terça-feira, abril 21, 2009

Democracia e violência.

É interessante notar, historicamente, o posicionamento de certos pacifistas, quando condenam algum tipo de guerra declarada em nossas democracias. Eles saem pelas ruas protestando contra as ações de seus governos e, inclusive, boicotam seus desdobramentos. Na mídia, chegam a demonizar os seus líderes políticos e seus próprios países. Eles partem do pressuposto ingênuo de que a paz é um ato de inércia, uma complacência com as nações inimigas, onde basta depor as armas e tudo será um paraíso do Éden. Se existe a ingenuidade, há também os demagogos. Recentemente, o presidente dos EUA, Barack Obama, expôs seu desejo de ver um mundo sem armas nucleares, comovendo os seus patéticos seguidores e admiradores. A declaração torna-se mais cômica ainda, quando horas depois, a Coréia do Norte joga um míssil sobre o mar do Japão e o Irã ameaça ter seu arsenal atômico, apontando bombas nucleares para Israel e para os próprios EUA.

Se o pacifismo na política externa é um desastre, que dirá no quesito da segurança pública? Os ativistas dos Direitos Humanos confundem a defesa das garantias individuais com a renúncia completa da proteção da sociedade contra a violência e os criminosos. No linguajar deles, o Estado não deve impor penas mais pesadas ou punir bandidos com severidade. Tudo o que o Estado tem a fazer é ser um elemento “ressocializador” do indivíduo, como se a criminalidade compreendesse altos valores morais, como se o assaltante ou estuprador médio fosse uma criança que apenas deveria ser advertida e mimada. Ou então, como se a polícia ou o judiciário devesse fazer caricias ao patife. Na pior das hipóteses, eles pregam a inépcia do Estado e o desarmamento da sociedade civil. Há até uma inversão de valores embutida: é disseminada a crença de que o criminoso é uma “vítima” da sociedade que deve ser poupada do Estado. E a vítima real, propriamente dita, do bandido, é um agente culpado pela ação do criminoso. Daí a histeria quando um bandido é morto por policiais. E a mais completa indiferença, quando uma mulher é estuprada ou o policial honesto é morto. Claro, o perigo mesmo não é o bandido ter armas; é o cidadão comum tê-las. A propaganda do desarmamento civil, insuflada pela imprensa e apoiada pelo governo, pregava a idéia idiota de que as armas matavam sozinhas. Ou que o cidadão médio, incapaz de usá-las, deveria ser totalmente dependente do Estado para sua proteção, revogando seu direito natural de legítima defesa. No geral, só duas castas sociais poderiam estar armadas, a polícia e o bandido, e o cidadão comum ficaria a mercê dos dois. O Estado não seria um complemento para a segurança publica; seria justamente usado para boicotá-la, através da proibição do uso de armas entre a população honesta, para sua proteção. O “pacifismo” hipócrita dessas militâncias se coaduna perfeitamente com a apologia do crime e o total desamparo da sociedade civil.

No entanto, a defesa dos Direitos Humanos soa estranha: como se pode defender o direito de alguém sem segurança? Alguém objetará que a tortura e o abuso policial devem ser condenados. Isso é também correto. Porém, por que se condena tão somente a tortura policial, quando na verdade há condescendência, senão cumplicidade, com a tortura imposta pelo criminoso? Não há nada concreto nos gloriosos pacifistas dos Direitos Humanos neste sentido. Pelo contrário, cada vez mais eles inventam pretextos para obstar a ação da polícia e inspiram uma legislação que, na prática, é uma completa licenciosidade com o crime, levando à impunidade.

É paradoxal que a militância dos Direitos Humanos seja tão pusilânime quando o bandido mata uma pessoa comum, e chegue a ser tão draconiana, quando se mata um ativista social qualquer. A morte da “freira missionária” Dorothy Stang (coloco entre aspas, porque tenho lá minhas dúvidas) fez com que a mesmíssima turma dos Direitos Humanos exigisse “punição rigorosa” aos assassinos! O mesmo raciocínio se aplica ao massacre de Eldorado dos Carajás e de Carandiru. O discurso dá uma reviravolta radical. Não é estranho? Esse pessoal passou anos criticando a dureza das penas e da ação da polícia e, de uma hora pra outra, muda radicalmente a ladainha, adotando o mesmo raciocínio do cidadão médio que é acusado de ser “fascista” por pedir justiça. Isso porque a choradeira em torno de Carandiru é de uma hipocrisia descomunal: por mais arbitrária que tenha sido a ação da polícia, os presos rebelados fizeram as piores barbaridades na cadeia, queimando colchões, decapitando presos rivais e cometendo outras demais atrocidades, além de ameaçar a vida da própria polícia. Todavia, bandido é intocável, salvo quando mata ativista social. Ou mais, bandido bom é aquele que tem “consciência social”: mata policial e cidadão comum e domina a favela.

Se o raciocínio do bandido bom seduz a atividade dos Direitos Humanos (que como dá pra perceber, é dominado pela esquerda), o mesmo princípio se aplica aos tiranos, ditadores, genocidas e terroristas combatidos pelas democracias. No âmbito interno, a condescendência deles com os criminosos é uma afronta ao Estado de Direito; e o pacifismo internacional é uma arma poderosa contra as nações democráticas em escala mundial, em favor do totalitarismo. São duas forças que desestabilizam a sociedade civil, tanto interna, quanto externamente, sujeitando-a as piores ameaças.

O cidadão médio do país democrático não gosta da violência, não gosta da guerra. Acostumado ao conforto e benesses de uma sociedade de direitos, a guerra, como a violência, parece algo que ameaça seu conforto, sua paz. Daí o discurso pacifista seduzi-lo, como se a sociedade de direitos não devesse ser defendida contra seus inimigos, como se a sociedade democrática mesma não houvesse inimigos. É como se a paz de sua casa ou de seu país não tivesse a necessidade de ser protegida pelas armas ou pelo exército.

Mas há uma contradição neste pensamento. O que difere a democracia das tiranias não é a ausência de força ou de guerra e sim a racionalização e a justificativa moral dos meios da violência. Os princípios da legitima defesa e da guerra justa são justificativas morais da ação violenta, quando há a provocação injusta. Só que nas democracias, a violência, embora existente, é limitada e usada apenas em casos muito particulares. Entretanto, ela existe e é um mal necessário, quando a outra parte se recusa a atitude pacífica ou conciliatória. A democracia só pode estabelecer uma ordem se tiver meios coercitivos de impor suas leis e a sua soberania. A lei sem espada é letra morta. O Estado sem armas é inepto.

Já no Estado totalitário, a violência ilimitada é regra, é expediente comum, e a arbitrariedade do poder se coaduna com a completa ausência de leis e indiferença ao ser humano. Se na vida social, o cidadão médio é mera engrenagem descartável do governo, que pode ser dispensado como algo inconveniente ou nulo, no caso da guerra, o Estado totalitário não tem nada a perder, porque a burocracia que comanda despreza o povo. Os direitos individuais simplesmente não interessam. É o povo escravizado e reprimido que vai pagar o preço. Daí estes modelos políticos estarem mais propensos a guerra e saberem explorar, como ninguém, as fraquezas das democracias. Porque guerrear é expandir os domínios. E a liberdade e o bem estar, que são as comodidades dos sistemas democráticos, tornam as democracias particularmente vulneráveis às tramóias e engodos totalitários. Até porque existe uma tendência maldita dentro das democracias de fazer prevalecer o bem estar, em detrimento, por vezes, da liberdade. Ou, no mais, de prevalecer a idéia de liberdade sem a devida obrigação de preservá-la. Uma contradição, pois se a ideologia totalitária promete o bem estar social sem liberdade, ela acaba destruindo as duas coisas. Neste aspecto, o pacifismo é o conformismo, a covardia moral das democracias. Os ditadores do século XX souberam entender perfeitamente esse mero detalhe do caráter e espírito das pessoas destas nações. Eles conseguiram ir mais além; superaram a visão turva das lideranças dos países democráticos, tão cegos quanto o povo, no desejo do conforto e da paz. Lênin, Stálin e Hitler escarneciam do pacifismo como um capricho tolo das democracias.

Na década anterior à segunda guerra mundial, a Europa pipocava de pacifistas insanos, que desarmavam as democracias, na mesma época em que se via a ascensão de Hitler e de Stálin. França e Inglaterra se recusaram a guerrear contra a Alemanha quando esta ainda era militarmente fraca e os nazistas souberam perfeitamente explorar o desejo de paz mundial pelos seus desejos de guerra. O tacanho primeiro-ministro inglês Chamberlain trazia um papel assinado por Hitler, garantindo a paz européia e deixando para trás os tchecos à rapinagem do exército alemão. E quando a União Soviética, aliada dos nazistas, entrou no centro de operações militares da guerra, invadindo a Polônia, conjuntamente com as tropas nazistas, a Europa despertou tarde demais para o pesadelo que sofreria anos depois.

É claro que o pacifismo, basicamente, é também uma arma de guerra. O Partido Nazista e o Partido Comunista estavam por trás da sólida campanha de desarmamento da Europa democrática, financiando títeres e colaboradores na imprensa e na opinião pública. Se o pacifismo sonha com o mundo de paz, ele tem sua inquisição ideológica. Líderes como Churchill e De Gaulle eram malvistos justamente porque previram a guerra e sentiam a necessidade de precipitá-la, para evitar algo pior. O general De Gaulle dizia em alto e bom som: a França está militarmente obsoleta em relação a Alemanha e será derrotada por ela. Porém, o pragmatismo destes políticos se esbarrou na cegueira convencional do pacifismo, do horror à guerra, que era, naquele momento, inevitável.

Outro exemplo clássico é a guerra do Vietnã. Um mito disseminado entre a mídia e nos livros de história é a de que os EUA sofreram uma derrota militar no sudeste asiático. Contudo, isso é uma falácia. A ofensiva do Tet, que a imprensa esbraveja como vitória comunista, foi uma das maiores derrotas militares do exército de Ho Chi Min, tendo sido destroçado dois terços do exército do Vietnã do Norte. Na prática, os americanos retrocederam com a guerra ganha. E por que esse milagre? Mais uma vez a onda pacifista e de propaganda de desinformação boicotou a vitória militar de uma nação. A maior arma contra os EUA na guerra do Vietnã foi a imprensa, seja em escala nacional e mundial, cúmplice da esquerda ou mesmo esquerdista e simpática aos comunistas. O boicote ao país foi tão intenso, a demonização do exército americano foi tão profunda, que isso fez reverter todo o espírito de luta em favor de um inimigo invisível (a União Soviética e a China, que apoiavam o Vietnã do Norte). Ou seja, a “subversão ideológica”, que minou o moral das tropas americanas e a vontade do país de vencer a guerra.

Os vietnamitas comunistas, fiéis servos de Moscou e de Pequim, foram retratados pela imprensa americana e por uma boa parte da mídia mundial como “libertadores”. Quando os americanos foram embora, em 1975, a Indochina foi subjugada por uma assustadora tirania e o Camboja experimentou um dos mais monstruosos casos de genocídios da história humana, com a empreitada do khmer vermelho. Claro que os pacifistas de última hora ignoraram o destino dos vietnamitas, laocianos e cambojanos assassinados aos milhões ou trancafiados em campos de concentração pelos governos comunistas. Em alguns casos, eles continuaram a defender esses regimes, mesmos sabendo de seus crimes, muito piores do que a guerra.

A mesma apelação é visível na guerra do Iraque, quando os EUA derrubaram o regime de Saddam Hussein. Os americanos são criminalizados pela mídia mundial, na mesma proporção em que o ditador iraquiano é sacralizado, elevado nas auras da benevolência, junto com a chamada “resistência iraquiana”, que é um bando de terroristas fanáticos que não possuem escrúpulos quando explodem bombas em Bagdá e matam civis. O mesmo sentido se aplica a Israel, na guerra de Gaza. A mídia mundial denuncia as supostas atrocidades israelenses e esconde da opinião pública os crimes comprovados do grupo terrorista Hamas. O pacifismo, por assim dizer, é para inibir o direito das democracias de se defenderem. Na verdade, é também unilateral: os pacifistas são capazes de defender a mais violenta hostilidade das nações totalitárias e, ao mesmo tempo, compactuar com a sujeição humilhante das democracias.

A onda demagógica de pacifismo do presidente Barack Obama com o Irã e o mundo islâmico soa como traição, como farsa. E a omissão atual dos EUA com a América Latina é uma cegueira geopolítica de proporções imprevisíveis. O mundo, para o bem e para o mal, já está em uma situação de guerra. O ditador iraniano Armadinejah já prepara sua primeira bomba atômica, hostilizando Israel; o islã fanático há muito é uma ameaça ao mundo ocidental e declara abertamente destruí-lo através do jihad e do terrorismo; a Coréia do Norte hostiliza o Japão e a Coréia do Sul; e Hugo Chavez da Venezuela declara abertamente o desejo de convulsionar a América Latina e varrer as democracias do continente sul-americano. Sem contar a China e a Rússia, que são uma incógnita à parte neste processo. Em suma, o pacifismo é uma notória cretinice.

A paz não é inércia, é equilíbrio de forças que se consagra pela diplomacia, mas que se preserva pelo uso das armas. O mundo só não está numa guerra declarada porque existe o exército americano para contrapor às forças totalitárias existentes no mundo. As hordas comunistas e islâmicas ainda temem as tropas do ocidente. Enquanto houver ditadores nas ruas e nações fora-da-lei, tais como os bandidos nas cidades, haverá a necessidade de polícia e de exército para preservar a ordem pública. A inércia dos pacifistas de última hora não é a paz, é a derrota.

quarta-feira, abril 15, 2009

O liberalismo visto pelo imaginário universitário.

É curioso observar que certos setores universitários usam, nas palavras do George Orwell, uma verdadeira “novilíngua”, tal como é descrita em seu famoso romance “1984”: a distorção do sentido das palavras, no intento de confundir ou mesmo destruir seu significado. Um desses conceitos vitimados pelo estigma mais odioso tem o nome de “liberalismo”, em particular, sua versão mais vulgar, “neoliberalismo”. É dado comum condenar o liberalismo como a causa de muitos males sociais. Inclusive, associá-lo indevidamente ao fascismo, ainda que a doutrina liberal seja anti-estatista e defenda a integridade do indivíduo contra a coletividade e arbitrariedade do governo, além da apologia ao livre mercado.

Todavia, se a massa de universitários adquire estigmas antiliberais, a grande maioria jamais leu um autor liberal. Seus conhecimentos provêm da mais rala propaganda marxista, disfarçada de conhecimento e disseminada nas universidades. Isso é particularmente grave, pois, além de induzir os alunos à ignorância completa, a resposta que essa propaganda nos oferece contra a solução liberal são os regimes totalitários de conotação comunista. De fato, quando se observa que a educação, atualmente, é pura formação de “ativistas sociais”, está se falando, em outras palavras, de uma disseminação em massa de militantes comunistas, ainda que estes nem observem a ideologia que estão absorvendo ou pregando.

De fato, mal se percebe o perigo dessa doutrinação ideológica massiva. Se alguém toma uma posição antiliberal e totalitária acaba se tornando inimigo de todas as instituições democráticas vigentes. Ou seja, o antiliberal universitário médio é contrário à divisão dos três poderes, ao Estado de Direito Democrático, às liberdades civis e políticas (e nisto, inclui-se, os direitos individuais, os direitos de propriedade e a pluralidade política) e à liberdade econômica, em particular, à economia de livre mercado. E o que ele prega? A concentração brutal do poder do Estado sobre a sociedade civil, a educação, a cultura e a vida em geral. E o projeto econômico apregoado por ele é o planejamento estatal centralizador, bem aos moldes soviéticos, com as mazelas e tiranias já bastante conhecidas. Ou seja, o que esses ativistas pregam é a sujeição de todas as decisões da economia a uma diminuta e iluminada burocracia estatal. Ou, na pior das hipóteses, eles mesmos sonham em ser esses burocratas.

Em épocas de crise mundial, o modismo político é falar de “regulamentação”, a história de que o mercado não funciona sozinho e que ele precisa de um Estado justiceiro para resolver todos os seus problemas e distorções. Porém, há um engodo nesta questão. Pois, de alguma forma, o mercado já é regulamentado. O problema mesmo a ser discutido é no que consiste essa “regulamentação”. Ninguém o especifica corretamente. Fala-se em termos genéricos, tal como o malvado “liberalismo”, culpado pelas mazelas mais extravagantes da humanidade. Entretanto, há uma crença perversa por trás disso, que revela um perigo fatal: a idéia sacralizada da autoridade moral do Estado e da burocracia para resolver todos os problemas econômicos e sociais. A pergunta que poderia brotar nas cabeças de certas mentalidades universitárias quando exigem “regulamentação” é simples: quem controla os controladores? Quem controlará a burocracia, quando a sociedade der plenos poderes de gerência a ela? Pelo jeito, quando os burocratas e os políticos falam em “regulamentação”, eles querem dizer “mais regulamentação”. O excesso de “políticas sociais”, de “políticas públicas” e a exigência cabal de mais leis, apregoadas por muitas universidades, disfarçam, através de uma linguagem rebuscada e vazia, tão somente a expansão e o gigantismo dessa burocracia. Até porque, quanto mais leis, mais regulamentações, mais burocratas. E mais Estado em nossas vidas. É, em suma, uma forma renovada e reciclada das velhas crenças do dirigismo estatal.

Essa pergunta já poderia ter sido respondida no século XX. As experiências do totalitarismo soviético, nazista e fascista mostram até aonde nos levam a destruição das liberdades civis e políticas. Isso implica dizer, obviamente, a destruição da liberdade econômica e dos direitos de propriedade, elementos substanciais de autonomia e independência da sociedade civil perante o Estado. Há certos indivíduos ingênuos ou mal intencionados que acreditam numa sociedade democrática sem a propriedade privada e o livre mercado. Contudo, se o Estado é detentor da propriedade e da liberdade econômica, quem será contra o Estado? O que está se propondo, basicamente, é o monopólio governamental sobre as propriedades e as atividades econômicas de milhões de pessoas. Tudo para o Estado, nada contra o Estado, já dizia Mussolini! E qual democracia sobreviveria se não há o equilíbrio dos poderes, o sistema de pesos e medidas clássico do liberalismo e de outras sociedades mais antigas?

E o capitalismo não possui suas mazelas? Não é causador de misérias, desigualdades e opressões? Isso é um grande mito disseminado por uma boa parte das universidades. Se há algo que as sociedades capitalistas conseguiram foi justamente reduzir a miséria. E quem pode falar em opressão dentro de nossas sociedades capitalistas, já que elas convivem perfeitamente com os sistemas democráticos e o Estado de Direito? Se o capitalismo, por regra, implica a liberdade econômica como um de seus princípios? Por outro lado, há a difusão do igualitarismo como um ideal a ser buscado nas sociedades democráticas. O problema mesmo é o realismo dessa teoria. A desigualdade sempre existiu em qualquer sociedade humana e sempre vai existir. As diferenças de renda, de conhecimento, de status social não são um fruto artificial das injustiças e sim um dado natural que é evidenciado mesmo no comportamento das pessoas. Em seus talentos, méritos, determinações, inteligências, vontades e perseveranças, as pessoas são desiguais. A única desigualdade que não pode ser aceitável, por ser injusta, é aquela determinada por condições legais diferenciadas entre as pessoas. É regra da boa justiça que todas as pessoas vivam sobre as mesmas leis e seus direitos sejam igualmente respeitados. Essa é a única igualdade possível. Do resto, o discurso da “desigualdade social” é artificial, um problema falacioso e inócuo. Ou, na prática, é tão somente a reprodução totalitária da utopia socialista, que precisa nivelar todo mundo por baixo, em nome da igualdade. As pessoas parecem se esquecer do sentido da palavra “justiça”. Justiça não é igualdade, é eqüilidade. É dar a quem é devido, dentro das mesmas regras comuns do direito.

É paradoxal que o capitalismo, com seus imensos sucessos no campo do bem estar das sociedades democráticas, seja criticado em favor dos mitológicos experimentos socialistas, com seu histórico de fracassos assombrosos. O problema mesmo está no desconhecimento da economia e da história, sem contar a desinformação em massa sobre essas questões. Em parte, essa desinformação revela o completo envolvimento da intelectualidade universitária com a crença auto-divinizadora da engenharia social, como se a sociedade fosse um mármore a ser esculpido. Se alguém fizer uma simples comparação entre países capitalistas e socialistas, no aspecto das liberdades e, mesmo, do padrão de vida, a situação é tão humilhante para a esquerda, que na falta de provar qualquer eficiência de seu regime, acabam estigmatizando aquilo que odeiam. A Coréia do Sul abunda em riqueza, conforto e liberdades, quando a Coréia do Norte é um grotão miserável, um Estado policial cheio de campos de concentração, cujo ditador todo-poderoso é cultuado como um deus encarnado, uma caricatura oriental de Stálin. A antiga Alemanha Ocidental capitalista, na época da guerra fria, tinha um padrão de vida altíssimo e plenas liberdades civis e políticas, enquanto sua irmã vizinha, a Alemanha Oriental, era uma verdadeira prisão cercada por um muro. Mesmo a União Soviética, que era, supostamente, o país mais rico dos Estados socialistas, não chegava nem a sonhar com os padrões de vida dos EUA. Mas o que diferencia esses dois tipos de modelos de vida, para que um tenha enormes sucessos e outro, enormes fracassos? É a liberdade e a defesa do individuo cultuadas pelas sociedades liberais contra as sociedades coletivistas que o oprimem. O igualitarismo socialista não divide a riqueza; concentra-a em favor do Estado; não socializa a riqueza, socializa a miséria. O que as pessoas precisam entender é qual a diferença básica entre a sociedade de mercado e a sociedade dirigista ou socialista. A primeira dá a liberdade a cada indivíduo de gerenciar suas riquezas e possuir propriedades como bem entender; a segunda confisca o direito de cada um gerenciar o que é seu e se dispõe gerenciar os bens alheios às custas de todo mundo. O capitalismo é a economia da liberdade individual; o socialismo é a economia da servidão estatal.

As deficiências do liberalismo não estão nas estruturas políticas da democracia constitucional, e, tampouco, na sociedade contratual e na economia de livre mercado. O mal se encontra no relativismo moral, que não é somente um vício das sociedades liberais, e sim, de toda uma época, o século XX. Entretanto, a rotulação esquerdista sobre o liberalismo, ou mais específico, sobre o “neoliberalismo”, partindo da boca de certos “ativistas sociais”, é pura fraude. Na prática, é a velha nostalgia dos totalitarismos. E isso se torna perigoso, porque influencia toda uma cultura e mentalidade comuns, no sentido de rejeitar a democracia ou mesmo destruí-la. O ódio antiliberal tem o mesmo sabor de ódio às liberdades. O preço da liberdade é a eterna vigilância.

sábado, abril 11, 2009

Quem tem medo do aquecimento global?

Recentemente, apresentei um trabalho numa sala de aula sobre “desenvolvimento sustentado”. Como iniciei minha segunda faculdade, o trabalho escolhido foi sobre meio ambiente, um tema que na maioria das vezes cheira a enxofre ideológico. “Desenvolvimento sustentado”, por assim dizer, é uma palavra cujo sentido é uma casca dourada de ovo vazio. Não diz muita coisa ou quase nada e deixa margem a várias interpretações obscuras. Há certa dose de religiosidade apocalíptica nas declarações de certos ambientalistas, ativistas e militantes do meio ambiente. Tal como o adventista médio que invoca o Juízo Final antes do tempo esperado, os ambientalistas reverberam, histericamente, contra a “destruição” da natureza, contra as investidas do homem na mata, contra a industrialização, contra o “consumismo” e mesmo contra o capitalismo. Estas práticas, entre outras, são culpadas pela degradação da natureza e responsáveis pelo efeito estufa e aquecimento global.


É o novo modismo dos nossos tempos: imputar a qualquer calamidade ao aquecimento global e, como causa, às ações do homem. Se há secas em regiões chuvosas? Claro, é culpa do aquecimento global! Esfriou absurdamente no Saara? Culpa do aquecimento global! O Tsunami destruiu o Sudeste Asiático? Culpa do aquecimento global! O furação Katrina devastou New Orleans? Põe na conta do aquecimento global e de George Bush, que não assinou o Tratado de Kyoto. O aquecimento global deu explicações simplistas e polivalentes para vários problemas do mundo. Da hemorróida à briga com a namorada menstruada, acreditemos, isso será também culpa do aquecimento global, que provavelmente afetará os humores dos homens e das mulheres, através de radiações solares. O pior de tudo é quando uma teoria tão esquisita, tão nababesca, tão incoerente, é apresentada ad nauseam como uma verdade científica inquestionável, um dogma capaz de mandar hereges para a fogueira. Assombroso é crer, ainda, que o homem tenha um poder mágico de modificar todos os ciclos da natureza, a revelia das modificações que a própria já faz, através de milênios. Isso faz crer que o homem é um ser divino e todo-poderoso, que quer destruir o mundo. A realidade, no entanto, é bem diferente disso. Ao contrário do que se pensa, não há provas de que o aquecimento global tenha causalidade na poluição humana. Pelo contrário, há fortes evidencias de que a própria natureza é o elemento mais influente deste fenômeno.

Se a teoria é cheia de furos, por que a mídia, Ongs riquíssimas, uma boa parte da opinião pública e mesmo um político como Al Gore repetem freneticamente a farsa? Porque a teoria dá altos dividendos políticos e financeiros a esses vigaristas. Certamente, um dos maiores patrocinadores da farsa é a ONU, que usa de pretextos ecológicos para intervir e controlar a vida de países inteiros, através de seus projetos malucos, feitos por burocratas visivelmente socialistas. O principal deles, sem dúvida, é o protocolo de Kyoto, calhamaço cultuado pelos ambientalistas e que os Eua sabiamente não assinaram, proposto em 1997 no Japão. O documento, criado pelo IPCC, Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), um órgão burocrático das Nações Unidas, impunha aos países ricos o corte de até 8% de poluição de suas indústrias, determinando critérios de porcentagens de gás carbônico aos níveis de 1990. Na realidade, porém, se o tratado fosse aplicado na sua literalidade, simplesmente levaria o mundo à recessão mundial, prejudicando os países ricos e, principalmente, os países pobres, dependentes dos mercados dos Eua e da UE. Em suma, o tratado é um poço de estupidez. Isso porque, reitere-se, a grande maioria dos países que assinou o tratado jamais o ratificou, já que seria impossível controlar a poluição na atmosfera. E na atual crise mundial, a discussão de uma parte da mídia se tornou esquizofrênica, para dizer o mínino. Ela afirma que devemos produzir mais para contornar a crise, ao mesmo tempo em que prega a contenção da poluição, com a diminuição do número das fábricas. Um vulcão em erupção, os oceanos, os animais e os vegetais em decomposição jogam muito mais gás carbônico na atmosfera do que a produção de todas as fábricas, carros e aviões do mundo, no decurso de um ano. O ecossistema, por assim dizem, é mais “poluente” do que o homem. Entretanto, os vulcões e a natureza não assinaram o Tratado de Kyoto.

Se por um lado, a intromissão dos burocratas é levar o mundo, artificialmente, a uma crise econômica, através de projetos mirabolantes e cientificamente duvidosos, por outro, eles exigem maior “controle” sobre o consumo e a produção de riquezas no planeta. Como a abundância de produção e o excesso de consumo são causas do aumento da poluição, da emissão de gases tóxicos e do aquecimento global, estes ursos sábios da natureza querem controlar diretamente o que compramos e o que produzimos. Uma solução visivelmente soviética, para dizer o mínimo. Como o cidadão médio é um débil mental que não sabe produzir e consumir sem poluir, só faltam nos propor um planejamento econômico geral, ao nível centralizador da Gosplan stalinista. A diferença é que a Gosplan será a ONU.


Para legitimar essa torpeza, bilhões de dólares são injetados em ONGs globalistas e na imprensa, exigindo cada vez mais interferência do Estado ou de uma burocracia mundial na vida das pessoas, em nome do ambientalismo (o Greenpeace é mestre em tirar dinheiro de empresas e governos e usar mão de obra gratuita de trouxas bem intencionados). Os ecologistas vão dizer: consumir mais do que comer e beber é inútil, as pessoas só devem viver para suas necessidades fisiológicas imediatas. Celulares, TVs, telefones, carros, luz elétrica e outros bens de consumo da indústria? Nada disso, não são necessários. Voltem pra selva! Vivam como os índios da mata ou os bois no pasto! Alguns gritam, histéricos: 90% da Mata Atlântica foi destruída! Tanto melhor que as matas ocupem todas as cidades litorâneas brasileiras e todo mundo volte pro matagal, para preservar a natureza! E as ONGs mobilizam milhares, senão milhões de idiotas, pregando as Boas Novas do Evangelho ecológico e o futuro apocalipse industrial, prontos pra salvar o mundo!

Se não bastasse o ódio contra o progresso industrial e as cidades, há ainda uma sólida aliança entre os projetos da ONU e o esquerdismo anticapitalista mais rançoso. Como a esquerda foi desmoralizada no seu projeto político e econômico totalitário, só restou a ela o discurso “verde”, que é, na verdade, a “ideologia melancia”, verde por fora e vermelha por dentro. As críticas “ecológicas” e culturais contra a sociedade de consumo e, em particular, contra os Eua, partem do mesmíssimo ódio antiliberal e anticapitalista que moveu os velhos comunistas da Guerra Fria. Isso implica, claro, o antiamericanismo, o antigo ódio que não ousa dizer o nome. Como os americanos não assinaram o Tratado de Kyoto, agora são acusados de malvados antiecológicos, fiéis culpados do aquecimento global. Claro que os comunistas se calam sobre os desastres ecológicos dos países comunistas, os piores da história humana. Quem falará da China, em termos proporcionais, uma das maiores, senão a maior poluidora do mundo? Tampouco alguém falará do fiasco do Mar de Aral, na Rússia, e de Chernobyl, na Ucrânia. Pois esses desastres foram causados justamente pelos planejadores estatais, cujas vontades sacrossantas do “socialismo científico” estavam acima da natureza. Os mesmíssimos tipos de planejadores que liberam decretos pseudo-ecológicos levianos por intermédio da ONU e ameaçam causar crises graves na economia.

E Al Gore? O fracassado ex-vice-presidente do Partido Democrata encontrou no aquecimento global um slogan para ressurgir das cinzas como a imagem do político “progressista”. O seu vídeo, “Uma verdade inconveniente” (que bem poderia ser “Uma mentira conveniente”), é um poço de autopromoção, junto com o velho choro do politicamente correto. Inclusive, ele participa, junto com uma ONG ecológica, a WWF, da chamada “Hora do Planeta”, quando os idiotas passam uma hora na escuridão, apagando a luz, no sentido de economizar energia e em protesto contra o aquecimento global. Entretanto, se o Sr. Al Gore nos propõe o “apagão” mundial, uma investigação sobre seus gastos revela que sua mansão, em um mês, gasta mais energia elétrica do que um americano médio em um ano. O mais curioso é o político criticar a exploração de novas reservas de petróleo no Alaska, quando ele fala essa bobagem dentro de uma imponente limusine. Este é o sonho de Al Gore e alguns burocratas da ONU: enquanto eles se beneficiam dos bens de consumo “insustentáveis” do capitalismo, como perfeitas nomenklaturas soviéticas, querem que o mundo viva num verdadeiro apagão planetário, na era das lamparinas e das velas de sebo. Se há algo que a “Hora do Planeta” inspira é a “Hora do Idiota Planetário”: um idiota ecológico marciano, fora de órbita, verdinho e que provavelmente não vive na Terra. Isso, quando não é um idiota vermelho do Fórum Social Mundial. . .

Como dizia um sábio amigo, a histeria do aquecimento global está para a atualidade, tal como a teoria geocêntrica está para a Idade Média. E eu acrescentaria: ser atualmente contra o aquecimento global é o mesmo que ser “inimigo da natureza”, tal como no auge da ditadura stalinista, o dissidente era rotulado de “inimigo do povo”. A crendice se arraigou de tal maneira na cabeça das pessoas, que qualquer questionamento desta notória besteira é motivo para alguém duvidar da sanidade mental do sujeito. Meu primo ficou perplexo quando eu disse que a propaganda do aquecimento global era um caso sério de charlatanismo. Quase fui visto como uma espécie exótica e malvada de “capitalista selvagem”. Meu pai, um conservador nato, acusou-me até de “reacionário” e do “contra”, já que fui de encontro a quase tudo aquilo que se publica na imprensa. E os meus amigos da sala de aula ficaram absurdamente assustados quando eu declarei, em alto e bom som, que toda essa cantilena ecológica é tão somente uma justificativa rasteira, fraudulenta, para que governos, ONGs e burocracias globalistas tentem controlar nossas vidas e tratar-nos como idiotas bovinos e porcos. Reconheço, sou uma criatura excêntrica, esquisita. Alguém poderia achar que sou versado em teorias da conspiração, vendo maçons, comunistas e iluminatis debaixo da cama, conspirando para dominar o mundo. Todavia, o canal 4 da BBC de Londres salvou recentemente minha honra e minha reputação. Ufa, eu não estou louco! Publicou um vídeo a respeito da histeria mentirosa do aquecimento global e mostrou as inverdades do vídeo de Al Gore. Ao menos fui recompensado pelo trabalho: a gentil professora me deu dez pelo seminário! Ela também não me achou louco!

“Desenvolvimento sustentável”? “Aquecimento global causado pelo homem?” Tolices, puras tolices! Coisas da ONU, a ONG mais cara e inútil do mundo! Coisas de Al Gore, o desocupado e oportunista que prega algo que não faz. Se depender destas criaturinhas estúpidas do “aquecimento global”, voltaremos para a selva, viveremos uma eterna escuridão e nossa vida retrocederá à Idade da Pedra, junto com os animais. E agora, quem tem medo do aquecimento global? Eu, na minha triste soberba, temo mais o Juízo Final!

Novos tipos de ratos.

O meu grande amigo Guilherme Macalossi, de Farroupilha, Rio Grande do Sul, enviou-me este texto divertidíssimo sobre a histeria em torno do aquecimento global. Inclusive, ele causou escândalo em sua cidade com suas declarações. O modismo fantasioso do aquecimento global é a nova arma dos esquerdistas travestidos de ambientalistas, e a opinião lúcida tem mais que ser lida e ouvida. É o que penso do artigo que vou publicar. O blog do meu amigo é:
Um de meus temas recorrentes é a teoria do Aquecimento Global. Durante esses anos de histeria generalizada fui me tornando uma espécie de especialista cético da Rua Coronel Pena de Morais. Chateei os leitores aqui do jornal retornando ao tema inúmeras vezes. Melhor sorte não tiverem meus amigos, que precisam me aturar pessoalmente. Durante dias os amolei afirmando que debocharia de todos aqueles que apagassem as luzes durante o evento “Hora do Planeta”. Prometi me entrincheirar no alto da sacada de meu edifício para flagrar os adesistas da campanha. Quebrei minha promessa trocando minha vigília cética por duas horas de sorrisos amarelos numa sessão do Circo Metropolitano.

A teoria do Aquecimento Global esta morta. Ninguém mais acredita nela. Nem Al Gore. Nem os professores de Bioética. Nem o palhaço Markito do circo. As luzes da casa de Gore casa ficaram ligadas durante o decorrer da “Hora do Planeta”. Para ver a notícia é só entrar no site http://politics.nashvillepost.com/2009/03/29/al-gore-will-leave-the-lights-on-for-ya/A.

A campanha mundial da Ong WWF, Worlwide Fund for Nature (Fundo Mundial para a Natureza), se mostrou um retumbante fiasco. O protesto não daria certo nem mesmo se um 1 bilhões de pessoas tivessem desligado as luzes. Seria o equivalente ao efeito que teria um corte de 6 segundos nas emissões de CO2 da China.

A televisão foi poluída com propagandas da WWF Brasil. As celebridades se engajaram na campanha. As instâncias governamentais se envolveram de maneira sistemática. Todo nosso servilismo institucional se colocou a serviço da bandalheira ambientalista. Esperava-se um movimento bovino por parte da população em apoio ao ato. Os ruminantes, no entanto, resistiram bravamente. Continuaram a viver da mesma maneira que sempre viveram. Tomando banho com chuveiro elétrico. Usando o a geladeira para guardar alimentos. Todos esses atos comuns que se tornaram condenáveis pelo movimento ambientalista.

O mundo foi tomado por uma histeria regressiva. O ambientalismo se tornou uma doutrina esquerdista que condena a sociedade de consumo, o capitalismo e a produtividade. O mundo “auto-sustentável” é um convite para voltarmos à idade da pedra. É bom lembrar que a 600 anos as cidades eram insuportavelmente imundas. O convívio com ratos, baratas, piolhos e pulgas era natural. Os nobres atiravam seus excrementos pela janela e as cidades eram verdadeiros guetos. De lá para cá avançamos um tantinho. Conseguimos criar esgotos, houve saneamento e hoje até mesmo aqueles que são miseráveis tem melhores condições de vida que os nobres de outrora. Infelizmente ainda não nos livramos de todas as pragas. Hoje ao contrário dos ratos e baratas da idade média, temos que aturar os ambientalistas. Ao contrario da leptospirose eles causam a burrice.

quarta-feira, abril 08, 2009

Os focolarinos e sua economia de “comunhão” comunista.

Quando eu estava no Fórum Social Mundial, aqui em Belém, um cidadão me repassou um folhetim de um movimento católico conhecido como Focolares. Não ficaria surpreso, já que uma parte da Igreja Católica é aliada de seus inimigos e prima pela sua ruína doutrinária e institucional, com a Teologia da Libertação. No entanto, o que me chamou a atenção no folhetim foi o projeto “econômico” deles. Eu coloco entre aspas, porque o projeto parece ter saído de algum compêndio de economia soviética. Como é típico da linguagem atual de alguns movimentos da Igreja, as expressões são adocicadas, floreadas, ocas, para camuflar toda sorte de engodos. A pérola do movimento focolarino, como de sua criadora, Chiara Lubich, é a “economia de comunhão”. Mas que diabos seria isso? “Economia de comunhão” tem o mesmo sentido prático de “economia solidária” ou qualquer coisa do mesmo nível, ou seja, absolutamente nada. Ou melhor, é vulgata socialista, só que por outros métodos de retórica e prática.

Leio no panfleto: “a lição parece ser a de que a competição não pode ser a única relação mediadora entre os homens. . .”. Aí me pergunto, desde quando a competição é a única relação existente entre os homens? O resto preconiza a divisão igualitária dos lucros, dos ganhos, dos salários, como se a administração de uma empresa fosse algum milagre de abundância coletivista e não uma realocação individualizada de recursos em vários de seus setores, regulados por uma perspectiva de preços de mercado. O texto ainda diz: “a economia de comunhão está focada na força da cultura de partilha” (grifo meu). Tudo seria simples e belo se as pessoas não poupassem e dividissem tudo aquilo que acumulam. Se a tradição da Igreja Católica não seguisse o raciocínio dos monges beneditinos ou dos escolásticos espanhóis e sim o de Dona Chiara Lubich, literalmente não teríamos desenvolvimento capitalista. Seriamos uma miséria socialista sem acumulação de capital.

Chamou-me mais atenção sobre a visão negativa do lucro. Os focolarinos, tal como os marxistas, acreditam que o lucro é uma forma indireta de apropriação. Daí a dizer que os lucros devem ser “compartilhados”. Dona Lubich solta essa pérola da ignorância econômica: “Aqui deveriam nascer indústrias, empresas cujos lucros seriam colocados livremente em comum com o mesmo objetivo da comunidade cristã: antes de tudo para ajudar aqueles que estão necessitados, oferecer a eles trabalho, fazer com que não exista nenhum indigente. Além disso, os lucros servirão também para desenvolver a empresa e as estruturas da cidadezinha, para que se possa formar homens novos: sem homens novos não se faz uma sociedade nova”. Em outras palavras, o movimento Focolarino é comunista, só que com outro rótulo: comunhão!

Analisemos melhor a frase da fundadora deste movimento católico: ela crê que o lucro não tem utilidade para os pobres. Demonstra ignorar que novos empregos só são criados justamente porque as empresas lucram. Mas Dona Lubich não parece se importar muito com a eficiência de recursos: ela quer formar “homens novos”, dentro de uma gnose revolucionária herética para qualquer católico. É pior, usa expressões que são típicas dos movimentos revolucionários de esquerda, para fazer valer seus projetos. Lubich fala de uma nova teoria econômica e uma nova práxis! Porém, Chiara Lubich nos dá uma dica dessa práxis: o utópico projeto da cidadezinha de Loppiano, na Itália, cidade fundada por ela em que os focolarinos teriam bens comuns entre si, com a abolição da propriedade e mesmo da posse dos próprios salários. Na verdade, a própria Chiara tinha raízes na esquerda, já que sua família estava ligada ao movimento socialista. Uma frase revela a dubiedade de seu pensamento: “os valores que tornaram atraente o marxismo (como a solidariedade, a justiça social e a igualdade) não devem morrer, mas devem ser refundados nas suas origens evangélicas”. Há, por trás de toda uma linguagem pseudo-cristã, uma readaptação de toda a engenharia social marxista, ainda que sob a pecha de “comunhão”. Desde que os Atos dos Apóstolos foram descritos nos Evangelhos, há segmentos que caem na tentação revolucionária de moldar a sociedade dentro de ditatoriais padrões coletivistas. Não é por acaso que a Teologia da Libertação admire todos os regimes totalitários marxistas vigentes. A história não nega: todos os padrões utópicos de coletivismo são, por sua natureza, tirânicos. Em nome de propor uma alternativa ao socialismo e ao capitalismo, o movimento Focolares nos oferece simplesmente um comunismo religioso, bem ao gosto dos gnósticos valdenses da Idade Média ou dos rebeldes protestantes milenaristas da época da Reforma. Chiara Lubich é o novo Pedro Valdo da Itália. A Teologia da Libertação é a virulência fanática e apocalíptica de Thomas Müntzer. Todos eles se acham portadores do reino de Deus na Terra.

A doutrina católica é clara em reconhecer a esfera plural da sociedade, que compreende tanto os indivíduos como as instituições. O individuo é um ser autônomo, ainda que ligado por vínculos de necessidade e voluntariedade a outros indivíduos, no sentido do bem comum. Porém, essa busca do “bem comum” não nega a natureza particular do homem, que por sua essência, não é comum. Seus direitos naturais elementares estão acima de qualquer estrutura ou organização social. O bem comum não compreende a comunhão de bens e sim a comunhão de valores orientadores do convívio social. A propriedade privada é direito natural e nenhuma sociedade pode modificá-la. A destinação universal dos bens apregoada pela Igreja diz respeito ao direito dos homens de se apropriarem dos recursos da natureza, para seu uso particular, justamente porque eles não pertencem a ninguém. Se entendermos de forma definitiva o “bem comum”, dentro da perspectiva católica, é basicamente o Direito Divino e o Direito Natural. O primeiro, como princípio ordenador do universo e o segundo, como elemento ordenador das coisas, tais como elas são. O comunismo como modelo político não somente dilui o individuo na tirania da coletividade, como destrói as instituições e hierarquias valorativas necessárias que coordenam a sociedade.

O socialismo rasteiro de Chiara Lubich não se limita apenas uma visão coletivista de sociedade. Ela mesma prega uma nova ordem mundial, calcada numa “unidade” entre nações e povos. Só que o Focolares delega esse poder de unidade à ONU, acima das autonomias nacionais. Um documento focolarino, extraído de um congresso chamado “Dialogando pela paz – experiências de liberdade, igualdade, fraternidade”, de 2004, assim o relata:

“Urge reforçar a ONU e relançar o espírito da sua Carta, fundamentada na cooperação e não na competição entre os Estados. Essa alimenta a vontade construtiva, a confiança no outro, a fidelidade aos compromissos assumidos, colaboração entre partes iguais e reciprocamente responsáveis. Tal reforço deverá ser produzido através da concessão à ONU, por parte dos Estados-membros, de porções de sua soberania, com o devido e necessário suporte financeiro.

O ONU poderá, assim, tornar-se uma autoridade mundial, com poderes em relação aos países que dela fazem parte, reforçada pelo fato de ser a única entidade que pode falar em nome de todos e representar toda a humanidade. Só uma ONU assim poderá, por exemplo, curar a eterna ferida do conflito entre Israel e Palestina, garantindo a integridade do Estado de Israel e conferindo ao povo palestino a dignidade de Estado, protegendo ao mesmo tempo sua independência em nível internacional.

A existência de atribuições centralizadas na ONU em nível mundial, com efetiva autoridade sobre os vários âmbitos relacionados à vida dos povos e dos Estados, será equilibrada pelo princípio de subsidiariedade e pelo primado do direito. A subsidiariedade valorizará, por sua vez, o papel de todas as comunidades políticas, de todas as autonomias regionais ou étnicas e organismos da sociedade civil. O direito será a garantia da convivência entre todos”.

Em outras palavras, o movimento Focolares prega, nada mais, nada menos, do que a diluição das soberanias nacionais para a sujeição a uma burocracia mundial. Ou seja, a corrupta, desmoralizada e totalitária ONU. O impressionante, contudo, é o nome do congresso: destacam-se os três slogans da famigerada revolução francesa, que tanto perseguiu a Igreja Católica. O problema é que nas tais “experiências” de liberdade, igualdade e fraternidade, ninguém se lembrou de católicos guilhotinados. Tampouco dos padres e bispos, obrigados a renunciar à fé católica pela autoridade da república francesa, sob pena de perderem suas cabeças.
Um dos sintomas da crise atual da Igreja Católica é refletido em sua linguagem. Quando o clero faz concessões ao mundo em questões que são caras a autoridade da Igreja, isso mostra sinais de decadência. O catolicismo, pela sua própria história, não pode renunciar a verdade eterna de que é depositária, em favor dos desvarios e clamores do momento. No entanto, o clero atual nos oferece a fé católica como se fosse um gosto como outro qualquer, um livro de auto-ajuda, um horóscopo de jornal, uma página de bobagens do I Ching.
Até porque o “ecumenismo” pregado dentro da Igreja rebaixou sua autoridade moral, gerou dúvidas quanto às verdades que prega e diluiu a fé católica num amálgama com outras religiões. É a típica posição focolarina, que é capaz de se associar a maconheiros socialistas do Fórum Social Mundial, para pregar sua “economia de comunhão” e seu “diálogo” com outras religiões, como se a fé católica estivesse no mesmo nível do que a Igreja Universal ou a seita do Santo Daime. Como se a fé católica pudesse conciliar seus valores com os partidos de esquerda.

A expressividade do clero é tosca, a fala é dúbia, insegura, medrosa e a autoridade é pusilânime. Quem tiver a oportunidade de comparar os textos anteriores ao Concílio Vaticano II, perceberá a falta de rigor lógico e intelectual das declarações atuais da Igreja. Perceberá uma Igreja adjetivosa nas palavras, politicamente correta, cheia de clichês e lugares comuns. Não é nem de perto o rigor lógico, a fala límpida e direta de um Catecismo do Trento ou de um papa tridentino. Até porque estes não temiam desagradar às pessoas ao seu redor. A verdade, para eles, não admitia concessões. Por mais seca, por mais arbitrária que nos possa parecer algumas posições da Igreja do Concílio do Trento, uma coisa não se pode negar: ela tinha personalidade.

Quando acabei de ler o folhetim dos Focolares do Fórum Social Mundial, percebi que, além de católicos de fama duvidosa, eles não entendem nem mesmo de economia: os escolásticos de Salamanca se remexeriam do túmulo lendo as idéias econômicas tolas de Chiara Lubich. Estão muito longe da comunhão católica e muito próximas da economia do Kampuchea. A comunhão mesma deles é com o demônio!

quinta-feira, abril 02, 2009

31 de março de 1964: rememorando a “dita branda” e a linguagem do urutu.

A Folha de São Paulo, em edição de 17 de fevereiro de 2009, causou uma histeria entre as esquerdas, quando afirmou que a ditadura militar brasileira foi historicamente “branda”, já que o alcance da repressão política a partir de 1964 foi bastante limitado. O jornal paulista falou um dado bastante óbvio: em matéria de perseguições e mortes, o regime militar brasileiro nunca chegou aos padrões das ditaduras latino-americanas e, acrescentemos, nem mesmo aos níveis de matanças das genocidas ditaduras comunistas. Todavia, dois “intelectuais” (ao menos, para os padrões brasileiros de intelectualidade) se manifestaram com soberbas e boquirrotas expressões de nojo. Em particular, a resposta de uma tal Maria Benevides, petista de carteirinha e professora de educação da USP, acabou chamando a atenção, nestes termos: "Mas o que é isso? Que infâmia é essa de chamar os anos terríveis da repressão de “ditabranda’? Quando se trata de violação de direitos humanos, a medida é uma só: a dignidade de cada um e de todos, sem comparar “importâncias” e estatísticas. Pelo mesmo critério do editorial da Folha, poderíamos dizer que a escravidão no Brasil foi “doce” se comparada com a de outros países, porque aqui a casa-grande estabelecia laços íntimos com a senzala - que horror!”

Ah sim, o problema é sempre estatístico! Interessante como há certas pessoas vigaristas que acham que os números de mortes em uma ditadura não colaboram para julgá-la apropriadamente. Esse tipo de relativismo é extremamente engenhoso, porque parte de uma negação comparativa entre sistemas políticos, suas causas e conseqüências. O indivíduo que repete essa falácia ainda se embeleza de um ar “humanístico”, como se a contagem de mortos de cada tipo de regime ditatorial fosse um ato de desrespeito às pessoas perseguidas. Imaginemos se tal idéia se aplicasse ao Holocausto, por exemplo? Se os números de mortos entre os judeus fossem ignorados, com certeza, causaria escândalo à comunidade judaica e o genocídio não teria sentido histórico de denúncia contra os crimes nazistas. Os revisionistas pró-nazistas não estariam melhor satisfeitos!

Como é público e notório, isso é uma falácia. É como se a “horrorosa” ditadura militar brasileira, com seus 300 terroristas mortos nas costas, em 20 anos, estivesse no mesmo nível das ditaduras de Stálin ou Mao Tse Tung, que somadas mataram umas 90 milhões de pessoas. Aí vejo relatos assim: - Ah, mas contar números de mortos é macabro, qualquer morte de uma ditadura é criminosa! Quer dizer então que não há diferença histórica, qualitativa entre matar 300 seqüestradores, assassinos, bandidos, assaltantes de bancos e terroristas em relação a populações inteiras inocentes massacradas ou deportadas para campos de concentração, na China e na União Soviética?

Fábio Konder Comparato, um típico jurista da linhagem marxista que daria inveja ao direito soviético, ainda queria obrigar o jornal a fazer uma autocrítica stalinista nestes dizeres: “O autor do vergonhoso editorial de 17 de fevereiro, bem como o diretor que o aprovou, deveriam ser condenados a ficar de joelhos em praça pública e pedir perdão ao povo brasileiro, cuja dignidade foi descaradamente enxovalhada. Podemos brincar com tudo, menos com o respeito devido à pessoa humana". Numa atitude de rara lucidez, a Folha de São Paulo deu o troco ao jurista e a professorinha da USP: “Nota da Redação - A Folha respeita a opinião de leitores que discordam da qualificação aplicada em editorial ao regime militar brasileiro e publica algumas dessas manifestações acima. Quanto aos professores Comparato e Benevides, figuras públicas que até hoje não expressaram repúdio a ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba, sua “indignação” é obviamente cínica e mentirosa”.Isso foi a gota d´água para que a esquerda desse chiliques contra o Folha de São Paulo, com direito a abaixo-assinados de intelectuais “uspianos” e até uma declaração de repúdio da OAB paulista. O jornal dos Frias fez borbulhar a vermelhada. Tocou na ferida dela. Nas palavras de Diogo Mainardi, a USP é a Vichy do petismo! Eu acrescentaria: a USP é o Komintern do petismo!

Isso relembra outro caso de histeria chorosa e patética, só que em Portugal, quando em uma pesquisa da RTP, a rede de televisão portuguesa, o ditador Antonio de Oliveira Salazar foi escolhido pelo público como o “maior português da história”. A stalinista esquerda lusitana ficou em polvorosa, espumando de raiva pela boca e latindo um bocado, querendo fuzilar Portugal inteira. Em particular, uma deputada do Partido Comunista, que participava do mesmo programa, falava que o “fachismo” em Portugal era proibido pela Constituição e soltava raios de fúria contra Salazar e uma suposta e inexistente conspiração dos fascistas. O mais cômico, senão farsesco, foi ela citar Lênin como um grande homem! Sim, ela fez chorosos elogios ao idolatrado boneco de formol do Kremlin, aquele que, de 1917 a 1924, foi responsável pela morte de milhões de pessoas, entre fuzilamentos sumários e o uso indiscriminado da arma da fome, confiscando os grãos dos camponeses russos. E o catedrático Salazar, quantas pessoas matou? Se passou de 300 pessoas mortas em 40 anos de ditadura, foi muito. . .

Recentemente, o Clube Militar do Rio de Janeiro comemorou os 45 anos do contragolpe militar de 1964, que salvou a nação do regime totalitário comunista. Chamo “contragolpe”, por uma questão de verdade histórica (tanto quanto a “dita branda”), pois havia um processo revolucionário esquerdista em ascensão, que arruinaria o país. Uma ativista do famigerado movimento “Tortura nunca mais” (claro que tortura não vale na conta dos comunistas) chamou a data de uma “mancha em nosso país”. Curiosamente, quando perguntada sobre os atos terroristas da esquerda contra civis, a mulher, cinicamente, respondeu que aquilo foi “acidente”. Vamos interpretar melhor a frase da defensora dos “direitos dos manos”: quer dizer que assaltar bancos, seqüestrar pessoas ou mesmo matá-las foi “acidente”? Quer dizer que a bomba que explodiu e despedaçou o soldado Mário Kozel Filho num quartel do exército em São Paulo foi "acidente"? O assassinato do capitão do exército norte-americano Charles Chandler, crivado de balas na garagem de sua casa, na frente de sua mulher e de seu filho pequeno, também foi “acidente”? A explosão do Consulado americano na Av. Paulista, aleijando um cidadão que nada tinha a ver com a sanha fanática dos terroristas, é “acidente”? Quem foi ou é adepto de Lênin, Stálin e Carlos Marighela pode ser tudo, menos santinho. Quem é militante do Partido Comunista e é armado por gente da China, da Rússia, de Cuba ou da Argélia da FLN pode ser qualquer coisa, menos Madre Teresa de Calcutá! E a madame dos "direitos humanos" pode ser tudo, menos idiota!

A argumentação da ativista do grupo “Tortura Nunca Mais” é idêntica ao raciocínio do sanguinário ditador do Camboja, Saloth Sar, mais conhecido como Pol Pot, líder do Khmer Rouge ou “Khmer Vermelho”. Em uma entrevista feita por um jornalista americano, ele foi perguntado se sentia remorso por dois milhões de mortos (ou 25% da população de seu país) sob seu regime totalitário. Com uma voz mansa, quase efeminada, a resposta dele foi assustadora: “- Cometemos alguns erros, porque éramos novos e inexperientes”. Para o comunista, a morte de milhões é apenas “erro”, um mero inconveniente, algo acidental. Stálin dizia que a morte de um indivíduo era uma tragédia e a de milhões, uma estatística. Imaginem se Pol Pot fosse experiente?! O Camboja teria simplesmente sumido da história.

A indignação da esquerda com a comemoração dos 45 anos do levante militar de 1964 (que salvou o país do comunismo) é uma completa hipocrisia. Gente como Fábio Komparato e Maria Benevides, junto com sua camarilha bolchevista, é fiel cão de guarda do totalitarismo, combatido pelo exército brasileiro tão patriota. Os militares atuais, com sua contrição moral em tempos democráticos, são mais dignos do que qualquer charlatão comunista que hoje se orgulha de ter sido terrorista e bandido naqueles tempos.

A esquerda atual é a mesma que hoje joga tapetes vermelhos para os sanguinários narcotraficantes colombianos das Farc; é a mesma que solta elogios e apóia politicamente o sargentão da Venezuela Hugo Chavez; é a mesma que choraminga de amores pelos assassinos islâmicos do Hamas e de todo o terrorismo islâmico; enfim, é a mesma que sente nostalgia da falecida União Soviética e do Muro de Berlim. A esquerda não faz nem questão de esconder seu amor pelas tiranias: em janeiro deste mesmo ano de 2009, ela comemorou, no Fórum Social Mundial, os 50 anos da ditadura mais antiga da América Latina, a tal “revolução cubana”, junto com a “presidenciável” Dilma Roussef, ela mesma, uma ex-terrorista. A esquerda é tão orgulhosa de seus crimes, que ainda se indeniza às custas do contribuinte.

É esse tipinho mentiroso, delinqüente e criminoso que ousa apontar o dedo para os militares brasileiros. Na verdade, 31 de março de 1964 é uma data amaldiçoada, porque é uma pedra no sapato dos comunistas. O povo, nas ruas, exigiu providências das forças armadas para manter a ordem. E elas prontamente atenderam, matando a revolução leninista na raiz. E isso faz a esquerda tremer, porque há certos indivíduos que só entendem a linguagem política na base da baioneta e do tanque Urutu!

quarta-feira, abril 01, 2009

O “sacerdóço” da “dotôra” do Prouni.

A propaganda governamental do Prouni, ou o programa de liberação de verbas públicas para bolsas de estudo em universidades privadas, prioritário para pessoas carentes, é um retrato fiel do conceito de educação no governo Lula. Uma jovem supostamente pobre choraminga pela conquista da bolsa de estudos de medicina. E quando fala sobre a vocação, afirma-o nestes dizeres: é um “sacerdóço”! A idéia artificiosa que o vídeo passa é a de que para ser pobre, necessita demonstrar incultura, péssimo português. De fato, é assim que o presidente Lula reage, toda vez que faz suas coleções de gafes: ele finge ser “homem do povo”, parodiando aquilo que há de pior no povo. Na pior das hipóteses, para certas pessoas como a personagem da propaganda, o importante não é ter conhecimento, mas o titulo de “dotôr”. E ela diz: “- Ah, mas as pessoas me diziam que medicina era coisa de rico”. Ou seja, medicina não é saber, é status social de caipiras deslumbrados com algum título de nobreza.

Quando se analisa as discussões estéreis de ativistas revolucionários disfarçados de pedagogos, a respeito das cotas raciais ou cotas para escolas públicas, nota-se que a boa formação vem em último lugar. O importante não é avaliar o aluno, porém, aprová-lo a todo custo, ainda que isso implique uma formação intelectual sofrível, de baixíssimo nível. Por outro lado, o apego fetichista das séries, dos graus curriculares e de graduações é inversamente proporcional ao nível cultural do aluno médio. Quanto maior o anel, mais burro é o bacharel. O governo se prontifica a formar alunos desqualificados, incapazes de escrever uma carta ou ler um livro, e enche as estatísticas reverberando que investe em “educação”. As cotas raciais e de escola pública nas universidades são tão somente a ampliação da fraude que é ensino público básico atual. O governo não educa e impõe à força seus alunos, em detrimento dos mais preparados em escolas privadas. Agora é mania pedagógica nacional: a educação privada é culpabilizada porque educa melhor (ou ao menos, de forma menos piorada). O aluno de colégio particular é criminalizado porque, supostamente, pertence a uma condição social abastada. Logo, demonstrar conhecimento é coisa da “elite”, coisa de rico. O negócio mesmo é continuar ignorante, ainda que com título de “dotôr”.


Há outro viés na questão das cotas: é a luta de classes e a luta de raças nas salas de aula. Ao invés das universidades avaliarem aquilo que realmente interessa aos seus quadros, como o conteúdo intelectual propriamente dito, os alunos são avaliados por questões arbitrárias, como raça e condição social. A discriminação racial e social é notória: alunos supostamente “ricos”, porque estudam numa escola privada, serão prejudicados, justamente porque seus pais custeiam uma educação melhor para seus filhos. Os piores alunos terão privilégios, ora porque são negros, ora porque são pobres (como se a mera condição de pobreza e raça negra não exigisse destes alunos os mesmos critérios de conhecimento exigidos para todos). Isso isenta totalmente o Estado de oferecer um nível educacional digno aos seus alunos. Suprimindo a concorrência entre escolas, o governo imputa a si mesmo o privilégio de colocar seus próprios alunos sem a formação adequada. O resultado é bastante óbvio: a queda da qualidade de ensino nas faculdades. E para isso, ele criminaliza os alunos considerados “burgueses”, quando na verdade deprecia os mais talentosos e corrompe a educação, posando de paladino da “justiça social”. As “elites” são sempre as culpadas, os bodes expiatórios, porque são mais estudiosas, como se a qualidade de formação destas fosse responsável pela inépcia dos alunos de escola pública. Os pobres coitados precisam de regalias especiais, tais como os incapazes e loucos de todo o gênero, ainda que permaneçam ignorantes por toda a vida.


O Prouni é o retrato cabal da destruição da educação brasileira pelas esquerdas. Alguém desavisado ou mesmo mal intencionado dirá que isso faz parte da política “neoliberal”. Nada mais falso. O programa do governo é puro clientelismo, pura compra de consciência dos pobres, através de uma liberação desordenada de diplomas. Há de se recordar que cerca de quase 70% dos cursos de faculdades pagos pelo governo foram reprovados pelo MEC. Ou seja, o governo está financiando cursos de baixíssima qualidade às custas do contribuinte. Porém, o governo Lula não ficou satisfeito com isso: modificou radicalmente os critérios de avaliação das faculdades, adulterando o antigo “provão” aos acadêmicos recém-formados e criando provas mais fáceis, preservando os cursos ruins. A UNE, a associação dos estudantes que não estudam, aprovou essa medida. Às vezes me recordo quando os estudantes profissionais da minha universidade exigiam novos livros para as bibliotecas. Mas quem disse que eles gostam de livros? A maioria dos livros que exigiam, eu os encontrava mofados. Entretanto, o que se pode esperar de um rebanho do Partido Comunista, senão este ato de servilismo bovino, digno da ditadura do Kampuchea, no melhor estilo Pol Pot?!


No Brasil há uma revolta contra os estudos, uma revolução da ignorância educacional. Uma boa parte dos pedagogos, embebida nas asneiras da “pedagogia do oprimido” de Paulo Freire, preconiza como modelo o “aluno crítico”, ainda que ele não saiba o porquê e quais razões de criticar algo. Na verdade, “crítica” se torna expressão raivosa, canina, protesto mimado de jovens que mereciam umas boas palmadas. E acrescento, junto com seus professores, tão mimados e toscos quanto seus alunos. Um exemplo visível deste fenômeno: uns garotos de uma escola pública do Espírito Santo protestaram contra o aumento da carga horária, supostamente, por falta de infra-estrutura. Todavia, um detalhe na foto chamou a atenção: os erros assustadores de português. Assim os moleques diziam: “Porque a carga horária ‘almentar’, se na escola não tenho condições de ficar?” (sic). Além do uso incorreto do “porque”, “almentar” é simplesmente um desastre. E, no entanto, o governo federal quer criar cotas para esses alunos. Quer elevá-los a doutores, ainda que não ofereça a formação suficiente para alcançar a instrução apropriada. A garota-propaganda do Prouni é reveladora de nossos tempos. Eu é que não colocaria minha saúde nas mãos dela (e olha que costumo sempre desconfiar dos médicos!). A educação brasileira atual é o “sacerdóço” da estupidez!