sábado, maio 17, 2008

Uma boa opção na internet.


Para quem está cansado da mesmice política, das bobagens do politicamente correto e mesmo das mentiras da imprensa brasileira, vejam esse programa criado por meus amigos do Paraná,"Confronto". Meu grande amigo e irmão de armas Marcus Boeira participa deste programa.

sexta-feira, maio 16, 2008

Bolsonaro metendo o pau no Ministro comunista da justiça!

O deputado federal Jair Bolsonaro desmascara o Ministro da Justiça Tarso Genro e o chama de "mentiroso", criticando sua posição a respeito da demarcação das terras indígenas em Roraima.

Ciro Gomes passa vexame no Fórum da Liberdade.






Um debate imperdível: Ciro Gomes, político cearense, ex-ministro, passa vexame no debate com Tom Palmer, membro do Catho Institute, em defesa da liberdade econômica. Ciro falava que a liberdade de consumo seria uma ameaça à " identidade cultural" dos brasileiros. Tom Palmer dá uma aula de economia e devasta argumentação de Ciro Gomes.

A solução é o “planejamento”. . .

É paradoxal que o século XX, com as investidas dos totalitarismos nazista e comunista, não nos tenham ensinado o fracasso de uma idéia, tão em voga em academias e universidades: o chamado planejamento estatal centralizado. De fato, isso é um modismo comum no linguajar universitário brasileiro, como se os universitários e mesmo o governo tivessem uma mágica pronta para o desenvolvimento econômico e social humano. Fala-se de “políticas sociais”, de “projetos sociais”, em “plano nacional”, como se o Estado encarnasse alguma mística do “bem comum”, como se mesmo o bem comum fosse um fim em si mesmo no Estado. Certo dia, ouvi de um amigo a seguinte frase, que é um clichê do nicho acadêmico: o Estado visa o interesse público e o privado só visa o lucro. Na verdade, aqui se vê uma distinção ideal, uma romantização do Estado e uma demonização da iniciativa privada, como se um fosse hierarquicamente superior, no plano moral, em relação a outro.

Tudo seria lindo maravilhoso, se não fosse por um detalhe: a grande maioria dos serviços que os cidadãos usufruem provém justamente da iniciativa privada. Os melhores hospitais, as melhores escolas, como também, os melhores serviços do dia a dia, como uma padaria, um restaurante, um hotel, ou mesmo um supermercado, são todos privados. O Estado, que promete o bem comum, que encarna o chamado “espírito público”, o que nos dá? Hospitais caindo aos pedaços, escolas abandonadas aos matagais, dentre tantos outros serviços, que de tão ruins, revelam que o espírito público está longe desses meios. É pior, o povo paga muito caro por serviços tão ruins. Mas alguém objetaria: se o Estado faz mal seus serviços, é porque ele foge das diretrizes iniciais com que foi criado, ou seja, a prevalência do público. O problema deste discurso, porem, é que ainda assim, insiste numa idealização, como se a idéia mesma fosse um elemento da realidade. E na prática, não é. É como se, por decreto, o Estado se transformasse num poço de virtudes, como se a virtude dependesse de uma mera legalidade, e não de mecanismos eficazes de controlar ou mesmo limitar as funções do Estado. Já que o governo, por assim dizer, é gerenciado por pessoas, que possuem interesses particulares e que podem ser contrários às funções que são obrigados a obedecer.


E onde entra o planejamento? As “políticas sociais” de combate à pobreza, contra a “exclusão digital”, a favor da “reforma agrária”, partem de uma premissa tacanha e messiânica de que as políticas estatais podem acabar com a pobreza ou a escassez. Ou mais, a de que o Estado tem uma idéia pronta de controlar todos os problemas que aparecem, como se ele pudesse resolvê-los todos. É uma paranóia da democracia das massas Pós-Revolução Francesa a idéia mítica de que o Estado deve atender a todos os problemas sociais e individuais que existem. A contradição básica desse sistema é que ele aumenta arbitrariamente o poder estatal, enquanto divide os indivíduos em exigências mesquinhas e fragmentárias, esvaziando mesmo a ação política deles como cidadãos. A ascensão do Estado burocratizado se deve, dentre tantos outros motivos, a uma falha comum nos sistemas democráticos: a crença de que o Estado deve atender a todas as “demandas sociais”, quando os cidadãos recusam, eles próprios, a agirem por conta própria. Quanto mais ação do Estado, mais burocracia. E quanto mais burocracia, menos ele se torna eficiente, e a sociedade se torna esvaziada de autonomia.

Há outro aspecto perverso da idéia do planejamento. Ela parte da crença de que a sociedade é um pedaço de argila que pode ser moldado às conveniências dos engenheiros sociais. E de que os burocratas têm todas as informações para atender a todas as necessidades possíveis, de todos os indivíduos de uma comunidade. A falência do sistema socialista na economia se deveu a essa crença absurda de que o Estado poderia “adivinhar” ou “prever” expectativas racionais de milhões de pessoas, seja na economia, seja em qualquer particularidade de suas vidas, e planejá-las. Na prática, era o burocrata quem decidia o que o cidadão devia consumir ou escolher em suas vidas cotidianas, tal como um deus terreno. Interessante observar que as exigências de mais controle estatal, mais autoridade estatal, causam uma anomia em que o Estado acaba se tornando internamente anárquico, incontrolável. É paradoxal que o Estado socialista, almejando controlar todos os aspectos da sociedade civil, acabe não controlando nem a si mesmo. Não é por acaso que o socialismo foi a expressão máxima da tirania no século XX.

No Brasil, a situação não é diferente. Burocracias complexas, minuciosas, paladinas do interesse público e do bem comum, acabam se tornando uma espécie de poder paralelo, pois o cidadão comum se sente sufocado por elas. E no final, os burocratas tornam-se empecilho para ações, que sem elas, seriam mais fáceis de realizar. Abrir uma empresa, pagar impostos, empregar pessoas, fazer contratos, tudo fica mais difícil com os excessos burocráticos. Na verdade, um aspecto profundo que ronda o excesso de burocracias é a corrupção endêmica. Quando elas são maiores, tornam-se mais corruptas e difíceis de fiscalizar. Na antiga União Soviética, como em alguns países do Leste Europeu, a corrupção da burocracia contaminou de tal maneira o povo, que muitos serviços públicos não vingam, senão pela propina generalizada. E quem duvidaria que a burocracia soviética pregava a ideologia do espírito público na figura do Estado socialista, já que o privado foi abolido por decreto (ou, ao menos, por decreto)?

Espantoso é perceber que a idéia do planejamento central não se limita somente ao Estado-nação: é um projeto mesmo que alcança uma dimensão mundial. A ONU é mestra nessa ideologia, quando quer determinar, a despeito das soberanias nacionais, “políticas” internas de centralização governamental. É um lugar-comum a muitos membros das Nações Unidas o sonho de uma burocracia mundial controlando a tudo e a todos, a despeito das soberanias políticas das nações. A engenharia social alcança dimensões assustadoras, quando a ONU não se limita apenas em querer intervir na gerência interna dos governos; ela quer ditar comportamentos e valores culturais extravagantes e perversos, a revelia do direito de escolha dos povos. O que ocorre no Brasil, atualmente, é uma ideologia de engenharia social, muitas vezes receitada pela ONU. O Estado nacional acaba se tornando um instrumento de uma ideologia globalista. Legalização do aborto, casamento gay, eutanásia, destruição da soberania nacional e o ódio mortal aos valores do cristianismo, entre outros, são as aberrações que os engenheiros sociais, tanto daqui, como de fora, nos prometem, se os cidadãos não tomarem consciência dos perigos do planejamento estatal. Mesmo o controle de natalidade, tão alardeado como um mecanismo de combate à pobreza, na realidade, obedece à lógica de controle da reprodução humana. A China é o exemplo mais cabal dessa monstruosidade, quando o Estado impõe abortos forçados sobre as mulheres. E a Europa é o retrato de uma sociedade que ameaça se extinguir, por falta de filhos para reproduzir. Isso nada difere dos sonhos imperiais de um Hitler ou de um Stálin. A diferença é que a linguagem é adocicada, a onda politicamente correta que parece se transmutar numa espécie de moralidade civil estatal.



“Políticas sociais”,
“planos nacionais”, projetos sociais”, velhos discursos socialistas, velhas ideologias de planejamento, que não vão resolver o problema da miséria, da escassez, da educação, da reforma agrária, da informática ou mesmo da riqueza. Pelo contrário, vão gerar sim, mais problemas artificiais, já que estas práticas só existem para agigantar o poder das burocracias e dos políticos que vivem desse discurso. Ninguém, em sã consciência, precisa de reforma agrária, porque o agro-negócio alimenta muito bem os brasileiros; ninguém necessita de “inclusão digital”, pois as lan houses e mesmo os preços da internet e dos PC estão cada vez mais populares; tampouco se precisa de governo para acabar com a pobreza, pois as empresas se encarregam melhor disso. E mesmo a educação e a saúde poderiam ser melhores, se o sistema fosse quase todo privatizado, com a gerência desses serviços aos cuidados e escolhas dos pais de família, enquanto o governo, só subsidiariamente, poderia auxiliar. A sociedade civil e o mercado podem resolver a maioria de seus problemas, sem a interferência do Estado. Todavia, “projeto social” é uma indústria de coleta de dinheiro e de poder: fortalece os acadêmicos, as burocracias voluntariosas, os políticos interesseiros, tudo para querer controlar as nossas vidas. E quando um conhecido meu do Ministério Público faz uma confusão entre interesse público e a mera existência do Estado, é porque as coisas vão de mal a pior. O socialismo ainda não morreu. A idolatria do Estado ainda não morreu. Como bem dizia um famoso articulista, quando um político fala em ‘política social’, acredite, ele quer o seu dinheiro. Ou melhor, ele quer mandar na sua vida.

quinta-feira, maio 15, 2008

Mille Regrets. . .

Este vídeo é belíssimo, um tema muito tocado na Idade Média e na Renascença: Mille Regretz, "mil tristezas", em particular, composto aqui por Hans Memling, compositor flamengo do século XV. Eis as letras em francês, que faço a tradução, a partir da versão inglesa:

Mille regretz de vous abandonner

Et d'elonger votre face amoureuse.

J'ai si grand dueil et peine douloureuse

Qu'on me verra brief mes jours deffiner,

Brief mes jours deffiner.

Mil tristezas por abandonar a vós

E ao viver por trás de sua face amorosa

Eu sinto então muita dor e aflição amorosa

Ao aparentar que meus dias definharão.

P.s. Perdoe-me a tradução se foi ruim. . .

segunda-feira, maio 12, 2008

Para salvar o Rio de sua agonia. . .

Um evento curioso mexeu com os brios do Rio de Janeiro. Nas eleições de 2006, a Igreja Católica moveu uma feroz campanha contra a candidata ao senado pelo Partido Comunista do Brasil, Jandira Feghali, uma vez que ela, em seu programa, defendia a legalização do aborto. Defendia, diga-se de passagem, usando de uma manobra jurídica maliciosa, pois seu projeto de lei legalizaria o aborto apenas revogando todas as disposições em contrário pela sua proibição. Se a artimanha legal não fosse ardilosa e desonesta, seria literalmente canalha, pois criaria brechas pela oficialização do aborto sem ao menos ser exposta ou discutida a questão pela sociedade.

Todavia, os segmentos católicos cariocas foram corajosos e denunciaram a trama. E dona Jandira, mostrando que era uma boa comunista, entrou na justiça pedindo uma liminar proibindo as atividades da Igreja Católica, inclusive, obrigando padres e bispos a fazerem silêncio sobre sua candidatura. A deputada do PC do B queria simplesmente calar a boca dos bispos, padres e militantes cristãos que denunciavam, com razão, sua apologia pró-aborto. A inversão de valores tornou-se bem clara: a justiça estava impedindo que os padres orientassem aos princípios de defesa da vida humana para seus fiéis. Isto soou ofensivo aos católicos, que numa reviravolta, conseguiram inverter as preferências eleitorais e derrotaram a comunista nas urnas. O mesmo sentido de determinação e coragem católica foi observado no projeto de lei recente pró-aborto, que foi rejeitado por unanimidade pelo Congresso. A força da Igreja foi essencial para que tal lei nefasta não fosse oficializada.

Impressionante notar que o Rio de Janeiro, tão assolado por problemas de toda ordem, tenha uma instituição cuja força moral e espiritual chega a ser determinante nas escolhas dos cariocas. A Igreja Católica ainda não descobriu seu poder. Acuados, divididos, atacados, os católicos parecem crer que não influenciam mais as pessoas. Todavia, quando se organizam e pregam seus princípios, fazem um estrago político descomunal. Quem acreditaria que a deputada comunista Jandira Feghali, apoiada pelos queridinhos da esquerda letrada, tivesse sua candidatura devastada por meia dúzia de grupos católicos muito bem organizados? Quem acreditaria que o projeto abortista, aprovado pelo governo federal, apoiado pela mídia nacional, por ong´s riquíssimas e mesmo pela ONU, tivesse uma derrota tão humilhante no Congresso Nacional? A agressividade dos bispos e mesmo dos fiéis católicos cariocas que expuseram vídeos, debates e até bonecos de fetos relembrando o direito inviolável da vida, foi um dos fatores que reduziram a pó a propaganda pró-aborto. Em particular, a visita do papa Bento XVI ao Brasil foi essencial para que o projeto abortista fosse literalmente abortado. Isso envolveu os sentimentos autênticos da população brasileira, majoritariamente católica e cristã, que não tolera o assassinato de inocentes. Auctoritas venceu a potestas. A autoridade moral dos bispos derrotou a autoridade política dos governantes.

Imaginemos se os católicos, conscientes de sua influência e seu poder moral, orientassem os cariocas para outras coisas da vida cotidiana? O pobre cidadão do Rio de Janeiro é vitima do descaso da classe política. É refém do crime organizado, que tira sua liberdade de ir e vir, numa espécie ilegal de estado de sítio. Paradoxalmente, ele é escravo de outras circunstâncias desesperadoras. Muitos cariocas crêem que a corrupção das classes governantes e os desmandos dos traficantes de drogas são situações incontornáveis, imutáveis. Caem numa espécie de fatalismo, impotentes para mudar uma realidade deformada que os cerca. Daí a entender que o sonho do Rio do passado de glamour é a fuga de uma realidade cruel e perturbadora da decadência.

O problema do Rio de Janeiro é de ordem ética e moral. Na verdade, o caos social que se encontra a cidade é reflexo de um completo vazio de laços comunitários entre seus concidadãos e falta de referências morais nesse sentido. Sem contar, basicamente, as más escolhas políticas que há nessa ruptura. A Igreja Católica precisa arrebanhar essas almas num projeto político que recupere a credibilidade dos cariocas e os faça ter energia para não aceitar os problemas cotidianos que os afligem. Salvar o Rio de Janeiro do caos é combater o fatalismo e a impotência que os cariocas sentem quando o assunto é a violência urbana e o narcotráfico, quando o assunto é a mediocridade das autoridades e a estupidez intelectual das esquerdas pseudo-letradas. As pessoas honestas parecem ter perdido o norte necessário para tomar decisões claras, enérgicas, no sentido de mudar as coisas. Se a ação dos bispos e padres foi capaz de mobilizar o Rio no sentido de destruir uma candidatura pró-aborto, isto, numa cidade supostamente conhecida pela hegemonia cultural da esquerda, o mesmo pode ser aplicado a outras questões que dizem respeito aos cariocas.

Paradoxalmente, o Rio de Janeiro possui um grupo de pessoas conservadoras e intelectualmente sofisticadas, que poderiam ser consideradas umas das melhores do país. Algo similar em militância, só o sul do Brasil. Há católicos de sólida cultura e um corpo clerical da Igreja de alto nível, que se fossem menos tímidos, causariam enorme impressão nos meios intelectuais e profundo impacto no povo. O conservador médio, entretanto, tem medo de aparecer. Não gosta do público. Daí a entender que uma população simpática aos valores tradicionais não tenha referências políticas para escolher representantes sérios. Daí a entender que um povo majoritariamente conservador seja presa fácil para a militância de esquerda dominante nos meios culturais e nas disputas eleitorais.

A Igreja Católica parece se perder numa diretriz política completamente equivocada. Quando participa de atividades políticas, cai no discurso pronto de seus inimigos. Na verdade, a causa desse erro é a divisão interna dentro da instituição. São poucos os bispos que têm a coragem de criticar virulentamente as ideologias espúrias do marxismo apregoadas pela esquerda. Em nome de ser politicamente correta e agradar a todos, a Igreja acaba não agradando a ninguém. Pelo contrário, ela se esvazia de seu legado histórico conservador e mesmo de sua doutrina social, maliciosamente degradada pela Teologia da Libertação. E os segmentos de esquerda infiltrados na própria Igreja acabam determinando as suas diretrizes internas, debaixo das batinas dos eclesiásticos conservadores, já que são as facções mais barulhentas. Por outro lado, os eclesiásticos parecem sofrer de uma crise séria de escala de valores: são moralistas estéreis no caso da proibição da camisinha ou mesmo do planejamento familiar, enquanto são omissos, senão cúmplices, em questões bem mais graves, muito mais determinantes para a vida política e mesmo os destinos da Igreja no país. Alguns bispos podem condenar a camisinha, mas são condescendentes com a violência do MST. E é mais estranho que a CNBB possa fazer escândalos sobre o aborto, e, no entanto, ser leniente com o governo Lula, que aprova a campanha abortista. Na pior das hipóteses, a esquerda católica, ao arrepio da Igreja, ainda é a favor do aborto. A hierarquia mais conservadora mostra-se inepta para conter os avanços dessas ideologias revolucionárias e utópicas e combater a infiltração marxista dentro da Igreja. É por essas razões que o catolicismo se enfraquece. Ao invés de se preocupar com a direção das almas, intervém indevidamente numa seara que não a pertence. Ou pior, que é contrária mesma aos seus fins teológicos e espirituais. Ou se perde numa concepção formal e estéril de moralidade, quando se permite a coisas bem piores.


Se a Igreja Católica do Rio de Janeiro, assumindo sua vertente autenticamente conservadora, mobilizasse tantas pessoas contra o crime organizado ou mesmo contra a inépcia das autoridades públicas, abalaria os alicerces desta cidade. Quantas carreiras políticas medíocres não seriam destruídas, quantas favelas não seriam pacificadas e grupos criminosos não poderiam ter sido presos ou dizimados, se a população fosse mobilizada para o fim de resgatar a ordem e a moralidade pública, a fim de combater a violência? E quem negará que os bispos e padres não teriam esse poder moral de desobediência civil ou mesmo pressão para combater a soberania do narcotráfico ou mesmo o consumo de drogas? A influência católica não somente seria benéfica, como pedagógica. Muitos objetariam essa influência, por conta de uma interferência arbitrária da Igreja nas questões políticas. Contudo, a Igreja deve se preservar incólume de tais intrigas orientando tão somente os fiéis para a vida regrada na política. É hora dos conservadores despertarem para a finalidade da militância, para fazer valer aquilo o que acreditam. A campanha anti-aborto foi um estrondoso sucesso. Cabe agora resgatar a boa fé, a honestidade, a ordem, a paz pública e a responsabilidade moral das autoridades, no sentido de resgatar o Rio de Janeiro de sua agonia espiritual. É a auctoritas contra o potestas. É a autoridade espiritual superior à autoridade temporal. E a Igreja tem esse poder. . .

quinta-feira, maio 08, 2008

Uma cidade governada pelas favelas.


Às vezes me pergunto por que as pessoas chamam o Rio de Janeiro de “cidade maravilhosa”. Em minha última viagem, todo esse mito do glamour me pareceu completamente inexistente. As ruas, sujas, abandonadas, as praças cheias de camelôs, mendigos e prostitutas, os prédios pichados, as favelas dominadas pelo crime organizado e o mosquito da dengue vitimando os cariocas estão muito longe das maravilhas atribuídas àquela cidade. Se há algo que se nota no Rio é que ele está entregue literalmente aos mosquitos! Por outro lado, noto uma outra curiosidade: o Rio de Janeiro é governado pelas favelas. A favela, atualmente, é o que determina política e culturalmente a cidade maravilhosa. Ela chega a ser uma espécie de institucionalidade, uma soberania fora do Estado e da própria cidade. E quem, de fato, governa as favelas? O crime organizado. O Rio de Janeiro não me pareceu “cidade maravilhosa”. Se é "maravilhosa", talvez seja pelas paisagens e apesar da cidade. No máximo, a cidade do Rio é calamitosa. Ou, atualmente, “criminosa”, “dengosa”, capital nacional do narcotráfico e da dengue. Quando o bandido da favela começa a pensar que manda e filosofa, tudo está perdido.

A cultura de favelado não se limita somente à política do crime: é mesmo uma moralidade e uma forma, por assim dizer, de “arte”. Não é por acaso que uma boa parte do Brasil honesto e dos turistas se irrita profundamente com a “ética” da malandragem carioca. Para os habitantes do Rio, a malandragem é uma espécie de virtude cívica, uma mostra de espontaneidade daquele povo. Daí o caminho para o crime ser apenas um pulo. Senti isso quando peguei um táxi da rodoviária para a casa de um amigo meu. O carioca risonho, falso como uma nota de três reais, veio subestimar minha inteligência, desligando o taxímetro e cobrando um preço exorbitante. Eu, não menos malandro, acabei pagando só a metade da corrida, saindo de mansinho sob protestos do caloroso taxista.

Vou ao Teatro Municipal. Assisto a um belíssimo concerto do padre José Maurício Nunes Garcia, um músico da corte de Dom João VI, um réquiem dedicado à memória de Dona Maria I de Portugal. Ouvir um réquiem é, acima de tudo, morrer dignamente. A morte acaba sendo música, solenidade, poesia, enfim, torna-se artística. Ou melhor, o réquiem dá a entender que existe uma salvação e uma eternidade depois da morte. Neste ponto, a nobreza católica sabia muito bem morrer. Chocou-me, no entanto, o aparente vazio de público do teatro. Meu amigo, que percebeu a cena, comenta o ultimo sucesso do Rio: o créu, créu, créu do baile funk. Dizem que o sujeito que inventou essa porcaria está rico. Sem contar o protótipo caricato da mulher carioca, a tal “mulher-melancia”, cujo rabo parece ser mais útil do que a inteligência. Todavia, quando um povo prefere as interjeições obscenas de um pobretão do fundo de quintal, em detrimento do réquiem de um padre, é porque ele está no mundo infantil do pensamento, num estado psicológico digno dos débeis mentais. Se alguém disser que isso é porque não há incentivo à cultura, o ingresso do Teatro Municipal custava um mísero real. Enquanto isso, o carioca médio paga dez, vinte ou trinta vezes mais para ver o funk das interjeições estéreis de alguns mentecaptos barulhentos, tão barulhentos quanto os mosquitos da dengue. Tão barulhentos quanto o rabo balouçante da mulher-melancia. Quem ouve um réquiem, morre feliz. Quem costuma ouvir funk, morre de tiro e vai para o inferno.

Pego o ônibus com meu amigo e vou passando pelo Maracanã, no clássico Flamengo e Botafogo. E aí observo uma cena curiosa: um automóvel de alguém abastado, com a camisa do mengão, acaba colidindo com um carrinho de mão de um catador de sucata. O flamenguista sai do veiculo, ameaça arrebentar o pobre diabo do catador e num acesso de fúria, dá um chute em uma máquina de lavar que estava no carrinho, que se esbandalha no chão. Deve ser a fúria contra os botafoguenses. Imagina se o sucateiro fosse mesmo botafoguense?

Na mesma cena, uma senhora pede pra descer do ônibus fora da parada. O motorista, teimoso, não deixa, afirmando que vai ser multado. E aí, a senhora, furiosa, diz que se ela tivesse um revolver 38 na mão, ele abriria o portão do ônibus. E o motorista retrucou: - A senhora tem um 38? Se tem, eu abro na hora! E aí, a velha resmungou: - Se eu tivesse, eu jogaria na sua cabeça, seu safado! A mulher fez maior escândalo e chamou o PM, que na sua pose de autoridade, obrigou o motorista a abrir a porta. Eu e meu amigo vimos aquela cena, perplexos. Quando chegamos, a mãe dele ainda me contou uma história mais absurda: os vagabundos de um morro qualquer estavam cobrando pedágio aos motoristas que desviavam caminho do Maracanã, sob pena de quebrar seus carros. Pior foi a declaração que ouvi a respeito das favelas: os narcotraficantes observam, armados de fuzis e de binóculos, os transeuntes das ruas dentro e fora da área de seu comando. Qualquer passo em falso leva um tiro. Curiosamente há um trecho de rua da cidade que os habitantes chamam vulgarmente de “Faixa de Gaza”. Os cariocas estão enganados. A Faixa de Gaza é mais segura do que o tal lugar, porque, ao menos, tem exército israelense para colocar ordem. A cena mais insólita descrita naquele local foi a de um cadáver de um homem pendurado numa passarela. O Rio de Janeiro é, realmente, um poço de calor humano. Tão calor humano, que a sua maior fama é a do pessoal sendo queimado a base de pneu e gasolina pelos traficantes.

Mas a cultura do favelado criminoso não se limita a isso. Ela tem todo o apoio de uma parte da classe dita “pensante” do Rio de Janeiro. Visito o curso de filosofia da UFRJ. O prédio lembra aqueles cortiços da Havana castrista caindo aos pedaços, e a faculdade é o totalitarismo em miniatura laboratorial, em matéria de idéias tresloucadas de engenharia social. Lá escuto algumas pérolas, que poderiam entrar para os anais da filosofia mundial. Um cidadão acadêmico nos diz que um bandido cantador de rap, que foi morto pela polícia, era como Sócrates se rebelando contra o sistema de Atenas. Outra professorinha nos diz que a arte da favela, do tipo “créu, créu, créu”, está no mesmo nível do que os Lusíadas de Camões e os concertos do Padre José Mauricio Nunes Garcia. E, dizem às más línguas, a universidade liberou uma sala para que os futuros professores de filosofia, de fato, “filosofem”, aos brados de muita maconha e cocaína. Ou mais, façam de seu ponto de maconha um berço de idéias alternativas. Se há algo que existe no curso de filosofia da UFRJ, com algumas exceções, é o ódio a filosofia. Ninguém pensa, decora chavões. Ninguém raciocina, fuma maconha. Não nos haveríamos de nos espantar se a famigerada “Marcha da Maconha” tenha sido apoiada por muitos estudiosos de “filosofia” da UFRJ, junto com seus companheiros do curso de história e sociologia. A bandidagem e o funk têm o sólido apoio do baixo clero da intelectualidade carioca. Na verdade, intelectualidade delinqüente e crime organizado têm tudo a ver no Rio de Janeiro, já que uma é praticamente cria da outra. São amiguinhos diletos, pois apesar de a intelectualidade se declarar marxista, socialista, trotskista, stalinista, participa livremente do livre mercado do consumo de drogas. Legitima os criminosos, como vitimas da sociedade, quando o cidadão honesto da favela, de fato, é um prisioneiro, que vive num estado de sítio permanente.
Se o Rio voltasse à Idade Média, os traficantes seriam elevados a senhores feudais justiceiros e a intelectualidade carioca seria o clero do haxixe. Só que a filosofia não seria a da Igreja, porém, do marxismo ou de qualquer outra porcaria ideológica, em nome da “justiça social”. Os nobres feudais europeus, contudo, tinham dignidade, valores éticos cristãos, orientados por uma instituição autêntica, ou seja, a Igreja Católica. Os traficantes não passam de desordeiros, bandidos, forasteiros, usurpadores. E os intelectuais cariocas são um clero postiço. Já dizia o Padre Vieira, que os grandes impérios usurpadores são grandes domínios criminosos e os pequenos domínios criminosos são pequenos impérios usurpadores. O Rio é um exemplo clássico dessa máxima.

O rebaixamento moral dos pensadores contamina o povo e rebaixa moralmente toda uma sociedade. E é esse tipo de gente que educa os estudantes do Rio de Janeiro, deforma as consciências, bestializa, infantiliza. E se hoje muitos aderem ao crime organizado ou preferem baile funk, ao invés de irem ao Teatro Municipal, é precisamente porque o Rio possui a classe de pensadores e educadores mais estúpida, vigarista e doentia da face da Terra. Se um dos senhores da cidade, o mosquito Aedes Aegypti, matasse quase todos os “filosophes” da UFRJ, faria um grande trabalho de sanidade mental e saúde pública.

Se o Rio de Janeiro ainda não acabou, talvez porque tenha umas cinqüenta pessoas justas, dentro do antro de perversidade que se tornou. Deus, do alto do Corcovado, deve ter piedade dos cariocas e ainda não jogou fogo e enxofre neles. Os cinqüenta justos salvam a cidade. A glamourização do Rio é um ato de alienação coletiva, tal como é a alegria do carioca. O que se vê é desespero, decadência, medo, horror, abandono, desunião e loucura. A favela já invade a cidade. Aliás, a cidade já é há muito tempo uma extensão da favela. É questão de tempo o crime organizado tomar a cidade inteira e se tornar um poder soberano. Acabará por se tornar um grande império usurpador.