domingo, setembro 27, 2009

Totalitarismos mortos e vivos: o que a Veja não disse. . .

Quando um grupo de delinqüentes skinheads é preso por apregoar idéias nazistas ou espancar gays nas ruas, alguns setores da imprensa dão uma intensa cobertura sobre o assunto e fazem alarde histérico sobre o suposto crescimento do nazismo. A coisa se torna até caricatural: alguns programas de TV convidam membros da comunidade judaica a falarem das experiências dos campos de concentração na Europa, como se a ameaça nazista fosse onipresente, como se o espantalho de Hitler ressurgisse das cinzas do bunker de Berlim, para restaurar o poder, na figura de alguns marginais da baixada. Na cabeça dessas criaturas midiáticas mentecaptas, o espectro do nazifascismo ameaça assolar o mundo!

Entretanto, o mesmo tratamento não é dado ao comunismo. Se não bastasse a atenção desproporcional a um totalitarismo morto e enterrado há pelo menos quase 70 anos, os mesmos comentaristas e formadores de opinião ridicularizam àqueles que afirmam sobre a força que os movimentos revolucionários comunistas possuem em nossas democracias. Esses jornalistas dizem que o “socialismo morreu”, que o alerta anticomunista é “coisa da guerra fria”, que não existe nenhuma ameaça da volta de um regime totalitário similar ao que ocorreu na União Soviética e que ainda vigora na China e na Coréia do Norte. O comunismo mata até hoje. Mas ninguém liga. É um caso estranho de histeria rasteira com amnésia retardada!

Há de se conjecturar: a histeria antinazista foi de grande valia para o movimento comunista. Ela colaborou para transformar os inimigos do comunismo como meros reflexos do cadáver fascista, quando na verdade serviu de ocultações de crimes e genocídios muito mais assombrosos das ditaduras marxistas. Isso acobertou, inclusive, o envolvimento do Estado nazista com a União Soviética, em particular, o rearmamento da Alemanha pelo exército vermelho e a criação dos campos de extermínio alemães, estruturada com sólida logística da NKVD, a polícia política soviética. Essa desproporção doentia teve sólido apoio dos intelectuais de esquerda ocidentais, que inventaram o mito do ressurgimento nazista e ocultavam a ameaça real dos comunistas. Foram as idiossincrasias da tal “esquerda moderada” que tantos conclamam como “democrática”. Daí a patetice ridícula de censurar suásticas e prender meia dúzia marginais nazistas sem expressividade alguma, quando o Partido Comunista e seus sequazes similares da esquerda disputam democraticamente o poder, no intento de implantar seu sistema de opressão. E até hoje eles têm sólido apoio de uma intelectualidade universitária poderosa, dominadora, apta a disseminar "ativistas sociais" inúteis propagando as maravilhas da burocracia estatal voluntariosa, do Arquipélago Gulag e do milagre do Estado onipotente.

Essa esquizofrenia mental se torna mais visível quando a imprensa nacional registra os acontecimentos na América Latina e no mundo como se fossem expedientes acidentais, ocasionais, sem relações com um projeto de poder de um grupo. Pode-se incluir, como um exemplo clássico disso, a crença, disseminada até por liberais estúpidos, da famigerada morte do socialismo. Inclusive, algumas revistas falam da chamada “esquerda responsável”, que acolhe o livre mercado e abandona a concepção totalitária na economia e na sociedade civil. A burrice do liberal médio é achar que a liberdade se resume à sua visão economicista de livre mercado, ainda que a esquerda controle de forma totalitária todo o resto. Os liberais não estão empolgadinhos com os progressos do livre mercado na China comunista? Se a nossa realidade chegou ao estado de coisas alienantes dos dias de hoje, os liberais e paladinos do livre mercado têm grande cumplicidade com o crime. Acovardados, pusilânimes, complacentes, aceitaram perfeitamente o domínio das esquerdas em troca de migalhas. E foram eles que alimentaram a farsa da falsa defunta comunista.

A cobertura dada pela Revista Veja a respeito da crise em Honduras, causada por obséquio do ditador Hugo Chavez e do Presidente Lula, retrata essa cegueira sobre a “morte do socialismo”. A América Latina inteira caminha para o modelo socialista. E, mesmo assim, os idiotas ainda acreditam que o socialismo morreu. Morreu onde? Venezuela, Equador, Nicarágua, Bolívia, Paraguai, Argentina, El Salvador e agora Honduras, sofrem com o bolivarianismo, com o “socialismo do século XXI”. E o Brasil é o elemento estratégico de promoção de ditaduras esquerdistas na América Latina, com a ajuda do “moderado” governo Lula.

Os jornalistas de Veja e os liberais podem afirmar à vontade que o socialismo morreu, ainda que nossas escolas preguem literatura marxista a granel, ainda que nossas universidades sejam dominadas pelas esquerdas revolucionárias, ainda que a revolução russa e as ditaduras comunistas sejam glamourizadas como uma contrapartida viável ao capitalismo. Ademais, na mesma edição da revista há uma matéria a respeito dos partidos radicais de esquerda, nanicos, supostamente sem expressividade política nos pleitos eleitorais. Todavia, não é estranho que esses grupelhos tenham um controle desproporcional sobre os meios culturais de nosso país? Não é assustador que eles formem quadros justamente em universidades e escolas? Que mesmo o governo federal libere dinheiro público para organizações estudantis comunistas como a UNE? Ou que a indústria de invasão de terras praticada pelos radicais maoístas fanáticos MST tenha um aval milionário do governo petista?

Mas a Revista Veja dá ao leitor a idéia falsa de que o PT é diferente dos partidos radicais de esquerda que ela tanto deprecia. Os jornalistas ainda chegam a presumir que a ligação do movimento revolucionário com o narcotráfico na América Latina seria uma espécie de aberração, não uma parte essencialmente criminosa da militância comunista. Ou seja, os jornalistas santificam a esquerda e dão o aval de afirmar, categoricamente, que ela é partidária da democracia. Será que os jornalistas crêem que gente como Lênin ou Stálin eram figuras angelicais? Que o Partido Bolchevique se sustentava através de ofertas e dízimos? Qualquer pessoa minimamente informada saberia responder essa pergunta: os movimentos de esquerda guardam através de si um histórico tradicional de banditismo e criminalidade. O que ocorre na América Latina não é diferente do que Lênin fazia quando mandava Stálin assaltar um banco ou extorquir gente rica. A aliança de Lula, Chavez, Zelaya, com o narcotráfico das Farc não é mera coincidência. E o que é a criminalidade do Estado comunista senão o banditismo, o terrorismo e o genocídio transformados em lei? Ah sim, Veja nunca se refere ao socialismo “bolivariano”. No linguajar da revista, Chavez e Zelaya são apenas “populistas”!

O jornalismo da Revista Veja ainda colabora para outro rol de falácias. Fala do “golpe de Estado“ inexistente em Honduras, quando na verdade, essa idéia mitológica é criação fictícia das próprias esquerdas que querem destruir a democracia naquele país. O Congresso Nacional, o Judiciário, o Ministério Público e o exército tiveram plena legitimidade para derrubar o governo Zelaya, que violou a Constituição hondurenha. Por que um periódico, que supostamente tem fama de ser anti-petista, alimenta as mesmas mentiras do inimigo? O mais grave, contudo, é a omissão da reportagem a respeito da entidade mais influente da América Latina, o Foro de São Paulo, presidido, nada mais, nada menos do que pelo próprio Presidente do Brasil, Luis Ignácio Lula da Silva. Na Declaração Final do XV Encontro do Foro de São Paulo, ocorrido no México, entre os dias 20 e 23 de agosto de 2009, foi redigida uma declaração final nos seguintes dizeres:

"Décimo quinto. O XV Encontro do Foro de São Paulo aprovou mn plano de trabalhoo para o próximo ano que se propõe:
1. Acompanhar os governos progressistas e de esquerda, organizando um debate e intercâmbio permanente de informação entre os dirigentes dos partidos do FSP sobre a evolução da situação em América Latina e dos governos da região criando para eles um Observatório de Governos de esquerda e Progressistas.
2. 2. Apoiar decididamente a esquerda hondurenha nos términos de resolução particular aprovada por este XV Encontro”.

Em outras palavras, o movimento comunista está organizado em escala continental, impondo diretrizes a quase todos os governos do continente e decidindo, à revelia do povo de Honduras e demais outros países, pela destruição de seus sistemas democráticos. O Foro de SP pode rasgar a Constituição de Honduras e destruir a democracia e a soberania daquele país, tudo em nome da democracia!

Basta analisar a política petista em todos os seus ângulos para perceber que o governo Lula não é nada diferente de um partido revolucionário. O PT segue todos os passos da esquerda mundial, quando usa uma dupla face no sistema democrático. Por um lado, finge aceitar as regras do Estado de Direito; por outro lado, alimenta a sanha da revolta revolucionária. O PT é o partido que aceita o livre mercado, ao mesmo tempo em que expande uma gigantesca burocracia estatal e aparelha o Estado e a sociedade civil; é o partido que diz defender a democracia, da mesma forma que aprova as brutais tiranias islâmicas, reconhece a legitimidade da China comunista como economia de mercado e, ainda, dá franco apoio à ditadura da Coréia do Norte, no sentido de hostilizar o Japão e subjugar a democrática Coréia do Sul.

A política do PT, de fazer da embaixada do Brasil em Honduras um palanque do capataz de Hugo Chavez, o ex-presidente Zelaya, faz parte do mesmo processo revolucionário que contamina a América Latina. É o reflexo mesmo da futura ditadura do partido-Estado. O Ministro das Relações Exteriores, o mentiroso farsante Celso Amorim, e seu comparsa, o lunático Marco Aurélio Garcia, usam a diplomacia brasileira para atender aos interesses ideológicos do Partido e das esquerdas latino-americanas. Todos eles querem arruinar a democracia em Honduras; querem expandir a influência da Venezuela no país, implantando uma nova ditadura socialista. Ou pior, querem expandir o domínio do Foro de São Paulo, o braço armado do comunismo latino-americano, tal como em outras épocas fora o Comintern, sobre os países democráticos que ainda resistem no continente. O PT, ao estreitar laços com os regimes totalitários ou mesmo expandi-los, quer isolar o Brasil das relações com as nações democráticas e criar um aparato de poder ditatorial dentro do país. A questão é mais que óbvia. O mal mesmo é a desinformação.

No Brasil atual, a mídia pode fazer alardes tenebrosos sobre o crescimento inexistente do nazismo ou de qualquer outra aberração fascista. A comunidade judaica pode ser até convidada a participar da farsa, ignorando que os anti-semitas atuais não são nazistas, mas comunistas, aliados do Irã e do islamismo terrorista. Contudo, a despeito de todas as evidências notórias da expansão comunista na América Latina, o grosso da imprensa se aliena, fecha os olhos, dissemina que tudo é teoria da conspiração. Ou na pior das hipóteses mente ao público. A Veja participa desse tipo de mistificação, negando os fatos. O totalitarismo morto assusta mais do que o totalitarismo vivo. O cadáver do nazifascismo oculta o ogro filantrópico comunista, vivíssimo no mundo! A desproporção entre fantasia e realidade mostra a esquizofrenia sintomática das mentalidades atuais.

Uma república da farsa.

Acompanhei com certo ceticismo as manifestações que pediam a renúncia do senador José Sarney ao cargo de Presidente do Senado. Na verdade, essas manifestações são um sinais claros de uma perversão moral completa de nossos tempos. Alguém achará aqui que defendo Sarney? Nada disso. Pelo contrário, por que será que um grupo de pessoas faz histeria nos gritos de “fora Sarney”, quando na verdade, não move uma palha ao governo que o sancionou e o apoiou, ou seja, o governo Lula? É estranho que façam campanhas pela moralidade, quando na verdade o presidente Lula, depois do completo envolvimento com o senador, torna-se figura intocável, acima do bem e do mal, a despeito de seus delitos bem piores. A culpa pela desmoralização do senado não é de José Sarney: é do governo Lula. E onde estão os protestos de “Fora Lula”?

Se há algo que retrata muito bem nessas campanhas de ética na política é a farsa moral em vista de uma indignação fingida. Não duvido muito que os idealizadores da campanha contra Sarney sejam todos quase petistas. Ou, no mínimo, uma minoria petista deu a idéia para que a massa tola seguisse os caminhos da moralidade fajuta. “Ética”, por, assim dizer, virou apenas jogo retórico para ganhar votos, manipular idiotas úteis ou atacar os inimigos. Há tal distorção do sentido da realidade, que as manifestações parecem esquizofrênicas, fora de contexto. Por que a opinião pública lava as mãos pelo presidente Lula? O viés ideológico e a cumplicidade com o crime são elementos óbvios demais para perceber o que está por trás da destruição do senador José Sarney. É assustadora a vesguice intelectual das classes políticas e das elites, no que diz respeito a uma campanha de desmoralização do Congresso Nacional. Sarney serve para virar espantalho da Casa Legislativa, no sentido de desmoralizá-la. O pior de tudo é que o senador, raposa da nossa república, ainda alimente este jogo, confundindo sua vida abjeta de corrupção e falcatruas com a impessoalidade do Senado.

De fato, o fenômeno revela algo bem pior: uma classe de pessoas neste país tem o monopólio de ditar o que é moralidade política para os outros, ainda que não se sujeite a esta. Desde a época de Fernando Collor, passando pelo governo FHC, as esquerdas revolucionárias, lenta e gradualmente, ocuparam espaços na sociedade civil, explorando o vácuo da opinião pública e tornando-se voz dominante por intermédio dos meios culturais e políticos, através dos chamados “movimentos sociais”. De fato, há um alijamento completo da sociedade civil com as entidades que dizem representá-la. Por um lado, pequenos grupos rigidamente organizados, que dominam os espaços culturais e midiáticos, suprimindo dissidências internas e implantado uma verdadeira ditadura cultural de opiniões; e por outro, uma massa amorfa de pessoas, sem representatividade, obrigada a votar em projetos que não acredita ou simplesmente ignora. O grosso desses indivíduos é conservador e anti-totalitário, mas não tem voz e não se mobiliza; uma parte importante da elite política e cultural é largamente revolucionária e totalitária e quer impor goela adentro seus projetos de engenharia social sobre toda a sociedade. Tal é o sentido da gravidade por que passa nossa democracia.

O presidente Lula, no limiar do mais completo cinismo, afirmou que as próximas eleições presidenciais serão uma disputa entre esquerdas. Ele sabe o que diz. A oposição há muito deixou de atuar no país. É pior, a oposição é também de esquerda. O presidente revela seu conceito particular de “democracia”. Na prática, a pleito eleitoral não passará de um revezamento entre facções de esquerda, uma versão disfarçada do “centralismo democrático” leninista. Só que o partido não uma entidade política ou institucional apenas: é a própria cultura, através do imaginário esquerdista disseminado sobre toda a sociedade. O próprio ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, reproduzindo Antonio Gramsci, já falou claramente que o Brasil já alcançou a “hegemonia” da esquerda. Não é por acaso: há gente que acredita que o PSDB seja de direita! Sim, os tucanos são a direita sim, mas da esquerda!

A absolvição de Sarney era mais que esperada. Com o apoio de dos ratos de porão da Casa Legislativa Renan Calheiros, Collor (outrora inimigo de Lula), a trupe petista e outros demais bandidos da república, a impunidade se tornou regra, a ilegalidade se tornou lei. No entanto, esses mesmos aliados do petismo estão afundando, lenta e gradualmente. E quanto mais as velhas oligarquias cavam sua sepultura, um novo poder oligárquico, poderoso, impassível, inescrupuloso e acima de qualquer princípio de moralidade perverte e contamina todas as instituições da república. É a farsa de nossa democracia!

sábado, setembro 26, 2009

David contra Golias: aqui somos todos hondurenhos!

Depois das pressões de bandidos delinqüentes como Zelaya, Hugo Chavez, Lula, Obama e a camarilha comunista da ONU contra a democracia hondurenha, aquele pequeno povo da América Central mostra coragem e patriotismo para enfrentar o totalitarismo esquerdista bolivariano. Força, povo de Honduras, que David vencerá Golias!

segunda-feira, setembro 21, 2009

Quando o Estado é um castrador. . .

Quando eu leio sobre a Europa medieval, percebo que há um elemento peculiar ao homem europeu daqueles tempos: o senso de comunidade, de solidariedade familiar, de alegria, de amor, de afetividade explícita, além de uma profunda religiosidade. Numa época de guerra, de fome, de peste, enfim, de desgraças monstruosas, os europeus tinham uma profunda fé em Deus e um espantoso vigor intelectual, moral e espiritual. O homem europeu médio era hospitaleiro: em nome de Cristo, ele criava hospitais e doava esmolas aos pobres; construía Igrejas majestosas e mosteiros, simbolizando seu profundo amor pela eternidade. Da nobreza ao campesinato, passando pelo clero, essa ética de piedade, compaixão e hospitalidade permeava a solidariedade medieval. A cavalaria criou as regras da etiqueta amorosa e da cortesia à mulher. Em poesias e cartas, os sentimentos eram declarados: o homem retratava seu amor pela mulher inatingível; o amigo assumia pactos, acordos e sentimentos de dever para com seu concidadão. As irmandades eram questões de honra e sobrevivência.

E não falemos de gente melindrada. O homem medieval era uma criatura rude, muitas vezes de temperamento violento e explosivo. E as regras sociais eram bastante severas. A religião cristã e a Igreja Católica educaram esse espírito barbarizado para a ascensão de verdadeiras instituições, verdadeiros laços comunitário, verdadeira ordem e hierarquia de valores genuínos na civilização européia. Dentro das inúmeras divisões do Velho Continente, da Inglaterra a Portugal, da Espanha ao Leste Europeu, com suas variadas línguas, dialetos, havia um elemento que o unia, chamado Cristandade. A nação, por assim dizer, não era o feudo, não era o reino, não era a vila: era a fé!

O que motivava um cavaleiro medieval a criar hospitais em Jerusalém para peregrinos cristãos de todas as partes do mundo, e mesmo para não-cristãos, pagando penitências pelos seus pecados? O que motivava um monge a largar a sua casta rica e se dedicar aos pobres como mendigo? O que motivava um sábio bispo a cuidar do seu rebanho, dedicando-se às coisas do espírito e da filosofia? Era a fé vivificadora que dominava o espírito daqueles homens, a ponto de enfrentarem as piores adversidades.

Por que escrevo isso acima? A Europa com que me identifico, com que me vejo no espelho, ao qual me lembra, e muito, a realidade brasileira, é essa época medieval hospitaleira, emotiva, cristã, católica. Às vezes penso que muito da nossa afetividade e hospitalidade provém desse universo ibérico intocável pela modernidade, esse universo de relações familiares, muito mais fortes do que as relações com o Estado. É como se a Idade Média, exilada, viesse ao Brasil em pleno século XVI, através de naus e caravelas, e o Atlântico a isolasse da lenta e gradual decadência espiritual da Europa. Não é por acaso que muitos europeus identificam o povo brasileiro com o italiano. Algumas regiões da Itália ainda preservam aquela mentalidade comunitária medieval em que as famílias se mesclam com o povoado, como se todo mundo fosse conhecido, como se todos tivessem laços de parentesco.


Como descobri isso? Um aspecto interessante é quando os brasileiros contatam com os europeus da atualidade. A impressão que fica é a de que os europeus são “frios”, “distantes”, sem empatia (e quando são germânicos, a situação fica pior ainda). Já os brasileiros falam freneticamente, gesticulam, mostram suas afeições naturais e não temem demonstrar sentimentos, além de serem bastante hospitaleiros. É como se para muitos brasileiros não existisse a pessoa estranha. Todos se cumprimentam diariamente, mesmo que ninguém se conheça. Os europeus, medrosos, ficam assustados com isso; estranham muito mais ainda esse ambiente de intimidades, falatório exagerado, afetividades demasiado explícitas.

Mas será que a “frieza” européia, esse distanciamento do calor humano, é um fenômeno permanente do temperamento daquele povo? Quando eu leio as descrições dos homens medievais gesticulando, falando muito ou mesmo brigando entre si, há um retrato de uma espontaneidade inexistente no europeu atual. Parece que o conjunto de regras atuais da sociedade européia, seja nos costumes, leis e estruturas políticas, atomiza o individuo, anula-o, esmaga-o. Daí a entender porque cada um cuida de si e ninguém olha para seu vizinho. Dispersos, sem origens, sem laços comunitários fortes, os europeus parecem se trancar em suas respectivas casas, esperando a hora da morte ou abreviando sua vida pelo suicídio. O paraíso do “bem-estar social” governamental se conflita com o mal estar coletivo de uma sociedade que perdeu suas próprias referências éticas, morais, espirituais e civilizacionais. O apego mesquinho e materialista generalizado ao bem estar econômico e a completa omissão nos laços afetivos e espirituais, seja na vida privada, como na vida comunitária, são sinais de claros de decadência.

Minha opinião pode ser exagerada, pessimista? Talvez. Entretanto, os relatos que ouço dos meus amigos que viveram na Europa parecem retratar uma patologia social: a indiferença existencial com o próximo e consigo mesmo, a falta de perspectivas futuras, o hedonismo, o niilismo, o ateísmo, são retratos de uma espiritualidade enferma. Isso é o que parece ser a Europa laica, a Europa que renega suas raízes cristãs, a velha Europa que trata sua cultura, seus palácios e suas catedrais como uma peça de museu. A civilização européia atual é uma espécie de morta-viva, cujo vigor se esgotou. Renega seu passado e não consegue presenciar um futuro certo. Numa demonstração cabal de prostração completa, a União Européia simplesmente se recusou a reconhecer no Cristianismo a base de sua civilização. Enquanto isso, os governos europeus se acovardam com relação à expansão do Islã.

Falei de modelos políticos. Se há algo que o Estado europeu conseguiu fazer foi castrar sua civilização em todos os sentidos. O “cidadão europeu” é uma figura impessoal, assexuada, uma mera engrenagem desse Estado, desse elemento político abstrato. É paradoxal que o modelo político democrático, prometendo respeitar a esfera privada das relações civis, acabasse por expandir a burocracia e aniquilar os indivíduos. Na verdade, a democracia não é garantia absoluta na defesa das liberdades. Em nome da privacidade, da delimitação e proteção de direitos, o Estado cria leis e regras isolando as pessoas do convívio social. Essa legião de cidadãos solitários, amorfos, acaba se tornando massas, sem identidade própria, sem individualidade. A solidão nauseante do indivíduo dentro das multidões é o paradoxo de nossa realidade atual. No vazio comunitário dessa esfera privada, no viés da sociedade atomizada, o Estado alarga seu braço, ocupando atividades antes voluntárias, para torná-las coercitivas, compulsórias e quase sempre opressivas. O Estado “oferece” educação, mas tira as escolhas das famílias para educar seus filhos; o Estado "oferece" assistência médica e usurpa o direito de escolher o tipo de tratamento; o Estado "oferece" o bem estar, ditando como, quando e o que devemos trabalhar ou comer. O Estado é laico e criminaliza a fé religiosa; enquanto isso, ele mesmo se eleva como o deus, como se fosse a própria encarnação da religião civil. E o objeto de fé comum do sistema democrático moderno é o coletivo, é a massa, é a maioria tirânica, que legitima o despotismo governamental para ser tiranizada pelo Estado.

Não nego que haja traços psicológicos particulares que façam os europeus serem mais distantes do que os brasileiros em geral (se bem que os latinos também sejam europeus e não são necessariamente distantes). Entretanto, numa sociedade que se tornou cínica, moralmente duvidosa e potencialmente suicida, é necessário questionar seus sintomas. A expansão da burocracia estatal na Europa, coligada com o rebaixamento moral de sua sociedade, é um deles. Outro, claro, é o relativismo moral, que dessacralizou a religião, os valores cristãos, a família, rejeitou o amor à Deus e mesmo relativizou o direito à vida. Houve uma Europa que criava hospitais para doentes e velhos; hoje, a nova Europa quer exterminá-los, vide as propostas da eutanásia. Havia uma Europa que gerava famílias cristãs leais, numerosas e acolhedoras. Hoje é uma Europa estéril, que não gera filhos. Ou pior, que aborta seus filhos.

A Europa foi a precursora do espírito de iniciativa do capitalismo, da liberdade econômica e da geração da riqueza, com seus aventureiros, comerciantes, navegantes e homens de coragem, que singraram os mares do mundo; hoje é uma sociedade apática, sem iniciativa, incapaz de gerir-se por conta própria, já que os cidadãos, cada vez mais, são dependentes do Estado paternalista e opressor. Dependência que ameaça até o cerne das liberdades democráticas do mundo europeu.

Houve uma Europa que criou verdadeiros baluartes do conhecimento humano nas universidades. A universidade européia atual, no ramo de humanidades, com suas ideologias espúrias, é uma sombra obscura daquilo que foi uma das maiores invenções do mundo medieval. O Velho Continente foi o experimento grandioso de uma gloriosa civilização cristianizada, berço fiel da Igreja; e atualmente é uma sociedade sem perspectiva futura, depressiva, imediatista, potencialmente suicida, porque abandonou os valores absolutos e a fé na transcendência divina. No vácuo espiritual, a Europa é ameaçada, inclusive, de ser subjugada pelo islã. O que o islamismo não conquistou o continente europeu pela guerra, conquistará pela pusilanimidade.


Há muitos brasileiros que sonham com o modelo europeu de mal estar social. Enganada por uma propaganda falaciosa das esquerdas estatólatras, essa gente acredita que o Estado faz milagres na vida social, é autoridade moral superior para resolver seus próprios problemas e responsabilidades e isentá-la dessas questões. No entanto, ainda se pode agradecer aos céus que os brasileiros sejam apegados à família ou à religião católica; que sejam solidários no seu cotidiano e calorosos com os outros. O brasileiro médio ainda tem empatia, sentimentos, é ainda uma pessoa. O Estado brasileiro, acatando as cartilhas politicamente corretas da esquerda norte-americana, da Europa e da ONU, quer destruir esse caráter espontâneo que existe em cada um de nós. Quer nos fragmentar socialmente, racialmente, estimular ódios e divisões internas artificiais no país. E em nome disso, deseja expandir cada vez mais o governo sobre nossas vidas, bestializando as nossas cabeças e rebaixando nossas existências. A Europa atual é o exemplo daquilo que não devemos ser. O europeu médio é um ser martirizado pelo próprio sistema que criou. É vítima da “terceira via”, do “comunismo chique” que é a social-democracia, assustadoramente influente nas democracias liberais. Enfim, é um homem castrado pelo Estado.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Contra o humanitarismo do Estado.

O brasileiro médio, no seu âmago de vira-lata, deslumbra-se com o modelo europeu estatizado de serviços públicos, em particular, a educação e o sistema de saúde. É moda que muitos sonhem com o modelo social-democrata, o chamado welfare state, que vigora, em especial, na França, Alemanha e nas nações escandinavas. Todavia, pouca gente percebe, mesmo os europeus, o pesadelo que há por trás desse ogro filantrópico chamado de “Estado moderno”. Se alguém se der ao trabalho de estudar de onde provem as origens da educação e saúde públicas vai sentir um profundo mal estar. Reitero: quem ama a liberdade como uma dádiva sagrada de Deus, com certeza vai odiar suas origens. O Estado moderno, no geral, não forjou a educação publica para educar o povo, mas sim para doutriná-lo, seja através de uma ideologia nacionalista, ou então, fascista e comunista. O mesmo se aplica à saúde pública. Da mesma forma que escola pública serviu pra controlar a mente das crianças, a saúde pública foi usada para controlar a saúde dos cidadãos.

Não nos espantemos. Os modelos de serviços sociais estatais por excelência surgiram em países de tradições centralistas e autoritárias, como na França revolucionária de 1789 e na Alemanha prussiana e militarizada de Bismarck, e se espalharam para o mundo. Para isso, o Estado usurpou as esferas privadas dessas mesmas atividades sociais, seja da família, da igreja, de entidades comunitárias autônomas e corporações particulares, para repassar esse intento a meia dúzia de políticos e burocratas. Isso é a seqüela do modelo europeu. Isso é a origem do welfare state! O nazismo e o comunismo tiveram palco promissor numa Europa em que aceitou a esfera do Estado para ditar sobre tudo, ainda que em nome do bem comum! E hoje não é muito diferente, quando esses controles, cada vez mais sutis, transformam o cidadão europeu médio numa criatura imbecilizada e paparicada pelo governo.

E o que se vê na faustosa nação norte-americana? O presidente Barack Obama ameaça estatizar o sistema norte-americano de saúde, retirando dos cidadãos daquele país o direito de escolher seu próprio atendimento médico. Ou seja, a Casa Branca quer fazer com os americanos o que os Estados europeus fizeram com seus cidadãos: imbecilizá-los, para torná-los dependentes de um governo gigantesco, ineficiente, autoritário, em nome de ser pretensamente acolhedor.

Muitas falácias na imprensa esquerdista foram ditas sobre o que ocorre no sistema de saúde dos EUA. O maior mito é a história de que milhões de americanos não possuem atendimento médico algum e estão à mercê das circunstâncias do acaso. O caso a não ser explicado é que o governo americano terceiriza esses serviços em favor dos pobres (ao invés de ser dono deles), e o sistema garante autonomia e independência, obedecendo à descentralização federativa do país e às leis de livre mercado (ainda que os programas de saúde sejam federais). Ninguém explica que, dentro desses milhões, contam-se os imigrantes ilegais e também, aqueles que não procuram o tal serviço, o “Medicare”, ainda que tenham direito de recebê-lo. No entanto, Barack Obama quer criar um centro, uma cúpula burocrática em Washington, tal como uma Gosplan soviética ou um SUS da vida. A lógica é, em si, estranha: parte-se do pressuposto de que a centralização da saúde pública gerará menos custos do que os serviços de saúde terceirizados. Do ponto de vista econômico é ridículo.

Espantosa é a cobertura da imprensa americana e brasileira sobre a questão. Estima-se que dois milhões de norte-americanos tenham saído às ruas da capital de seu país contra a estatização do sistema de saúde norte-americano. O grosso da imprensa norte-americana, em primeira mão, ignorou solenemente o evento. Nas TVs ABC News, CBS, NBC, nenhum pigarro de notícia. No The New York Times, Usa Today, Los Angeles Times, nem mesmo saiu um necrológio sobre o tema. Só depois de muita pressão, e como não houve jeito de esconder, é que essas TVs e jornais soltaram alguma coisa. O Diário de Notícias de Lisboa deu uma de jornalismo stalinista do Pravda: limitou-se a dizer que a manifestação era da “direita radical” americana (sic). Curiosa definição: Obama, que ameaça estatizar, não é "esquerda radical"; radical mesmo é quem defende a propriedade privada!
Quando não conseguiu omitir o impacto gigantesco nas ruas contra as ações estatizantes de Obama, simplesmente desmereceu os manifestantes, como “conservadores”, teleguiados pelas empresas e aglomerações de saúde privada (o discurso socialista já está implícito nesses estereótipos). A mídia brasileira também tentou reduzir sua importância, pactuando com a distorção e a mentira. Na Folha de São Paulo, foram apenas “milhares”. . . O conservador, seja no Brasil ou nos Eua, não tem direito de palavra nas democracias. A mídia sempre publica más intenções inexistentes neste ser censurado, perseguido, caluniado. Na verdade, são os próprios formadores de opinião que colaboram para o crime, mentindo, enganando e induzindo a população ao erro.

Tais manifestações espontâneas impressionariam o brasileiro médio, idiotizado por anos de doutrinação estatizante, crendo piamente que a mera expansão do Estado é fonte de direitos. Mesmo o europeu médio, eterno dependente do Estado e sufocado por impostos, acharia estranho que um povo lute contra os serviços goverrnamentais. Os escravos do Estado moderno mal percebem sua situação de decadência e tragédia. A questão a ser perguntada quando o Estado oferece o paraíso, mesmo dando o inferno, é: quem paga a conta? Neste ponto, os cidadãos americanos são muito mais conscientes do que os europeus e brasileiros. Rebelam-se em favor de suas liberdades, tal como há mais de duzentos anos atrás seus ancestrais jogaram o chá dos ingleses no mar e gritavam: No taxation without representation! Sabem que o modelo proposto por Obama é a destruição lenta e gradual da democracia norte-americana, da paixão pelas liberdades americanas, do sentimento de independência do cidadão norte-americano. O Sr. Obama quer transformar o povo americano numa versão caricatural do povo brasileiro, fanatizado por Lula, ou do europeu, o servo por excelência do Estado: um bando de carneirinhos que o idolatrem porque é bonzinho, criando milhões de burocratas para mamar nas tetas do Estado e do contribuinte.

A nação norte-americana resiste contra a força do ogro filantrópico que manchou de sangue o século XX e ameaça arruinar o século XXI: a praga do humanitarismo do Estado!

sábado, setembro 12, 2009

Fazer parte de uma “minoria”. . .

Uma parenta muito gentil e muito querida, em uma de nossas conversas culturais e políticas, no âmago de sua ironia, acabou por me chamar de “conservador militante”. E ao complementar isso, disse que seria hilário se ela me encontrasse numa boate gay. Confesso que o termo me incomodou. Talvez pelo fato de ser crítico do politicamente correto, dos aspectos odiosos dos chamados “movimentos de minorias”, ela creia que o conservadorismo seja um projeto que reintroduza as mulheres na cozinha, que fuzile os gays nas ruas e mande os negros à senzala. Acredito que ela não chegaria a tanto. Porém, o termo soou pejorativo, zombeteiro. Descobri, por uma simples frase irônica e provocativa, que também faço parte de uma minoria. Uma minoria que não possui ONG, não possui dinheiro, não possui espaço na mídia, enfim, que não é paparicado pelo governo. Sou o liberal-conservador, católico, branco e heterossexual!

Quem conhece meus escritos sabe que jamais preguei qualquer palavra de ódio às mulheres, aos negros ou aos homossexuais. Pelo contrário, precisamente por ser a favor deles é que combato os movimentos revolucionários que dizem defendê-los. Por defender a dignidade da mulher, deploro o feminismo raivoso e lésbico. Por defender o homossexual, denuncio a manipulação grosseira destas pessoas como massa útil do Partido Comunista ou de qualquer outro partido de esquerda. E por defender a sociedade brasileira mestiça, integrada e pacífica é que combato qualquer apologia de orgulho racial negro ou de qualquer outra etnia.

Por falar em boate gay, eu tenho grandes amigos homossexuais e já tive longas e interessantes conversas com eles. O que mais me chamou a atenção nos colóquios é que há um hiato assustador entre a vida do homossexual médio e o que pregam os chamados movimentos politicamente corretos. O mesmo se aplica ao negro e à mulher. O homossexual, o negro e a mulher, divinizados por esses grupos organizados, são figuras estereotipadas, idealizadas, literalmente inventadas.

Vi essa disparidade quando fui convidado por meus colegas a assistir, aqui em Belém, um evento cultural em uma Igreja Luterana, curiosamente chamada “Conversa de Preto”. O mal de certos elementos do luteranismo paraense é a Teologia da Libertação, com seu esquerdismo rançoso e diluído em slogans politicamente corretos. Apesar da fama de direitista malvado, sou amigo também desses esquerdistas. Quando chegamos à Igreja, encontramos velas acessas pela porta, como que querendo imitar um terreiro de macumba (se bem que a arquitetura da Igreja Luterana daqui lembra mais um templo pagão). Uma amiga que me acompanhava, ela mesma negra, ficou assustada com a visão aterradora (isso porque ela era adventista).

Quando vi a exposição de um tal “poeta de rua”, convidado a falar de um obscuro poeta paraense que escrevia verso e prosa com símbolos religiosos africanos, aquilo me pareceu artificial, falacioso, forçado. Alguns pseudo-intelectuais, metidos a exaltarem a “musicalidade”, a “mitologia” e a “espiritualidade” africanas, falavam da alegria do negro cantarolando lá na selva africana, quando o malvado branco europeu o tirou da paz da tribo e o inseriu na sociedade capitalista. Às vezes, eu pensava, cá com meus botões, que tipo de “musicalidade africana” é essa que jamais produziu um Mozart, um Bach ou um Bethoveen? Que tipo de mitologia é essa que nunca reproduziu algo similar ao mundo grego e uma mística religiosa que jamais redigiu uma página sequer do Novo Testamento? E mais: quem, em sã consciência, trocaria a sociedade capitalista pelo tipo de vida tribal africano? Alguns alemães da Igreja fitavam o palestrante, como se fosse uma criatura exótica. Pareciam sentir-se culpados por serem brancos, por serem europeus. E como que apiedados de si mesmos, aquela exaltação da chamada “negritude” aliviava suas consciências.

O tal “poeta de rua”, inspirado pela bajulação frenética do público, recitou uma poesia que falava da história de um rapaz que acendia uma vela para Deus, para o diabo e para os orixás, só para conquistar uma negra bonita. Aquela poesia disse muita coisa do mistério que abarca a miséria do mundo africano atual. Se há algo perceptível na mitologia e religião africana é a carência de pressupostos morais absolutos. O mal parece andar lado a lado com o bem. O prazer imediato do homem que deseja a mulher negra vale o preço espiritual de destruir sua própria eternidade, a concepção mesma do bem supremo em Deus. Ou pior: dentro de uma concepção tribal e animista, o bem não é um valor absoluto, e sim algo que satisfaça a pessoa de imediato, independentemente de suas conseqüências. É o mal civilizacional da cultura africana: por não crer em absolutos, em perspectivas eternas, e ao presumir que tudo é imediato, os negros não conseguem construir uma civilização em bases sólidas, não conseguem erigir valores ou instituições. A religiosidade da umbanda pode conviver perfeitamente com a macumba, sem que isso implique necessariamente contradições de princípios éticos e morais. Para um cristão, isso é inaceitável: o mal sempre será a negação do bem e nunca será igual a ele!

Aquela poesia me deixou sinceramente reflexivo, já que não estávamos numa universidade pública, mas numa Igreja. Que diabos alguém pode ver de elevado naquela mensagem? A minha amiga negra ficou profundamente chocada. Com sua sólida formação protestante, achou aquilo demoníaco, invertido, subversivo. De fato, seria a reação da maioria dos negros brasileiros se visse o espetáculo. Eu mesmo não reconheci ali nenhum negro, pardo ou mestiço que pudesse identificar naqueles estereótipos, salvo as criaturas marginais. Porque a maioria da população negra brasileira ignora ou simplesmente deplora a cultura religiosa africana. Ela é cristã, vive valores “europeus”, ainda que haja uma confusão doutrinária nesses princípios.

Contudo, a esquerda soube explorar muito bem as fraquezas da cultura africana. Inventou-se o mito da “negritude”: uma compensação racialista que pode descambar perfeitamente para o racismo, já que o valor da cultura não está em seus valores, porém, nas supostas origens étnicas ou na cor da pele. Mesmo a chamada “negritude” nem existe na África. O africano médio não reconhece o vizinho rival da tribo como seu irmão. Quem vê o negro como tudo igual é o homem de cultura ocidental média ou o intelectual radical. Pelo contrário, a África é um antro de tribalismo racista entre negros, com suas guerras literalmente genocidas. Tutsis e hutus se reconheciam como “negritude”, quando uns massacravam outros na guerra civil de Ruanda? Não se pode falar o mesmo das tribos islâmicas e cristãs do Sudão? E o que dizer então do massacre dos islâmicos sudaneses por islâmicos sudaneses, só porque pertenciam a tribos rivais? A “negritude”, sob determinados aspectos, lembra a odiosa ideologia nazista e o culto da supremacia “ariana”. A raça não é o elemento diferencial que determina o valor da cultura? Se a cultura africana vale algo porque é negra, o movimento negro está no mesmo caminho de Hitler. Recordemos, o nazismo é a ideologia tribal germânica. A diferença é apenas de cor da pele.

Por outro lado, dá pra perceber que a valorização que a esquerda faz da cultura africana é tão somente de fundo multiculturalista, como se a compaixão dos museus e dos antropólogos pudesse resgatar algum legado dos africanos. Ou, na prática, o multiculturalismo africanista é tão somente uma arma de contestação cultural contra a civilização ocidental e seus legados, alimentando divisões inúteis e inversão de valores entre a população. Pra que serve restaurar um culto pagão marginal, de baixo nível, senão para subverter a fé cristã vitoriosa? Pra que serve o culto racial africano, senão para fragmentar, gerar conflitos inexistentes sobre a mestiça população brasileira? Acaso os ateus marxistas vão virar macumbeiros? Se bem que existam muitos marxistas que vivem assim. Na tal “conversa de preto”, sinceramente, não reconheci nenhum preto. Reconheci sim, um ativista e bem comunista!

Essa idealização se aplica também aos homossexuais. Certo dia, eu conversava com um amigo gay a respeito de uma psicóloga evangélica que fazia tratamento de cura da homossexualidade. Para meu espanto, ele me dizia que a transformação de homossexuais em heteros é uma coisa muito mais comum do que se imagina. Aí ele me contou de casos de gays que acabaram se apaixonando por mulheres e se casaram, inclusive, abandonando a vida pregressa de homossexualidade. Isso me levou a pensar que a imutabilidade sexual dos homossexuais é um mito inventado pelo próprio movimento gay. Como tal círculo se respalda na sacralização da homossexualidade, é claro que os gays militantes não vão questionar o elemento unificador de sua identidade grupal.

O homossexual médio, o homem real, fora das idealizações histéricas dos ativistas sociais, é um ser visivelmente angustiado com sua escolha. Ele sabe, no seu íntimo, que transgride um determinado conjunto de regras e de conduta e que jamais será maioria. Quando o falecido deputado Clodovil falou que todo homem nasce de uma relação heterossexual, foi de uma honestidade cortante, destruidora, e que reflete uma boa parte do pensamento dos homossexuais. Isso demonstra a perfeita consciência das próprias limitações. A maioria deles só quer viver sua vida sem ser incomodado. Isso porque uma parte é insatisfeita com sua própria sexualidade e muitas vezes quer mudar de vida, uma vez que existe uma compulsão que é, muitas vezes, mais forte do que eles. No entanto, o ativismo homossexual transformou a conduta gay num dogma. Exige a prisão de quem questione, conteste ou mesmo rejeite a homossexualidade no plano da conduta. Inclusive, a psicóloga evangélica foi ameaçada de ter seu oficio cassado pelo conselho de psicologia. Não sem razão, em uma reportagem na Revista Veja, ela falou que o movimento gay se assemelha ao movimento nazista. Perfeita verossimilhança histórica!

O mesmo princípio se aplica à mulher real. Uma coisa que percebo nas mulheres fora do mundo feminista é uma extrema carência de relações afetivas. Muitas jovens, intimamente, sonham em se casar, ter família, ter filhos. O problema mesmo é que há uma disparidade entre o que elas se tornaram e o que os homens ainda são. Há um problema de identificação dos papéis sociais do homem e da mulher que faz com que tenham linguagens diferentes, incompatíveis. A família atual é carente de homens como referência, carente de pais, carente de maridos atuantes. As mulheres bem sucedidas, muitas vezes são frustradas, porque não encontraram esse homem compensador. E o que as feministas fazem para resolver o problema? Nada, absolutamente nada! Pelo contrário, abrem o abismo entre os sexos, demonizando o macho como objeto de todos os problemas femininos. Querem dispensá-lo, jogá-lo na lata do lixo da história. O marido, pai ou amante ausente é a maior frustração da mulher moderna. É claro que há certa dose de responsabilidade nos homens, desacostumados demais aos compromissos, indolentes, faltosos de sua própria autoridade como pais de família ou maridos ou mesmo incapazes de acompanhar essa mulher dinâmica e empreendedora. Todavia, é a mulher que conserva a casa, e nestes tempos de condenação ao macho, as feministas não ajudam nem um pouco. Em outras palavras, a falta de um homem dentro de casa, de uma identificação masculina, faz da mulher um macho imperfeito; faz com que os filhos homens se tornem efeminados, também machos imperfeitos. Tamanha é a inversão de valores de nossos tempos!

Porém, essas “minorias” (e não falo do grosso dos homens, mulheres, negros e homossexuais e sim de seus militantes), por assim dizer, estão bastante protegidas. A grande maioria das pessoas continua desamparada, sem voz pública, sem ação, apática, sem representatividade, ignorada pelo Estado e pelos políticos. Mas falta falar de uma outra “minoria” social, sexual e racial, que não é bem minoria, é uma maioria na sociedade: são as hordas de cristãos, brancos, católicos e heterossexuais. Esse grupo de pessoas não tem voz mesmo! É atacado na mídia, nas universidades, nas escolas, como o malvado por excelência. É acusado de escravizar os negros, matar gays nas praças, transformar as mulheres em servas dos maridos, de oprimir outras etnias e culturas, enfim, é um “nazifascista” de primeira!

Minha querida parenta me chamou de “conservador militante”, com certa desconfiança. E não me conste que ela seja de esquerda. E pelo fato de ela propor a cena hilária da boate gay, talvez presuma que eu queira fechar todos os pontos de encontro homossexuais. Militância, por assim dizer, é monopólio da esquerda. O conservador é uma “minoria” que não tem palavra. E tal como muitos, sou parte de uma gente que é mais discriminada do que o movimento negro, gay e feminista. Não terei ONGs, não terei subsídios governamentais, não terei espaço nas universidades e escolas, não terei colunas nos jornais, enfim, serei até banido da sociedade. Querem até a minha prisão! O conservador, na atualidade, é a “minoria” por excelência, a maioria das maiorias oprimidas!

domingo, setembro 06, 2009

Homossexualidade e totalitarismo das minorias.


A primeira coisa que me vem à cabeça quando eu observo as características fundamentais do movimento negro, feminista e homossexual, é que eles são praticamente idênticos aos modos, expressões, cacoetes verbais, sectarismos e formas de organização do Partido Nazista ou de quaisquer agremiações de natureza totalitária, como o Partido Comunista. Em particular, a tropa de choque do Partido Nazista, a chamada SA (SturmAibtelung), era infestada de homossexuais. A camaradagem era uma sutil forma de homoerotismo, associada ao culto narcísico da raça, dentro do Partido. Tais práticas eram, inclusive, discretamente incentivadas. O principal chefe deles e seu financiador, o capitão Ernst Röhm, era um homossexual assumido, e sob sua direção, a ala radical do Partido Nazista era uma confraria de pederastas, unidos pela lealdade espiritual e sexual.

Há de se compreender uma questão que não parece muito óbvia: os chamados “movimentos sociais” de cunho feminista, homossexual ou negro são organizações de massa criadas pelo Partido Comunista. A diferença é que se inverteu o culto grupal de classe do marxismo clássico, para o culto da raça, do sexo, da sexualidade ou de qualquer outro conceito arrebanhador. A esquerda revolucionária mudou o foco da questão. A luta de classes é agora transformada em luta de raças, de sexos, de comportamentos sexuais, enfim, de qualquer coisa. Eles guardam todo o sentido de seita religiosa, mesclado com o narcisismo coletivo de suas características particulares. E como é inevitável, a homossexualidade é um elemento fortíssimo na mensagem traduzida nas exigências destes grupos.

Interessante notar o culto idolátrico da feminilidade no discurso das feministas radicais. Na verdade, se há algo estranho no seu projeto é que a mulher feminista não é necessariamente “feminina”. Ouço de certas criaturas raivosas do belo sexo: a mulher precisa reivindicar os “direitos reprodutivos” sobre o corpo; o macho é a criatura terrível que explora e oprime as mulheres; o casamento é a opressão das fêmeas; o patriarcalismo é o maior de todos os males, etc. O mal destas conjecturas é que a mulher real não faz parte do programa feminista. Tudo o que as feministas raivosas exigem é uma idealização delas próprias como vestais de uma casta, como se o mero fato de ser mulher demandasse exclusividades, idiossincrasias, caprichos loucos. A contradição é notória: os “direitos reprodutivos”, por assim dizer, são a negação da reprodução e o aborto irrestrito; o ódio contra o macho frustra a mulher; e a rejeição ao casamento dessacraliza o amor entre o casal ou mesmo prostitui a relação. É paradoxal que as feministas façam escândalo contra a “exploração sexual” feminina e sejam contrárias ao casamento; critiquem a prostituição e defendam a liberação sexual irrestrita. Ou na pior das hipóteses, paradoxalmente elevem a prostituta como sinônimo moral de emancipação da malvada sociedade “burguesa” e condenem a mulher honesta e dedicada ao marido.

Neste ínterim, o erotismo feminista é completamente distorcido, doentio, caricatural. Há um componente homossexual poderoso nessa relação dúbia de perspectiva sexual, um estranho medo de enfrentar o sexo oposto. Por outro lado, o ódio à maternidade é outro aspecto da loucura do movimento feminista: a perversão de linguagem dos tais “direitos reprodutivos” implica negar a maternidade da mulher. É como se a maternidade mesma fosse uma espécie de escravidão da natureza e que para abortar essa qualidade, aborta-se também a vida gerada pelo ventre da mãe. E a apologia contraditória da prostituição é uma forma de isentar a mulher das relações sólidas de amor ao homem. O sexo esporádico, ocasional, ou mesmo comercializável, é o reflexo disso. Em suma, o feminismo, como dizia Nelson Rodrigues, é inimigo da mulher. Quer transformá-la numa espécie de macho imperfeito. O lesbianismo narcisista não é mera coincidência. E o número de lésbicas no movimento feminista é algo assombroso!

A homossexualidade no movimento negro não é algo, à primeira vista, perceptível. Quando o chefe do movimento gay da Bahia Luiz Mott fez insinuações sobre a homossexualidade de Zumbi dos Palmares, alguns militantes negros ficaram furiosos e quase surraram o pederasta. No entanto, o culto narcísico da raça lembra muito os modos de organização nazistas. Eles já exigem diferenciações raciais através da legalidade vigente; pregam de forma sistemática a discriminação racial, ainda que com sua vertente "afro" de racismo. Não me surpreenderia se algo assim degenerasse no homossexualismo pleno da raça eleita. A egolatria racialista acaba se tornando culto sexual de seus membros. Porém, o discurso ideológico deles não é só nacional-socialista; é comunista também.

Entretanto, de toda a loucura intrínseca destes movimentos, sem duvida, a militância homossexual é a mais psicótica, a mais assustadora, a mais representativa dessa anormalidade totalitária. Os movimentos gays não se contentam em exigir “liberdade sexual”: querem transmutar completamente os comportamentos sexuais morais da sociedade e invertê-los em algo que agrida totalmente a natureza biológica e psicológica do ser humano. Se os homossexuais radicais tivessem o poder de modificar a espécie humana, a conduta sexual predominante seria totalmente homossexual, tamanha rejeição que este grupo tem pelo sexo oposto. Todavia, sabe-se que isso, na prática, é impossível. Nem por isso os homossexuais se contentam com essa realidade: como não podem mudar o caráter biológico da espécie humana, querem sim inverter a hierarquia de valores no que diz respeito ao sexo. Quando o movimento gay exige leis “anti-homofóbicas” para tenta criminalizar qualquer crítica contra a conduta homossexual ou mesmo criminalizar os sentimentos e pensamentos cristãos da comunidade, ele está querendo ditar idéias, palavras do imaginário e princípios éticos. Ou seja, se qualquer crítica a homossexualidade pode causar sanções penais aos seus críticos, o inverso não é verdadeiro: os homossexuais podem destruir os modelos familiares vigentes, inverter os padrões sexuais da sociedade e transformar a homossexualidade num culto sacralizado. Contudo, o movimento homossexual não se limita a isso: a destruição dos padrões saudáveis da heterossexualidade demanda também a exigência de “direitos sexuais” sobre os menores. Em outras palavras, o movimento homossexual reivindica o direito à pedofilia.

É curioso que essas turmas de indivíduos loucos falem de seus esquemas grupais em nome de defender as “diferenças”, a “diversidade sexual” ou “racial” e outras tolices propagandísticas, quando, na prática, são incapazes de aceitar as dissidências dentro do seu próprio meio. A feminista radical não aceita a mulher não-feminista; o movimento negro não tolera o negro ou pardo que se recusa a se “vitimizar” e culpar os brancos de todas as misérias; por vezes, os pardos são até rejeitados por não serem suficientemente negros; e o movimento homossexual rejeita, denuncia ou tenta destruir reputações de homossexuais que não aderem ao movimento, usando dos mesmos “preconceitos” da sociedade para difamá-los. Não foi isso que ocorreu no caso do deputado federal Clodovil Hernandes ou quando a defensora-mor dos homossexuais, a petista Marta Suplicy, insinuou maldades sobre a sexualidade do seu rival, o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, na eleições municipais?

Não se está querendo dizer aqui que o componente homossexual seja o elemento central desses grupos. Na verdade, o componente central da organização revolucionária é a completa distorção do sentido de compreender a realidade tal como ela é. O que move milhões de pessoas nessas agremiações é a frustração existencial, a incapacidade de aceitar os fatos como eles são. E quem os lidera são pessoas inescrupulosas, verdadeiros psicopatas sedentos de poder. Impressionante, entretanto, é o componente homossexual que há nisso, o elemento de culto coletivo e narcisista que há nestas formas de organização. Há uma compensação existencial em sentir-se importante, especial, quando alguém se insere num grupo de pessoas que se auto-idolatram por particularidades que não acrescentariam nada a ninguém. A organização massificada desses grupos isenta os seus membros de responsabilidades e deveres comuns a todos. E essa onda de pessoas espiritualmente adoentadas, psicologicamente senis, moralmente duvidosas, está cada vez mais tomando espaço na mídia, nas universidades, nas escolas, deformando e destruindo consciências saudáveis.

A ditadura politicamente correta imposta sobre os meios culturais perverte a capacidade de expressão e raciocínio das pessoas, patrulha-as, molda-as, imbeciliza-as. A queda dos padrões de qualidade do discurso das universidades, da imprensa e dos meios culturais é visível a notória. Há uma esquizofrenia retórica em que, no geral, as pessoas são obrigadas a falar algo que não vivenciam, não acreditam, não concordam, mas que são obrigadas a repetir, medrosas que são das chantagens psicológicas desses grupelhos revolucionários. É o mesmo fenômeno que ocorria na União Soviética e em demais países totalitários: as pessoas são obrigadas a enganar os seus sentidos, sua percepção da realidade, para anularem suas consciências e repetirem as mentiras do Partido único. Espantoso é perceber que os mesmos movimentos sectários defendam formas políticas que desprezam e eliminam as minorias. Os homossexuais são perseguidos em Cuba e no Irã; no entanto, qual movimento homossexual se preocupa com isso? As feministas protestam contra o modo de vida do mundo islâmico? E os militantes negros já se preocuparam com a situação dos seus similares africanos sob o tacape de ditaduras tribais e corruptas, além de genocidas? Ah sim, a maldade humana é monopólio da cultural ocidental, da raça branca, dos machos e dos heterossexuais!

A cultura politicamente correta é uma reprodução, sob uma versão nova, sofisticada e dinamizada, da ideologização totalitária que ocorreu nos sistemas ditatoriais controlados pelos partidos comunistas. Essa intoxicação ideológica, atualmente, domina os centros culturais em nossa democracia. O Partido, por assim dizer, não é uma instituição, mas uma cultura de policiamento dentro de um imaginário de paranóia lingüística e verbal difusa. E os sectários, vestais de todo tipo estranho de esquisita homossexualidade partidária, com seus “coletivos” culturais e suas ideologias espalhadas por todas as esferas do pensamento, são os cães de guarda desse novo tipo de sistema, que escraviza, enfraquece e idiotiza a população. Da árvore conhecereis os frutos. A democracia, cada vez mais ideologizada, vai se tornar uma ditadura dessas minorias esquizofrênicas e auto-idolátricas!