domingo, maio 31, 2009

Falando sobre gente excluída. . .

O Brasil está sendo governado pelos “excluídos”. Um tipo declassès “vítima” da sociedade, mórbida criancinha imatura e mimada, que culpa a humanidade pelas suas frustrações pessoais. O representante-mor de dessa turma da exclusão, sem dúvida, é o presidente Luis Ignácio Lula da Silva. Ele personifica a mentalidade de uma época e a sua decadência espiritual. É o operário permanente, o sindicalista em tempo integral, o “filhinho” nordestino do Brasil pobre, ainda que hoje esteja no mais poderoso cargo da república e seja um homem muito rico. Curiosa definição da elite petista: uma elite que nunca é elite, sempre coitadinha, sempre injustiçada e cheia de autopiedade neurótica de si mesma, ainda que tenha o Estado e as verbas públicas nas mãos. A vulgaridade do presidente em sempre querer ser o perpétuo excluído chega a ser patética: Lula continua fazendo o papel demagógico da criatura inculta e ignorante de sempre, usando de um português vulgar ao público, achando que isso reproduz a linguagem tosca dos pobres. O encargo da “elite” ou da classe malvada é sempre da oposição. Isso quando há oposição: apenas 16%!

Recentemente, o presidente deu mais uma de suas inumeráveis declarações infelizes, que refletem o nível de mentalidade ao qual estamos sendo governados. No dia 28 de maio de 2009, no lançamento do Plano Nacional de Formação de Professores de Educação, Lula falou que: "Uma das razões pelas quais a escola pública foi se deteriorando é porque grande parte da classe média se afastou dela. Para não brigar [por qualidade], decidiu colocar os filhos na escola particular. E pagar na mensalidade de 3º ano primário o mesmo preço de uma universidade particular (...)"Nós precisamos caminhar para uma escola com tamanha qualidade, em que a disputa das mães e dos pais seja para colocar os filhos nas escolas públicas, e não correr ou fugir para escola privada, como aconteceu em 1970, 80 e 90". Se o operário das idéias não tem domínio correto no português, o mesmo pode se deparar com a lógica. Ele inverte todo o sentido da responsabilidade em culpar as vítimas pelo crime. Nas suas palavras, a culpa não é do governo, que usa mal o dinheiro público e mantém escolas ruins e fajutas. A culpa é da classe média, que não mendiga ao governo. A inversão de responsabilidades é notória. Se o Sr. Lula e os demais governantes financiam uma escola ruim, a culpa é do cidadão comum, que supostamente não exige o que ele e os políticos deveriam fazer.

A frase é mentirosa, para dizer o mínimo. A classe média se afastou da escola pública justamente para buscar qualidade de ensino. Se a escola privada educa melhor, por que valorizar os serviços de pocilga da educação estatal? Porém, na mentalidade patrimonialista e autoritária do presidente, todo mundo tem que bajular o governo. A culpa, por assim dizer, da classe média, é de agir independentemente, mostrar que não precisa beijar a mão de Lula para ter o que precisa. Ele acha que a classe média deveria ser um protótipo do retirante nordestino, e o Estado, uma espécie de coronel do sertão, na figura de um distribuidor de cestas básicas ou de bolsa-esmola qualquer. Se este país ainda tem algum tipo de desenvolvimento econômico é por conta da existência de uma classe média de empreendedores, ainda que massacrada pelo governo, através de impostos e políticas econômicas malucas. Ela é uma das maiores vítimas do peso de um governo caro, dispendioso, inútil e corrupto. Isso porque também paga pelas escolas públicas. Só que a classe média não as usa, por razões óbvias. E a maioria dos pobres só não foge do ensino público, porque não tem opção.

Curiosamente, o presidente que inquire a classe média por não exigir escola pública de qualidade é o mesmo que educou sua filha em Paris, financiado por algum amigo da elite da vida. É a mesmíssima filhinha de papai que explora a classe média empobrecida quando faz sua farra dos cartões corporativos às nossas custas. O outro filhinho do presidente, seu Fábio Luis "Lulinha", também estudou em escola particular. Se a justificativa presidencial é mentirosa, ela também é hipócrita. Como um bom oportunista demagogo, o presidente Lula tem discurso pra todas as platéias. Todavia, ele tem o luxo de mentir à vontade, já que tem o apoio da imprensa e de uma boa parte da classe política vendida deste país. Nunca neste país alguém mentiu com tanta aceitação, popularidade e condescendência. . .

Por outro lado, há uma perversão política de raciocínio na idéia do presidente. Ele induz a crer que a educação privada seja uma espécie de usurpação das funções do Estado. Na lógica dele, o Estado deve controlar tudo. Há até uma sutil chantagem psicológica contra a classe média. Lula dá a entender que a busca de ensino melhor nas escolas privadas é algum paradigma malvado das elites, uma conspiração contra a educação pública. Entretanto, o que se pode esperar de um governo cujas credenciais ideológicas são totalitárias? A educação pública é um dos maiores engodos do Estado moderno, uma das maiores usurpações das funções privadas dos cidadãos comuns de educarem seus filhos. Se não bastasse a incompetência do governo em instruir filhos alheios, ele não se contenta com seus fracassos: quer criminalizar quem educa melhor. O bem privado e a livre iniciativa são malvistos. E numa época onde a ideologia socialista domina como nunca as escolas e universidades, essa crença fantasmagórica do Estado supremo, onipotente, pai de todos os pobres e justiçador de todos os ricos, cada vez mais oficializa o governo na tomada de espaços outrora gerenciados pela sociedade civil. E o lento e gradual braço estatal se expande sobre tudo e a todos, bestializando a sociedade, tornando o indivíduo eternamente infantil, eternamente dependente das amarras governamentais. A vitimização do “excluído” é um sintoma ideológico dessa doença. Uma histeria que premia certos vigaristas e mantém muitos idiotas úteis!

O desprezo de Lula pela classe média tem sentido. Uma boa parte dela não se coloca como a “excluída” que dependa dos caprichos e favores do Estado. Entretanto, essa classe de pessoas está cada vez mais excluída das benesses do governo. Ela é criminalizada, insultada e literalmente roubada. E ela paga a conta pelos autonomeados “excluídos” de plantão!

quinta-feira, maio 28, 2009

O excluído, esse indivíduo perigoso da civilização.


Ouço uma moda comum nas universidades públicas e privadas, que é um vício de linguagem generalizado em todos os cursos acadêmicos, principalmente nos de pedagogia: a idéia vitimológica de exclusão social. Ela implica dizer que a sociedade capitalista atual em que vivemos é malvada e injusta, pois existem pessoas que não são supostamente “aceitas” do meio social, excluídas, rejeitadas de todas as formas possíveis. E que para isso o Estado deve estender suas mãos e ampará-las em soluções compensatórias de suas desgraças. A esquerda radical inventou até uma data, usurpando o dia cívico da independência, o sete de setembro: “o grito dos excluídos!”. É o mal que surge da Revolução Francesa pra cá. Os sans-culottes ainda usam calças curtas!

Recentemente assisti a um vídeo do notório charlatão disfarçado de pedagogo, o Sr. Paulo Freire, que fazia declarações, mostrando sintomas de mal de Alzheimer: “Eu morreria feliz se eu visse o Brasil cheio em seu peito histórico de marchas, marchas dos que não tem escola, marcha dos reprovados, marcha dos que querem amar e não podem, marcha dos que se recusam a obediência servil, marcha dos que se rebelam, marcha do que querem ser e são proibidos de ser.”. E o sujeito acredita que tais revoltas são ímpetos amorosos para “mudar o mundo”. Parafraseando o seu “peito histórico” de marchas, eis que me deparo com as lembranças de um homem que foi profundamente “excluído” durante uma boa parte de sua vida e que mudou radicalmente a história do século XX. Este pobre coitado se chamou Adolf Hitler. E sua marcha, seu “movimento social” de grito dos excluídos, por assim dizer, foi o nazismo. Ainda relembro daquele desfile militarizado das bandeiras nazistas, filmado com tanta maestria por Leni Riefenstahl, no seu filme, “O Triunfo da Vontade”. O desfile do Partido Nazista é a marcha histórica dos excluídos da Alemanha.

É interessante notar que certos historiadores e sociólogos esquerdistas defendam os chamados “movimentos sociais”, exaltando os grupos operários, camponeses e marxistas, quando ignoram conscienciosamente que o nazismo e o fascismo foram movimentos muito mais agregadores do que o marxismo, ideologia comum, em grande parte, da inteligentsia e da classe média radical. Eles ignoram, ou fingem ignorar, que o nazismo, como o fascismo, foi um movimento de massas que apaixonou tanto as classes pobres como ricas, tornando-se um movimento genuinamente popular. E mais: foi um completo movimento de excluídos. Os deserdados, declassès, marginais e ralés de todas as classes sociais aderiram em peso ao partido nazista. O conceito de “popular” dos nazi-fascistas foi muito mais abrangente do que os marxistas. Eles não abrangiam uma classe específica (os alemães e italianos estavam fartos de facciosidade partidária e classista de suas democracias parlamentares), mas todo o conjunto da nação. E por que não falar da psicologia do mais completo dos excluídos e um dos mais importantes deles, senão Adolf Hitler?

No interessante livro sobre a vida do líder nazista, escrito pelo fantástico historiador alemão Joachim Fest, deparei-me com um Hitler curiosíssimo. Não aquela figura caricatural apresentada na TV ou em alguns livros, como a figura do tirano histérico e assassino em massa. É o Hitler jovem, na sua adolescência, que sonhava em ser artista e que, na descrição de seus contemporâneos dessa época, tinha delírios de grandeza sobre si mesmo como pintor. À primeira vista, esse Hitler jovem não parecia nada de anormal, era um adolescente tolo, auto-suficiente, como o são uma boa parte dos jovens. Há até um ar de hippie, de contracultura, no posicionamento dele, algo que se encontraria perfeitamente no Fórum Social Mundial. Entretanto, há algo em Hitler que parecia refletir no seu comportamento: por mais que aparentemente fosse cheio de si, o jovem austríaco filho de funcionário público se sentia um eterno excluído, porque não concretizava nada dos seus sonhos e desejos. Sua juventude é cheia de fracassos. Ele não consegue passar na Escola de Belas-Artes em Viena e vagueia por anos, sem rumo e sem norte, na grande capital austro-húngara, procurando algo para se sentir importante. Se o iludido sobre si mesmo é frustrado e egocêntrico, ele acha que alguém neste mundo o injustiçou. A transferência de responsabilidade é notória. A culpa não foi dele, mas da sociedade que não o reconhece. Essa revolta é visível em Hitler. E da revolta, há de surgir os bodes expiatórios. A descrição estereotipada dos judeus feita no Mein Kampf é uma projeção de ódio imaginário a algo que se quer culpar. E Hitler não estava sozinho nessa idéia. Alguns alemães se achavam excluídos em seus países, seja na Áustria e na Alemanha. Quando eles foram derrotados na Primeira Guerra Mundial e humilhados pelo Tratado de Versalhes, esse fosso de inferioridade contagiou uma boa parte do povo germânico. E o judeu, o pária social, que virou tanto elite econômica capitalista como elite política comunista, tornou-se o opressor, o dominador, em escala nacional e mundial.

O bolchevismo é outro fenômeno do excluído, embora tenha uma grande força na classe média universitária, bem mais do que nas classes baixas. De aristocratas renegados como Lênin a judeus apóstatas como Trotsky, percebe-se aquele ressentimento típico de homens de elite que não se satisfazem com o reconhecimento social que possuem. Eles queriam mais, queriam o poder absoluto. E para isso, odiavam os membros de suas próprias classes, ainda não que não amassem as classes baixas. Pelo contrário, percebe-se que para estes indivíduos, as pessoas normais não são seres de carne e osso. São categorias abstratas e impessoais, adaptáveis às estruturas fantasmagóricas de suas ideologias, cujo ódio pode ser facilmente racionalizado e a moralidade neutralizada. Assim fica mais fácil matar. Contudo, Stálin é um caso à parte, um filho de sapateiro da Geórgia que se assemelha muito a Hitler em vários aspectos: o narcisismo exacerbado, a ânsia de ascensão a todo preço e a crueldade vingativa contra a humanidade, por supostamente excluí-lo. Nesse quesito, o ditador soviético era pior: não poupara a maioria dos seus rivais no Partido Comunista, matando quase todos eles.


Atenhamos a frase de Paulo Freire, sobre as passeatas dos rejeitados e toda sorte de estúpidos neuróticos que se vitimizam. Para ele, basta gritar, espernear e reunir uma turba, que essa gentalha lunática já se torna portadora de direitos, de exigências. Se o negro se sente rejeitado pelo branco, se a mulher se sente rejeitada pelo homem ou se o homossexual se sente rejeitado pela Igreja e pela sociedade heterossexual, claro, é porque o seu sentimento de rejeição demanda direitos. O pior é que o pedagogo estúpido ainda coloca os reprovados na sala de aula como alguém credor de reivindicações: ou seja, o negócio mesmo é matar a professora ou bani-la num campo de concentração qualquer, porque ela é uma odiosa paladina da pedagogia da opressão capitalista. Daí a entender o porquê do aluno brasileiro médio ter sido bestializado, a ponto de não ser mais avaliado pelos critérios de provas e vestibulares; e o porquê dos professores serem espancados na sala de aula. As provas são opressivas aos alunos burros! E os alunos burros são excluídos e potencialmente revolucionários porque odeiam a professora exigente e os colegas inteligentes que estudam. E os que querem amar e não conseguem? No palavrório vazio do Sr. Freire, os que querem e não podem amar, bem que poderiam estuprar ou matar a mulher amada que rejeita o amante. E os que querem ser? Os psicopatas são o que são e realmente há muitos problemas com eles. Devem ser pobres “excluídos”, coitados, porque muitos estão na cadeia e a sociedade não permite a eles serem como são. A conclusão que se chega é a de que o Sr. Paulo Freire, um dos arautos do discurso dos excluídos na educação, não passa de um débil mental, um velho senil e infantil, que fala asneiras com solenidade messiânica. E os seus seguidores o aplaudem, tais como os beatos do Antonio Conselheiro!

E por falar em imaturidade, o paradoxo de nossa época democrática é a politização do ser imaturo, do homem comum tolo, que não consegue governar sua cozinha e quer ditar para o mundo inteiro. Como se acha mais importante do que a média dos medíocres, ele crê que a indiferença sobre seus dotes é um ato de injustiça. A aceitação do outro agora é obrigatória, as criaturas mimadas não podem ser rejeitadas ou ignoradas. Elas devem ser eternamente bajuladas. Convém dizer que esse tipo de “excluído” está muito bem financiado, seja com verbas públicas, seja com dinheiro de empresas psicologicamente chantageadas por ONGs e “movimentos sociais”. É este tipo humano espiritualmente fraco que faz as fileiras no Partido Nazista, Fascista e Comunista ou mesmo no MST. Desde quando uma mulher é importante por ser mulher, um negro é importante por ser negro, um pobre é importante por ser pobre ou um homossexual é importante por ser homossexual? Eles se acham importantes, tal como Hitler se achava o membro eleito da raça ariana. Na idéia desses notórios palermas, a “emancipação”, a “libertação”, a “autonomia”, é a satisfação completa de seus caprichos, sem a menor preocupação com a realidade, ou mesmo com o dever, que é o contraponto ao abuso do direito. Na concepção deles, a “justiça”, por assim dizer, não é o princípio universal que orienta as civilizações para o dar o que é devido; é a prerrogativa fútil de pessoas infelizes, deserdadas, porém, invejosas, que se rebelam contra tudo e contra todos. Elas se sentem injustiçadas, porque, na prática, são intelectual e moralmente inferiores, e querem condenar em indivíduos destacados, ou mesmo na sociedade, como responsáveis pela causa de todos os seus males. Isso é a inveja elevada como protótipo de justiça. A ascensão dos excluídos no poder acaba se tornando despótica. E eles tiranizam o povo, porque o ódio aos melhores acaba se tornando um ódio universal sobre o mundo. Quando organizações como o MST exigem determinadas regalias, ainda que pisando sobre todas as leis do Estado de Direito Democrático, em conjunto com grupelhos estudantis e ONGs que condenam a “criminalização dos movimentos sociais”, eles estão dizendo, nada mais, nada menos, que podem fazer tudo. A lei, o dever, a ordem, a democracia, simplesmente não valem nada. O que vale é a vontade de poder deles. Foi a partir dessa premissa que Hitler conseguiu destruir a democrática República de Weimar. Os alemães excluídos tomaram o poder no grito. E também na porrada!

Os “movimentos sociais” de esquerda partem da mesma exploração dos sentimentos de rejeição que engendraram e arrebanham os grupos totalitários. Se cada ditadura comunista ou nazista teve um Stálin ou Hitler como líder, em cada exigência descabida, em cada militância fanática dos chamados “excluídos”, há um Hitler ou Stálin em miniatura, um ditadorzinho atomizado dentro da massa, inquirindo toda a sociedade ao bel prazer dos seus disparates. O problema é que os seres da massa são demasiados medíocres, não possuem o dom da liderança. Pelo contrário, preferem ser mandados como quaisquer capatazes de fazenda. A ideologia do excluído ressentido não cria cidadãos autênticos; gera tão somente uma legião de seres tolos, infantilizados, dependentes, incapazes de serem cidadãos, justamente porque são incapazes de assumir atos responsáveis de adultos. Não é por acaso que exigem um líder salvador ou um Estado acolhedor e opressivo para suas vidas. Eles são “homens-massa”, precisam de um "führer" alemão ou de um "Void" soviético para se locupletarem. Maturidade é senso de dever. E o direito exigido dentro do dever é exigir aquilo que é merecido, não aquilo que não nos convém. Quem tem consciência dos deveres não teme a exclusão, porque ela faz parte da vida, já ninguém está inserido em tudo. O homem maduro sabe que a vida, naturalmente, impõe limites. Ninguém precisa da aceitação comum pra ser alguém ou ter valor. Basta ter valor entre seus pares dignos. A justiça está nos atos de quem a merece. O universo dos “excluídos”, ou seja, não daqueles que precisam de amparo autêntico, e sim, dos imaturos, toscos, idiotas e cretinos que são mão-de-obra para os projetos totalitários esquerdistas, é a força motriz que ameaça internamente nossas democracias e a própria civilização.

quarta-feira, maio 20, 2009

Catolicismo de aparências. . .


É com enorme surpresa que recebo várias cartas de alguns católicos furiosos, a respeito de meu artigo, “Os focolarinos e sua economia de ‘comunhão’ comunista", no site Mídia Sem Máscara. De fato, tento encontrar explicações para tamanho furor, já que até o dado momento, ninguém me deu um argumento convincente para que eu mudasse de idéias, a respeito das incoerências intelectuais do movimento focolarino. A grande maioria, curiosamente, usou do argumento da autoridade, para querer rebater meus argumentos. Ou, na pior das hipóteses, duvidaram da minha honestidade sobre o assunto.

Catalogarei alguns comentários e serei o mais sintético possível. Um certo Sr. Serafim me responde da seguinte forma, direcionando o seu recado ao editor do MSM: “Prezado Editor Edson Camargo, Escrevo para lamentar o artigo "Os focolarinos e sua economia de comunhão comunista", de Leonardo Bruno. Estudo a Economia de Comunhão há 10 anos e fiquei surpreso com a virulência, desrespeito e preconceito discorridos pelo autor”. Curiosa argumentação, já que o sr. Serafim não especifica esses preconceitos, usando seus argumentos de maneira genérica e evasiva. Da minha parte, não houve desrespeito algum, mas tão somente uma descrição dos fatos que eu li, da parte do próprio movimento focolarino. Se o Focolares não consegue responder pelo que escreve, aí é outra questão. Por outro lado, o Sr. Serafim não justifica a idéia focolarina; busca o pressuposto de uma autoridade para justificar o seu pensamento. Ele diz: “Por fim, se a proposta econômica fosse tão tola, como afirma o autor, um dos mais respeitados economistas italianos – Stefano Zamagni – não se interessaria por ela, e nem o Parlamento Europeu pediria para que Chiara Lubich se pronunciasse a respeito da Economia de Comunhão, como aconteceu em 1999”. Ora, se buscarmos a autoridade de uma idéia apenas no reconhecimento de uma entidade ou de um economista, o movimento socialista, que tem o controle de uma boa parte das universidades e escolas de nosso país, elegeria Cuba, Ex-União Soviética e China como o cúmulo do modelo sacrossanto de "economia de comunhão”, sem que ninguém se escandalize com isso (salvo eu, claro, os articulistas do MSM e alguns outros conservadores sensatos). E a União Européia, que é um antro de sociais-democratas, não é a entidade apropriada para se falar de economia. Chiara Lubich e União Européia estão juntas nos ideais. A burocracia mundial é o sonho delas.

Por outro lado, um Sr. chamado Galeno veio me ensinar história, ainda que de forma inapropriada. Ele diz: “No seu infeliz exemplo (os países anglo-saxões), o sr. não falou o essencial: Os países anglo-saxões ficaram ''ricos'' devido também aos roubos a países católicos que dominavam os mares na época, e que eram as potências (Espanha, Portugal, Itália,...) do mundo. Será que o sr. se esqueceu que foram os calvinistas que invadiam territórios portugueses e espanhóis?”. Sua argumentação é de uma particular vitimização histórica dos países católicos e, portanto, incorreta. Países como Eua, por exemplo, não ficaram ricos por conta dos saques dos países católicos. E por mais que a Inglaterra usasse do expediente nem um pouco honesto da pirataria, nem isso foi o fator determinante que fez desta nação uma potência rica. Foi o investimento de capitais no comércio e na indústria é que fizeram da nação inglesa a mais rica da Terra. Isso porque não sei de onde o nosso amigo tirou a idéia de que a Itália fosse potência de alguma coisa! A Itália dos séculos XIV, XV e XVI nem existia como país e era um aglomerado de feudos, cidades, repúblicas e principados que guerreavam entre si e que estavam em franca decadência econômica no século XVII. Os calvinistas, com todos os pecados teológicos visíveis na sua doutrina, em países como Eua e Inglaterra, escolheram o caminho certo dos valores democráticos e parlamentaristas. As sociedades católicas acabaram sufocadas pelo absolutismo monárquico e pela burocracia patrimonalista e parasitária, sustando o seu desenvolvimento comercial e mesmo político, já que as cortes e parlamentos perderam força nestes países. Isso responde, com muito mais propriedade, a pobreza de alguns países católicos e a riqueza de alguns países protestantes. Espanha e Portugal não entraram e decadência por conta da pirataria inglesa. Os fatores de sua miséria foram intrínsecos.

Por outro lado, o Sr. Galeno comete outros erros históricos graves: “Será que o sr. se esquece que o tirano Henrique VIII na inglaterra tomou na marra mosteiros e Igrejas (a mesma coisa aconteceu na Alemanha com o imbecil do Lutero) só porque o Santo Papa, na época, se negou a dar-lhe o divórcio? Será que o sr. não sabe que os huguenotes roubavam e invadia terras da Espanha e Portugal?”. Primeiramente, a Inglaterra era assustadoramente pobre até a segunda metade do século XVIII. Com certeza não foi o roubo de Henrique VIII que tornou a Inglaterra mais rica. Pelo contrário, a sociedade inglesa empobreceu absurdamente, uma vez que os serviços da Igreja, que atendiam os pobres e mendigos, foram extintos. Quem ficou rico foi o Estado inglês, que confiscou os bens eclesiásticos. Por outro lado, ainda não entendi qual a relação entre a riqueza protestante e a rebelião luterana na Alemanha? O luteranismo não fortaleceu o capitalismo, tal como se diz por aí e, e sim o feudalismo alemão, já que os príncipes protestantes se outorgaram na autoridade de nomear sua própria Igreja, acabando de vez com a unidade do Sacro Império Romano-Germânico. Por outro lado, a Reforma causou uma guerra civil feroz entre os príncipes alemães e cem anos depois, no século XVII, a Alemanha foi palco da guerra dos trinta anos, dizimando várias cidades e povoados, pilhadas tanto por tropas católicas e protestantes. Enfim, eu não me esqueci de nada, ao contrário do Sr. Galeno!

Se não bastasse esse jogo de aparências, de argumentos falaciosos, eis que recebo, também, a indicação de um Sr. chamado Munir Cury, homem que, pelas credenciais, dá o aval de sua importância pomposa e inútil. Identifica-se como Procurador de Justiça e fala de todas as premiações de sua vida (como se isso fosse importante para o debate!). Ninguém queria contratá-lo, porém, mesmo assim ele expôs seu Curriculum Vitae no MSM. E ele me critica no chamado conceito do “bem comum”, ao qual descrevi em meu artigo. Assim ele afirma: “Refiro-me inicialmente à sua abordagem superficial e lacunosa em relação ao bem comum, instituto jurídico que vem sendo analisado desde São Tomás de Aquino, passando por renomados juristas, desde Marrés, Desrosiers e Vermeersch, feliz e sabiamente sintetizado pelo inesquecível Papa João XXIII na sua conhecida encíclica "Mater et Magistra", nos seguintes termos, "in verbis": o bem comum "abarca todo um conjunto de condições sociais que permitem aos cidadãos atingir a sua perfeição com maior plenitude e facilidade. (...) Mencionei as referidas autoridades na matéria, exatamente em razão da vazia erudição da sua abordagem a qual não só desinforma o leitor, mas e sobretudo, desloca o foco e provoca equivoco na sua mente”. Aí eu pergunto ao genérico e pedante jurisconsulto: que condições sociais são essas? É curioso que um sujeito que se diz católico reduza a discussão do bem comum a um termo de “condição social” e não a uma seara de princípios éticos, morais e naturalísticos que definem a hierarquia de valores da sociedade política. Por outro lado, vejo uma profunda falta de humildade e ressentimento no discurso presunçoso. Todavia, o Sr. Munir acha que damos a mesma importância aos diplomas dele, tal como ele próprio. Um caso curioso de bacharelismo rasteiro. Entretanto, como dizia a frase que eu ouvia na academia: quanto maior o anel, mais burro é o bacharel. A razão da autoridade é algo que não me assusta.

Mas o Sr. Procurador não se deixa de rogado. Ele diz: “E o dever do jornalista parece-me ser outro, aliás, muito diverso! De outra parte, é no mínimo preocupante o seu sectarismo radical quanto à trilogia proclamada pela Revolução Francesa - liberdade, igualdade e fraternidade, e se as duas primeiras você as reverbera com argumentos frágeis, quanto à fraternidade demonstra total desconhecimento histórico, político, jurídico e humanista”.

Trilogia proclamada por quem, cara pálida? Argumentos frágeis é o do Sr. Procurador, que parece desconhecer o histórico da “fraternidade” da revolução francesa: a fraternidade dos maçons fanáticos que cortam cabeças de nobres, clérigos e católicos, em nome “igualdade” totalitária e socialista. E a “liberdade” do bonapartismo implantando militarismo em tudo e destruindo literalmente a liberdade. E, convenhamos, Sr. Procurador, papinho de humanista o que? O seu “humanismo”, com certeza, não é católico. É o humanismo laicista que domina uma boa parte do linguajar curiosamente socialista dos Focolarinos. O humanismo, que na prática, é ateu e colabora muito bem com os inimigos da Igreja.

Todavia, o Procurador tem o vício típico daqueles fazedores de regras característicos dos nossos positivistas de plantão. Basta um decreto embelezado para resolver todos os nossos problemas. Ele diz: “Digo isto porque, na condição de advogado que é, deveria ter ao menos conhecimento da forte corrente doutrinária mundial que vem se afirmando em inúmeros países, desde o primeiro mundo aos emergentes (como é o caso do Brasil), aplicando a fraternidade como princípio jurídico fundamental”. Sr. Procurador, quem adora modismos bonitinhos é V.sa. Sinceramente, uma fraternidade garantida por decreto não é verdadeira fraternidade. Com todo o respeito, isso é coisa de jurista imbecil! Ninguém é irmão de alguém por decreto governamental, salvo nas cabecinhas infestadas de ideologia de engenharia social.

Por outro lado, o Sr. Procurador se acha o mais avançado porque se entrosa com discurso da moda: “Em suma, a sua abordagem, falha, peca e ignora o que existe de mais moderno no Brasil e no mundo”. Em suma, é o mesmo argumento de vender um peixe ideológico ao passá-lo por “progressista”. A justificativa do Sr. Procurador é, no mínimo, ridícula. E ele ainda reitera: “O mesmo se diga - desinformação e desatualização - quanto à comunhão e mesmo dos grandes progressos alusivos ao ecumenismo”. Lamento, caro colega: não compartilho do “ecumenismo” que destrói a Igreja como Verdade e a transforma num gosto como outro qualquer, tal como macumba de encruzilhada, Santo Daime ou horóscopo de I Ching. Isso é catolicismo de focolarino, que vai ao FSM, assina uma carta globalista da ONU e ainda prega economia de “comunhão”, que é mera reprodução messiânica de socialismo. E acrescento mais, sr. procurador: seu "progressismo" não passa de uma notória besteira iluminista, que desprezo com profundo prazer!

Antes que historiadores toscos e juristas pedantes e tolos apareçam para destilar autoridade que não possuem aqui, faço os seguintes desafios ao Srs. Serafim, Galeno e Munir: por que uma associação católica participaria em um movimento proto-comunista do Fórum Social Mundial? Por que o movimento focolarino, em seu site, defende o domínio mundial da ONU e a destruição da soberania dos povos, inclusive, adulterando o sentido do princípio da subsidiaridade da Igreja, afirmando, categoricamente, que os Estados nacionais serão subsidiários da própria ONU?! Inclusive, neste mesmo congresso globalista, os focolarinos usam os slogans da Revolução Francesa, liberdade, igualdade e fraternidade, a despeito das perseguições religiosas que a Santa Madre Igreja sofreu com os revolucionários franceses. Por que o movimento Focolares assinou um documento que “urge reforçar a ONU” e, ainda, no sentido de “tornar-se uma autoridade mundial”? Gostaria de ver essa força contra os inimigos da Igreja Católica. Com o devido acatamento aos senhores aborrecidos, esse catolicismo focolarino é só mera aparência. . .

http://www.focolare.org/page.php?codcat2=1216&codcat1=278&lingua=PT&titolo=os%20caminhos%20do%20di%C3%A1logo&tipo=declara%C3%A7%C3%A3o%20pela%20paz

Está na página dos focolares. Gostaria, desde já, que os focolarinos se retratassem e explicassem o que significam essas idéias. . .

sexta-feira, maio 15, 2009

Resposta a um focolarino.

Um leitor do site Mídia Sem Máscara, que se identificou como Sr. José Bonfim, ficou particularmente incomodado com o meu artigo "Os focolarinos e sua economia de ‘comunhão’ comunista", a respeito das notórias semelhanças do projeto do movimento católico Focolares e o ideal utópico socialista. Tais comentários causaram certo constrangimento ao leitor, que achou excessivos os meus comentários. Entretanto, vamos analisar os fatos. Faço as seguintes análises, destacando as partes da carta que recebi dele:

“Prezado Conde e editores do MSM, Li com atenção o artigo "Os focolarinos e sua economia de “comunhão” comunista" e devo dizer que nem tudo é verdade no que vai escrito ali. Meus pais resolveram aderir a Economia de Comunhão formando uma empresa, isto é, livremente resolveram aplicar tempo e capital num empreendimento que serve aos fins da EdC. Isso pode até ser uma espécie de socialismo utópico, mas comunismo não é, uma vez que aderiram livremente ao projeto, dando os lucros segundo o julgamento pessoal de cada um deles”.


Conde-Eu não nego o direito dos focolarinos de divulgarem ou mesmo criarem seu modelo utópico para si mesmos. Entretanto, a minha crítica é a maneira distorcida com que o movimento adere a esse projeto utópico e usa do arcabouço católico para fazer a promoção dessa utopia. Ele lembra as esquisitas engenharias sociais pautadas nas ideologias socialistas, já que nega a importância do indivíduo, a propriedade privada e criminaliza o lucro como algo culpável e que precisa ter um retorno dito "social". Isso porque esse “social” parte da idéia de que a coletividade é suprema em relação ao indivíduo. E não se está falando de um movimento isolado, e sim, com certo endosso da Igreja Católica, que pela sua doutrina, zela pela propriedade privada, pelos direitos naturais e pela economia de livre mercado. Há quem diga que muitos focolarinos são maçônicos, em particular, uma história contada da boca dos católicos tradicionalistas. Bem, eu não posso confirmar essa fonte até porque não tenho fundamento para afirmá-la. Mas que há certa semelhança ao projeto revolucionário socialista, isso é notório. E o caráter "ecumenista" de diluir a religião católica em outras religiões lembra muito o pensamento da maçonaria. Não deixa de ser uma forma perigosa de relativismo.


“Devo lembrar que liberdade é, inclusive, liberdade para doar o que se possui. Se tal comportamento econômico é realmente próspero, bem, tenho lá minhas dúvidas, mas isso não invalida a experiência como um todo, não enquanto não se fizer uma análise mais detalhada da EdC, pois há entre as empresas da EdC aquelas que vão muito bem e aquelas que vão muito mal, como sói acontecer no capitalismo”.


Conde-Veja uma coisa: se alguém quiser doar seus lucros para os pobres, tem todo esse direito. O que não é aceitável é que um movimento católico seja aliado dos socialistas, tanto num projeto político, como mesmo num encontro de esquerdas, como foi o caso do FSM.


“Devo lembrar que Chiara nunca disse que deveria haver uma ruptura com o modelo capitalista de produção. Há que se destacar, além disso, a distância que há entre o discurso de alguns membros do Movimento dos Focolares e a orientação legal do Movimento, presente nos estatutos que foram, aliás, aprovados pela igreja. Que há comunistas enrustidos no Movimento dos Focolares, sim, os há, mas dizer que o Movimento é comunista é balela”.

Conde- No entanto, se os Focolares não se declaram comunistas, ao menos, comungam de certos valores comunistas. Isso está muito explícito no raciocínio deles. A própria Chiara faz concessão a este raciocínio, já que ela acha que vê algo cristão no socialismo. E isso é incoerente com a Tradição Católica e mesmo com o bom senso. O que há de entender é que o projeto socialista parasita o cristianismo. Daí a linguagem da igualdade ser distorcida, na idéia primaz de que o indivíduo, para ser “igual”, deve ser um padrão da coletividade. Até o termo comunhão, utilizado pelo movimento, é distorcido. No sentido católico do termo, comunhão não significa bens comuns, falta de individualidade e coletivismo. Significa valores comuns de irmandade, no ponto de vista da religião, da fé, da moral e do reconhecimento da igualdade de direitos. Só que nesta comunidade, cada um é senhor de si mesmo e dono de seus bens.


“Para ilustrar permito-me dizer que o Movimento foi uma das principais ferramentas da igreja na extinta cortina de ferro. O cardeal Miloslav Vlk, por exemplo, só pode continuar exercendo seu ministério em Praga pois se abrigou em uma casa focolarina, dado que os focolarinos eram leigos e não despertavam tantas suspeitas por parte da KGB. A EdC não é comunista, pode não ser viável, mas isso só o tempo provará”.


Conde-Meu caro amigo: tivemos 80 anos de história soviética para provar que a destruição do indivíduo pela coletividade é uma balela. Ainda que por meios mais suaves e linguagem mais adocicada, os focolarinos partem dos mesmos raciocínios coletivistas dos socialistas. Será que é precisamente pelo fato de serem tão parecidos com os socialistas nas idéias é que a KGB tenha sido tolerante com esse grupo? A questão é: uma coisa é a caridade, a idéia de que um empresário pode doar parte de seus lucros para ajudar os pobres, sem a devida condenação aos ganhos pelo suor de seu trabalho. Outra coisa é a engenharia social de negar o direito de apropriação privada em favor de uma coletividade abstrata, que na prática, é perfeitamente concreta, no domínio pleno dos socialistas como proprietários, através do Estado ou de qualquer outra entidade política. A propriedade, mesmo no socialismo, jamais é abolida: ela simplesmente se torna propriedade de quem controla os bens, em nome da coletividade.


“Não é dito que aos capitalistas seja proibido disporem livremente de seus lucros. Um empresário pode guardar seu dinheiro na poupança ou pode ajudar algumas pessoas mais necessitadas, mas esta decisão é sempre mais complexa do que parece, e creio que somente a consciência individual do empresário pode decidir o que fazer. O que permanece como constante na EdC e no capitalismo é busca do lucro, o que só pode vir pela busca de excelência em produtos e serviços, bem como pela sorte. Há uma confusão de fundo presente no discurso de alguns membros do Movimento. Eles não conseguem ver que o capitalismo é próspero em si, mas isso porque eles acabam vendo o capitalismo apenas em sua dimensão técnica, não vendo a base cultural que deu sustento e promoveu o crescimento capitalista”.


Conde- É correto dizer que o capitalismo gera prosperidade, mas a pergunta que não quer calar é: por que os focolarinos partem de premissas anticapitalistas para gerenciar seu movimento? Por uma razão simples: os focolarinos são socialistas. Eles se utilizam dos esquemas mentais marxistas para criticar o capitalismo. Os vícios de raciocínio dos focolarinos possuem os mesmos pecados intelectuais da Teologia da Libertação. Eles caem numa terrível esparrela gnosticista dos materialistas históricos e dos milenaristas messiânicos.


“Mas devo lembrar que isso acontece hoje em dia na igreja católica como um todo. Nem todos os mercados são legítimos, e a China prova isso”.


Conde- A ilegitimidade do mercado não está na busca de acumulação individual em si, mas no quesito moral da atividade ser honesta ou não. O problema é que o focolarino médio coloca o acúmulo de riquezas como algo essencialmente ruim. Isso entra em contradição com a história intelectual da Igreja: ninguém pode fazer a caridade sendo pobre. Uma pessoa só pode ajudar a outra, se tiver meios para isso. A Igreja não condena o acúmulo de riquezas; condena a supremacia dos bens materiais sobre os valores espirituais, ou seja, a avareza e o materialismo. Porém, nem por isso a valorização dos aspectos espirituais implica ser imprudente e insensato no uso das riquezas. E um adendo: o mercado “legítmo” de Chiara Lubich não é a da democracia liberal, que gera riqueza e prosperidade. Ela prega como legítimo, justamente o mercado com viés socialista, o mercado hoje vigente na China.


“Mutatis mutandis, as várias intervenções que o Olavo de Carvalho tem feito contra o grau-zero do liberalismo, ou seja, contra os liberais apenas e tão somente ligados a liberdade sem freios, mostra que é estupidez intelectual crer na supremacia do elemento econômico como gerador de todas as liberdades”.

Conde- A questão é: o estigma antiliberal que fala de um liberalismo sem freios é muito mais um mito socialista do que uma realidade. Essa sociedade liberal sem freios, na prática, dificilmente existiu, salvo quando virou um movimento revolucionário. É possível que haja liberais amorais, toscos, que presumem a liberdade como um fim em si mesmo e não como um meio para a prática virtuosa. E que dentro das sociedades liberais haja o perigo do relativismo moral, que pode minar as instituições e os valores cristãos necessários para coibir os abusos da liberdade licenciosa. Daí que a condenação católica ao liberalismo é relacionada ao subjetivismo moral de alguns autores liberais, que transformam a liberdade, a verdade, a moral e a religião num mero capricho da vontade particular e não como obra da objetividade, razão e sensatez. O papa Pio XI afirmou que o liberalismo preparou o caminho para o socialismo. Embora ele possa ter cometido alguma generalização, o mero fato de tornar as reservas morais e éticas em fatores subjetivos da vontade não é tão diferente da chamada “vontade coletiva”, tão apregoada pelos socialistas. A diferença entre a vontade individual e coletiva é apenas uma questão numérica. Esse é, por assim dizer, o mal do liberalismo revolucionário de vocação francesa. A vontade compreende uma gama de fatores ilimitados, que levam as mais completas arbitrariedades. E neste ponto, o papa estava correto.

No entanto, as democracias liberais, dentro dos valores cristãos arraigados (e neste caso, cito as democracias anglo-saxônicas), conseguiram, até o dado momento, mostrar certa eficiência em coibir os abusos desse relativismo, já que essa liberdade é, substancialmente, arraigada de consciência moral cristã. Não vemos essa “concorrência desenfreada”, essa cupidez pelo lucro, em países liberais ricos. Pelo contrário, os direitos individuais são francamente respeitados e os empresários desonestos vão pra cadeia. Cupidez, lucro fácil, selvageria nas relações de trabalho, vemos justamente nos países socialistas, onde a sociedade civil é serva do Estado e não opina sobre nada. O mesmíssimo modelo admirado por Chiara Lubich, a despeito de suas supostas reservas às ditaduras marxistas. Os focolarinos aderem aos mesmíssimos preconceitos das idéias socialistas. Eles partem dos mesmos vícios materialistas, negando que haja, por trás das relações de mercado, uma eticidade que legitima o lucro, o ganho individual e mesmo o direito de propriedade, que aos olhos da própria Igreja, é de direito natural.


“A EdC se propõe ser um meio de partilha de recursos, sejam eles materiais ou imateriais. À diferença do comunismo, a EdC não é uma teoria, e muito da sua prática foi se formando ao longo dos anos”.

Conde- Diferente do comunismo marxista, a tal economia de "comunhão" só não é mais opressiva, porque supostamente é voluntária. Como modelo socialmente aceito, o projeto focolarino seria um desastre. Do ponto de vista intelectual da Igreja, eu diria que, além de contrário aos seus princípios, é, inclusive, antinatural e visivelmente revolucionário. Se o projeto focolarino se tornasse um projeto real de poder político, ele seria tão tirânico como qualquer regime socialista. Como ele não tem caráter político explícito, logo, ele é aparentemente inofensivo, porque está inserido numa sociedade capitalista. Mas eu reitero, só aparente. Porque o projeto utópico focolarino confunde os fiéis da Igreja Católica, deturpa os postulados morais e políticos de fé cristã e dá ganho de causa ao movimento marxista que quer destruir a Igreja. Na prática, os focolarinos, pregando suas idéias utópicas e inconseqüentes, abrem portas aos inimigos do catolicismo, mesmo dentro da Igreja.


“Ressalto também que as empresas da EdC pagam seus impostos e vivem na mais perfeita legalidade. Lembro aliás que um corte generoso em todo atual sistema de tributação (como nós liberais conservadores desejamos) muito ajudaria as empresas da EdC. Por fim, quanto a ONU e ao ecumenismo, responderei mais tarde. Agora tenho um compromisso. Deixo, enquanto isso, para introduzir o próximo debate, um trecho da carta que o atual papa enviou quando nas exéquias de Chiara Lubich: "(...) Gostaria, sobretudo, de agradecer a Deus o serviço que Chiara prestou à Igreja: um serviço silencioso e incisivo; sempre em sintonia com o magistério da Igreja".

Conde-Eu tenho lá minhas dúvidas, a despeito da opinião do papa, que ao me parece, soa infeliz. Ainda me convenço da certeza das incongruências do movimento focolarino, em particular, sua participação patética no FSM, o que já revela notória simpatia pelos modelos revolucionários esquerdistas. Um católico, por definição, não tem direito de se associar aos bolchevistas, aos movimentos de revolução cultural gay, abortista, feminista e outras demais porcarias totalitárias e promovê-las, sob pena de prostituir sua fé. Pior é o movimento focolarino sonhar com uma burocracia mundial (quer coisa mais socialista do que isso?). O Focolares é muito claro: sonha com a destruição das nações, com a supremacia da ONU sobre todos os povos e com a com a transformação dos Estados nacionais em meros organismos de um poder central. A mesma ONU que prega a agenda do politicamente correto, da destruição dos valores cristãos e da família e do controle estatal dos meios de produção pelo Estado, além da defesa criminosa dos países comunistas e islâmicos despóticos. Não está claro demais que a ideologia focolarina é comunista? Você, como católico que deve ser, também deve se questionar sobre isso. Será que o movimento Focolares serve realmente à Igreja? Já dizia a Palavra do Senhor: não se pode servir a dois senhores. E da árvore, conhecereis os frutos. Quais frutos os focolarinos estão espalhando à nossa sociedade, quando vão ao Fórum Social Mundial?

sexta-feira, maio 08, 2009

Mesquinharias democráticas.


“Após ter então agarrado cada membro da comunidade e tê-los moldado conforme a sua vontade, o poder supremo estende seus braços por sobre toda a comunidade. Ele cobre a superfície da sociedade com uma teia de normas complicadas, diminutas e uniformes, através das quais as mentes mais brilhantes e as personalidades mais fortes não podem penetrar, para sobressaírem no meio da multidão. A vontade do homem não é destruída, mas amolecida, dobrada e guiada; os homens raramente são forçados a agir, mas constantemente impedidos de atuar; tal poder não destrói, mas previne a existência; ele não tiraniza, mas comprime, enerva, ofusca e estupefaz um povo, até que cada nação seja reduzida a nada além de um rebanho de animais mais tímidos e trabalhadores, cujo pastor é o governo”.
Alexis de Tocqueville
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A democracia, tal como se compreende atualmente, é algo que causa asco, repulsa, porque ela é um sinal moral de decadência. Existe uma desvirtuação dos valores, uma incoerência de princípios, que perverte as concepções instituicionais e políticas da democracia liberal. De fato, se há algo que a deturpa é, sem dúvida, a cultura “politicamente correta”, que ameaça as liberdades nos países democráticos. “Cultura politicamente correta”, por assim dizer, é a engenharia social totalitária das esquerdas no prisma dos valores, usando das artimanhas do Estado para controlar idéias, pensamentos, sentimentos e ações, ainda que de forma sutil e através dos métodos formais da democracia. Alguém me objetará e me rotulará de “fascista” por dizer isso. Mas é justamente por rejeitar esses métodos de coerção perversos no Estado democrático que estou longe de ser um fascista. Pelo contrário, o “fascismo”, no amplo sentido que essa palavra significa, combina perfeitamente com esses adeptos de uma tolerância postiça. Até porque, lembremos, a democratização do chavão antifascista surgiu dentro da propaganda de Stálin (que sabemos perfeitamente, não foi nenhuma maravilha de democrata). Nada melhor que a figura do ditador soviético para personificar a conduta do ativismo social de esquerda!

É curioso que os políticos encontrem mecanismos no âmbito da cultura para regulamentar questões que estão fora da esfera de sua prática. Hoje em dia a democracia não se contenta a legislar sobre condutas: ela agora interfere os gostos, nas aptidões, nas idéias e quer regulamentar julgamentos e “preconceitos” das pessoas. É assim que podemos dizer num ocorrido recente no estado de São Paulo; a Assembléia Legislativa, por obséquio dos caprichos de uma deputada, criou uma lei estadual estapafúrdia proibindo as crianças de comprarem coxinhas nas escolas públicas. A justificativa era a de que a comida engordava ou não era saudável; os garotos deveriam comer alimentos mais nutritivos. A lei não poupa nem mesmo os pirulitos, os doces, as pipocas, massas e folheados, que fazem a felicidade das crianças. Ou seja, para a idiota que criou essa lei, não somos capazes de ajuizar o que comemos; devemos ter a tutela estatal para escolher gostos alimentares. Ou pior, a deputada quer substituir a guarda dos pais, ao regulamentar o que os filhos dos outros devem comer. Inclusive, ela vai resolver os nossos problemas de auto-estima, já que nas palavras dela, os gordinhos vão sofrer com a aparência, coitadinhos. A débil mental ainda justifica o projeto nestes termos: "o cardápio inadequado nas escolas pode repercutir negativamente na saúde dos alunos, contribuindo para o desenvolvimento do sobrepeso, obesidade, dislipidemia (presença de níveis elevados ou anormais de lipídios e/ou lipoproteínas no sangue), diabetes, hipertensão, problemas hepáticos, doenças arteriais, sem falar na baixo autoestima, discriminação social, entre outros vários problemas." Se dependesse desses ursos sábios do Legislativo, o direito de saborear um bom prato estaria abolido para sempre, junto com os temperos: Pizzarias e churrascarias seriam fechadas; pipocas nos cinemas, nem pensar! O negócio mesmo é comer capim!

Na capital paulista, o Estado escolheu outra vítima: os fumantes. O prefeito de São Paulo, junto com os estúpidos vereadores da câmara municipal, indo na onda politicamente correta da Assembléia Legislativa de ditar gostos alheios, revogou o direito dos paulistas de puxarem sua cigarrilha em bares e restaurantes. Ao arrepio da permissão dos próprios bares, que permitem essa prática, o governo se acha na autoridade de ditar regras alheias à vontade do cidadão comum. Da mesma forma que somos idiotas o bastante para nos alimentarmos, os fumantes são idiotas o bastante a não se preocuparem com sua saúde. Quem sabe mesmo de saúde é o governo, mesmo que milhares de brasileiros morram em filas de hospitais públicos. Porém, não há o que se desesperar: o ministro da saúde, o famoso militante pró-aborto José Temporão, já falou que o SUS deveria ser elevado a patrimônio da humanidade!

O totalitarismo no cerne cultural dos comportamentos prossegue em coisas cada vez mais detalhadas e absurdas. Outro político, um deputado federal, sem ter mais o que fazer, inventou um projeto de lei para o Congresso Nacional, que mandará pra cadeia quem negar o holocausto judaico ocorrido na Segunda Guerra Mundial. Agora o Estado vai transformar em dogma qualquer sentido de crença sobre um fato histórico, por mais controverso que seja. Na realidade, o tal parlamentar imita a mesma ação que ocorrera na França, quando o Partido Comunista oficializou a mesma lei, mandando prender quem negasse o extermínio de judeus pelos nazistas. O absurdo desse projeto é criminalizar a pesquisa e dúvida históricas contrárias ao que é comumente aceito. Para se imputar uma lei dessas, será necessária uma “história oficial”, na qual os historiadores serão proibidos de questionar as crenças governamentais sobre os acontecimentos históricos. Ou na pior das hipóteses, é o Estado quem vai nos ditar o que é história.

É correto afirmar que o holocausto existiu, que o revisionismo histórico, em sua grande parte, é uma fraude e que os nazistas fizeram um crime abominável contra a humanidade. No entanto, como toda experiência histórica, há suas controvérsias, e da mesma forma que há fraudes no lado dos revisionistas, não é incomum haver fraudes também nas versões divulgadas pelas fontes judaicas. Houve muitos casos de pessoas que se diziam vítimas do holocausto e que foram desmascaradas como farsantes, mesmo no meio da comunidade judia. Contudo, o holocausto virou uma propaganda ideológica, um espantalho histórico do politicamente correto entre alguns segmentos judeus radicais, obcecados pela idéia falsa da “peculiaridade” ou “singularidade” do sofrimento deles. Isso porque, mesmo entre as fontes judaicas, os dados sobre os mortos do genocídio nazista são incertos. A disposição para “histórias oficiais” é aparato digno da União Soviética ou qualquer regime tirânico do século XX, que deseja moldar a história, não de acordo com as evidências e sim com a ideologia do poder político instituído. Todavia, o cidadão brasileiro médio pode renegar os dogmas da Igreja; pode renegar os dogmas da Cristandade; pode até mesmo renegar os valores da tradição judaica. Porém, se ele renegar o dogma de fé do holocausto vai pra cadeia. . .

A mesquinharia democrática não pára por aí. Ela é um fenômeno universal, da expansão das burocracias nos sistemas democráticos e no império do ativismo ideológico mais rançoso, na promoção destas burocracias, entorpecendo, tiranizando e imbecilizando a sociedade. Recentemente o governo inglês publicou uma lista de pessoas consideradas “personas non gratas” e que seriam impedidas de entrar no país. Entre os estigmatizados na lista, estão um extremista judaico, um militante do Hamas, um racista da KKK e um conservador religioso norte-americano, considerado “homofóbico”. Muita gente deve ter achado a medida belíssima, já que dá o aval da Inglaterra em ser o cúmulo da tolerância. A ministra do interior, responsável pela publicação dos estrangeiros malvistos, fez a seguinte declaração numa cadeia de TV de seu país: "Penso que é importante que as pessoas compreendam os nossos valores e as nossas normas... e o gênero de coisas que tornam quem quer que seja indesejável neste país (...) Se não é capaz de seguir as regras que são as nossas, os nomes e os valores, que são os nossos, será excluído deste país e, ainda mais, os nomes dessas pessoas excluídas serão tornados públicos." A ministra britânica mal percebeu a perversão do seu raciocínio. Ela simplesmente se acha no direito de responder por tudo aquilo que os ingleses pensam e que todos devem se adaptar ao modelo politicamente correto imposto por ela. Por outro lado, as pessoas colocadas na lista não estão sendo julgadas por suas ações e sim por suas crenças. Por mais abominável que seja um extremista judeu, um simpatizante do Hamas ou um racista da KKK, o direito de consciência compete a cada um e não cabe ao governo fazer juízo disso. Reitere-se, ela não falou de condutas, mas de crenças. No entanto, a ministra se acha a personificação da tolerância banindo aquilo que não a agrada. A monstruosidade é mais que clara: quem provara ser fanática, intolerante e visivelmente perigosa foi a própria ministra. Ela demonstra não tolerar qualquer pessoa que fuja do seu modelo de valores e de sociedade e usa da coerção estatal para impô-lo. Se ela pode decretar listas banindo estrangeiros por questões de consciência, em nome dos valores e das normas aos quais ela acredita serem “superiores”, que dirá então de qualquer pessoa moderada que divirja de seus iluminados conceitos? O governo britânico se esqueceu de colocar um nome na lista: o da própria ministra.

Malgrado o surgimento dos amantes da tolerância criando leis intolerantes pra todo mundo, a moda atual é oficializar uma lei, que se posta na prática, vai revogar não somente a liberdade religiosa, moral e ética, como criminalizar a consciência de vez. Esse projeto é a lei anti-homofobia e visa punir qualquer manifestação contrária ao comportamento gay. Em suma, se algum pastor, padre ou rabino pregar abertamente que o homossexualismo é errado, dentro do ponto de vista cristão ou judaico, vai pra cadeia. O mesmo destino será aplicado a qualquer pessoa incomodada com as manifestações públicas de práticas homossexuais. Os movimentos gays extremistas não estão satisfeitos com isso: nos EUA, em algumas igrejas católicas e evangélicas, eles já invadem os púlpitos e profanam os cultos, praticando orgias, beijando-se na boca e constrangendo os fiéis cristãos. No Brasil, Júlio Severo, um militante evangélico e blogueiro que denunciava a tentativa do movimento gay de criminalizar o cristianismo, foi duramente perseguido pelo movimento homossexual. O sujeito sofreu as mais absurdas hostilidades. Seu blog quase foi apagado e se não fosse por conta da pressão de alguns amigos e mesmo advogados, seu site seria tirado do ar. O chefe dos GLS da Bahia, Luiz Mott, publicou seu endereço, junto com o endereço de outros cristãos, para expô-los a agressividade dos gays. Não satisfeitos, esses fanáticos mobilizaram o Ministério Público Federal para processar o evangélico pelo crime de “preconceito homofóbico”. A lei anti-homofobia nem ainda existe e já estão criminalizando pessoas por razões de consciência. Julio Severo não suportou a pressão violenta: acabou saindo do país.

A criadora do projeto de lei 122/2006, que criminaliza a “homofobia”, parte do pressuposto mentiroso de que os cristãos e aqueles que rejeitam o homossexualidade são causadores de perseguição e assassinatos de homossexuais. Inclusive, a deputada criadora desse projeto totalitário diz que o foco de ação da lei é justamente os religiosos, em particular, padres e pastores que pregam juízos contrários à homossexualismo. A lei tem a proeza, em nome da “tolerância”, de revogar praticamente as garantias constitucionais de liberdade religiosa e de consciência, consagradas pela Constituição Brasileira. Na prática, o projeto é um ato sutil de censura prévia a qualquer tipo de opinião divergente do movimento homossexual. Tamanha ousadia não se limita somente a direitos de opinião: é uma lei que dá “super-direitos” aos homossexuais, quebrando a regra de igualdade de todos perante a lei e sacralizando a conduta homossexual como um comportamento distinto e provedor de privilégios a um determinado grupo. A monstruosidade do projeto é clara: ela criminaliza toda uma ordem de valores sociais conjecturados na tradição cristã, que rejeita o homossexualismo e, por conseguinte, a liberdade de pensamento e de opinião. Cada cidadão, de uma hora para outra, será elevado como potencialmente criminoso, por conta de rejeitar a conduta homossexual. Ele será obrigado, traindo sua consciência religiosa ou moral, a acatar algo que rejeita e que acha moralmente repugnante. Em parte, essa lei já existe em sua forma municipal, por conta da cidade de São Paulo, que parece, tornou-se o laboratório de engenharia social in vitro, preparando o espírito do país para tais loucuras. Os homossexuais podem cair em orgias, sodomia e todas as formas aberrantes de promiscuidade sexual na Parada Gay da Avenida Paulista sem serem criticados. Eles serão “intocáveis”. Pelo contrário, se alguém manifestar aversão a tais práticas, mesmo no púlpito de uma igreja, poderá responder processo na justiça. Já conseguiram expulsar um pobre evangélico, que não fazia mal a ninguém e apenas escrevia algumas verdades inconvenientes ao movimento homossexual. Que dirá então quando a lei passar no Congresso Nacional?

O Estado democrático não se limita a determinar gostos alimentares, cigarros, versões históricas, crenças políticas e religiosas ou gostos sexuais. Ele também invade a esfera racial e social quando cria cotas raciais e sociais em universidades, escolas públicas e ambientes de trabalho. O regime das cotas é um dos mais completos atos de demência educacional instituídos no país. Um país mestiço agora é obrigado a seguir as categorias de raça artificialmente fabricadas pelo governo e pelos engenheiros sociais, em particular, os militantes racistas negros. Eles cobram critérios de avaliações racistas sobre os alunos, para determinar o seu lugar na universidade, através da cor de sua pele. Ou mais, a luta de raças na escola é também a luta de classes. Os alunos de escolas privadas terão o ônus maior ao fazer uma prova, já que os alunos de escola pública terão privilégios distintos de avaliação. A premissão marxista é notória: como os alunos de escola privada são os "ricos privilegiados", eles devem ser prejudicados em favor dos "excluídos". O Estado, em nome da tolerância, da democracia e da igualdade, gera as mais monstruosas discriminações de classe e de raça: criou um regime de castas dentro da educação, na qual alguns alunos são mais iguais do que os outros.

O paradoxo da democracia atual é criar estigmas sociais e preconceitos odiosos às bases civilizacionais de seu sistema: a família, a religião, a conduta ética cristã, a Igreja, os conceitos cabais da justiça, da liberdade, etc. Ela promove os mais monstruosos controles sociais e estatais sob o pretexto de “corrigir” as consciências alheias, na prática, com o intuito de destruir as liberdades e os conceitos éticos, morais e institucionais dentro dos países democráticos. Nunca, na história humana, o governo exigiu tanto poder contra o ser humano. Só encontramos um fenômeno parecido no Estado nazista ou soviético. O império dos políticos medíocres, dos senhoritos arrogantes, dos ativistas sociais fanáticos, impregnados de crenças totalitárias, é uma ameaça às instituições democráticas, porque todos eles estão em lugares de proeminência: nas faculdades, escolas, mídia, centros de poder, desvirtuando, corroendo e lentamente destruindo as bases civilizacionais na democracia. Já dizia um astuto escritor: “a democracia é a causa da ditadura”. Nada mais profético do que esses tempos para comprovar essa terrível verdade. E como diria Tocqueville, os braços da burocracia estatal se expandem, até que cada nação seja reduzida a um rebanho de ovelhas, cujo pastor é o governo!

segunda-feira, maio 04, 2009

Autoridade vs. poder, e a democracia de massas

Meu amigo Marcus Boeira publicou esse esplêndido artigo no site Mídia sem Máscara. Resolvi publicá-lo porque é simplesmente espetacular. Este artigo também foi publicado em seu blog http://marcusboeira.blogspot.com/ .
A maior parte da filosofia política na história do cristianismo sempre procurou conceber a relação entre autoridade espiritual e autoridade política como sendo de complementaridade. Tanto no final do Império Romano quanto nos reinos medievais já existia uma relação de primazia da autoridade espiritual sobre a temporal, a saber, da Igreja sobre as unidades políticas. Porém, como o próprio nome indica, a primazia é uma questão de “autoridade” e não de “poder”. Os medievais sempre diferenciaram auctoritas de potestas, querendo com a primeira indicar a confiança da comunidade com relação aos seus representantes, ao passo que a segunda se sucede mediante uma relação de imposição entre representantes e representados. No primeiro caso, legitimidade. No segundo, mando e obediência. Acontece, na maior parte dos exemplos históricos, que tanto a autoridade quanto o poder estão presentes na maior parte dos sistemas políticos ocidentais, pois ambas as relações são indispensáveis para a estabilidade e o consensus, a saber, para a legitimidade e a ordem das formas políticas ocidentais.

Certamente, a busca da ordem exige que, em nome do bem comum, determinadas medidas sejam tomadas para que o telos de uma comunidade se atualize. Assim, na comunidade política medieval tanto a ordem quanto a legitimidade eram dois postulados concretos no cumprimento das funções reais. Ocorre, assim, que os medievais nos legaram muito do que hoje entendemos por legitimidade e consensus.

As instituições políticas medievais eram baseadas na moderação e no equilíbrio de poder, existindo ali uma autêntica representação política, pois o rei era limitado pelas assembléias locais, sendo ambos representantes concretos da comunidade. Não havia nessa época uma democracia, mas uma verdadeira representação cujo vínculo não era com a vontade popular, mas com o bem comum da sociedade, isto é, a partir de uma concepção objetiva de verdade radicada no Direito Natural. Há uma diferença substancial entre a vontade e o bem comum. A primeira conduz a conjunção ente elementos instintivos, racionais e contingenciais, de modo que na vontade política não há limites. Em nome da vontade, qualquer ato é aceitável, pois o que é realmente determinante nesse aspecto é o desejo do momento. No bem comum, há um símbolo constitutivo da verdade existencial, o que não se aborda a partir de meros desejos e particularidades, mas se aufere mediante uma deliberação silogística que, através da experiência e da inteligibilidade, vai alcançando os graus constitutivos da realidade e, assim, extraindo os aspectos comuns partilhados pela experiência humana universal. O bem comum, diante disso, é um bem do ser humano como tal.

Em nossa atual sociedade de massas, a democracia é comumente entendida como “único” caminho possível para a legitimidade. Porém, a democracia tão aclamada nos circuitos “progressistas” atuais, como a mídia e a universidade, não se configura como uma democracia entendida em sentido teleológico, o que a vincularia ao bem comum e à indispensável representação política da verdade e do direito natural, mas uma democracia cujo critério é a majoração das vontades individuais. Uma perspectiva relativista para um sistema de maiorias. As maiorias ganham o jogo e estabelecem suas vontades por imposição. Um sistema baseado em desejos do momento, sem qualquer recurso a estabilidade e a permanência.

Assim, as democracias atuais definem a legitimidade a partir de critérios volitivos, segundo a vontade e a atuação decisiva dos grupos sociais que arregimentam tais vontades através da pressão e da participação por interesses coletivos. A democracia de massas é uma democracia de grupos, grupos esses que almejam ganhar espaço político mediante a formação de maiorias. A quantidade é mais relevante que a qualidade.
Dessa forma, estamos diante de um impasse: o que era legitimidade para homens como Tomás de Aquino ou Francisco Suarez é muito diferente do sistema atual de poder. Para a visão cristã da política a legitimidade é um vinculo da autoridade ao bem comum e, assim, à verdade, não podendo fugir do direito natural. Os valores vinculam. A representação política, dessa forma, é uma representação do que é “verdadeiro”, de uma ordem concreta articulada para ser a imagem e semelhança da ordem celeste. A ordem política é, segundo a perspectiva realista cristã, um reflexo da ordem transcendente. Há um nexo necessário entre a ordem política e a ordem espiritual, em sentido de representação e de consensus.

Em Romanos, 13, a Palavra de Deus diz que não há autoridade que não proceda de Deus. Independentemente do que os representantes façam, como cristãos devemos respeito às autoridades. Porém, tal autoridade só é legitimamente autoridade quando se vincula ao bem comum. Assim, quando o representante não se vincula ao bem comum, isto é, usa o cargo para destruir o direito natural e a Palavra de Deus, devemos sinalizar nossa total discordância. Suarez, em seu De Legibus, nos trás a teoria da translatio, segundo o qual a origem do poder está em Deus, que o transfere ao corpo político, isto é, à comunidade e ao representante, sendo aquela a magistrada sobre este. A comunidade, enquanto corpo místico do Senhor Jesus, Igreja visível e invisível, existente em sentido espiritual e temporal, caminha peregrina no mundo rumo à Jerusalém celeste. Tal existência histórica da sociedade impõe um tipo de representação que se traduz em sentido espiritual e temporal: a Igreja e a ordem política. Segundo Suarez, a translatio propicia à comunidade um juízo sobre o exercício do poder, em necessária compatibilidade com a Palavra de Deus e com o Direito Natural. Assim, se o representante viola os valores através de seus atos políticos seu caminho será a inadequação com relação à comunidade e em última ratio à Palavra de Deus. Tal situação permite à comunidade reivindicar ou mesmo negar-se a cumprir os ditames estatais.

Ora, o que assistimos em marcha é o uso incondicionado do poder para descumprir os mandamentos do Senhor. Assim, devemos não só nos pronunciar de maneira contrária, como também negar-nos a realizar tais atos. O aborto, a ditadura gay, a destruição da propriedade e da liberdade em nome dos direitos sociais, a utilização alternativa do direito, assim como outros casos de total incompatibilidade entre os atos governamentais e a Lei do Senhor devem ser objetos de repúdio por nossa parte. Afinal de contas, somos a comunidade e em nome de Jesus devemos nos recusar a realizar aborto, a aceitar que o homossexualismo seja tratado como verdade absoluta e incontestável, ou até mesmo ficar calados enquanto o governo brasileiro atual invade nossas propriedades mediante a ação criminosa do MST.

Algumas semanas atrás fiquei chocado e ao mesmo tempo muito impressionado com a coragem e a fidelidade a Cristo por parte de nosso irmão Julio Severo, que abandonou o país por perseguição. Devemos nos preparar para esse tipo de situação, pois será cada vez mais comum entre nós. A perseguição velada, que não mostra o rosto, mas que astutamente opera calada contra os cristãos. A Palavra noz diz que no tempo do fim seriamos perseguidos pelo nome de Jesus.

O Espírito Santo nos guia, nos proporciona coragem e nos anima a continuar nossa caminhada de peregrinos pela terra. Nessa caminhada, devemos nos opor a todo ato satânico que almeja a violação do Direito Natural. Como Deus disse a Josué antes de entrar na Terra prometida, “tendes mui bom ânimo”.

Stálin, o mito.

Um documentário interessante sobre o sanguinário ditador soviético.


Parte I



Parte II

Parte III

Parte IV

Parte V