Aristóteles dizia que o homem anti-social ou é um bruto, ou é um deus. O filósofo nos dá dois extremos à margem do homem: a auto-suficiência divina e a rudeza animalesca. Tal análise não só nos dá uma definição de duas antíteses da humanidade, como mesmo o conceito desta: o meio-termo. A auto-suficiência não existe no homem, pois precisa dos seus semelhantes para sobreviver; e o bruto destrói o convívio social e humano, e, por conseguinte, a si mesmo. Esse raciocínio não somente se aplica à sociabilidade humana, como também ao conhecimento: o homem está no meio termo entre o divino e o brutal. Ele tem a faculdade de conhecer, mas não é e jamais será divino, porque não pode chegar na totalidade e no absoluto que representa a divindade; e a faculdade mesma de conhecer, que é sua capacidade de perceber e racionalizar as coisas o livra da animalidade.
Diz a bíblia que somos a imagem e semelhança de Deus. Essa linguagem diz respeito a uma faculdade humana, dada pelo divino, que é pensar a criar. Tal como Deus, o homem possui uma individualidade que o caracteriza como ser pensante e consciente. No entanto, essa capacidade de criar e pensar têm seus limites, já que enquanto Deus representa o absoluto e cria algo do nada, somos apenas uma sombra Dele e transformamos algo daquilo que já existe. Isso porque a consciência desenvolvida pelo homem nem sempre segue os liames da realidade, nem os desígnios divinos. Daí os aspectos da Revelação e da religião, para orientar aquilo que já existe no homem, só que de forma implícita, ou seja, através da lei moral de sua consciência e do direito natural. Mas há um aspecto curioso dessa relação entre o bruto e o divino: a busca da divindade humana o brutaliza. Em outras palavras, os extremos da ferradura se cruzam nas pontas.
A rebelião de Adão no paraíso do Éden é uma das histórias mais curiosas das Escrituras, senão das mais complexas. Há de se compreender tal texto como uma metáfora do homem, da rebelião gnóstica da humanidade contra a realidade instituída por Deus. Quando o primeiro homem come do fruto proibido da árvore do bem e do mal, manifesta-se o desejo humano de se tornar divino, deturpando o projeto original da criação. Só que Adão descobriu que era limitado demais para ter poderes divinos, e que a sua rebelião contra o poder de Deus, era também uma rebelião contra a sua própria natureza e a ordem das coisas. Em suma, o homem conheceu a corrupção moral e existencial.
A queda do homem adâmico é uma metáfora que retrata muito bem o século XX: muitos homens, rebelados contra a divindade, rebelaram-se contra a natureza das coisas, e, no final, acabaram se autodivinizando. Ou pior, tornaram-se brutos. Uma história, em particular, impressiona muito, pela dramaticidade quase beirando à patologia depressiva: os últimos dias de Hitler. Esses ocorridos são muito bem retratados em um filme alemão, chamado, “A Queda”, que mostra a decadência de um ditador tirânico e monstruosamente sanguinário.
O aspecto mais monstruoso do filme é a prova cabal de como um poder ilimitado e divinizador pode desfigurar um homem. Hitler, nos seus últimos dias de vida, em um bunker cercado de saraivadas da artilharia soviética, é acometido de delírios de grandeza, crendo que a situação poderia estar salva. Os seus generais, medrosos, temem falar a verdade para o seu líder. Em uma cena patética, o ditador manipula exércitos imaginários no tabuleiro de estratégia militar, na esperança de uma reação armada contra o exército vermelho. Para quem tinha dominado uma parte da Europa e almejava conquistar o mundo, era apenas um deus imaginário, comandando um mundo mais imaginário ainda. As pessoas no bunker são envolvidas no sintoma psicótico do ditador. Elas sabem da realidade, sabem do fracasso da Alemanha, da iminente derrota do regime nazista; porém, apáticas, depressivas, quase à loucura, seguem os últimos percalços do seu déspota auto-divinizado. Rebelam-se contra a verdade dos fatos.
A realidade não era o que todos viam, mas as loucuras de seu chefe. Hitler se cria onipotente, onisciente, como, aliás, sua ideologia refletia uma cosmovisão quase divina. O nazismo se postava como uma nova Revelação, em que muitos creram, aderiram piedosamente, tal como os apóstolos de uma nova fé. Visava corrigir as imperfeições da criação divina, em uma nova criação. A supremacia de uma raça eleita na terra e a destruição dos judeus malditos e dominadores era uma espécie de profecia do paraíso celeste para muitos alemães. A bíblia era o Mein Kampf; o Messias era Hitler, a expressão da deidade na Terra; e a suástica era sua cruz. Há um paradoxo demoníaco na doutrina nazista: o ódio antijudaico é a antítese de um verdadeiro povo eleito das Escrituras, para recriar um novo povo eleito pagão, em sua versão caricatural. É a deformidade ideológica do pensamento nazista que dá incremento a uma verdadeira imitação desfigurada de um povo eleito, com uma doutrina insana. A nova aliança de Hitler com a cumplicidade de seu povo “eleito” é uma ligação dos arianos com as Valquírias, os deuses germânicos. Isso incrementava uma dose de eternindade, no “Reich de mil anos”. Como na parábola dos cegos, fingem-se de cegos, guiados por um cego, e ameaçam cair no abismo. Alguns oficiais dão um tiro na cabeça. A mulher de Goebbels não suporta o mundo sem o nacional-socialismo: envenena os seus seis filhos e se mata, junto com seu marido. Até a esposa do Führer toma cianeto. Outros caem na orgia, esperando o pior. Estavam presos nas armadilhas doentias de seu líder, de seu verbo encarnado. E quem ousasse questioná-lo, era sumariamente morto e executado como herege. Foi o que ocorreu com o cunhado da esposa de Hitler, que questionou sua loucura no bunker e morreu fuzilado.
Hitler, o gnóstico divinizado, oscila entre a passividade e a histeria. Trata sua secretária com polidez, no meio da loucura e das ruínas de Berlim, como se nada tivesse acontecido. Enquanto isso, cai num acesso de fúria, quando descobre que alguns oficiais se rendem, entre os quais, seu próprio assecla, Himmler, um dos arquitetos da “solução final” judaica. Insatisfeito, impõe regras draconianas contra seu povo e quando descobre que a derrota é iminente, deseja loucamente a destruição do próprio povo alemão pelos russos. Então ele se mata.
Se Hitler era o gnóstico dos alemães, Stalin era o gnóstico dos russos. Não seria mera coincidência perceber que os dois tinham muita coisa em comum. Pelo contrário, não somente foram aliados políticos, como nutriam admiração mutua um pelo outro. A sanha assassina e os delírios de grandeza tão comuns a Hitler, eram perfeitamente encontrados em Stalin, em escala tão piorada quanto. A doutrina gnóstica era quase a mesma, um evangelho do mal: a criação de um paraíso terrestre e abstrato, com o sacrifício das pessoas reais, na ideologia messiânica, igualitária, redentora e milenarista do comunismo. Dizia um observador, que Stalin era um homem capaz de sacrificar nove décimos da humanidade, para agradar a um décimo que fosse seguidor dele. Era o “guia genial dos povos”, o “defensor dos oprimidos”, o líder mundial a ser seguido como um deus, por todos os comunistas do mundo. Pôsteres, estátuas, cartazes, poesias e músicas divinizavam o insano homem da Geórgia. A demência absolutista comungava de sua sina persecutória e de violência e terror. A obsessão paranóica por movimentos conspiratórios, incrementava a sede sanguinária do homem. Dizem que a loucura de Stalin era tanta, que quando a Alemanha nazista invadiu a União Soviética, não somente ele custou a crer na história, como os seus oficiais tremeram de medo de falar a verdade. Só um marechal, que surpreendentemente sobreviveu aos expurgos, disse na cara de Stalin, a verdadeira situação da Rússia. O mesmo procedimento divino de Hitler dominava Stalin: nos seus últimos anos da vida, cada vez mais fugia da realidade, cada vez menos os subalternos diziam a verdade. As mentiras eram comuns dos seus áulicos medrosos e bajuladores. Mentia-se muito para agradar aos delírios do ditador. Como, aliás, tudo na União Soviética era mentira: as rádios, os jornais, as estatísticas da economia planificada, as exaltações do socialismo, as propagandas; todo mundo fazia o papel de um artista de um palco de malucos, todos no consenso da mentira, para agradar ao tirano e sua polícia política.
Até no ocidente a mentira era contagiosa. Porém, mentia-se no ocidente mais por delinqüência, corrupção descarada, do que por fé religiosa: muitos intelectuais, artistas, professores universitários e militantes simpáticos aos comunistas mentiam por objetivos menos “nobres”. Mentiam por dinheiro, status e poder dados pelo Partido. Havia um ou outro estúpido que mentia, porque acreditava nas fantasias do seu líder divino. Entretanto, qualquer pessoa sabia daquelas histórias de crimes, devassidões e barbaridades que ocorriam contra o povo soviético. Sabiam e fingiam não saber. Simplesmente faziam vistas grossas e participavam do circo. Quando o tirano morreu, os seus fieis devotos, antes apalermados, cuspiram no seu ídolo e foram salvar sua alma na relíquia de formol e trapos do Kremlin: o cadáver do Lênin, o velho Lênin! Na sandice da gnose, quiseram sacrificar o seu antigo líder pela ideologia que o gerou.
Exemplos de sobra existem no século XX, da revolta contra Deus e contra a humanidade: a análise de Aristóteles continua atual, como também a mensagem bíblica. Os déspotas e tiranos se desumanizam, contudo, não viram deuses. Aqueles que se passam por tais, supondo usurpar o lugar de Deus, tornam-se anti-sociais, e, no final, brutos. A divinização do homem rebaixa-o a um nível tal de indigência moral, que o torna um monstro irreconhecível, incapaz de se relacionar com seus semelhantes. Ele carece de inteligência e piedade para ser divino e despreza tanto a humanidade, por considerá-la inferior, que acaba destruindo-a. O notório desdém dos ditadores pela humanidade vem desse desejo incontrolável de poder divino, sem a devida piedade e amor que o divino tem com o sofrimento humano.
E a busca total da divinização do homem o sujeita a um grau de alienação, de ignorância e estupidez, que ele perde a noção mesma da realidade. É como na Torre de Babel: os homens, na presunção de se alcançar a Deus, acabam confundindo as línguas. A auto-suficiência laudatória bestializa a humanidade, presa num bunker, sem contato com o mundo exterior. O autismo mental de Hitler e Stalin é a psicose de dois homens que achavam saber de tudo, não sabendo de nada! Acabaram loucos. . .e brutos!
Diz a bíblia que somos a imagem e semelhança de Deus. Essa linguagem diz respeito a uma faculdade humana, dada pelo divino, que é pensar a criar. Tal como Deus, o homem possui uma individualidade que o caracteriza como ser pensante e consciente. No entanto, essa capacidade de criar e pensar têm seus limites, já que enquanto Deus representa o absoluto e cria algo do nada, somos apenas uma sombra Dele e transformamos algo daquilo que já existe. Isso porque a consciência desenvolvida pelo homem nem sempre segue os liames da realidade, nem os desígnios divinos. Daí os aspectos da Revelação e da religião, para orientar aquilo que já existe no homem, só que de forma implícita, ou seja, através da lei moral de sua consciência e do direito natural. Mas há um aspecto curioso dessa relação entre o bruto e o divino: a busca da divindade humana o brutaliza. Em outras palavras, os extremos da ferradura se cruzam nas pontas.
A rebelião de Adão no paraíso do Éden é uma das histórias mais curiosas das Escrituras, senão das mais complexas. Há de se compreender tal texto como uma metáfora do homem, da rebelião gnóstica da humanidade contra a realidade instituída por Deus. Quando o primeiro homem come do fruto proibido da árvore do bem e do mal, manifesta-se o desejo humano de se tornar divino, deturpando o projeto original da criação. Só que Adão descobriu que era limitado demais para ter poderes divinos, e que a sua rebelião contra o poder de Deus, era também uma rebelião contra a sua própria natureza e a ordem das coisas. Em suma, o homem conheceu a corrupção moral e existencial.
A queda do homem adâmico é uma metáfora que retrata muito bem o século XX: muitos homens, rebelados contra a divindade, rebelaram-se contra a natureza das coisas, e, no final, acabaram se autodivinizando. Ou pior, tornaram-se brutos. Uma história, em particular, impressiona muito, pela dramaticidade quase beirando à patologia depressiva: os últimos dias de Hitler. Esses ocorridos são muito bem retratados em um filme alemão, chamado, “A Queda”, que mostra a decadência de um ditador tirânico e monstruosamente sanguinário.
O aspecto mais monstruoso do filme é a prova cabal de como um poder ilimitado e divinizador pode desfigurar um homem. Hitler, nos seus últimos dias de vida, em um bunker cercado de saraivadas da artilharia soviética, é acometido de delírios de grandeza, crendo que a situação poderia estar salva. Os seus generais, medrosos, temem falar a verdade para o seu líder. Em uma cena patética, o ditador manipula exércitos imaginários no tabuleiro de estratégia militar, na esperança de uma reação armada contra o exército vermelho. Para quem tinha dominado uma parte da Europa e almejava conquistar o mundo, era apenas um deus imaginário, comandando um mundo mais imaginário ainda. As pessoas no bunker são envolvidas no sintoma psicótico do ditador. Elas sabem da realidade, sabem do fracasso da Alemanha, da iminente derrota do regime nazista; porém, apáticas, depressivas, quase à loucura, seguem os últimos percalços do seu déspota auto-divinizado. Rebelam-se contra a verdade dos fatos.
A realidade não era o que todos viam, mas as loucuras de seu chefe. Hitler se cria onipotente, onisciente, como, aliás, sua ideologia refletia uma cosmovisão quase divina. O nazismo se postava como uma nova Revelação, em que muitos creram, aderiram piedosamente, tal como os apóstolos de uma nova fé. Visava corrigir as imperfeições da criação divina, em uma nova criação. A supremacia de uma raça eleita na terra e a destruição dos judeus malditos e dominadores era uma espécie de profecia do paraíso celeste para muitos alemães. A bíblia era o Mein Kampf; o Messias era Hitler, a expressão da deidade na Terra; e a suástica era sua cruz. Há um paradoxo demoníaco na doutrina nazista: o ódio antijudaico é a antítese de um verdadeiro povo eleito das Escrituras, para recriar um novo povo eleito pagão, em sua versão caricatural. É a deformidade ideológica do pensamento nazista que dá incremento a uma verdadeira imitação desfigurada de um povo eleito, com uma doutrina insana. A nova aliança de Hitler com a cumplicidade de seu povo “eleito” é uma ligação dos arianos com as Valquírias, os deuses germânicos. Isso incrementava uma dose de eternindade, no “Reich de mil anos”. Como na parábola dos cegos, fingem-se de cegos, guiados por um cego, e ameaçam cair no abismo. Alguns oficiais dão um tiro na cabeça. A mulher de Goebbels não suporta o mundo sem o nacional-socialismo: envenena os seus seis filhos e se mata, junto com seu marido. Até a esposa do Führer toma cianeto. Outros caem na orgia, esperando o pior. Estavam presos nas armadilhas doentias de seu líder, de seu verbo encarnado. E quem ousasse questioná-lo, era sumariamente morto e executado como herege. Foi o que ocorreu com o cunhado da esposa de Hitler, que questionou sua loucura no bunker e morreu fuzilado.
Hitler, o gnóstico divinizado, oscila entre a passividade e a histeria. Trata sua secretária com polidez, no meio da loucura e das ruínas de Berlim, como se nada tivesse acontecido. Enquanto isso, cai num acesso de fúria, quando descobre que alguns oficiais se rendem, entre os quais, seu próprio assecla, Himmler, um dos arquitetos da “solução final” judaica. Insatisfeito, impõe regras draconianas contra seu povo e quando descobre que a derrota é iminente, deseja loucamente a destruição do próprio povo alemão pelos russos. Então ele se mata.
Se Hitler era o gnóstico dos alemães, Stalin era o gnóstico dos russos. Não seria mera coincidência perceber que os dois tinham muita coisa em comum. Pelo contrário, não somente foram aliados políticos, como nutriam admiração mutua um pelo outro. A sanha assassina e os delírios de grandeza tão comuns a Hitler, eram perfeitamente encontrados em Stalin, em escala tão piorada quanto. A doutrina gnóstica era quase a mesma, um evangelho do mal: a criação de um paraíso terrestre e abstrato, com o sacrifício das pessoas reais, na ideologia messiânica, igualitária, redentora e milenarista do comunismo. Dizia um observador, que Stalin era um homem capaz de sacrificar nove décimos da humanidade, para agradar a um décimo que fosse seguidor dele. Era o “guia genial dos povos”, o “defensor dos oprimidos”, o líder mundial a ser seguido como um deus, por todos os comunistas do mundo. Pôsteres, estátuas, cartazes, poesias e músicas divinizavam o insano homem da Geórgia. A demência absolutista comungava de sua sina persecutória e de violência e terror. A obsessão paranóica por movimentos conspiratórios, incrementava a sede sanguinária do homem. Dizem que a loucura de Stalin era tanta, que quando a Alemanha nazista invadiu a União Soviética, não somente ele custou a crer na história, como os seus oficiais tremeram de medo de falar a verdade. Só um marechal, que surpreendentemente sobreviveu aos expurgos, disse na cara de Stalin, a verdadeira situação da Rússia. O mesmo procedimento divino de Hitler dominava Stalin: nos seus últimos anos da vida, cada vez mais fugia da realidade, cada vez menos os subalternos diziam a verdade. As mentiras eram comuns dos seus áulicos medrosos e bajuladores. Mentia-se muito para agradar aos delírios do ditador. Como, aliás, tudo na União Soviética era mentira: as rádios, os jornais, as estatísticas da economia planificada, as exaltações do socialismo, as propagandas; todo mundo fazia o papel de um artista de um palco de malucos, todos no consenso da mentira, para agradar ao tirano e sua polícia política.
Até no ocidente a mentira era contagiosa. Porém, mentia-se no ocidente mais por delinqüência, corrupção descarada, do que por fé religiosa: muitos intelectuais, artistas, professores universitários e militantes simpáticos aos comunistas mentiam por objetivos menos “nobres”. Mentiam por dinheiro, status e poder dados pelo Partido. Havia um ou outro estúpido que mentia, porque acreditava nas fantasias do seu líder divino. Entretanto, qualquer pessoa sabia daquelas histórias de crimes, devassidões e barbaridades que ocorriam contra o povo soviético. Sabiam e fingiam não saber. Simplesmente faziam vistas grossas e participavam do circo. Quando o tirano morreu, os seus fieis devotos, antes apalermados, cuspiram no seu ídolo e foram salvar sua alma na relíquia de formol e trapos do Kremlin: o cadáver do Lênin, o velho Lênin! Na sandice da gnose, quiseram sacrificar o seu antigo líder pela ideologia que o gerou.
Exemplos de sobra existem no século XX, da revolta contra Deus e contra a humanidade: a análise de Aristóteles continua atual, como também a mensagem bíblica. Os déspotas e tiranos se desumanizam, contudo, não viram deuses. Aqueles que se passam por tais, supondo usurpar o lugar de Deus, tornam-se anti-sociais, e, no final, brutos. A divinização do homem rebaixa-o a um nível tal de indigência moral, que o torna um monstro irreconhecível, incapaz de se relacionar com seus semelhantes. Ele carece de inteligência e piedade para ser divino e despreza tanto a humanidade, por considerá-la inferior, que acaba destruindo-a. O notório desdém dos ditadores pela humanidade vem desse desejo incontrolável de poder divino, sem a devida piedade e amor que o divino tem com o sofrimento humano.
E a busca total da divinização do homem o sujeita a um grau de alienação, de ignorância e estupidez, que ele perde a noção mesma da realidade. É como na Torre de Babel: os homens, na presunção de se alcançar a Deus, acabam confundindo as línguas. A auto-suficiência laudatória bestializa a humanidade, presa num bunker, sem contato com o mundo exterior. O autismo mental de Hitler e Stalin é a psicose de dois homens que achavam saber de tudo, não sabendo de nada! Acabaram loucos. . .e brutos!