era muitas vezes inalienável, porque a economia era de auto-suficiência, e, em particular na Idade Média, as terras eram privilégios de algumas famílias nobres. Além de ser sinônimo de ligação com uma comunidade, possuir terras era ter posição social. O sinônimo e status do “burguês” na Idade Média se equivalia a de um reles feirante, um vendedor barato ou mesmo um atravessador. Em alguns casos, era um “marrano”, um “judeu”, uma figura desclassificada socialmente. Foram os burgueses que romperam a regra da sociedade estamental agrária, tornando os bens imóveis comercializáveis, e, portanto, acessíveis a qualquer classe social. O que era uma sociedade com pouca circulação de riqueza, acabou por se tornar uma espontânea rede de trocas econômicas, não só facilitando a mobilidade de produtos, como também a ressurreição de um padrão monetário, ou seja, a moeda.

Na velha sociedade estamental, onde a economia era de subsistência, a moeda era pouco utilizada, pois em algumas regiões a riqueza simplesmente mal circulava, limitando-se ao mais primitivo escambo. Foram as práticas mercantis das feiras e mercados destes artesãos, peixeiros e camelôs que não somente flexibilizaram o acesso a riqueza, como também dinamizaram-na, drenando-a e fazendo-a circular livremente pela Europa. Este malvado monstro chamado “mercado” renasceu, e em miúdos, foi gerado. Se a odienta figura do burguês surgiu de uma rudimentar feira de comércio medieval, a origem do banqueiro não foi diferente. Certo dia, um comerciante, artesão ou mascate acumulou e poupou determinada quantidade de rendas, acabando por não saber o que fazer com elas. De repente, algum outro comerciante, um nobre ou mesmo um rei necessitado o procura e pede emprestado o seu dinheiro. Cobrando garantias de crédito e uma determinada taxa de juros, o emprestador se convence de seu ato, encontrando um jeito de dar destino a seu dinheiro: OU SEJA, LUCRANDO NA “VENDA” OU EMPRÉSTIMOS DE DINHEIRO. Por conseguinte, ele não só percebe uma procura de empréstimos para seu dinheiro, como também ele sabe que existem tantos mercadores endinheirados como ele. Então, movido por uma notável intuição para satisfazer a demanda, simplesmente pede emprestado dinheiro, coletando sócios e credores para seu empreendimento. Coletando seu capital e o capital dos outros, o burguês "vende” o dinheiro para terceiros, enquanto promete pagar uma porcentagem do que ganhar aos seus credores. Do empréstimo, o burguês tira uma parte dos seus ganhos em taxas de juros e distribui uma parte do seu ganho a seus sócios credores. Em outras palavras, o artesão da feira acabou por se tornar um banqueiro.

É claro que isto é apenas uma dedução hipotética do que deve ter ocorrido, dentre outras experiências similares nas feiras européias, pois já havia precedentes históricos deste fenômeno. Na Idade Média, muito antes dos cristãos exercerem o mercado financeiro, os judeus cumpriam o papel de prestamistas privados, já que os bancos ainda eram remotos e entre os católicos, havia restrições de exercerem práticas de empréstimo. Todavia, isto não impediu o surgimento das bancas dos Templários, que criaram talvez uma das primeiras práticas de transferência de conta-corrente da história. Era simples: se um comerciante, rei ou nobre quisesse transferir uma renda de um lugar para outro, era só o cliente colocar o dinheiro no banco da sua cidade, e um cavaleiro ia a outro banco em que o dinheiro seria transferido, para informar sobre a aplicação. O banco que era informado do depósito liberava o dinheiro, quando tomava conhecimento de que outra filial sua já tinham seu valor depositado. O que era antes uma prática restrita, tornou-se disseminada. Os banqueiros da feira herdaram e aprimoraram as práticas financeiras. Os bancos cada vez mais aperfeiçoavam o acesso ao crédito.

Se o mercador do burgo era um mero feirante, o banqueiro não fugia a regra, com o agravante de viver às custas da “usura”, algo tão condenado pela moral da época como pela Igreja. A usura, ou a cobrança de juros, era considerada “roubo”, pois pressuponha que o comércio de dinheiro não gerava riqueza. O mesmo se pode dizer do “lucro”, besta tão malvada, vilipendiada por alguns frades medievais e socialistas. Tão hostil quanto o “banqueiro” ou o dono de uma banca a ponto de “vender” seu dinheiro pela usura, era abastança com que eles se apresentavam, enfurecendo muitos nobres. Ora a nobreza concedia favores, ora deixava os usurários em desgraça, em particular, contra aqueles que constituiam uma ameaça a seus bens. Por outro lado, muitos foram agraciados com as benesses da monarquia e da Igreja Católica, uma vez que custeavam não somente os gastos arbitrários, mas até as suas cavalheirescas guerras. Aliás, os banqueiros no final da Idade Média granjearam enorme prestigio no governo das cidades e repúblicas, entre os quais, a poderosa família italiana e florentina dos Médici. Ou os banqueiros Függer, financiadores do imperador Carlos V da Alemanha.

Segunda Parte do texto.


Os judeus tinham um certo destaque de preferência dos nobres, haja vista porque os mesmos eram deslocados da vida plebéia cristã e da nobreza. Os judeus eram figuras assazes estranhas da sociedade européia, verdadeiros excluidos do meio social, a tal ponto de ser mais fácil para os nobres pedirem seus empréstimos, sem concederem no essencial de poder. Nasce aí o “judeu da corte”, o abastado semita vivendo de favores dos nobres, em troca de seu capital. Em contrapartida, se o banqueiro era visto com desconfiança pelos nobres, para o povo em geral, a figura do “banqueiro judeu” tornou-se uma mística de ódio virulento para sempre na imaginação da Europa. Visto que aquele elemento estranho cobrava as malditas “usuras”, sugava os devedores, e por sinal, não tinha a dignidade de ser cristão, blasfemando contra Cristo e negando-o como Messias.

Outro fator de hostilidade aos judeus é o fato de alguns deles possuírem privilégios acima dos plebeus, através de concessões vassálicas da nobreza. Era uma situação dúbia. Se alguns judeus tinham o privilégio nobre de emprestar e gerir negócios nobiliárquicos, a grande maioria estava à margem dos direitos civis modernos. Eles ficavam aos caprichos de seus senhores feudais, que poderiam tanto agradá-los, como extorqui-los. O desprezo aristocrático e medieval ao banqueiro acabou por se assimilar no povo um viés anti-semita, uma vez que muitos emprestavam dos judeus (e quase sempre detestavam pagar). A família judia de banqueiros mais famosa da Europa, sem dúvida foram os Rothschild (ou a família do brasão vermelho), cuja casa bancária fundada num ghetto judaico de Hamburgo por volta de 1770, prosperou por mais de um século e meio, financiando quase todos os empreendimentos e quase todas as guerras do século XIX e do começo do século XX.

Se os banqueiros de alguns reis tinham privilégios especiais, em outros países da Europa, em particular a Inglaterra e Holanda, as casas bancárias se pautavam no princípio da liberdade comercial. Uma burguesia próspera, independente e empreendedora ali nascia, hostilizando não só o poder real, mas qualquer tipo de intervenção estatal arbitrária. Em específico na Holanda do século XVII e na Inglaterra do século XVIII, as casas bancárias tiveram seu maior esplendor econômico, desenvolvendo práticas de créditos inéditos até aquela dada época, evoluindo o sistema econômico e tornando-o cara vez mais flexível e mais prospectivo. Foi a evolução do crédito bancário, junto com o empreendimento do livre comércio, que vigorou o sistema de mercado, e conseqüentemente a geração de atividade produtiva. Porém, se alguns banqueiros vivam pelas oscilações parasitárias do poder da nobreza, os comerciantes enriquecidos começaram a investir em empreendimentos acobertados pelos reis, cujos capitais acumulados dinamizavam o comércio dos países, e, por conseguinte, os tributos. Os outroras feirantes de beira de estrada, a outrora gentalha que batia de castelo em castelo vendendo quinquilharias, a gentinha fedorenta que se imiscuía com trabalhos pouco “nobres” ou “mecânicos”, agora estava na ordem do dia, conhecendo uma posição social e econômica antes desconhecida.

Em outras palavras, a burguesia reinventou a ascensão social. A idéia de prosperidade e ascensão social, se não era virtualmente ignorada na Idade Média, tornava-se remota. O status social de cada membro da sociedade medieval era determinado pelo nascimento e pela condição hereditária de sua família, cuja mobilidade social era quase nula. Os burgueses sem origem, sem tradição, sem privilégios, foram responsáveis pela idéia da “prosperidade”, mais precisamente na melhora econômica de vida através da perspectiva de trabalho e do mérito individual. Numa sociedade que via o trabalho como condição de subalternos, servos e escravos, o burguês ascendendo socialmente era uma anormalidade para a época, de certa forma tolerada. S burguesia desenvolveu este espírito de empreendimento e as casa bancárias patrocinaram o “crédito” como um valor econômico, ou seja, na confiança mútua tanto de credores como de devedores. Ao invés de colocar as economias debaixo do colchão, deixando parado seus capitais, o credor empresta os frutos de sua poupança ao devedor através dos bancos, e o devedor o transforma em nova fonte de riqueza circulante, seja investindo numa empresa, seja consumindo.

Os nobres, percebendo nos banqueiros e burgueses enriquecidos, bons aliados, acabaram por nobilitá-los, ou no mais, em busca de seu dinheiro. Os burgueses, em troca, queriam privilégios, mais precisamente privilégios de investimento comercial. Embora a sociedade comercial tenha nascido em plena Idade Média, a idéia de “livre comércio” é surpreendentemente nova, e se consagrou no século XVIII, com as idéias liberais de Smith e da Escola Clássica de Economia. Grande parte da economia comercial da época era ministrada por guildas e corporações comerciais rigidamente fechadas, com usufrutos de monopólios econômicos e comerciais. Tais práticas ainda eram resquícios medievais da cultura feudal, onde o nobre, na relação de vassalagem e suserania, concedia terras e privilégios a seus costados.

O que era uma tendência de poucos, nos monopólios de corporações, ofícios e privilégios nobiliárquicos, acabou por ser uma exigência de muitos de uma época. Quando hoje se critica a “liberdade de comércio”, pouco se atenta ao fato de que o quanto era dificil abrir um negócio como em épocas passadas. Talvez a liberdade de locomoção, tão corriqueira nos dias de hoje, era quase impensável no século XVII e XVIII. Abrir uma empresa, viver por conta própria, era algo que dependia das regalias pesadas do Ancien Regime, onde só alguns banqueiros e empresários eram eleitos pelo favoritismo do principe. Se muitas corporações eram privilegiadas por conchavos nobiliárquicos, não poucos criticavam tais privilégios. Não só porque tal prática cerceava a prosperidade social em favor de poucos, como também inviabilizava as melhorias de produção e expansão do mercado. Foi a partir do século XVII e XVIII que os privilégios feudais começaram a ruir de vez, dando espaço para a liberdade política, civil e econômica. Para o cidadão do século XVIII, acostumado as intervenções arbitrárias da monarquia, “liberdade comercial”, tal como a existência de créditos bancários, de empresas, indústrias e possibilidades de investimentos livres era algo tão novo quanto revolucionário. Numa sociedade, cuja pobreza chegava a níveis africanos de hoje e onde a alimentação era cara e escassa, o capital não só geraria produtos melhores, mais baratos, como também geraria credito para produzir mais recursos. Por outro lado, foi o mercado, na figura do banqueiro e do mercador, que foi desenvolvido as sociedades anônimas, as sociedades de capital aberto, e afins, as poupanças e toda sorte de espírito de previdências que a economia nos cobra.

Os cartões de crédito, as letras de câmbio, os cheques, as notas promissórias, as debêntures e toda sorte de créditos embasados na confiança, foram gerados pelo mercado, através dos bancos, sem os quais, a sociedade estaria mais pobre. Nos últimos dois séculos, apesar de todas as guerras, de toda estupidez econômica e política que os séculos XIX e XX geraram, a prosperidade econômica do capitalismo melhorou sensivelmente o padrão de vida do mundo. Isto se for considerado não só o desenvolvimento tecnológico e o barateamento vertiginoso do consumo, e sim, as facilidades que a economia de mercado gerou para a distribuição de renda em geral. O crédito dos bancos barateou o custo dos produtos, como as facilidades de pagamento que o crédito bancário propicia, tornando o capital mais acessível e, por conseguinte, o consumo. Isto se deve, em parte, ao empreendimento comercial, nascido de artesãos, feirantes e mascates que entraram para a história com a alcunha de burgueses. Estes burgueses que não só vendiam quinquilharias, como aqueles que constituíam bancas e vendiam dinheiro. Em suma, é necessário reconhecer a grandeza e a necessidade deles. Com todas as mesquinharias da avareza destes destemidos feirantes e mascates, é preciso fazer-lhes justiça.

sábado, janeiro 26, 2008

Nos bastidores da filmagem em Maringá.


Dois amigos meus de Maringá: Fernando e Itamar Flávio. O último gravou a entrevista em seu programa, Visão Livre. Foi uma experiência muito interessante. Gente boníssima! Essa foto bati um pouco tempo depois das filmagens.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

II Carta à nação de macacos: ou os micos de Rodrigo Constantino.

Rodrigo Constantino, economista, blogueiro, rascunhador de orelhas de livros alheios e metido a “pensador independente e libertário”, era bastante admirado quando só falava de única coisa que parecia entender parcamente, que era economia. No entanto, o raciocínio constantiniano peca pelos simplismos retóricos e pelo economecês vulgar. Não passa pela cabeça do cidadão, algo como a complexidade das relações humanas. Tudo se resume ao horizonte técnico, quando na verdade, a economia está inserida na política, na moral, nos costumes, etc. Não é por acaso que o sujeito se tornou motivo de galhofa, com a religião do “deus mercado”, na versão caricatural de um liberal. O “livre mercado” resolve tudo, desde cura pra câncer e hemorróidas, até problemas emocionais entre pais e filhos.

Malgrado as suas visões estreitas, ele agora se atreve a falar mal da religião, em nome de um ateísmo militante. Não tiro o direito dele. O problema é a maneira como a questão da religiosidade é abordada. Tal como o economecês, a religião é vista com estereótipos e descontextos interpretativos, introduzindo ao leitor uma visão falsa da fé. Se não bastassem as asneiras assombrosas, carece ao seu argumento algo essencial em um debate: a honestidade intelectual. O raciocínio de Constantino, tal qual de muitos ateus militantes, parte do seguinte princípio: somos iluminados porque não acreditamos em Deus; logo, se você acredita em Deus, não é iluminado, e como tal, é um obscurantista. Por mais que alguém tenha argumentos razoáveis para comprovar a idéia de Deus, ainda assim, ele coloca uma armadilha retórica em que ou o religioso deve se adaptar aos seus clichês, ou pedir pra fora o penico. O jornalista Olavo de Carvalho foi muito feliz em apresentar os sofismas retóricos de Constantino, em brilhantes ensaios a respeito do “homem de mim”. O problema mesmo é que gente como ele ganha popularidade com as tolices que diz, tal qual o dito “filósofo” Sam Harris, seu guru, o ateu das obviedades e nonsenses argumentativos.

Vejamos o último artigo dele, “ Os perigos da fé irracional”, em que ele se desmancha de amores pelo charlatão do ateísmo. Quem lê o texto, percebe que o Sr. Constantino, desonestamente, confunde a fé religiosa em si mesma, com a irracionalidade. Necessito fazer os seguintes comentários:

Em Carta a uma Nação Cristã, Sam Harris se dirige diretamente aos cidadãos cristãos americanos, fazendo um alerta sobre os perigos de sua fé. Ele afirma que as mensagens mais hostis recebidas depois do seu primeiro livro The End of Faith vêm justamente de cristãos. Para ele, isso é uma ironia, pois os cristãos em geral imaginam que nenhuma religião transmite tão bem como a sua as virtudes do amor e do perdão. “A verdade é que muitos que afirmam ter sido transformados pelo amor de Cristo são intolerantes à crítica”, ele escreve. Eu posso atestar que o mesmo ocorre comigo, já que meus artigos sobre religião despertam a fúria de muitos crentes ditos cristãos, que partem para uma agressão verbal repleta de xingamentos. Infelizmente, tal ódio recebe considerável apoio da Bíblia.


Conde- Tadinho do Constantino. Aqui ele foi bastante desonesto. No último debate em que ele participou, na comunidade do orkut do Olavo de Carvalho, nenhum religioso, em sã consciência, o ofendeu. Pelo contrário, era o próprio Constantino quem torrava a paciência com sofismas grosseiros e fugia do foco dos debates para não enfrentar os dilemas que estavam sendo postos . Mas esse é o problema do ateísmo militante: eles criticam a religião e quando são criticados, chamam os religiosos de intolerantes. Quem tem fé religiosa, necessariamente é obrigado a aceitar os postulados primários do Sr. Constantino.


Logo no começo da carta, Harris vai direto ao ponto: “Se um de nós está certo, o outro está errado”. Ou a Bíblia é a palavra de Deus, como os cristãos alegam, ou não é. Ou Jesus oferece à humanidade o único verdadeiro caminho para a salvação, ou não oferece. Ou a Bíblia é apenas um livro comum, escrito por mortais, ou não é. Ou Cristo era divino, ou não era. Não há espaço para meio termo nesses casos. E se a Bíblia é um livro comum, e Cristo era um homem comum, “então a doutrina básica do cristianismo é falsa”. Se for este o caso, a história da teologia cristã é a “história de homens estudiosos dissecando uma ilusão coletiva”.

Conde- Esse debate é feito desde que a religião existe. Ser cristão significa, para questões de coerência, a negação de outros pressupostos que não sejam cristãos, no todo ou em sua parte. E mesmo a discussão sobre o cristianismo significa que os filósofos cristãos buscam respostas para aquelas histórias extraordinárias relatadas por aquele livro. Por outro lado, o trecho acima reflete o desconhecimento das fontes bíblicas: o Livro Sagrado foi escrito por homens. Se é novidade para Constantino ou para Harris, realmente como eles se prestam a debater sobre assuntos que não leram? E um livro que influencia a humanidade a pelo menos três mil anos pode ser qualquer coisa, menos comum.

Os muçulmanos têm as mesmas razões para serem muçulmanos que os cristãos para serem cristãos e, no entanto, cada um dos lados não encara as razões do outro como algo convincente.


Conde- Essa argumentação é profundamente idiota. Dizer que o islâmico e o cristão possuem as mesmas razões de fé significa dizer que o cristianismo é o mesmo que islamismo e que todas as razões com que se explica a fé são as mesmas. Logo, ninguém debateria. É a velha generalização ateística de colocar todas as religiões no mesmo plano, sem dimensionar a validade ou não de seus pressupostos. Na prática, é uma forma de invalidar previamente o que se critica, sem se dar ao trabalho de se fazer comparações.


Segundo Maomé, Jesus não era divino, e qualquer pessoa que pense diferente passará a eternidade no inferno. Mas será que algum cristão perde o sono pensando nisso? Mesmo sem ser capaz de provar que Alá não é o único e verdadeiro Deus, ou que o arcanjo Gabriel não visitou Maomé em sua caverna, nenhum cristão fica sem dormir por conta das crenças islâmicas. Pelo contrário, os cristãos rejeitam essas crenças, consideradas absurdas. Eles lançam aos muçulmanos o ônus da prova acerca dessas crenças. Ocorre que eles jamais serão capazes de provar algo, assim como os cristãos também não podem. Em outras palavras, o cristão também sabe exatamente como é ser ateu, em relação às crenças e ao Deus dos muçulmanos.


Conde-Primeiramente, os cristãos, em geral, não desmerecem a crença monoteísta dos islâmicos. É perfeitamente compreensível aceitar a fé islâmica, no quesito comum de crerem num único Deus, sem, contudo, aceitar o modo ou a maneira como essa fé é vista. E afirmar que os cristãos não têm argumentos contrários à fé islâmica é desconhecer os debates medievais que havia entre cristãos e islâmicos, cada um provando sua fé. A falta de um consenso sobre as religiões não invalida os argumentos de um sobre outros, e mesmo as premissas com que se fundamentam suas respectivas fés. E, sob determinados aspectos, a fé cristã mostra ser mais coerente.



Para os cristãos, é óbvio que o Corão não é um livro sagrado, e que a postura da doutrina do islã representa uma barreira a investigação honesta. Basta apenas que os cristãos compreendam que a maneira como eles enxergam o islamismo é exatamente a mesma como os muçulmanos devotos vêem o cristianismo. E é dessa maneira que os ateus vêem todas as religiões.

Sobre o livro “sagrado” dos cristãos, Harris diz: “A idéia de que a Bíblia é o guia perfeito para a moralidade é simplesmente espantosa, em vista do conteúdo do livro”.


Conde-O Sr. Harris parte do pressuposto de que a bíblia é um livro simplório de regras prontas e acabadas e não um livro religioso e literário, cuja profundidade simbólica, desafia o nosso espírito e que tem uma gênese histórica peculiar. Quem estuda a bíblia e mesmo os debates a respeito de seus pressupostos, através dos séculos, percebe que o Livro Sagrado suscita sempre novas discussões, porque é um livro filosófico e, por conseguinte, sempre atual.


Os exemplos seriam infindáveis. Sempre que os filhos saem da linha, por exemplo, devemos bater neles com uma vara.

Conde- O Sr. Harris, tal como o Constantino, acha que o mundo deve ser regido pelo que acreditamos no século XXI, com a cultura politicamente correta que proíbe os pais de darem palmadas nos filhos. Os pais não têm o direito de educarem os filhos com cinturões ou tapas, ainda que chorões politicamente corretos como Constantino & cia queiram que o Estado faça isso por nós? Se os pais não educam pela cacetada, quem os educa?


Se eles ainda assim responderem com insolência, devemos matá-los (Êxodo 21, 15, Levítico 20, 9, Deuteronômio 21, 18-21, Marcos 7, 9-13, Mateus 15, 4-7).


Conde- Aqui, a argumentação é desonesta, típica de Constantino e Harris. Não estamos falando de nossa sociedade civil complexa, legiferante e estabelecida pelo Estado moderno. Está se falando de uma sociedade tribal e familiar, onde a autoridade patriarcal se confundia com a autoridade pública. A deslealdade de um filho ou mesmo a sua rebelião era algo que poderia ameaçar a unidade daquele pequeno clã. Aliás, a citação de Mateus é uma crítica a rigidez da própria lei hebraica e não uma justificação. Jesus queria dizer que amar o pai e a mãe não devia ser um ato que pudesse haver recompensa, mas tão somente a realização, na figura plena do amor entre pai e filho. Todavia, como Constantino e Harris são dois ignorantes de história, tais literaturas vulgares são pura panfletagem travestida de pseudo-erudição.


Também devemos apedrejar pessoas até a morte por heresia, adultério, homossexualismo, por trabalhar no sábado, adorar imagens etc.


Conde- O termo "heresia" era desconhecido dos judeus antigos. O correto seria blasfêmia. O mesmo pressuposto relacionado ao patriarcado, pode-se dizer com relação à conduta adúltera e homossexual: elas ameaçavam a vida social daqueles tempos e como as relações públicas se confundiam com as relações interfamiliares, certas regras severas eram questões de sobrevivência. O mesmo princípio se aplica a fé religiosa: era um conceito de unidade política e de deveres públicos, sem os quais, aquela civilização não se ordenaria.


Sobre a escravidão, temos o seguinte versículo no Êxodo, capítulo 21: “Se alguém ferir a seu escravo, ou a sua escrava, com pau, e morrer debaixo da sua mão, certamente será castigado; porém, se sobreviver por um ou dois dias, não será castigado, porque é dinheiro seu”.



Conde- Os dois idiotas colocam o texto como se justificasse uma crítica ao sistema escravista descrito no versículo bíblico, quando, na prática, é uma restrição à prática de escravidão. A escravidão bíblica era uma punição, dentro do direito de guerra, e se os hebreus fizeram alguma coisa, foi restringir ao máximo essa prática, já que proíbem o senhor de matar o escravo.


No Levítico 25, 44-45, consta: “Quanto aos escravos ou escravas que tiverdes, virão das nações ao vosso derredor; delas comprareis escravos e escravas”. Basta lembrar que o cristianismo conviveu por longos séculos com a escravidão, e durante a abolição americana, era o sul mais cristão que se colocava contra a liberdade dos negros.


Conde-A argumentação é visivelmente mentirosa. A escravidão foi virtualmente abandonada na Idade Média, por causa do cristianismo, que condenava essa prática, e mesmo os primeiros movimentos abolicionistas americanos e ingleses do século XIX, eram quase todos cristãos, no amplo sentido da palavra. Dizer que o sul era a mais cristã das regiões dos Eua é pura figura retórica, para desmerecer o cristianismo. Há outro adendo, que também é falacioso: a escravidão era uma cultura historicamente constituída, e não haveria nenhum milagre para reverter um costume ancestral. Foi através da reflexão religiosa e humanitária do cristianismo, absorvido pelo movimento iluminista, que a escravidão foi moralmente condenada.


Alguém pretende mesmo seguir a Bíblia como palavra final sobre moralidade? O fato é que a Bíblia não parece nada com algo divino.*

Conde- Lendo esse trecho, “algo divino” é dimensionar a nossa moralidade pelas idéias esdrúxulas de Harris e de Rodrigo Constantino.

Harris lembra ainda que “os ensinamentos da Bíblia são tão confusos e contraditórios que foi possível para os cristãos queimar alegremente os heréticos nas fogueiras, durante cinco longos séculos”.


Conde- As confusões aparentes dos textos bíblicos são originárias de sua complexidade como documento histórico e filosófico, sem contar que foram escritas por várias mãos. Porém, as confusões são apenas aparentes, porque os textos concebem uma certa unidade de princípios e valores e mesmo uma evolução na discussão destes. Daí os variados erros de interpretação histórica sobre o Livro Sagrado e mesmo os debates acalorados sobre o sentido de suas pregações. E a queima de heréticos durante a história européia se deveu e uma circunstância de época, não a uma essência mesma da religião. Por mais lamentável que tenha havido sinais de intolerância em outras épocas, não invalida as contribuições que a religião deu à humanidade. Mas é o jogo desonesto dos ateus: avaliar a religião apenas por alguns detalhes marginais de suas práticas menos nobres, quando são capazes de marginalizar todo o resto. Eles escolhem aquilo que convém a eles.


As interpretações que concluíram que os heréticos poderiam ser torturados partiram dos mais famosos patriarcas da Igreja, como Santo Agostinho, Tomás de Aquino, Lutero e Calvino. Claro que cada um pode interpretar a Bíblia à sua maneira.


Conde- Isso é outra besteira. Primeiro, a descontextualização histórica. Por mais abominável que nos possa parecer o uso da tortura ou mesmo a perseguição a hereges em épocas remotas, o fato em si é que esses grandes homens, como Agostinho e São Tomás não foram imunes a costumes de sua época, cujas práticas nem sempre eram louváveis. Por outro lado, a interpretação teológica católica não é arbitrária: ela tem toda uma tradição constituída para revalidar e reafirmar seus pontos de fé. Constantino e Harris reduzem os debates religiosos como meras questões de gosto, quando na verdade há toda uma fundamentação histórica que valida a interpretação de uns e invalida a interpretação de outros, no joio e no trigo.


Mas como os cristãos poderão alegar capacidade para discernir os verdadeiros ensinamentos do livro enquanto os mais influentes pensadores do cristianismo falharam nesse ponto?


Conde- Falharam em que sentido? No sentido exigido por bestas quadradas presunçosas como Constantino e Harris?


Contar com a infalibilidade papal, no caso dos católicos, tampouco ajuda, visto que já existiu papa totalmente imoral.

Conde- Eu bem queria saber qual papa afetou a doutrina católica a infabilidade para renegar os enunciados do cristianismo? Pode ter afetado os aspectos morais, mas não há caso algum que tenha afetado os aspectos teológicos.


A verdade é que cada um extrai o que quiser da Bíblia, defendendo atos morais ou imorais. A moralidade é, portanto, totalmente humana.**

Conde- Se as pessoas precisam extrair fatos morais, a partir da reflexão de um livro revelado por Deus, como a moralidade pode ser totalmente humana? A moralidade pode se afirmar como humana, na medida que é atributo do homem. Porém, se o homem é criado por Deus, logo, a moral que regulamenta seus atos também é criada por Deus. Os princípios da justiça, da verdade, da retidão moral se refletem nos atos humanos dentro da realidade. Mas essa justiça não é criada pelo homem, mas tão somente percebida por ele, através da razão. Por outro lado, misturar as interpretações bíblicas, dentro de um saco de gatos, não somente é um argumento desonesto, como ridículo. Se alguém extrai mal os fatos da bíblia, a culpa é da bíblia? E quem disse que tudo que a bíblia escreve necessariamente tem que ser extraído? Por acaso, eu pergunto: atualmente os judeus apedrejam adúlteras? Os cristãos queimam infiéis?


Os dogmas religiosos podem, de fato, induzir a uma imoralidade muitas vezes.


Conde- Pelo contrário, a má interpretação e o não entendimento dos dogmas é que podem levar a imoralidade.


Um caso é a preocupação infinitamente maior com os embriões humanos do que com a possibilidade de salvar vidas, oferecida pela pesquisa com células-tronco, que muitos cristãos condenam. Outro caso é a pregação cristã contra o uso de preservativos na África subsaariana, enquanto milhões de pessoas morrem de AIDS todo ano. A cruzada religiosa vale mais que seus resultados, fornecendo uma sensação de superioridade moral aos seus membros, ainda que à custa de milhões de vidas inocentes.


Conde- Aqui o Sr. Constantino mente, e mente de uma forma calhorda, falsificando até a ciência que diz postular e defender. Os embriões humanos também não são seres humanos? Por que alguns indivíduos seriam sacrificados em favor de outros? Por outro lado, se algumas pessoas não usam preservativos, é por causa da moral católica? Ou porque seguem a filosofia promiscua de que qualquer um pode fazer “sexo seguro” com quem bem entender? Partindo da lógica do catolicismo da fidelidade absoluta no sexo, os índices de aids seriam zerados. Se alguém pega aids na África é por causa da promiscuidade sexual, não porque as pessoas se recusam a usar camisinhas por quesitos religiosos.


Sam Harris afirma: “Qualquer pessoa que creia que os interesses de um blastocisto podem prevalecer sobre os interesses de uma criança com uma lesão na espinha dorsal está com seu senso moral cegado pela metafísica religiosa”.


Conde- Um embrião é menos gente do que uma criança? Quer dizer que é real negar a humanidade do embrião, do feto, como se eles fossem cobaias descartáveis em nome da ciência iluminada dos Constantinos e dos Harris? Metafísico mesmo é negar a evidência da vida onde ela existe.


A compaixão genuína pelo próximo, que independe da fé religiosa, desaparece para ceder lugar ao dogma religioso.


Conde- Pelo contrário, como os Srs. Constantino e Harris, embebidos pelas ideologias cientificistas que deram incremento ao materialismo biológico, negam as evidências fáticas da vida humana, mesmo na sua geração, parece que a compaixão genuína, por mais que independa da religião, ao menos a fé educa.


Além disso, o autor questiona: “O que é mais moral: ajudar as pessoas puramente pela preocupação com o sofrimento delas, ou ajudá-las porque você acha que o criador do universo vai recompensá-lo por isso?”

Conde- Cristo nos exorta a ajudar ao próximo, sem receber recompensa, pelo simples prazer de ajudar. Todavia, Constantino, o paladino da moral sem moralidade, agora quer ensinar aos cristãos aquilo que nunca cativou: a preocupação com o sofrimento alheio. É interessante como gente do tipo dele ou do Sr. Harris exige nos outros, aquilo que são incapazes de fazer. Quando se nega a dignidade do nascituro ou mesmo do embrião, não estamos negando mesmo a vida deles ou o direito de existirem?


Sobre a constante alegação de que o abandono da fé religiosa vai inexoravelmente parir regimes como o comunismo soviético ou o nazismo, Harris rebate com vários argumentos. Para ele, “o problema desses tiranos não é que eles rejeitam o dogma da religião, e sim que adotam outros mitos destruidores da vida”.


Conde- O Sr. Harris agora entrou num terreno do humor involuntário. O ateísmo militante que ele comunga não deu espaço às ideologias destruidoras da vida, já que negam um valor transcendental e intrínseco à existência humana? Quer dizer que Hitler ou Stálin não rejeitam os dogmas da religião? Eu bem gostaria de saber qual dogma cristão se baseia o marxismo da União Soviética ou o darwinismo racista do nazismo? Não é o mito cientificista do Sr. Harris quem causou isso, já que ciência, na sua linguagem, também é dogma? Atribuir à religião o que é cria do ateísmo moderno é pura canalhice.


Ele lembra ainda que “a maioria se torna o centro de um culto da personalidade quase religioso, que exige o uso contínuo da propaganda para se manter”.


Conde- Mas é essa a conseqüência fática da descrença na transcendência: os homens acabam se achando deuses. Na verdade, as ideologias materialistas são paradoxais: ao mesmo tempo que colocam certos homens como deuses, transformam outros como rebanhos de ovelhas.


No caso de Hitler, é importante lembrar que o próprio se dizia cristão, e tentou justificar sua luta contra o “veneno judaico” com passagens bíblicas.


Conde- Aqui o Sr. Constantino, mais uma vez, mente. Hitler se dizia cristão para ganhar votos de inocentes úteis estúpidos, que duvidavam da honestidade religiosa dele. Mas o que é o nazismo, senão a doutrina pseudo-cientificista da raça, a tal “gaia ciência” tão adorada pela consciência dos Constantinos ou Harris da vida? Será que o Sr. Constantino ou mesmo Harris não percebem que o nazismo é fruto do materialismo moderno, tal como o comunismo? Claro que percebem! Mas a tentativa de caluniar a religião por todos os métodos sujos é a tônica do discurso fuleiro deles.


Além disso, a Igreja Católica tem um passado vergonhoso de cumplicidade com o nazismo.


Conde- A Igreja Católica tem um passado nobre de defesa dos judeus contra o nazismo, inclusive, arriscando a vida de seus fiéis, liberando passaportes do Vaticano ou mesmo alocando refugiados em mosteiros e conventos na Europa. Falar de um “passado vergonhoso” inexistente da Igreja, quando na verdade, os pseudo-cientificistas como Constantino e Harris mal evidenciam que o nazismo é fruto da mitologia da ciência divinizatória, é um ato grosseiro de desonestidade intelectual.


Harris afirma que Auschwitz, os gulags soviéticos e os campos de morte do Camboja não são exemplos do que acontece quando as pessoas se tornam demasiado adeptas da razão. Não havia nada de racional nesses regimes.


Conde- Depende do que se entende por ótica de razão. Esses sistemas tinham um sistema lógico racional que justificava a matança de milhões de inocentes, embora a lógica, em si mesma, fosse absurda. Eles são filhos do materialismo e do ateísmo militantes, os mesmos pratos no qual comem Constantino e Harris, para depois cuspirem.


“O problema da religião – assim como do nazismo, do stalinismo ou de qualquer outra mitologia totalitária – é o problema do dogma em si”, explica Harris.


Conde- Mais uma vez, um ato notório de canalhice. O Sr. Harris confunde a idéia particular do mito com a religião mesma, como se as ideologias materialistas não fossem o ocaso da divinização dogmática da ciência moderna. A mitologia que engloba a ciência moderna nada tem a ver essencialmente com a religião. É tão somente a negação desta, ainda que tente roubar seus pressupostos e sua função mitológica. Ora, não é o Sr. Harris quem absolutiza a ótica da “ciência do século XXI”, no mesmo padrão que um geneticista racista do começo do século XX falaria com relação às raças? Não é esse mito que gerou nazismo e comunismo?


O ateísmo, Harris é forçado a lembrar, não é uma filosofia. Não é nem mesmo uma visão do mundo. Podem existir ateus honestos ou desonestos, morais ou imorais. O ateísmo é “simplesmente o reconhecimento do óbvio”.


Conde- Quem diz que o ateismo é reconhecimento do óbvio merecia ser enjaulado num hospício. É um sofisma que tenta colocar como evidente o que precisa ser evidenciado. É certo que um ateu pode ser uma pessoa honesta e cumpridora de deveres morais. Todavia, nunca se viu uma sociedade atéia criar pressupostos morais sérios. Pelo contrário, o laicismo levado às últimas conseqüências, deu no que deu no século XX: nazismo, comunismo, fascismo, etc.


Para Harris, o termo nem deveria existir. Afinal, ninguém precisa se identificar como “não-astrólogo” ou “não-alquimista”.


Conde- O argumento, por si só, é presunçoso e idiota. Se a priori, existe uma discussão que engloba tanto a idéia da existência ou a inexistência de Deus, logo, o ateísmo pode ser tanto uma realidade, como uma mera crença. São duas cosmovisões diferentes, que definem o estado de espírito dos indivíduos pela fé. Se Deus existe mesmo, o ateu não é aquele que não acredita em Deus, mas tão somente aquele que acredita que Deus não existe. Se Deus existe, um ateu pode ser um crente, ainda que sendo crente do nada.


Não há uma palavra para definir quem não crê que Elvis Presley continua vivo.


Conde- Há sim. É um descrente.



Harris conclui: “O ateísmo nada mais é do que os ruídos que pessoas razoáveis fazem diante de crenças religiosas não justificadas”.


Conde- Essa frase é de uma puerilidade caricatural. O cara expele uma frase que é tão somente um juízo de valor laudatório sobre si mesmo. Mas, partindo do pressuposto de que essa frase seja verdadeira, a falta de compreensão de Constantino nos assuntos de religião pode soar como algo não justificado das crenças que ele não consegue entender. Em suma, até o atestado de ignorância do Constantino (ou de Harris) pode ser uma atitude razoável. . .Credo quia absurdum est!


Para um ateu, basta o assassinato de uma menininha inocente para lançar dúvidas sobre a idéia da existência de um Deus benevolente.

Conde- Partindo dessa crença idiota, por que não poderíamos dizer “a humanidade é toda má"? Quer dizer que o ato isolado de um assassino responsabiliza Deus pelo ato?


Enquanto alguém, salvo por acaso de uma desgraça como o Katrina, credita seu Deus e sua fé por esse “milagre”, esquece-se que morriam afogados ao lado vários bebês.

Conde- A lógica ateísta precisa afirmar que o mundo é quase todo mal para culpar Deus por todas as mazelas dessa terra. Seria longo demais explicar as razões dos males do mundo, já que a teologia passou quase dois mil anos discutindo sobre as origens do mal. No entanto, há situações que parecem ser milagrosas e que desafia nossa compreensão. E parece que alguém lá de cima olha por nós, apesar de tudo.



É o narcisismo ilimitado e o auto-engano que fazem com que o sortudo se sinta todo especial, um escolhido por Deus.

Conde- Essa afirmação, invertida, seria a mesma que: “é o narcisismo ilimitado e o auto-engano que fazem com o que o sortudo, se sinta todo especial, não crendo em Deus”. Uma frase que não diz nada, apenas um juízo de valor presunçoso, de alguém que fala de si mesmo e daquilo que o desagrada. Ou seja, o juízo de um narcisista ilimitado.


Para Harris, quando cada um deixar de revestir a realidade do sofrimento do mundo com fantasias religiosas, sentirá como a vida é preciosa, justamente porque tudo pode ser abruptamente destruído, sem nenhum bom motivo.

Conde- Pelo contrário, da feita que todo mundo presumir que somos apenas compostos orgânicos que passarão num vazio existencial da terra, num mundo criado pelo vácuo e pelo absurdo, sendo abruptamente destruídos, não serão o nada sobre nada. Aí sim elas perderão todo o sentido de viver. O “mito” de que tanto fala o idiota do Sr. Harris, mas que é incapaz de entendê-lo, nada mais é do que o sentimento do homem de explicar aquilo que está além dele, ou mesmo de compensar a busca da transcendência. Quando a transcendência se perde no vazio, o homem se reduz à estupidez.


Desde muito se questiona o motivo da existência do mal no mundo. Por que Deus não pode ou não quer impedir tais calamidades? Seria ele impotente ou mau? O crente, diante deste dilema, fica tentado a executar uma pirueta, alegando que Deus não pode ser julgado pelos critérios humanos de moral.


Conde- Para quem leu um pouco de Agostinho, jamais um religioso sério falaria uma besteira desse naipe. Mas isso é besteira de ateu. Se há algo que existe na relação entre o bem e o mal é a liberdade de escolha. Deus ama de tal maneira o homem, que dá o juízo e a liberdade de escolher o que é certo, sem interferir diretamente em sua escolha. Essa seria a explicação da relação do homem com o bem e o mal.

Mas são justamente esses critérios que são utilizados para afirmar a bondade divina! Dois pesos, duas medidas. Observa-se somente um lado do mundo para louvar a grande benevolência do criador, ignorando-se todas as desgraças constantes.

Conde- O raciocínio poderia ser colocado de modo inverso, assim: “observa-se somente um lado do mundo a louvar as grandes desgraças constantes, ignorando-se toda a benevolência do Criador”. O mal existente no mundo prova a inexistência de Deus? A resposta é não.


Além disso, qualquer Deus que se preocupa com coisas tão triviais como o casamento gay ou o uso de seu nome em vão não é tão inescrutável assim.


Conde- Se é trivial Deus ter determinado a existência natural dos sexos, de repente o Sr. Harris ou Rodrigo Constantino talvez idealizem a humanidade de forma assexuada. . .ahhhh! falar de sexos é politicamente incorreto! Agora a moda é o “gênero”. . .


Os ateus, diante desse “dilema”, optam por uma possibilidade mais razoável e menos odiosa: “O Deus bíblico é uma ficção, tal como Zeus e milhares de outros deuses mortos que a maioria dos seres humanos mentalmente sãos hoje ignora”.

Conde- Ou seja, optam pela ignorância, já que desconhecem qualquer discernimento concernente ao Deus bíblico e um deus pagão. Eu poderia argumentar em favor de Deus, afirmando que, se a idéia da existência Dele é universal em todos os povos. Logo, a maioria dos seres humanos não ignora a transcendência divina. Mas por que será que o Deus cristão colocou todos os milhares de outros deuses mortos no esquecimento? O Sr. Harris e o Constantino vão proscrever alguma “ciência oculta” para nos explicar por que todas as sociedades crêem, de certa forma, em um Deus!

Outro ponto abordado pelo autor é o conflito entre ciência e religião. Para Harris, tal conflito é inevitável, pois “o sucesso da ciência muitas vezes vem às expensas do dogma religioso; a manutenção do dogma religioso sempre vem às expensas da ciência”. O cerne da ciência, segundo Harris, está na honestidade intelectual, ou seja, a avaliação honesta das provas e argumentos lógicos.


Conde- Que palhaçada! Quando o Sr. Constantino prega a favor do aborto, negando a humanidade do feto, ele está sendo honesto? Se a religião tenta conciliar alguma coisa é com a honestidade intelectual. Quando a Igreja diz que aborto é crime, ela se pauta na idéia científica de que a vida começa pela concepção. E nem sempre a ciência é necessariamente honesta. Da mesma forma que muitas e muitas fraudes foram atribuídas em nome da religião, o mesmo princípio de aplica à ciência. Foi em nome da ciência que se criaram as ideologias racistas, eugênicas, do aquecimento global e outras demais asneiras que fariam da religião recuperar uma boa parte de sua credibilidade. A outra afirmação estúpida é dizer que a religião não tem provas ou argumentos lógicos. A teologia cristã é quase toda ela feita de evidências históricas e argumentos lógicos, que comprovam a existência de Deus. O problema é discutir com dois analfabetos funcionais, que prenunciam que religião é coisa da “Idade das Trevas”.


Para ele, “a religião é a única área da nossa vida na qual as pessoas imaginam que se aplica algum outro padrão de integridade intelectual”. No fundo, ou uma pessoa tem bons motivos para acreditar naquilo que acredita, ou não tem. Ele completa: “Se houvesse boas razões para acreditar que Jesus nasceu de uma mulher virgem, ou que Maomé voou para o céu em um cavalo alado, essas crenças necessariamente fariam parte da nossa descrição racional do universo”.


Conde- A questão é que o universo religioso é algo que desafia muito de nossas conjecturas comuns. Falar do parto de uma mulher qualquer não é a mesma coisa que falar do nascimento de Jesus.


Acreditar cegamente em algo sem provas costuma ser considerado sinal de loucura em qualquer área fora da religião. No campo da religião, é visto como nobre ter certeza absoluta de coisas que ninguém tem como saber.


Conde- Eu queria saber se o Constantino sabe se o homem veio de um ancestral do macaco? Ele, sem dúvida, não sabe, mas deve crer nisso. A religião não é uma crença cega ou irracional, mas sim evidências partindo de testemunhos de pessoas que viram aqueles fenômenos extraordinários.


Além disso, Harris lembra que “é significativo que essa aura de nobreza alcance apenas aquelas religiões que continuam tendo muitos adeptos”. Afinal, qualquer pessoa que declarar ter certeza da existência de Posêidon será provavelmente considerada insana.


Conde- A diferença entre Poseidon e Cristo não somente é uma questão de razoabilidade, como uma demonstração contributiva de cada fé para o mundo. A figura de Cristo é muito mais significativa em todos os aspectos da vida ocidental, no âmbito da filosofia, cultura, artes, do que Poseidon. Isso porque, lembremos, Cristo, de fato, historicamente existiu, ao contrário do deus grego.

A postura científica costuma ser, com algumas exceções, uma postura de humildade perante o universo.


Conde- Quando vejo Constantino e Harris escrevendo sobre assuntos que não entendem, estou perfeitamente “convencido” dessa humildade. .


Ninguém sabe como ou por que o universo começou a existir, por exemplo. A maioria dos cientistas está disposta a admitir sua ignorância sobre tais pontos, levantando no máximo algumas teorias.


Conde- Puxa, que maravilha! Depois desse ato de piedade atéia dos dois, vou virar membro da seita deles. . .eu, pobre cristão coitado!


Não é essa a postura dos crentes. Ironicamente, o discurso religioso com freqüência alega sua suposta humildade, condenando ao mesmo tempo os cientistas por arrogância intelectual.


Conde- Quando os centros de cultura banem a religião como obscurantista e atrasada, sem debater seus pressupostos, ou mesmo querendo transformá-la como mero capricho privado, isso é algum tipo de humildade? Quando o Sr. Constantino compara o Deus cristão com uma seita do tal Flying Spaghetti Monster, isso é sinônimo de humildade? Não, isso é sinônimo de hipocrisia e cretinice, mesclada com a ignorância.


Na verdade, como lembra Harris, não existe nada tão arrogante do que a visão de um crente religioso: “o criador do universo se interessa por mim, me aprova, me ama e vai me recompensar depois da morte; minhas crenças atuais, vindas das escrituras, continuarão

sendo a melhor expressão da verdade até o fim do mundo; todos os que discordam de mim passarão a eternidade no inferno...” Pode algo ser mais arrogante e narcisista que isso? É caso para um divã mesmo.


Conde- Se O Sr. Constantino entendesse quais pressupostos religiosos se baseiam para se tornar verdadeiros e universais no tempo e no espaço, eu até debateria com ele. O problema é que tanto ele quanto seu guru Harris ignoram completamente qualquer significado da religião.


Concluindo, Sam Harris coloca: “Um dos maiores desafios da civilização no século XX é que os seres humanos aprendam a falar sobre suas preocupações pessoais mais profundas – sobre a ética, a experiência espiritual e a inevitabilidade do sofrimento humano – de maneiras que não sejam flagrantemente irracionais”.

Conde- Ou seja, a racionalidade só existe no pequeno e pobre mundo pseudo-iluminista dos umbigos do Sr. Harris ou de Constantino. Ou seja, a tal “ciência do século XXI”. É incrível com os dois abusam de expressões embelezadoras, que na prática, não dizem nada do seu verdadeiro significado. Que dirá então do termo “razão”, algo tão abusado, quanto depreciado?


No passado, como uma espécie de filosofia primitiva, as religiões podem ter tido sua utilidade. Mas “o fato de que a religião pode nos ter servido para alguma função necessária no passado não exclui a possibilidade de que hoje ela seja o maior impedimento para a construção de uma civilização global”.

Conde- Quais impedimentos? Por acaso a filosofia e o pensamentos cristãos no direito, na filosofia política e na cultura não criaram algo como Direitos Humanos? Será que o burro do Constantino ignora que o que concebemos “direito internacional” é todo desenvolvido pela filosofia e teologia cristãs? Mas eu já percebi qual a ideologia o Sr. Constantino e Harris comungam: deve ser a moralidade totalitária no plano global, através do ateísmo militante da ONU ou qualquer outra agremiaçãozinha politicamente correta, revogando tradições milenares instituídas. É muita areiazinha para o caminhãozinho dos dois ignorantes prepotentes.



A enorme quantidade de guerras religiosas que ainda ocorre no mundo é prova disso. São esses os grandes perigos da fé irracional.

Conde- Enorme comparada a quem? Às duas guerras mundiais? Ao comunismo? Ao nazismo? É certo que a religião, nas mãos de gente mal intencionada, matou muita gente. Porém, os ateus não estão no céu das virtudes: as ideologias laicas dos Constantinos e Harris da vida mataram muito mais. A fé irracional não é monopólio dos religiosos.

terça-feira, janeiro 22, 2008

Carta a uma nação de macacos. . .ou analisando as asneiras do “filósofo” Sam Harris.

Um idiota se reconhece pela entrevista. Há livros que nunca comprei, precisamente porque o autor falou uma asneira tão grande, que nem vale tirar o dinheiro do bolso. O Sr. Sam Harris é um cidadão que jamais daria um centavo a seu livro tão alardeado, “Carta a uma nação Cristã”, pelas razões acima enunciadas. A quantidade de disparates que o sujeito deu na Revista Veja enrubesceria o ateu inteligente. Eis aqui a entrevista e alguns comentários que vou fazer:





VEJA-O MOVIMENTO DOS ATEUS É FORTE NOS ESTADOS UNIDOS E NA INGLATERRA, PRINCIPALMENTE. É UMA DECORRÊNCIA DOS ATENTADOS DE 11 DE SETEMBRO DE 2001?


Harris-Vejo dois motivos simultâneos para essa confluência geográfica: os atentados de 11 de setembro e a escancarada religiosidade do governo de George W. Bush. A conjunção desses dois fatores levou muitas pessoas a se preocuparem com o fato de que a fé está agora dos dois lados do balcão. Esse é um jogo altamente perigoso.

Conde-O sujeitinho presume que a mera manifestação de fé religiosa do presidente Bush seria uma espécie de crime contra a mentalidade atéia e laica no qual comunga. É como se a mera defesa de princípios do presidente ameaçasse todo o sistema de liberdades nos Eua. Na verdade, os religiosos americanos estão se manifestando, precisamente porque são vitimas de ateus iluminados como o Sr. Harris, que insatisfeitos em destruir a fé do povo, querem criminalizá-la com leis, em nome da tolerância. São os lindinhos ateus das universidades americanas, adeptos da revolução cultural e da mentalidade politicamente correta, que querem impor um totalitarismo de costumes nos Eua. Se os religiosos cheios de fé cristã fizeram algo nos Eua, foi criar uma nação democrática respeitável.

VEJA-POR QUÊ?

Harris-A fé é, intrinsecamente, um elemento que, em vez de unir, divide. A única coisa que leva os seres humanos a cooperar uns com os outros de modo desprendido é nossa prontidão para termos nossas crenças e comportamentos modificados pela via do diálogo. A fé interdita o diálogo, faz com que as crenças de uma pessoa se tornem impermeáveis a novos argumentos, novas evidências.


Conde-Que besteira! O Sr. Harris parte do pressuposto de que para alguém ter fé, essa pessoa não discute seus postulados, suas razões, não analisa suas formas de convencimento para crer em alguma coisa. O pior de tudo é que o Sr. Harris não tem a menor idéia do que seja fé. Se partindo do pressuposto de que fé é qualquer tipo de crença, até a opinião dele é uma forma de fé. Qual a relação entre a fé e a divisão entre os homens? Nada. Só podemos ter diálogo, instituições, idéias, ciências, por causa da fé em alguma coisa.


Harris-A fé até pode ser benigna no nível pessoal. Mas, no plano coletivo, quando se trata de governos capazes de fazer guerras ou desenvolver políticas públicas, a fé é um desastre absoluto.


Conde-A fé na honestidade pública, na idéia da justiça emanada de Deus, no amor à verdade, é algum tipo de plano ruim, quando ela é comungada coletivamente? A sociedade só existe enquanto tal, porque existe fé nas instituições e na eficácia e respeito pela autoridade. O cara nem sabe do que está falando. . .


VEJA-O SENHOR ACHA QUE O MUNDO SERIA MELHOR SEM RELIGIÃO, SEM FÉ, SEM CRENÇA EM DEUS?
Seria melhor se não houvesse mentiras. A religião é construída, e num grau notável, sobre mentiras.


Conde-Só a religião? A ideologia transmutada em ciência, pelo ateísmo militante, não é uma mentira? A religião prega o amor ao próximo, o amor à família, o amor à verdade e o amor à Deus. São mentiras também? O Sr. Harris parte do pressuposto tosco de que o ateísmo é cheio de boas intenções cientificas e a religião é o cúmulo da ignorância e da falta de intelecto. Nada mais falso e estereotipado.


Harris-Não me refiro aos espetáculos de hipocrisia, como quando um pastor evangélico é flagrado com um garoto de programa ou metanfetamina, ou ambos. Refiro-me à falência sistemática da maioria dos crentes em admitir que as alegações básicas para sua fé são profundamente suspeitas.


Conde- É curioso pensar que ele jogue o ônus da suspeita para os religiosos, enquanto nega o mesmo enunciado a si mesmo. Se há algo que a religião cristã fez, nos últimos dois milênios, foi debater suas crenças e postulados morais. A dialetização do pensamento cristão é capaz de fazer um debate entre ateus materialistas, uma disputa de imbecis.


É mamãe dizendo que vovó morreu e foi para o céu, mas mamãe na verdade não sabe.


Conde- Como ela não sabe? Com que parâmetros podemos dizer que a vida após a morte e mesmo a transcendência que a sanciona não existem?


A verdade é que mamãe está mentindo, para si própria e para seus filhos, e a maioria de nós encara tal comportamento como se fosse perfeitamente normal.


Conde-O Sr. Harris parte do pressuposto de que os religiosos são mentirosos e que inventam isso só para amenizar as dificuldades da vida. Pelo contrário, crer numa religião é muito mais um drama moral do que ser um ateu. É muito mais cômodo ser ateu e se isentar de certos deveres de consciência do que um religioso cristão. De fato, o século XX se isentou dessa consciência moral religiosa e espalhou um número de cadáveres jamais visto na humanidade. . .



Em vez de ensinarmos as crianças a lidar com o sofrimento e ser felizes apesar da realidade da morte, optamos por alimentar seu poder de se iludir e se enganar.

Conde- A religião ensina à humanidade lidar com o sofrimento e com a felicidade, através da idéia de que não nos limitamos a esse mundo e expõe uma hierarquia de valores, entre os quais, distingue o que é efêmero do que é eterno e realmente importante.

VEJA-É POSSÍVEL CONCILIAR CIÊNCIA E RELIGIÃO?



Harris-A diferença entre ciência e religião é a diferença entre ter bons ou maus motivos para acreditar nas hipóteses sobre o mundo. Se houvesse boas razões para crer que Jesus nasceu de uma virgem ou que voltará à Terra, tais proposições fariam parte de nossa visão racional e científica do mundo.


Conde- A ciência é tão totalizante enquanto forma de conhecimento, a ponto de explicar tudo? Aliás, o que é visão “racional” e “científica” do mundo? É a visão que se torna satisfatória para o que convém ser racional e científico ao Sr. Harris? Dentro de uma proposição científica, entre negar a veracidade dos fatos e não saber, era melhor que ele dissesse, “eu não sei”, ao invés de afirmar categoricamente como cientifico e racional, um fenômeno, que por si só, é fantástico e que muitas vezes está muito acima de nossa compreensão.


Mas, como não há boas razões para acreditar nisso, quem o faz está em franco conflito com a ciência.

Conde- A ciência afirma, por regra, que a mulher só pode gerar, a partir da relação sexual com um homem. No entanto, quando se fala da Virgem Maria, não se está falando de um evento qualquer, mas de um fenômeno extraordinário, que desafia a nossa crença em algo comum e que está acima do que a ciência pode explicar.



É claro que as pessoas sempre acham um modo de mentir para elas mesmas e para os outros. A estratégia, nesse caso, é dizer que tal crença decorre da fé. Com freqüência, ouvimos dizer que não há conflito entre razão e fé. É o mesmo que dizer que não há conflito entre fingir saber e realmente saber. Ou que não há conflito entre auto-engano e honestidade intelectual.


Conde-O Sr. Harris poderia nos provar se realmente Cristo foi concebido da Virgem ou por uma relação carnal como outra qualquer? Um religioso acredita no dogma da virgem Maria, não porque ele minta pra si mesmo, mas porque ele tem plena certeza de que algo fantástico e extraordinário ocorreu naquela ocasião. Como alguém pode falar de auto-engano, se nem mesmo prova o contrário do que diz o enunciado?


VEJA-HAVERÁ O DIA EM QUE A HUMANIDADE DEIXARÁ DE TER FÉ OU A FÉ FAZ PARTE DA NATUREZA HUMANA?
Harris-O desejo de compreender o que se passa no mundo é inato, assim como o desejo de ser feliz, de estar cercado por pessoas que amamos ou o desejo de ser mais feliz, mais carinhoso, mais ético no futuro. Mas nada disso nos obriga a mentir para nós mesmos, ou para nossos filhos, a respeito da natureza do universo.


Conde-O Sr. Harris deve crer que conhece a totalidade do universo para afirmar, categoricamente, que os religiosos mentem ou que Deus não existe. Será que o Sr. Harris não consegue pensar por outra perspectiva, senão aquela pelo umbigo dele? Mas, que diabos é a natureza do universo, na cabeça do Sr. Harris?



É claro que nossa compreensão do universo é incompleta e desconhecemos a extensão exata de nossa ignorância. Não temos como antecipar as maravilhosas descobertas que serão feitas. O que sabemos com absoluta certeza, aqui e agora, é que nem a Bíblia nem o Corão trazem nossa melhor compreensão do universo.


Conde-Se desconhecemos a dimensão exata de nossa ignorância do universo, como podemos negar os enunciados da religião, se é justamente esses enunciados que desafiam a nossa capacidade de compreensão? Por outro lado, a bíblia não se prontifica a compreender o universo, e sim uma seqüência de ocorridos extraordinários, que tentam explicar, de forma poética, as origens do mundo e alguns aspectos da natureza humana, além de sua relação com algo superior e transcendental, que é Deus.

VEJA-MAS NEM A BÍBLIA NEM O CORÃO SE PRETENDEM UM MANUAL CIENTÍFICO PARA ENTENDER O MUNDO.


Harris-Esses livros não são sequer um guia sobre moralidade que possamos considerar minimamente adequado, e falo de moralidade porque é um campo em que ambos se consideram exemplares. A Bíblia e o Corão, por exemplo, aceitam a escravidão.


Conde- Aqui o Sr. Harris é ignorante e desonesto. Primeiramente, a bíblia não somente serviu de guia de moralidade para todo o ocidente, como praticamente toda as crenças comuns, em matéria de sociedade política, autoridade, justiça, liberdades, família, ética, moral, vida e propriedade são praticamente embasados na bíblia e no pensamento filosófico cristão. A bíblia, em geral, e a Igreja Católica, em particular, moldaram de tal maneira, com tamanha profundidade o mundo ocidental, que é difícil pensar em valores ocidentais sem se confundirem com o legado da Igreja e do Cristianismo no ocidente. Mesmo no caso da escravidão, a bíblia foi o primeiro livro que serviu de inspiração para a extinção da prática escravista. Primeiro, porque a bíblia não endossa a escravidão, mas tão somente a tolera, dentro de costumes de época. Segundo, porque na bíblia se encontram as primeiras regras limitadoras da escravidão. Mesmo o Corão educou outros povos, com regras de conduta que humanizaram os conceitos de justiça, contratos, propriedades, dos povos que o adotaram, gerando grandes civilizações.


Qualquer um que os considere guias morais deve ser a favor da escravidão.


Conde- Será que o idiota ignora que foi o cristianismo que influenciou a sociedade européia a abolir a escravidão? Ou será que o idiota deve ser um pentecostal que interpreta literalmente a bíblia, misturando fatos históricos de época com princípios morais genuínos e universais?


Não há uma única linha no Novo Testamento que denuncie a iniqüidade da escravidão.


Conde- Uma mentirinha boba, fácil de destruir. Se os judeus, em suas leis do Pentateuco, limitavam a escravidão em sete anos, no qual, depois do prazo, os cativos seriam libertos, foi precisamente porque sentiram o peso de serem cativos no Egito. Aliás, há leis bíblicas que proibiam, inclusive, a mutilação do escravo, sob pena de o senhor libertá-lo e indenizá-lo. Numa época em que a escravidão era regra, a bíblia amenizou de tal maneira a prática escravista, que no final das contas, negava ao senhor, o direito de possuir perpetuamente seu escravo. Mesmo na época cristã medieval, a escravidão foi virtualmente abolida, pois ela era vista como uma forma de opressão ao indivíduo. Foi a Idade Moderna, com a interpretação literal do Direito Romano e de alguns valores da civilização romana, que a escravidão foi restaurada entre os povos europeus.


São Paulo até aconselha aos escravos que sirvam bem aos seus senhores e sirvam especialmente bem aos seus senhores cristãos.


Conde- Dentro de uma perspectiva cristã de época, a relação entre escravos e senhores, descrito por Paulo, assemelhava-se a uma relação de compartilhamento entre irmãos, em que escravos e senhores detinham obrigações mútuas. O sujeitinho, além de presunçoso, é desonesto.



É desnecessário dizer que a Bíblia e o Corão, além de não servirem como guias em termos de moralidade, também não são autoridade em física, astronomia ou economia.


Conde- Vamos espancar esse notório iletrado. Será que o cidadãozinho conhece todos os costumes judaicos recorrentes a empréstimos, dinheiro? Será que ele conhece a tese das Duas Cidades de Santo Agostinho? Será que ele sabe de onde surgiram as universidades? Será que ele conhece os hospitais, uma criação medieval cristã? Será que ele conhece os intensos debates sobre economia, de São Bernardo de Siena, São Tomás de Aquino, os Escolásticos de Salamanca, entre outros? Será que ele conhece a profunda influência da moral judaico-cristã no desenvolvimento da sociedade política européia e do capitalismo? Será que ele conhece o cultivo da astrologia medieval entre os judeus e cristãos, precursores da astronomia e mesmo da física? Não. O sr. Harris desconhece tudo isso e vende livros a ignorantes do nível dele. É desnecessário dizer que ele é um idiota babando na gravata.

VEJA-QUE TIPO DE IMPACTO SEU LIVRO PODE TER SOBRE OS LEITORES RELIGIOSOS?


Harris-Eu ficaria feliz se o livro levasse os leitores a se perguntarem por que, em pleno século XXI, ainda aplaudimos pessoas que fingem saber o que elas manifestamente não sabem nem podem saber.


Conde- É uma boa pergunta, já que o Sr. Harris finge saber o que manifestamente não sabe e nem pode saber. . .e ainda o sujeito é aplaudido. Confesso, a entrevista me causou bocejo.

Não há uma única pessoa viva que saiba se Jesus era filho de Deus ou se nasceu de uma virgem. Na verdade, não há uma única pessoa viva que saiba se o Jesus histórico tinha barba.


Conde- Não há um único relato que confirme que o homem surgiu de um ancestral comum do macaco. Não há nenhum relato humano do big bang. . .agora, a história de Cristo é um relato, um testemunho. Qual idéia poderemos acreditar? Aquele em que tem testemunho daqueles que viveram com o Cristo, ou de pessoas que supostamente crêem que viemos dos macacos? Ao contrário do que o Sr. Harris diz, a religião não é feita de mentiras, mas de fatos históricos extraordinários e descritos por testemunhos.


No entanto, em muitos países é uma necessidade política simular que sabemos coisas sobre Deus, sobre Jesus, sobre a origem divina da Bíblia.


Conde- Mais uma vez, o Sr. Harris, na presunção que lhe é peculiar, supõe que os religiosos sejam uns ignorantes que mentem pra si mesmos.


Imagino que qualquer pessoa religiosa que leia Carta a uma Nação Cristã com a cabeça aberta descobrirá que os argumentos usados contra a fé religiosa são absolutamente irrespondíveis.


Conde- Eles não são irrespondíveis. Só o fato de alguém ignorar o quanto a fé religiosa influenciou o pensamento comum de todo uma civilização já destrói os argumentos de um ateu imbecil, estúpido e presunçoso. Que dirá então de alguém que prejulga os religiosos como mentirosos, quando na verdade, é incapaz de compreender aquilo que critica.


Isso deve ter algum efeito sobre o modo de ver o mundo dos leitores.

Conde- O efeito que eu tive, quando li essa reportagem, é a de que o autor é um reles vigarista.


Eles certamente vão perceber que ser um cristão devotado faz tanto sentido quanto ser um muçulmano devotado, que, por sua vez, é tão lógico quanto ser um adorador de Poseidon, o deus do mar na Grécia antiga. é hora de falarmos sobre a felicidade humana e nossa disponibilidade para experiências espirituais na linguagem da ciência do século XXI, deixando a mitologia para trás.

Conde- A “linguagem da ciência do século XXI”. O Sr. Harris é um tipinho tão pretensioso, que ele acha que tudo o que conhecemos apenas nos dias de hoje, pode revogar, por decreto, aquilo que é debatido há pelo menos dois mil anos e até agora nunca buscamos uma resposta apropriada, mas tão somente aproximada. E ele acha que essa presunção de rebater dois mil anos de história em uma cartinha é algum tipo de nova Revelação que vai negar tudo o mais. A “linguagem do século XXI”, na cabecinha do Sr. Harris tem o mesmo valor do “socialismo do século XXI” de Hugo Chavez. Nada, absolutamente nada!

VEJA-O BRASIL É UM PAÍS APARENTEMENTE TOLERANTE COM AS DIFERENTES RELIGIÕES E CONHECIDO PELO SINCRETISMO RELIGIOSO. NUM PAÍS ASSIM, É MAIS FÁCIL OU MAIS DIFÍCIL PARA O ATEÍSMO CRESCER?

Harris-Em certo sentido, deve ser mais fácil. O convívio intenso de crenças inconciliáveis deve levar as pessoas a compreender que tais crenças são produtos de acidentes históricos, são contingenciais, são criadas pelo homem e, portanto, não são o que pregam ser.


Conde- O Sr Harris faz uma afirmação leviana daquilo que não conhece. Ao comungar de uma crença diferente do meu vizinho, isso não torna o convívio inconciliável. E não creio que o catolicismo romano seja acidental.


Judeus e cristãos não podem estar ambos certos porque o núcleo de suas crenças é contraditório. Na verdade, eles estão equivocados sobre muitas coisas, exatamente como estavam antes os adoradores dos deuses egípcios ou gregos.


Conde- A falta de conjectura no plano dos valores e da hierarquia na descrição das religiões, na visão do Sr. Harris, é simplesmente patética. Ele coloca tudo na farinha do mesmo saco, enquanto exalta o seu ateísmo alado como uma resposta apropriada para todo o resto. É muita areiazinha para o caminhãozinho de um ignorante que nem compreende o que é uma civilização.


Ou os adoradores de milhares de deuses que morreram durante a longa e escura noite da superstição e da ignorância humana.

Conde- O poço embebido da literatice iluminista assola o ateu presunçoso e ignorante. Se há algo que a religião nos ofereceu, ate hoje, foi a civilização: a moral, os costumes, a ética, a política, as artes, a ciência, a filosofia, a história, os mitos, as crenças, a música, a poesia, enfim. A bíblia está longe de ser um livro da superstição. Superstição é a ideologia cientificista do século XX, com suas credenciais totalitárias racistas, tecnicistas, pseudo-racionalistas, burocráticas, etc. Essa é a ideologia que o Sr. Harris chama de “ciência”.


Em qualquer lugar que os seres humanos façam um esforço honesto para chegar à verdade, nosso discurso transcende o sectarismo religioso. Não há física cristã, álgebra muçulmana.


Conde- Os matemáticos muçulmanos que absorveram a grafia hindu dos números eram todos ateus. Roger Bacon e muitos monges, que usavam da tecnologia e da matemática, para criar moinhos e outras tecnologias, eram todos ateus. Os físicos judeus da Escola de Sagres eram todos ateus. Enfim, não há física cristã, não há álgebra islâmica, não há matemática hebraica, só ciência atéia. Isso porque a suposta dissociação entre ciência e religião é descabida. Ser judeu, cristão ou islâmico não o torna inimigo da ciência. Pelo contrário, exemplos históricos devastadores existem de sobra para calar a boca dos ateus mentirosos.


No futuro, não haverá nada como espiritualidade muçulmana ou ética cristã. Se há verdades espirituais ou éticas a serem descobertas, e tenho certeza de que há, elas vão transcender os acidentes culturais e as localizações geográficas. Falando honestamente, esse é o único fundamento sobre o qual podemos erguer uma civilização verdadeiramente global.


Conde-Que besteira! Será que o idiota não sabe que o cristianismo e o islamismo são espiritualidades globais? Qual acidente cultural ou geográfico prende o islamismo ou o cristianismo, nos dias de hoje? Ou será que nosso ateu quer inventar uma religião da Nova Era?

segunda-feira, janeiro 21, 2008

A universidade do planeta dos macacos.

Quando alguém leigo se depara com certas universidades, a primeira coisa que pode assustar nestes ambientes é a militância materialista hegemônica que há em tais cátedras. Materialismo se torna uma espécie de presunção de alta cultura. Religiosidade é coisa de ignorantes e obscurantistas. Muitos universitários, intoxicados de Marx, Comte, Darwin, Freud, Nietszche, Gramsci, entre outros, encontram no materialismo uma espécie de Revelação sem Deus, uma forma de elevação espiritual. Se há algo notório dentro de uma universidade atual, com algumas exceções, é que Deus está morto. Curioso é pensar que mesmo sem Deus, os ateístas e materialistas militantes criam uma nova forma de moralidade, um novo ethos místico. E em nome disso, forjam novos dogmas: ciência, revolução cultural, dialética marxista, empirismo, psicanálise, evolucionismo e Estado laico. E como sectários de uma nova seita moderna, querem revogar, por decreto, dois mil anos de cultura judaico-cristã. E o que oferecem em troca? Feminismo, abortismo, multiculturalismo, casamento gay, totalitarismo estatal, entre outras aberrações.

Interessante notar a preferência maníaca pelo chamado “Estado laico”, este bezerro de ouro tão cultuado por esses materialistas militantes. O Estado “laico”, neste caso, não se contenta em isentar-se de uma opinião teológica definida: ele é mesmo um Estado filosoficamente contrário à religião. Dois exemplos claros podem retratar essa perversão ideológica, que contamina, em particular, a civilização européia. Quando o presidente da França, Nicolas Sarkozy, fez rasgados elogios às origens cristãs do seu país, e, posteriormente, à religião islâmica, como culturas civilizacionais para os povos que os consagraram, os cretinos ateus quiseram escorraçá-lo: diziam que o premiê francês era contra o Estado laico, contra a separação entre religião e Estado. É como se a fé religiosa não fizesse parte da cultura humana e mesmo da cultura política do mundo ocidental.

O outro caso foi ainda mais escandaloso: o papa Bento XVI planejava fazer uma conferência em uma universidade italiana, quando um grupelho de professores fez um abaixo-assinado proibindo a visita do Sumo Pontífice. O ato, além de mesquinho e preconceituoso, foi desleal: Joseph Ratzinger foi professor de Teologia naquela universidade, ironicamente chamada “Sapienza”. Tudo em nome da “laicidade”, diziam os ursos sábios da cátedra. Na verdade, a laicidade tem um nome: totalitarismo ideológico. Esse ódio irrefletido à religião e mesmo à fé católica, destratando a autoridade religiosa mais importante do ocidente, mostra o nível de fanatismo, sectarismo e intolerância vindo dos movimentos materialistas. No entanto, dentro do imaginário ateu militante, sectários e fanáticos são os religiosos. Eles, os ateus, são “iluministas”, ainda que para isso marginalizem ou persigam mesmo o papa. Ainda que policiem as expressões e pensamentos cristãos que ainda vigoram na alma do povo.


Não é por acaso que os militantes ateus querem que a religião se torne foro “privado”. Como a única coisa realmente “objetiva” é a ideologia apregoada por eles, aí só resta desmerecer os fundamentos intelectuais da religião, como se fosse um mero capricho. Claro, Deus é subjetivo, o ateísmo não. Daí essa marginalização não se limitar na esfera social e política; a esfera intelectual também conta, no sentido de recusa de debater os pressupostos da fé, em favor da tão alardeada “ciência”. A ausência completa de uma cultura clássica cristã medievalista nas universidades contrasta com o turbilhão de tolices das ideologias revolucionárias e materialistas. Em outras palavras, muitos universitários são ateus, porque só vêem um lado da história. Eles criticam o cristianismo e o medievalismo sem entendê-lo.

Por outro lado, assustadora é a burrice dos chamados militantes ateus, no que diz respeito aos pressupostos teológicos e históricos do cristianismo. As publicações recentes de Dawkins, Sam Harris, Christopher Hitchens, entre outros, a despeito de suas lorotas, são ovacionadas pela opinião pública, como o supra-sumo da inteligência atéia. O problema mesmo é a idiotice dos jornalistas e comentaristas, ao ignorarem o poço com o qual os ateus militantes se embebedam: o que Harris, Dawkins e Hitchens fazem é desenterrar as velhas ninharias iluministas anti-religiosas, com achaques de pseudo-cientificismo do século XIX, teses em muito ridicularizadas por gente inteligente e séria. O pior é quando ateus desse naipe tentam criticar a teologia e a filosofia cristã, em específico, a filosofia medieval. Eles ainda repetem aquela asnice da “Idade das Trevas”, como se o humanismo renascentista fosse a quinta essência da maravilha do universo.



Todavia, esquecem que muita coisa do pensamento renascentista estava longe de ser contrário aos pressupostos religiosos cristãos. E mesmo ignoram que a Renascença surgiu a partir da Idade Média, não como um contraponto dela. Os militantes ateus absorvem o que há de pior no pensamento renascentista: a negação do pensamento aristotélico no plano político e a rejeição da moral cristã na conduta social, em favor da ideologia da onipotência e amoralidade do Estado laico. E no aspecto do conhecimento, a explicação “cientifica” do comportamento humano, no objetivo utópico de controle sobre a natureza e o homem. Acrescente-se, ainda, a onda ocultista que está por trás desse ritual de ciência milagreira. Parte-se de uma concepção gnóstica de alguma revelação auto-divinizatória de uma verdade, através dos métodos científicos, como se eles explicassem todos os fenômenos do universo. O Estado totalitário moderno deve muito à idealização cientificista do conhecimento e da realidade humana, surgido a partir da Renascença e desenvolvido no Iluminismo. O totalitarismo é o Estado laico elevado a deus, o filho malvado dos renascentistas e dos iluministas.


O que os ateus militantes argumentam? Dawkins repete cantilenas evolucionistas, tal como uma criança da quinta série primária, querendo chocar um padre interiorano de paróquia; o “filósofo” Sam Harris, no cúmulo da ignorância mais histriônica, diz que o islamismo, judaísmo e o cristianismo jamais contribuíram para a civilização. Ou seja, ele assume desconhecer dois mil anos de cristianismo, mil e quinhentos anos de islamismo e uns três mil anos de judaísmo, para soltar uma das maiores besteiras da atualidade, indo de encontro a qualquer pensador autêntico. Hitchens afirma que a religião é má influência por toda a humanidade, e, o ideal seria todo mundo esquecer as heranças ancestrais religiosas, para pensar, claro, como o iluminado Hitchens. . .

O mais pedante de tudo isso é esses ideólogos quererem oferecer uma moralidade nova, em substituição ao velho cristianismo. Seguidores é que não faltam: satanistas, abortistas, existencialistas, evolucionistas, marxistas, entre outros. Como Deus não existe, somos frutos do acaso, todos os atos humanos são arbitrários na sua essência, e tudo pode ser permitido. Em suma, um grosseiro epicurismo. E como propõem, de forma arrogante, substituir a religião em tudo, só restam criar um Estado e uma realidade moral laica totalitarista, para pré-moldar tudo aquilo que foi até então constituído pelo cristianismo, reconstituindo uma forma aberrante de moralidade. Todos os movimentos materialistas, ao ignorarem os fundamentos e sentido da boa religião, na verdade, querem substituí-la, dentro num vácuo cultural. A moralidade politicamente correta é um produto disso.

Quando eu vejo a Patrística, a Escolástica, Aristóteles, Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino, Hugo de São Vitor, entre outros, sendo banidos por idiotas nocivos como Sam Harris, Hitchens ou Dawkins, meus brios medievais se voltam ao velho cisterciense São Bernardo de Clairvaux, para o qual o herege é digno de ser passado a fio da espada. São esses tipinhos incultos, vigaristas, que expulsam um intelectual digno como Bento XVI de uma universidade; são estes que querem banir a religião da vida pública e serem falsos profetas da modernidade, criando uma antiética, distorcida e doentia. Enfim, são estes os filhotes do grande Leviatã moderno, que na devoção apatetada do Estado e do laicismo, tornam-se imagem e semelhança dos macacos de Darwin. É, em suma, um planeta de macacos!

domingo, janeiro 20, 2008

Gênero: que é isso?

Recebi um texto muito bom de um amigo católico, de um padre do movimento pró-vida de Anápolis, Goiás. Preocupante a loucura politicamente correta que ameaça dominar o país e descristianizar, imbecilizando o Brasil. Leiam, muito assustadoras essas notícias.

(por trás dessa palavra esconde-se toda uma ideologia...)

Hoje em dia, muitas vezes a palavra “gênero” aparece em contextos onde esperávamos encontrar a palavra “sexo”. Em vez de se falar de diferença entre os sexos, fala-se de diferença entre os gêneros. Em vez de discriminação por causa de sexo, fala-se em discriminação por causa de gênero. As pessoas desavisadas podem achar que o termo “gênero” é inofensivo. Seria apenas um sinônimo de sexo. No entanto tal palavra esconde toda uma ideologia: a “ideologia de gênero”. Sobre este assunto, a Conferência Episcopal Peruana elaborou um documento “La ideología de género: sus peligros y sus alcances”[1], publicado em abril de 1998, cujo conteúdo pretendo resumir aqui. A chamada “perspectiva de gênero” resume-se nos seguintes princípios:

1. Não existe um homem natural nem uma mulher natural. O ente humano nasce sexualmente neutro. A sociedade é que constrói os papéis masculinos ou femininos. “Gêneros” são papéis socialmente construídos.

2. Não é a natureza, mas a sociedade que impõe à mulher e ao homem certos comportamentos e certas normas diferentes. Assim, se desde pequena a mulher brinca de boneca e casinha, isso não se deve a um instinto materno (que para as feministas de gênero não existe), mas simplesmente a uma convenção social. Se as mulheres casam-se com homens, e não com outras mulheres, isso não se deve a uma lei da natureza, mas uma construção da sociedade. Se os homens sentem-se na obrigação de trabalhar fora de casa para sustentar a família, enquanto as mulheres sentem necessidade de ficar junto aos filhos, nada disso é natural. São meros papéis, desempenhados por tradição, mas que poderiam perfeitamente ser trocados.

3. Tais idéias, que são meras construções sociais, servem para justificar o domínio da mulher pelo homem. Assim, a mulher, ingenuamente, “acredita” que seu lugar mais importante é o lar, que nasceu para se mãe, que deve sacrificar-se pelos filhos, que deve ser fiel ao marido... Tais “construções sociais” não têm fundamento, dizem as feministas. Assim, é preciso “desconstruir” tais idéias, conscientizando a mulher de que ela está sendo enganada e explorada.

4. Uma vez liberta de tais “construções sociais”, a mulher vê-se livre para construir a si mesma: pode livremente optar por ser lésbica, por não ser mãe ou por matar o filho concebido (ou, como se diz, “interromper a gravidez”). Tudo passa a ser permitido.

O MARXISMO: ORIGEM DA IDEOLOGIA DE GÊNERO.

A ideologia de gênero, que causou enorme discussão na IV Conferência Mundial das Nações Unidas sobre a Mulher (Pequim, 1995), tem sua origem em Frederick Engels , amigo inseparável de Karl Marx. Em seu livro “A origem da família, da propriedade e do Estado” (1884), Engels dizia:

“O primeiro antagonismo de classes da história coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre o homem e a mulher, unidos em matrimônio monógamo, e a primeira opressão de uma classe por outra, com a do sexo feminino pelo masculino”[2].

Segundo a doutrina marxista, não há conciliação possível entre as classes. Operários e patrões são necessariamente inimigos. Os operários não devem buscar melhorias para sua classe. Devem fazer uma revolução, que terá por fim acabar com as classes. Marx pregava uma tomada do poder pelo proletariado. Depois de algum tempo, o Estado iria desaparecer, não haveria mais classes sociais e tudo seria comum. Seria instaurado o comunismo.

Seguindo a mesma linha, o feminismo atual, com bases no marxismo, não deseja simplesmente melhorias para as mulheres. Deseja eliminar as “classes sexuais”. Diz a feminista radical Shulamith Firestone, em seu livro “The Dialectic of Sex” (A dialética do sexo):

“... assegurar a eliminação das classes sexuais requer que a classe subjugada (as mulheres) faça uma revolução e se apodere do controle da reprodução, que se restaure à mulher a propriedade sobre seus próprios corpos, como também o controle feminino da fertilidade humana, incluindo tanto as novas tecnologias como todas as instituições sociais de nascimento e cuidado de crianças. E assim como a meta final da revolução socialista era não só acabar com o privilégio da classe econômica, mas com a própria distinção entre classes econômicas, a meta definitiva da revolução feminista deve ser igualmente — à diferença do primeiro movimento feminista — não simplesmente acabar com o privilégio masculino, mas com a própria distinção de sexos: as diferenças genitais entre os seres humanos já não importariam culturalmente”.

As feministas de gênero, fiéis à visão marxista, dizem que toda desigualdade é injusta. Que o trabalho exercido pelo homem seja diferente do exercido pela mulher é simplesmente uma injustiça institucionalizada. É preciso acabar com ela. A respeito da mulher que opta por ficar em seu lar cuidando dos filhos, diz a feminista Christina Hoff Sommers:

“Pensamos que nenhuma mulher deveria ter esta opção. Não se deveria autorizar a nenhuma mulher ficar em casa para cuidar de seus filhos. A sociedade deve ser totalmente diferente. As mulheres não devem ter essa opção, porque se essa opção existe, demasiadas mulheres decidirão por ela”[3].

(Até aqui o resumo do documento da Conferência Episcopal Peruana)

REDEFINIÇÃO DA FAMÍLIA.

O feminismo de gênero é inimigo frontal da família, lugar em que os papéis de cada sexo são “socialmente construídos”. Para abolir a família, é mais eficiente conservar seu nome e mudar o seu sentido. Família poderia significar não apenas a união perpétua entre um homem e uma mulher com seus filhos (como nós a conhecemos), mas também, por exemplo, a união de duas lésbicas e mais uma criança gerada por inseminação artificial; ou então dois homossexuais e um filho “adotivo”.

A recém-aprovada Lei 11.340, de 7 de agosto de 2006, conhecida como “Lei Maria da Penha”, redefine família como “a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa” (art. 5°, II). E acrescenta: “As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual” (art. 5°, parágrafo único). Essa lei, sancionada com o objetivo de coibir a violência contra a mulher, pretende ser o cumprimento da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW), que o Brasil assinou em 1981 e ratificou em 1984. O texto da Convenção nada fala em favor do aborto ou do homossexualismo. Mas o Comitê internacional estabelecido para acompanhar o cumprimento da Convenção tem defendido abertamente tais idéias. Curioso é o texto em que o Comitê critica a Bielo-Rússia (também chamada Belarus) pela reintrodução do “Dia das Mães” e do “Prêmio das Mães”:

“Preocupa o Comitê a contínua prevalência dos estereótipos do papel de cada sexo e a reintrodução de símbolos como o ‘Dia das Mães’ e o ‘Prêmio das Mães’, que é visto como um encorajamento aos papéis tradicionais das mulheres. Preocupa também se a introdução da educação dos direitos humanos e de gênero, em oposição a tal estereotipação, está sendo efetivamente implementada.”[4]

Como se vê, a educação sob perspectiva de gênero é indicada pelo Comitê como remédio para a falta cometida pela Bielo-Rússia, de instituir um dia para valorizar a maternidade da mulher, que é apenas um “papel tradicional” a ser eliminado.

HOMOFOBIA.

Se nada há de natural na complementação homem-mulher, os que criticam o homossexualismo devem ser punidos como “homofóbicos”. Pelo Projeto de Lei 5003-B, de 2001, aprovado pela Câmara em 23/11/2006, a prática de atos de homossexualidade deixa de ser vício e passa a ser direito humano. Essa proposição, que vai agora à apreciação pelo Senado, cria várias condutas consideradas crimes de “homofobia”. A punição para o reitor de um seminário que não admitir o ingresso de um aluno homossexual está prevista para 3 a 5 anos de reclusão (art. 5°)[5]. Aquele que ousar proibir ou impedir a prática de um ato obsceno (“manifestação de afetividade”) praticado em público por homossexuais receberá idêntica sanção penal (art. 7°). Interessante é como a palavra “gênero” aparece tantas vezes na proposta legislativa. Já em seu artigo 1°, ela diz que pretende definir “os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero”.

É preocupante que a “perspectiva de gênero” esteja presente entre os propósitos do segundo governo Lula. À promoção do homossexualismo é dedicado um caderno de 14 páginas: “Lula presidente: construindo um Brasil sem homofobia: Programa Setorial Cidadania GLBT 2007 / 2010” . Sem o menor escrúpulo, o presidente se compromete a aprovar a “união civil entre pessoas do mesmo sexo, estendendo aos casais homossexuais os mesmos direitos que os casais heterossexuais possuem. Inclusive o reconhecimento e proteção de suas famílias, garantindo o direito à adoção” (p. 13).[6]

A DOUTRINA CRISTÃ SOBRE A SEXUALIDADE.

Homens e mulheres são diferentes, mas não são inimigos natos. Ao contrário, são mutuamente complementares. Um precisa do outro e completa-se no outro.[7] Porém, pela ideologia de gênero, esta visão cristã que vê em cada sexo uma vocação e missão específica é taxada de visão “sexista”. O “sexismo” e a “homofobia” são dois inimigos a serem combatidos por essa ideologia. Como se percebe, quem tem coragem para defender a doutrina cristã deve estar pronto para ser perseguido.

Anápolis, 6 de janeiro de 2007Pe. Luiz Carlos Lodi da CruzPresidente do Pró-Vida de Anápolis
Fonte: http://www.providaanapolis.org.br/genero.htm

[1] CONFERENCIA EPISCOPAL PERUANA. Comisión Episcopal de Apostolado Laical. Comisión ad–hoc de la mujer. La ideología de género: sus peligros y alcances. Lima, abr. 1998. Disponível em http://www.vidahumana.org/vidafam/iglesia/genero.html.

[2] ENGELS, Frederick , The Origin of the Family, Property and the State, International Publishers, New York , 1972, pp. 65-66.

[3] SOMMERS, Christina Hoff. Who Stole Feminism?, Simon & Shuster , New York , 1994, p.257.

[4] Concluding Observations of the Committee on the Elimination of Discrimination Against Women: Belarus . 31/01/2000, n. 361.

[5] Recusar, negar, impedir, preterir, prejudicar, retardar ou excluir, em qualquer sistema de seleção educacional, recrutamento ou promoção funcional ou profissional: Pena – reclusão de 3 (três) a 5 (cinco) anos.
[6]
Disponível em:
[7] Cf. CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre a colaboração do homem e da mulher na Igreja e no mundo. 31 maio 2004.