segunda-feira, dezembro 29, 2008

Para quem acredita na extinção do capitalismo.

Um cartoon simplesmente educativo e espetacular. Produzido pelo Departamento da Faculdade de Harding, nos Eua, mostra os males do comunismo e por que a economia de mercado a democracia liberal continuam sendo as melhores melhores opções.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Quinto bate-papo entre Conde Loppeux de la Villanueva e David Carvalho.


Conde Loppeux de la Villanueva e David Carvalho falam sobre outras atualidades: direita e esquerda, educação sexual, diluição dos valores, relativismo moral e intelectual, família, filmes, hierarquias sociais, etc. Baixe em download.

ParteII

Parte III

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Matar nascituros: uma questão de saúde pública.


O governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral fez uma declaração que escandalizou uma boa parte da mídia brasileira. Ele disse que se o aborto fosse legalizado, a violência no Rio diminuiria, porque haveria menos pobres favelados. Não me impressiona que uma cria demagógica da política carioca tenha feito essa afirmação. De fato, o Sr. José Temporão é do mesmo partido do governador, o PMDB, e é famosíssimo por defender a campanha pró-aborto. Daí o epíteto jocoso de “abortão”. É também o ministro da saúde do governo do presidente Lula. Daí o codinome “o ministro da morte”. Ademais, os abortistas sofreram um grande revés quando o projeto deles sofreu uma dura derrota no Congresso Nacional. A Igreja Católica, as igrejas protestantes e mesmo a presença do papa no Brasil impediram a oficialização do morticínio.

No entanto, impressionante a reação da imprensa, os intelectuais e os comentaristas, em sua maioria, em contradizer fatalmente o raciocínio do governador: não são eles próprios que declaram que a pobreza gera violência? Não são eles que justificam o aborto pelo argumento de que as mães são incapazes de sustentar os filhos? Não são eles que querem legalizar o aborto em todas as suas formas, como uma espécie de controle da natalidade dos indesejados, incapazes e indigentes? Por que se chocar com a opinião cretina do governador, impotente para combater a criminalidade nas favelas, já que nos seus íntimos pensamentos, são solidários a ele? O berço das famílias humildes é culpado por crimes não realizados. E aí, dentro da lógica dos abortistas, deve-se matar por antecipação. E esse mesmo povo defende “direitos humanos”, ainda que só para bandidos!

Malgrado a histeria da opinião pública, o Presidente Lula já declarou ser favorável ao aborto. Só que ele disfarça as intenções delinqüentes com a conversa fiada de “discutir com franqueza” uma questão que ele considera de “saúde pública”. Nestes tempos sombrios não há discussões éticas, morais ou religiosas: o debate é um sacrossanto argumento pseudocientífico. Em declarações à grande imprensa, assim ele diz: “Não se trata de ser contra ou a favor (do aborto). Mas de se discutir com muita franqueza porque é uma questão de saúde pública. Se perguntarem quantas madames vão fazer aborto até em outro país? E as pobres que morrem na periferia? Não se trata de ser contra ou não. É preciso que se faça o debate".

Na primeira frase, a declaração é simplesmente incoerente, senão uma revelação da faceta moral de quem nos governa. Na visão do presidente, os aspectos morais e éticos que implicam a discussão sobre o aborto são menos importantes do que o conceito elástico e genérico de “saúde pública”. Relembremos que no começo do século XX, a eugenia racial, a esterilização de doentes mentais e de outros elementos considerados “inferiores” também foram motivadas por questões de saúde pública. Como futuramente foi de “saúde pública”, a eutanásia contra débeis mentais na Alemanha Nazista e o extermínio de judeus, considerados no mesmo nível de “ratos”, “insetos” ou “bacilos nocivos”. Ou mais, o “bacilo judeu” impuro da raça ariana. Há de acrescentar outro caso exemplar de “saúde pública”. A União Soviética internava em hospícios dissidentes que divergiam do regime comunista, porque eram considerados “sabotadores”, “anti-sociais”, “perigosos” para a ordem política ou para a “saúde pública”. O governo insano internava os sãos no manicômio, controlado pela polícia política. Nikita Krushev, o cínico burocrata da nomenclatura do Partido Comunista, já dizia: “- Um crime é um desvio de padrões de comportamento geralmente reconhecidos, com freqüência causado por distúrbios mentais (...) Aqueles que começam a exigir a oposição ao comunismo. . .é claro que o estado mental de tais pessoas não é normal”. Se a ditadura comunista era publicamente “reconhecida” pela comunidade, ainda que na base de execuções sumárias e campos de concentração gulag, quem seria louco para contestar?

A lógica da outra frase “quantas madames vão fazer aborto em outro país” parte do pressuposto de que devemos adotar a criminalidade e o relativismo moral de outros países, para que os nacionais pratiquem crimes aqui. E quem é o presidente para se preocupar com as pobres que morrem na periferia, já que propõe legalizar a morte de milhões de outros pobres, bem ao gosto do governador Sérgio Cabral? O presidente diz que não é questão de ser a favor ou contra. Porém, propõe um debate para ser a favor. E ainda diz que é “contra”. Recorde-se que o presidente já chamou um lado dos debatedores de “hipócritas”. Ou seja, o grosso dos católicos, protestantes e demais Igrejas e denominações cristãs contrários ao aborto. Isso não é tudo. “Sincero” mesmo é o presidente, como vamos ver agora.

Ele mostra uma duplicidade moral quando diz: “- Eu fiz questão de dizer ontem (em entrevista a emissoras católicas), não apenas como presidente, mas como cidadão, que na minha história política sou contra o aborto. Mas enquanto chefe de Estado acho que o aborto tem de ser tratado como questão de saúde pública". Em outras palavras, o presidente coloca sua pretensa moralidade no ralo, para adotar o papel de chefe de Estado defensor do aborto. Que tipo de figura pública é essa que faz de sua opinião pessoal algo tão descartável na sua vida política? Será que os cristãos não perceberam que o presidente, além de mentir publicamente, está chamando-os de hipócritas?

Se os argumentos do governador do Rio de Janeiro, do Presidente de República e do Ministro da saúde estão acima dos valores que sacralizam a vida humana, com que finalidade os paladinos do progresso humano em nosso atual governo querem chegar, com a legalização do aborto? A eugenia? A diminuição de pobres nas favelas? O controle de natalidade? Alguns dirão, incluso as feministas, atualíssimas inimigas da mulher, que é para proteger a mãe pobre que aborta, dos infortúnios das clínicas clandestinas. Ou mais, eles,preocupadíssimos com a seguridade da espécie humana, não querem que as mulheres morram; querem sim que elas matem seus filhos com segurança. Jogar nascituros no lixo não é questão de ser contra ou a favor, e sim mera questão de “saúde pública”. Linguagem mais totalitária do que essa não há!

terça-feira, dezembro 16, 2008

Estranhas liberdades.

Tornou-se uma mania em muitos setores jurídicos, políticos e midiáticos falar do “direito” como qualquer reivindicação tosca ou panacéia pronta para as neuroses psicológicas mais idiossincráticas. Advogados, ativistas sociais, juízes, promotores, professores e jornalistas são mestres nessas tolices jurídicas pomposas. De fato, qualquer exigência, por mais anormal que seja, pode se tornar fonte de direito. Se houver o apoio de uma ONG ou mesmo a “vontade política” de uma turba organizada, rotulada com algum epíteto de “social”, quase tudo se pode realizar. Ou mesmo se alguma corja acadêmica der aval a tais motivações. Isso dá voto, popularidade, atestado de bom mocismo. Saiu-se da racionalidade de valores cristãos tradicionais, de concepções claras de direitos naturais, para uma outra ordem, muito mais arbitrária e imprecisa, ou seja, a “vontade coletiva” ou “individual”. São duas faces da mesma moeda. Alguns tipos “liberais” e os socialistas estão no mesmo barco, prostituindo o conceito da liberdade e do direito, em suas várias acepções.

É interessante notar que a disputa entre essas correntes revela um problema seriíssimo. Para eles, as normas do direito e da sociedade política não implicam certos valores éticos e morais transcendentes, genuínos, hierárquicos, pautados numa perenidade e agindo objetivamente na realidade, e sim, de consagração de vontades, convencionada por mero capricho ou gosto. Em outras palavras, as reivindicações políticas perderam todo o norte da realidade e da razão. E a vontade se torna regra moral ou lei. Se for questão de gosto, qualquer dia alguém poderá socar à vontade a cara do outro, que dá no mesmo. Essa idéia lembra a do jurista alemão Carl Schmidt, que serviu de teorização para a ideologia nazista de Estado: a vida política é tão somente disputa de vontades pelo poder. Os grupos liberais e socialistas estão abrindo precedentes gravíssimos para a destruição da democracia e da sociedade civil. Isso porque todos eles reivindicam esses caprichos em nome da “liberdade”.

Dentre tantas indústrias do “reivindicacionismo” jurídico e profissional, o mais perigoso, certamente, é a revolução cultural que variados grupos propõem. Ou seja, a mudança radical dos comportamentos morais e sociais, através da instrumentalização jurídica da moral, do Estado e do direito. A luta socialista, por assim dizer, não é mais direta, é sutil. Ela explora as noções de liberdade civil da democracia para degradá-la moral e culturalmente. É o que chamaríamos de “mudança das mentalidades”. Isso implica a maneira como a sociedade encara a família, as relações interpessoais, a propriedade privada e outros elementos que formam a vida civil privada. Uma dos princípios mais atacados por eles, certamente é o da religião cristã. Interessante notar a violência com que a fé cristã é atacada. Uma boa parte desses militantes sabe que muito do que se acredita como moral se deve a uma simbologia e concepção teológica cristianizadas, arraigadas na consciência popular. Todavia, as classes supostamente cultas, em sua maioria, já baniram o cristianismo da vida intelectual universitária. Filosofia cristã, que vai da Patrística a Santo Tomás de Aquino, só em grupos de religiosos marginalizados, rotulados previamente como “fanáticos”. A academia, por assim dizer, é encharcada de materialismo e marxismo. Ou então por qualquer modismo darwinista.

A primeira concepção cristã atacada pelos acólitos da modernidade progressista é a sacralidade da vida. Curioso que certos indivíduos defendam, em nome da “liberdade” da mulher, a destruição da vida do nascituro. É o que hoje se reivindica como “direitos” da mulher, dentro da estultice de certas feministas, ainda que se negue o direito de nascer de outro indivíduo. Logo, é tão somente o direito de matar, camuflado por uma linguagem eufemística e perversa, do ponto de vista moral e jurídico. As justificativas são ainda mais estranhas. Mata-se um nascituro por não ser desejado ou amado pelos pais; porque é pobre; porque é defeituoso; enfim, por razões que somadas, seriam abertamente reconhecidas e aprovadas pelo regime nazista. Nada mais do que a eugenia.

Mas as características eugênicas não se resumem aos nascituros. Há uma certa tendência para que a matança absorva também os doentes e os velhos. A cultura cristã tradicional nos exorta à vida em toda a sua plenitude. Os arautos do progresso humano defendem o “direito de morrer”, que pode ser do mero suicídio assistido até o assassinato consentido pelo doente. Ora, velhos, pobres, indigentes, nascituros incômodos, defeituosos, débeis mentais, pra quê? Os progressistas não querem a “evolução” (no sentido darwinista do termo) da raça humana?

Os paladinos do progresso humano não se contentam em transformar o homem num esterco biológico. Eles querem modificar a estrutura familiar para atomizar o indivíduo e destruir suas relações mais íntimas. A família propriamente dita no mundo ocidental implica alguns fatores que a identificam e preservam, a saber: a compatibilidade biológica heterossexual entre um casal para gerar filhos; a monogamia, que implica a individualização da relação do casal e o compromisso de fidelidade recíproca; e a consangüinidade que gera direitos e deveres mútuos entre pais e filhos. Mesmo que apliquemos o caso dos filhos adotivos, a relação familiar não muda substancialmente: a filiação simbólica acaba reproduzindo o que é tradicionalmente feito dentro das famílias biológicas. Eis os aspectos mais identificáveis do que poderíamos chamar de “família natural”.

Entretanto, o reivindicacionismo jurídico ameaça transformar de maneira brutal essas relações tradicionais, de modo pernicioso. A militância homossexual que exige direitos legais comuns de família impõe uma corrupção moral sem precedentes no âmbito da estrutura familiar. Destrói a referência sexual do casamento e mesmo inverte o sentido simbólico do pai e da mãe na educação dos filhos. Isto porque a “família gay” é um contra-senso do ponto de vista biológico, porque parte de uma atividade sexual antinatural. Se alguém atentar para o fato de que a legalidade pode colocar na mesma hierarquia duas condutas virtualmente diferentes como padrões de família, logo, a família natural será abalada, senão destruída. A homossexualidade, que até então era mero desejo particular e restrito de algumas pessoas, acabará se tornando um valor cultural e familiar, repassado de pais para filhos. Com que parâmetros uma sociedade pode fundamentar uma noção familiar sã, se o modelo apregoado é essencialmente estéril, tanto do ponto de vista moral, como comportamental? Se o padrão familiar natural pode ser renegado por mera lei positiva, desvirtuando-se completamente da realidade elementar, que tipo padrão pode servir como referência moral para as pessoas em geral, dentro da seara do direito? A resposta é muito simples: nenhum. Não me espantaria que, qualquer dia, a brecha legal abra precedentes para outras condutas destrutivas da família.

Curiosamente, escutei de alguns estudiosos de direito, o argumento de defesa da poligamia. Como nesta época esquisita não se pode subestimar ou ignorar os idiotas, eis que na visão deles, a família deveria proceder dentro dos modelos que os casais escolherem. A imposição da monogamia seria uma espécie de violação da liberdade individual, um mal terrível e despótico da fé cristã. É interessante como certos tipos imbecis, elevados a cargos ou lugares de excelência, tenham o disparate de falar asneiras grosseiras e levianas, além do que serem incapazes de compreender os elementos civilizacionais que distinguem os homens das bestas das florestas. Em outras épocas, seriam açoitados ou enxotados a pontapés. Hoje, eles são “doutores”.

A poligamia foi abolida, justamente por criar uma situação de promiscuidade sexual dentro do ambiente familiar. Um ambiente onde duas mulheres convivem com o mesmo homem e vice-versa é naturalmente conflitante, até porque o cônjuge não dará atenção a duas ou três pessoas ao mesmo tempo. A poligamia tem um elemento degradante que é a depreciação da individualidade. A mulher que divide seu homem com outra é bem menos especial do que numa relação monogâmica. O homem que divide sua mulher com outro homem tem o risco de nem mesmo poder identificar a sua própria prole. A poligamia, antes de gerar unidades familiares autênticas, acaba gerando divisões insanáveis, muitas vezes prejudiciais à sua existência, uma vez que os papéis dos pais são misturados. Mesmo nas sociedades islâmicas, a poligamia cada vez mais é um comportamento restrito, em vias de esquecimento, precisamente por conta desses conflitos. E, no entanto, os idiotas progressistas querem colocar a família cristã ao nível do harém do sultão ou do bordel do cafetão. Só faltam legalizar o adultério. Ou legitimar o islamismo, nos seus costumes mais bizarros.

O problema é que relativizam a família, porque também já relativizaram a conduta sexual. Interessante notar que o ativismo social, ao pregar a chamada “diversidade”, quer combater a discriminação de todas as práticas sexuais. São as chamadas leis que protegem a tal “orientação sexual”. Mais uma vez permitem que o Estado invada a esfera íntima dos indivíduos, querendo moldar seus gostos ou, ao menos, estimular comportamentos abjetos e odiosos. Em suma, o direito pode priorizar no mesmo nível a heterossexualidade, a homossexualidade, a zoofilia, a necrofilia, a pedofilia e outros tipos de “orientação sexual”. O problema não é de cada um, tal como dizem os liberais ou socialistas? Por que não podem formar famílias visando as orientações sexuais mais convenientes? E quem, até então, acreditava na moralidade tradicional, se rejeitar tais condutas, é possível que vá pra cadeia por conta disso, por ser “preconceituoso”.

O cristianismo apenas consagrou o que poderíamos chamar de família natural, em que um homem e uma mulher formam um núcleo coeso, sólido, individualizado, onde as relações consangüíneas e amorosas são direcionadas um para outro. Em outras palavras, as duas carnes que se tornam uma. A instituição familiar não é mero capricho do casal. É algo que implica responsabilidades, deveres, vocações, força moral, que está além deles. Quem reduz a família a mero gosto não tem a menor idéia do que está dizendo. É pior, está apto a destruir o seu caráter moral, já que a família implica vínculos bem definidos e que formam o universo principal de um indivíduo que vai nascer neste ambiente.

Certamente o Estado não deve invadir a esfera individual da sexualidade e do foro intimo dos indivíduos. Mas tampouco deve reconhecer comportamentos, que do ponto de vista ético e moral, transgridem valores autênticos e sólidos de virtude e honestidade que formam a conduta da família e do casamento e que não servem de parâmetros para o direito. Os juízos de valor são obrigatórios, dentro de cada lei que o direito sanciona. Equiparar diferenças é o mesmo que nivelar por baixo ou rebaixar a ordem hierárquica dos valores. Porém, é a mania dos inimigos da família: destroçá-la por dentro, em favor de uma conduta, que na prática, é licenciosa e prostituída.

Por outro lado, é interessante notar que, a despeito da defesa liberal dos direitos de propriedade, os mesmos achem que este instituto pode sobreviver dentro de um imaginário cultural socialista. Daí o economecês inócuo, quando a ordem de valores que sancionam o direito é preterida. Ademais, a concepção atual dos direitos de propriedade, pautada na idéia de uma suposta “função social” determinada pelo Estado, é uma mudança radical na concepção mesma desse direito. Isso porque a legalidade está dando poderes arbitrários ao Estado determinar os usos e posses da propriedade. Na realidade, é a destruição lenta e gradual da esfera civil independente, exposta ao controle estatal. Ou seja, o socialismo puro e simples.

Entretanto, alguns liberais se acham o supra-sumo da inteligência ao defenderem a velha dicotomia entre Estado e sociedade civil, prevalecendo a idéia de que a vontade individual é superior a coletiva. Os socialistas pensam o inverso: a vontade coletiva sobrepõe a individual. O problema é que essa dicotomia é incompleta. A relação entre o público e o privado não é uma disputa de vontades. Pelo contrário, tanto a vontade individual como a vontade coletiva podem levar a arbitrariedades, com a diferença de o alcance coletivo ter um poder destruidor maior. Na prática, ambos os raciocínios levam à atomização do indivíduo ou ao seu aniquilamento. Quando um liberal diz que uma pessoa pode fazer tudo, contanto que não incomode os vizinhos, há neste discurso o veneno da indiferença moral, da incapacidade de ajuizar valores de conduta, do isolamento individual na sociedade, como se a pessoa não tivesse relações com seus semelhantes, e como se seus atos não gerassem conseqüências para si e para outros. Por outro lado, se essa conduta individual arbitrária é aceitável do ponto de vista ético, por que o liberal médio reclamaria do socialista, se a coletividade despótica é justamente a junção de indivíduos isolados transformados em “vontade coletiva”? Os totalitarismos são frutos dessa perda completa da ordem de valores morais.

É nesta ordem de raciocínio que as leis, o direito e mesmo a sociedade política estão sendo formadas atualmente. As reivindicações jurídicas são as mais espúrias, as mais tolas, as mais imaturas possíveis. Quando a disputa apaixonada oblitera a razão e quando a paixão se torna lei, nada poderemos esperar senão o arbítrio. E os valores que consagram o respeito à individualidade, a liberdade e as instituições privadas, como o direito à vida, a integridade da família e os direitos de propriedade, estão sendo substancialmente destruídos pelo relativismo dos liberais e dos socialistas.

Por que, afinal, os liberais progressistas e os socialistas odeiam tanto o cristianismo? Porque o cristianismo é a única fé que dá fundamento moral para a ordem ética e moral ainda sólida nas sociedades democráticas. São as noções cristãs da vida, da família e da propriedade que ainda dignificam o ser humano e orientam a sua liberdade para a justa e reta razão. Os liberais, ao relativizarem todas as escolhas individuais em nome da liberdade, degradam o indivíduo e prostituem a liberdade. E os socialistas relativizam a liberdade, justamente para destruí-la, quando controlarem o status do coletivo, seja no âmbito da política, como da cultura. A renúncia da sacralidade da vida, da família e da propriedade é a renúncia dos laços privados autênticos da pessoa, contra os desmandos do Estado e dos engenheiros sociais. É a prevalência da vontade irracional contra a razão, a queda da civilização para a barbárie. E a barbárie quer se tornar lei. São as estranhas noções de liberdade que eles prometem. A liberdade dos libertinos.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Os gatinhos siameses do socialismo cultural.

O debate intelectual no Brasil há muito é escasso de pluralidade, senão quase extinto. De fato, quando se disputa idéias no âmbito da política, da economia, na cultura mesma, espantoso é perceber que entre os debatedores, as divergências são mínimas. Na verdade, eles têm algo em comum: são todos socialistas. A diferença, por assim dizer, é só sobre modos de socialismos. Pode ser a ortodoxia marxista clássica, o marxismo-leninismo, o gramscianismo, a Escola de Frankfurt, etc. Porém, quando o socialismo não tem linhagem marxista, a tendência é de se nacionalizar. É o que chamaríamos de “nacional-socialismo”, ainda que com sua vertente tupiniquim: o desenvolvimentismo estatizante histriônico junto com a conspiração dos gringos para roubarem a Amazônia. Curiosamente, muitos marxistas são solidários nessa idéia, ainda que hipocritamente.

Por outro lado, temos os liberais. Estes defendem o Estado de Direito, o livre mercado e as liberdades individuais. Pelo menos é a sua forma. O problema é a substância. De fato, o mal dos liberais é olhar quase sempre a democracia, o direito e mesmo o valor da liberdade como meras expressões formais, ignorando seus postulados éticos, morais e culturais autênticos. Daí a entender o porquê da esquerda ter uma hegemonia quase absoluta no que diz respeito ao imaginário, criando uma espécie de “socialismo cultural”. Até porque, salvo no caso do livre mercado, os liberais tendem a aderir a todo o programa socialista na ordem da cultura. Ou seja, eles acabam aceitando as migalhas das concessões econômicas, quando renunciam a todo o resto. No final das contas, os liberais acabam servindo de empregadinha doméstica dos socialistas. E depois são enxotados quando não são mais convenientes.

O mal de certas perspectivas liberais tem o mesmo fruto envenenado do socialismo cultural: o relativismo moral. Ninguém parece entender que a democracia, o Estado de Direito e mesmo a economia do mercado só sobrevivem dentro de certas categorias morais e espirituais transcendentes e, portanto, irrenunciáveis. Os conservadores não deixam de estar corretos em afirmar que a disputa intelectual entre um liberal e um socialista é um debate de materialismos. Como ambos recusam postulados morais e éticos superiores, só nos restam dois caminhos: para o socialista, a diluição do individuo na comunidade; para o liberal, a atomização do individuo na comunidade. Na prática, são duas vertentes aparentemente opostas que chegam ao mesmo fim. Atualmente, quase todo liberal é laicista, anticristão, ateu, adepto das ideologias politicamente corretas, tal qual como o socialista. Difere e muito do liberalismo clássico que o gerou. Pois o antigo liberal clássico ainda guarda postulados tradicionais cristãos. Não difere muito do socialista, no que diz respeito a uma vertente progressista. Contanto que o homem seja reduzido a uma criatura que só saiba comer e dormir, do resto, todos estão satisfeitos.

Neste aspecto, a história ensina muita coisa. Uma das causas da democracia liberal ter entrado em colapso na primeira metade do século XX, consumida pelos fascismos e pelos comunismos, foi o esvaziamento moral e espiritual da sociedade. Esse vazio refletiu também na completa negação dos postulados básicos do direito natural e do bem comum na política, como a renúncia de critérios éticos da liberdade pelo confortos materiais ilusórios. Por outro lado, a lenta e gradual rejeição do cristianismo na Europa foi uma das maiores tragédias civilizacionais da época contemporânea. Até porque a noção simbólica que o ocidente possui da liberdade e demais instituições, como família e propriedade, existe precisamente por conta de uma visão teológica cristã. Como resposta, os totalitarismos representaram a força mística da modernidade, seja na idéia da raça, da classe ou da nação personificada no Estado, ainda que, na prática, fossem uma pseudo-espiritualidade.

Todavia, o liberal médio prega a liberdade sem a cultura que a engendrou. Ou pior, prega a liberdade dentro da impregnação cultural socialista que vai destruí-la. De nada adiantará o Estado de Direito ou o livre mercado, se no plano do imaginário das pessoas é possível renunciar a tudo isso em nome de um Estado benfeitor e acolhedor; ou se a propriedade e a família são vistas como caprichos individuais ou coletivos, sem vínculo com a tradição, a realidade e a moral cristianíssima estabelecidas. Se a liberdade é tão somente um meio para escolher os confortos materiais desta vida, o que impede alguém de renunciá-la pelos mesmos confortos? A ojeriza do liberal médio pelo Estado se torna uma completa inocuidade. Até porque ele mesmo acabou por dessacralizar a liberdade, vilipendiá-la, rebaixá-la moralmente. E como a liberdade é tão somente uma subjetividade e um fim em si mesmo, e não uma ação justa, reta e racional, buscando um tipo de bem, nada impede que alguém, em nome dessa liberdade, acabe renegando-a. Foi assim que ocorreu na Itália fascista e na Alemanha Nazista. É pior: como a liberdade não tem padrões morais finalísticos que orientem uma conduta saudável, ela acaba se degenerando em licenciosidade. Ou mesmo se aniquila.

Não me espanto quando um liberal e um socialista defendam as mesmas causas culturais. Um dos elementos mais dramáticos dessa similaridade é a negação do valor da vida humana. O aborto é uma bandeira comum a ambos os lados. Transformaram, inclusive, a matança de nascituros num “direito” feminino. A eutanásia se tornou uma prerrogativa mais bizarra: o “direito de morrer”. Na velha mentalidade cristã tradicional, os fracos, os velhos e os doentes deviam ser protegidos do desamparo e da morte, amenizando as agruras da vida; daí a existência dos hospitais e asilos às pessoas carentes e a prática da caridade, engenhosas instituições e práticas da espiritualidade católica. Todavia, os liberais e os socialistas querem eliminar os incapazes. Não por “caridade”, tal como dizem, mas porque, como a sua perspectiva sempre é utilitária, os velhos, os fracos e os débeis mentais são criaturas inúteis. Aliás, matar por caridade é puro cinismo. Se não bastasse isso, o suicídio também virou exigência moral. Há nestas manifestações uma perniciosa teorização darwinista nas relações sociais. Ao menos, anteriormente, se dava explicações cientificistas falaciosas sobre essas ações grotescas. Agora tais práticas ganharam aura de humanitarismo, de civilidade. Quando a morte se torna um valor, é porque as coisas vão muito mal.

Outro ataque frontal é contra a família. A tendência a destruir o padrão tradicional de moralidade familiar é princípio defendido tanto por círculos liberais e socialistas. Para eles, a família não tem fundamentos morais absolutos, já que é mero capricho de convenções sociais e legais. Daí a entender que até os homossexuais querem se casar ou mesmo adotar crianças. Paradoxalmente, se defendem as exigências maritais entre os gays, querem depreciar, senão destruir, o casamento entre os heterossexuais. Tais slogans se associam à liberação sexual irrestrita, entre os quais, quaisquer tipos de perversões sexuais, legitimadas, em nome do indivíduo.

Se não bastassem tais caprichos, o ateísmo é difundido como dogma intelectual e universitário e a religião cristã é duramente atacada como obscurantista. A maior vítima, sem dúvida, é a fé católica, difamada e caluniada por séculos de história. De fato, os sustentáculos morais de maioria das instituições do ocidente possuem um débito com o cristianismo em geral, e o catolicismo em especial. No entanto, é contraditório que o liberal médio fale de “direitos naturais” quando defende o ateísmo. A idéia naturalística de direitos se torna absurda dentro de uma cosmovisão onde o universo é criado pelo nada. Dentro de uma perspectiva relativista, torna-se lunática. Por outro lado, é forçoso crer que a democracia vá sobreviver se os valores políticos fundamentais que dignificam a pessoa humana são relativizados e substancialmente destruídos, dentro de seu conteúdo moral. O direito está sendo corroído por dentro, até o dia em que a idéia da dignidade humana, reduzida na sua pura forma legal, será revogada por leis arbitrárias, desumanas. Não foi assim que ocorreu com os totalitarismos? E o mesmo processo não se repete na Europa e demais países ricos?

Outra questão notória nos discursos entre liberais e socialistas é a extrema valorização do economicismo em detrimento de outras esferas do ser humano, negando validade aos seus aspectos morais e espirituais. É curioso que o liberal médio tenha assimilado o viés marxista materialista de que a economia determina o universo da “superestrutura” cultural, ainda que não use tecnicamente os conceitos do marxismo. Não é por acaso que os liberais brasileiros sejam reducionistas. O liberalismo progressista deixa um completo vácuo ético e intelectual para as idéias inimigas da liberdade humana. Cegos nas fórmulas econômicas como respostas para todos os problemas do mundo, estão perdendo terreno em todas as esferas acadêmicas e culturais. Nem mesmo o marxismo médio, com seu viés materialista, ignora a importância da cultura. Pelo contrário, se há algo que o marxista médio atual preza é modificar e destruir a cultura para justificar sua teoria, por mais esquizofrênica que seja. Que os socialistas entrem em contradição, invertendo a lógica marxista, isso é mero detalhe: eles não estão preocupados, substancialmente, com dimensões filosóficas e teóricas autênticas. O negócio deles é mesmo o poder.

Os liberais, com sua lógica “dinheirista”, e os socialistas, com sua organização social de abelhas e formigas produtoras, destroem toda a cultura intelectual superior que prima pelos valores do espírito humano. Rebaixam a transcendência espiritual para um materialismo estéril. Reduzem a humanidade pelo prisma do tecnicismo econômico ou pela engenharia social. E no final, acabam bestializando o homem. A estupidez dos liberais progressistas e dos socialistas não é mera coincidência. É reflexo próprio de suas posições políticas e intelectuais.

Um amigo meu, extremamente católico, me fala uma descrição, que é perfeita, tanto para os liberais, como para os socialistas: o liberal-progressista e o socialista são dois gatinhos siameses, pintando um de azul e outro de vermelho. Todos são economicistas de sinais trocados. Embora divergentes na aparência, são solidários no socialismo cultural. Esse é o debate que hoje existe, como regra, em nosso país.

terça-feira, dezembro 02, 2008

Quarto bate-papo entre David Carvalho e Conde Loppeux de la Villanueva



O Conde Loppeux de la Villanueva e David Carvalho, num quarto bate-papo, comentam a respeito do "Dia da Consciência Negra" e as implicações racistas desta data e do movimento negro no Brasil. Imperdível! Clique abaixo para baixar o download:






segunda-feira, dezembro 01, 2008

Entrevista de Reinaldo Azevedo em Curitiba.

Reinaldo Azevedo, jornalista da Revista Veja, fala sobre o lançamento de seu livro "O País dos Petralhas", em Curitiba. Quem entrevista é meu amigo Itamar Flávio, de Maringá, Paraná, no seu programa "Visão Livre".