terça-feira, janeiro 30, 2007

A ditadura gay começou. . .

Há um projeto de lei, aprovado na câmara dos deputados, que se passar pelo senado, implicará em uma perversa forma de ditadura cultural. O PL nº 5.003, elaborado por uma deputada, Iara Bernardi, do PT de São Paulo, pretende criminalizar toda manifestação dita “homofóbica” contra qualquer tipo de conduta homossexual. Se alguém demonstrar qualquer forma de rejeição à conduta gay, seja por manifestações de opinião ou ações, poderá responder processo na justiça, inclusive, sendo levado à cadeia. Eis aqui alguns trechos do projeto, que se aprovado, abrirá um precedente grave no direito brasileiro:

"Art. 8º-A Impedir ou restringir a expressão e a manifestação de afetividade em locais públicos ou privados abertos ao público, em virtude das características previstas no art. 1º desta Lei:
Pena: reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos."
"Art. 8º-B Proibir a livre expressão e manifestação de afetividade do cidadão homossexual, bissexual ou transgênero, sendo estas expressões e manifestações permitidas aos demais cidadãos ou cidadãs:
Pena: reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos."

"Art. 16. Constituem efeito da condenação:
I – a perda do cargo ou função pública, para o servidor público;
II – inabilitação para contratos com órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional;
III – proibição de acesso a créditos concedidos pelo poder público e suas instituições financeiras ou a programas de incentivo ao desenvolvimento por estes instituídos ou mantidos;
IV – vedação de isenções, remissões, anistias ou quaisquer benefícios de natureza tributária;
V – multa de até 10.000 (dez mil) UFIRs, podendo ser multiplicada em até 10 (dez) vezes em caso de reincidência, levando-se em conta a capacidade financeira do infrator;
VI – suspensão do funcionamento dos estabelecimentos por prazo não superior a 3 (três) meses.

"Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero:
§ 5º O disposto neste artigo envolve a prática de qualquer tipo de ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória, de ordem moral, ética, filosófica ou psicológica."(NR)


É impressionante como a revolução cultural politicamente correta está possuindo a alma da democracia moderna, destruindo seus embasamentos morais e intelectuais. Usa-se do artifício sutil legal do Estado e dos tribunais, para reprimir, de forma disfarçada, a manifestação genuína e independente da consciência. Aliás, a ditadura politicamente correta não quer apenas ditar a moral: quer moldar consciências. Quando se observa a tendência da legalidade democrática em regulamentar nossas preferências, nossas distinções, ou mesmo nossos preconceitos, em nome do “combate ao preconceito”, “combate à discriminação social”, ela nos leva ao caminho totalitário implícito.

É o que ocorre quando o Estado interfere nas relações contratuais ou privadas, determinando a quem devemos aceitar ou rejeitar. Os juízos de valor de cada ser humano, com suas preferências, quase sempre implicam distinções, nem sempre agradáveis a todos. Há aqueles que não gostam de pessoas gordas, outros, que odeiam intelectuais; uns têm preferência por mulheres no trabalho e outros por pessoas brancas e assim por diante. Mas é direito de cada um não compatibilizar ou não gostar de determinadas condutas ou pessoas, nem mesmo aceitá-las. Quando um militante de um movimento homossexual obriga às pessoas a aceitarem publicamente seu desejo, na verdade, o foro de consciência delas é violado.


Há de se compreender porque tamanha ousadia dos movimentos homossexuais em ameaçarem a liberdade civil e religiosa do povo: suas formas de organização em nada diferem de qualquer organismo totalitário-partidário do tipo nazista ou comunista. A obsessão policialesca dos movimentos minoritários encarna uma espécie de seita messiânica, cujas frustrações compensatórias vitimizadoras se misturam a um ódio intolerante a tudo que pareça diferente ou divergente. A auto-afirmação individual se coaduna com a lealdade sectária aos estereótipos grupais. Daí o culto cego da homossexualidade, no caso do “orgulho gay”. Daí a criação de uma lei irresponsável, draconiana, tiranizadora, acima dos preceitos racionais básicos da sociedade e do direito. Ademais, por mais que o totalitarismo tenha matado muitos homossexuais, homossexualidade e totalitarismo não são necessariamente divergentes. Na época do nazismo, os grupos dos “Camisas Pardas”, SA, eram liderados por um notório homossexual assumido chamado Ernest Röhm. A lealdade grupal da SA se confundia com o culto narcísico homossexual das tropas. Aliás, comenta-se que o Partido Nazista era cheio de pessoas desajustadas sexualmente. Que dirá então os partidos de esquerda, que organizam, nos mesmos moldes do que os nazistas, o culto grupal da sexualidade, elevada à luta de classes?

Eles não são os únicos. O mesmo princípio se aplica também aos militantes do movimento negro. Tal como o sexismo fanático dos gays, são racistas e cultores da idéia da própria raça. E em face disso, acham que os atributos raciais dão direitos especiais a eles, tal como os gays com sua conduta sexual. Na verdade, a raça e a sexualidade agora viraram “classes” oprimidas contra o branco heterossexual opressor. A esquerda mudou de tática: deixou o mero economicismo marxista, para a tática revolucionária no plano da cultura. Para se impor a ditadura coletivista no plano econômico, há de se estabelecer, acima de tudo, uma ditadura cultural. E o simulacro marxista dialético no plano econômico, acaba sendo adaptado no plano da cultura e das idéias. Nada mais nazista ou comunista do que isso! Isso porque não falei das feministas. . .

Muitos dos adeptos do movimento negro afirmam que no mercado de trabalho, as pessoas brancas são mais aceitas do que as pessoas negras. E que em nome disso, crêem justificável as cotas raciais no mercado de trabalho. No entanto, desde quando a preferência por pessoas brancas ou negras pode ser inválida, se isto só diz respeito ao contratante? Na prática, o Estado acaba por impor suas preferências, a revelia do contrato expresso e livre dos cidadãos (lembremos, as preferências dos movimentos negros!). É pior, o Estado se torna declaradamente racista, pelo fato de presumir, de forma subjetiva, que a mera preferência alheia é um ato racista, sem levar em conta que suas preferências objetivas são explicitamente raciais. É justificável condenar a prática racista, quando implica em atos hostis e concretos a direitos genuínos de um cidadão. Todavia, é absurdo regulamentar preferências individuais nas relações de trabalho, pelo epíteto de se presumir que a sociedade é racista. É certo que todos os indivíduos têm plenas obrigações de respeitar os negros, os brancos e os índios, dentro do exercício básico dos seus direitos. Contudo, ninguém é obrigado a contratá-los ou mesmo prestar serviços a eles. Por mais racista e odioso que seja o indivíduo, ele tem o direito de não compactuar com as pessoas que ele não gosta, exceto nas situações em que ele constrange ou prejudica terceiros em nome de suas crenças.

No caso do homossexualismo, a coisa é abrangente ainda. Primeiro, porque o homossexualismo, ao contrário da raça, não é uma particularidade física arbitrária, mas uma conduta. E sendo uma conduta sexualmente marginal por razões morais justificáveis, logo, é perfeitamente explicável que alguém rejeite tal prática, por uma questão de decoro público e consciência. Ninguém é obrigado a acatar comportamentos que sejam nocivos a sua sensibilidade, dentro de seus estabelecimentos comerciais ou mesmo em sua proximidade. Tampouco alguém é obrigado a promover a conduta homossexual. Se a homossexualidade é um desejo, um comportamento e uma forma de vida, logo, ela tem espaço tanto para a aceitação, como para a aversão. A mesma lógica segue a prostituição, a vida hippie, ou qualquer outra forma de vida heterodoxa ou fora dos padrões normais de conduta. Mesmo um padrão de conduta dito "normal" pode ser aceito ou rejeitado. É a livre escolha do indivíduo de achar o que bem lhe agrada, dentro das responsabilidades individuais exigíveis a seus atos.
No caso em particular, um religioso ou mesmo uma pessoa razoavelmente de bem pode perfeitamente recusar-se a patrocinar festas, serviços, entre outros, se ele presume que isso promova uma causa ou um comportamento nocivo a seus valores. Um dono de estabelecimento (um restaurante, um hotel, um albergue) pode perfeitamente chamar a atenção dos clientes, para as regras particulares do recinto, inclusive, restringindo atos que ele mesmo pode considerar inválidos. Há hotéis que não aceitam acompanhantes e prostitutas, há albergues que não aceitam hóspedes com seus namorados e há restaurantes, cuja polidez no trato é uma regra formal, sem a qual, o cliente é convidado sair pela porta dos fundos. A homossexualidade, que é uma conduta considerada anormal, é que não poderia fugir dessas regras. . .

Porém, a revolução cultural politicamente correta e totalitária não respeita as regras morais públicas, as crenças religiosas, os direitos de consciência e tampouco os direitos de propriedade. O dono do estabelecimento, compulsoriamente, deve trair suas razões de consciência. Os católicos, os protestantes e os judeus praticantes serão obrigados a trair seus valores pelos caprichos perniciosos do Estado laico, que se prejulga legislar qualquer regra insana, em favor de caprichos de minorias. A liberdade de consciência é suprimida e o direito de propriedade é violado, já que o proprietário não pode determinar regras de conduta em sua propriedade. Os homossexuais podem determinar algo mais além nas propriedades alheias. Podem determinar o que é sexualmente mais correto para os outros!

O cidadão de um estabelecimento comercial ou de prestação de serviços pode chamar a atenção de um bêbado, de uma prostituta, de um casal heterossexual engraçadinho. Porém, a homossexualidade tem status social superior, não pode ser advertida, ainda que fira as crenças pessoais do proprietário. É o proprietário que tem que engolir o desgosto de ser forçado a atender os homossexuais, dentro de um foro de distinção especial e privilegiada recusada a qualquer cidadão brasileiro. Pelo mentecapto projeto de lei, homossexualidade está acima da Constituição Brasileira, acima das razões de consciência individual, acima da liberdade religiosa e acima dos direitos de propriedade dos cidadãos.


A presunção e a ignorância dessa ralé militante não têm limites. A homossexualidade, até então um comportamento desprezado pela maior parte da sociedade, na lei, terá privilégios acima da moral comungada socialmente e dos atributos de consciência de cada um. Contrariando o bom senso, a razão, os princípios gerais do direito, a moral e os bons costumes, o homossexualismo se tornará um super-valor, um comportamento absoluto e inquestionável por lei. Homossexualismo vai virar totem do Estado Laico, que se presume acima das crenças religiosas ou mesmo das opiniões particulares de cada cidadão. E a heterossexualidade decairá da gênese da espécie humana e fundamento básico, essencial e supremo do direito, para um comportamento secundário, marginal. Os heterossexuais se tornarão cidadãos de segunda classe.

E cada um será obrigado a acatar qualquer conduta que esteja contrária às suas crenças. Os homossexuais podem ridicularizar as crenças cristãs, podem destruir o modelo familiar heterossexual, podem hostilizar os religiosos, e, no entanto, a recíproca não será verdadeira. Qualquer crítica ao homossexualismo estatal laico dá cadeia. Qualquer recusa à conduta de dois homens se beijando na boca pode dar processo. Aliás, qualquer crítica de ordem moral, ética, filosófica ou psicológica contra o homossexualismo será considerada “ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória”. Pouco importa para os legisladores imbecis de Brasília (entre os quais, a criadora do projeto), se a leva de homossexuais no estabelecimento pode espantar os clientes e as famílias honestas. Tampouco interessa o número de pessoas religiosas honestas que serão processadas, humilhadas, por não comungarem das histrionices do movimento gay. Os homossexuais podem emporcalhar a sociedade inteira e destruir a vida de muitas pessoas, usando a força do Estado, pelo simples fato de quererem transformar o ambiente social num antro de pederastia.


A lei tem um propósito comum: criminalizar a maior parte da moral, do direito e dos valores comuns consagrados pela sociedade, que é, em sua maioria, heterossexual e cristã. Ou seja, ela transforma a maioria da sociedade brasileira honesta em potencialmente criminosa. Ademais, a deputada criadora do projeto já admitiu qual é o objeto de perseguição política dessa lei: os padres, pastores e qualquer denominação religiosa contrária ao homossexualismo. A lei é clara: pregar aquilo que está na Bíblia, a respeito do homossexualismo é “ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória”. Se já é absurdo criminalizar os cidadãos comuns, com suas opiniões e idéias morais, que dirá então criminalizar a tradição religiosa milenar do cristianismo? De uma hora para a outra, os princípios morais judaico-cristãos de mais de dois mil anos e as instituições que fundamentam tais crenças, como as Igrejas e as sinagogas, serão sumariamente imputadas a responder por crimes ligados a foro de consciência. O Estado vai simplesmente obrigar às Igrejas e as sinagogas a renegarem seus princípios milenares, em favor da ditadura da deputada irresponsável.

Na prática, as Igrejas e as sinagogas poderão rejeitar padres, pastores ou rabinos fornicadores, beberrões e ateístas, mas nunca os gays. E aos religiosos, só faltarão serem constrangidos a assistir homossexuais manifestando publicamente atos contrários às suas tradições, dentro das Igrejas e sinagogas. Ainda veremos os padres da paróquia, os pastores e os rabinos processados por defenderem crenças arraigadas de suas instituições, contrárias ao homossexualismo. A censura prévia, tendenciosa, abjeta, visa simplesmente calar a boca dos religiosos e legitimar a homossexualidade como valor moral. Isto porque serão proibidos de pregarem a Sagrada Escritura, tachada de “homofóbica”. Só restará aos cristãos, a leitura de bíblias politicamente corretas, a idéia de Deus como uma fêmea assexuada e a de um Cristo homossexual. De fato, foi assim que ocorreu na Alemanha: luteranos alemães traduziram uma bíblia politicamente correta. Deus virou hermafrodita, é homem e mulher. Menções ao homossexualismo foram adulteradas ou simplesmente apagadas da Bíblia. Cristo é quase um homossexual. Ele é chamado de Deus Pai e Deus mãe. Deus pai virou um deus efeminado, descaracterizado, pagão! E tamanha fraude de tradução foi chamada pelos politicamente corretos, como "linguagem mais justa". Ou seja, a justiça se tornou estelionatária, mentirosa. E a linguagem se tornou viciosa, falsa, estéril. O Deus cristão se tornou um completo vazio.
A cultura politicamente correta pretende, em suma, destruir os alicerces do pensamento religioso e moral da sociedade, para imputar uma falsa moral do Estado, que é na verdade, uma anti-moral. Uma moral pseudo-religiosa do Estado Laico. Ou melhor, a corrupta moral petista! E é para isto que esta lei se instrumentaliza: esvaziar espiritualmente a tradição religiosa, pela revolução cultural totalitária do Estado. Com a castração das razões de consciência moral e religiosa da sociedade, só restará aderir a conduta homossexual como predominante, já que ela é sumariamente coercitiva. Os movimentos gays querem destruir a liberdade de consciência, a liberdade religiosa, a liberdade de pensamento e toda uma estrutura do Estado Democrático de Direito! Ademais, essa lei pretende jogar os religiosos contra os gays, e vice-versa, criando uma situação odiosa entre eles. No melhor estilo marxista da luta de classes, os idealizadores dessa lei querem simplesmente criar desembaraços aos religiosos, e, com a reação destes, acusá-los de intolerantes e fanáticos.

A calúnia, a difamação e a hostilidade contra os religiosos e a apologia dos valores anticristãos dominam o Brasil. Se hoje há uma mídia atéia, pró-homossexual, anti-família, anti-propriedade, e uma ditadura cultural nas universidades e centros educacionais, é precisamente por causa da corrosão moral e espiritual em que passa este país, em parte, patrocinada por gentalhas que foram eleitas para o Congresso Nacional. Daí a entender que a gloriosa Fé Cristã tenha sido rejeitada pelos bezerros de ouro do Estado Laico, do materialismo, do satanismo e das pseudo-religiões esotéricas, cujo sentido de profundidade e grandeza é nulo, senão a grandeza do abismo e a profundidade do inferno. A criminalização da religião e da moral cristã comungada pelo povo brasileiro é apenas um passo, dentro de um processo de revolução cultural que vai nos destruir enquanto seres morais. Faz parte do processo comunista do PT destruir os alicerces que fortalecem a alma do povo, que é a fé na transcendência e na força que vem dos céus. O comunismo ateu quer destruir a Cristandade para nos reduzir a meros produtos do meio, tal como um rebanho no pasto de engenheiros sociais que se acham deuses. Um povo que vive só do pão é uma nação que come farelos como porcos. E ao ignorar os princípios morais e religiosos que movem o direito, a família e a propriedade, e mesmo o sistema democrático, o povo brasileiro estará se amesquinhando espiritualmente. Estará se vendendo por tão pouco, e caminhando para a mais completa servidão do Estado. É um aviso para àqueles que amam os princípios da fé cristã, dos perigos que a nação brasileira corre com a destruição do Cristianismo na alma do povo. As instituições religiosas deste país devem acordar para esse estado de coisas que conspira contra sua integridade moral e psicológica. Quem tenha ouvidos para ouvir, ouça! E o veneno da cultura politicamente correta é uma arma que destrói todos os alicerces morais e libertários das democracias ocidentais, no disfarce de atender os direitos das minorias.
Leonardo Bruno
Obs: Leiam também este texto: está excelente como referência jurídica.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Direitos individuais e "direitos" das minorias. . .

Este texto foi escrito em 2002, causando certo desconforto na universidade onde eu estudava. Em um lugar onde as minorias impõem, de forma ditatorial, padrões comportamentais acima dos questionamentos comuns da população, é compreensível a reação de tais grupos com relação ao artigo que publico aqui. Parece-me profético que as minorias querem impor medidas totalitárias contra a moralidade social e o comportamento individual das pessoas, ditando regras de conduta para elas, de forma legalizada e coercitiva. Na prática, as minorias totalitárias estão criminalizando a vida social, em nome de suas ideologias e seus padrões de conduta: Querem criminalizar a rejeição aos homossexuais; querem imputar regras racistas, em nome de combater o racismo; querem demonizar o macho, em nome da santificação neurótica da fêmea. Há uma espécie de vitimização misturada a uma neurose raivosa na ideologia destes grupos. Enfim, se a universidade pública é o laboratório totalitário desses movimentos, eles querem imputar à sociedade a mesma ditadura cultural que comandam nos centros culturais.
A palavra direito confere vários significados adversos. No sentido geral, “direito” é um conjunto de regras, tanto de ordem jurídica, moral, política, que regulamenta as relações em sociedade. Porém, tal palavra também possui sentido estrito senso, ou seja, a prerrogativa legal ou natural de alguém dispor ou reivindicar aquilo que é seu, dentro de um princípio de justiça. Neste aspecto, o direito pressupõe alguma contribuição, mérito ou propriedade de o quem reivindica, exigindo os benefícios proporcionais a sua compensação merecida. Quando se afirma que alguém tem “direito” a algo, é porque a justiça, como pressuposto de dar a quem é devido, tenta compensar ou restaurar o grau de ligação do indivíduo com aquilo que ele exige para si. “Dar a quem é devido” pressupõe não somente preservar o direito de quem o mereça, mas também a exigência de um direito sem violar o direito de outrem. “Dar a quem é devido” é um pressuposto de um princípio maior, que é a idéia dos direitos individuais, embasados no direito natural.


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Todavia, a palavra “direito” é motivo de usos muitas vezes vagos e imprecisos na boca de certos grupos. Um exemplo disso é a chamada idéia dos “direitos das minorias”, alardeados por políticos e intelectuais, como prerrogativa de justiça contra as desigualdades sociais Embelezam o discurso, introduzindo-o dentro da ordem dos “direitos sociais”, como se a legalidade utópica e o decreto ilusório fossem panacéias prontas para as mazelas sociais. Para isso, pregam concessões políticas aparentemente generosas aos “oprimidos”, estipulam cotas raciais e “direitos” específicos às minorias, tais como mulheres, negros e homossexuais, pelo sinônimo de igualdade e combate a discriminação social. Justificam a tudo isso, a chamada “discriminação positiva”, como um processo “compensatório” das diferenças sociais. É legítimo dizer que os gays, as mulheres e os negros devem ser respeitados em suas escolhas pessoais e seus direitos, considerados iguais, como a qualquer membro da sociedade. Em particular os gays, embora sua conduta fuja de um padrão ético social, sua opção sexual é um direito de escolha, partindo do pressuposto do direito individual, que é personalíssimo. Pode-se acrescentar que a restrição de qualquer grupo no exercício básico de seus direitos individuais, é ignominioso e usurpador.
Se a igualdade de direitos é exercida por estes grupos, contudo, as chamadas “discriminações positivas” possuem um propósito no mínimo duvidoso. Tal discurso seria lindo se não fosse por um detalhe: Os direitos sociais e os direitos das minorias escondem os mais odiosos privilégios! Quando o governo invoca que determinados grupos devem possuir regalias que a maioria não possui, tal concepção está fora de qualquer idéia de direito justo e racional. Isto porque como já foi dito, “direito” é dar a quem é devido sem tirar de outrem. Quando alguns movimentos negros, gays e feministas reivindicam prerrogativas especiais às custas dos outros, é porque na prática, tais exigências nada mais são do que privilégios indevidos disfarçados por direitos. Exigir concessões e caprichos legais em detrimento da boa vontade alheia e de direitos comuns a todos, é simplesmente exigir aquilo que não é seu, porque pesa no bolso e na paciência dos outros. Na verdade, os “direitos sociais” ou das minorias são privilégios sociais literalmente minoritários. O igualitarismo rebuscado no discurso esconde a mais extravagante iniqüidade.

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O mais delicado, porém, é que tais práticas violam, não somente a igualdade legal, mas até às liberdades individuais. O sinônimo desta contradição está nas medidas que o governo hoje adota para promover a propaganda apologética a favor do homossexualismo e das cotas raciais ou sexuais. A posição do governo favorável ao homossexualismo pressupõe privilégios específicos a condutas pouco aceitas pela moral da sociedade. Este privilégio se manifesta, na medida que o homossexualismo, como conduta moralmente reprovável pela sociedade, é posta sob defesa e tutela legal acima dos valores aceitos por esta mesma sociedade. Quando o governo se outorga no direito de combater a “discriminação” dos gays em certos estabelecimentos e repartições, ele ignora as opiniões de grupos que possuem o direito de contestar o homossexualismo dentro de seu prisma moral. Existem aí dois dilemas conflitantes da liberdade individual: uma, a escolha consciente de uma opção sexual socialmente marginalizada; e outra, a escolha também consciente de instituições preservarem o seu estatuo moral como propósito de sua existência. Neste aspecto, a lei, no intento de combater a discriminação, acaba por discriminar de uma maneira inversa, uma vez que a escolha sexual e moral de uma conduta acaba por excluir e anular a outra. Partindo da ótica da lei, as igrejas cristãs, as sinagogas e outras instituições que proíbem o homossexualismo, seriam forçadas a aceitarem os caprichos do Estado e a ignorarem as próprias leis religiosas que fundamentam suas crenças. Em outras palavras, as igrejas e religiões seriam proibidas de impor regras morais contra a homossexualidade, por serem discriminatórias. Ou seja, se um padre, rabino ou pastor for gay, logo, a igreja será obrigada a trair seus princípios de conduta, pelos princípios do Estado. Se as religiões exigem de seus sacerdotes a mais séria conduta moral e ética, logo, por ordens governamentais, as igrejas podem punir e afastar os sacerdotes adúlteros, beberrões, desonestos, infiéis, hipócritas, porém, não os gays, porque para efeitos eleitorais, a conduta homossexual é incondicionalmente protegida pelo governo. Se as instituições religiosas serão coagidas a aceitar pessoas de condutas que contrariam seus princípios, não menos desastroso é o Estado obrigar ao indivíduo trair a sua própria consciência. Um exemplo disso é o que está ocorrendo em vários estados brasileiros, onde existe lei estaduais contra a discriminação de indivíduos por razões de “orientação sexual”. Um exemplo clássico foi o caso de um comerciante que se negou a prestar serviços a festa do “Orgulho Gay”, alegando fatores de consciência ética e religiosa. A comunidade gay, apelando ao golpe publicitário, fez um alarde midiático querendo mover processo contra o religioso desafortunado, denunciando a suposta “homofobia” da sociedade e exigindo mecanismos legais do Estado para combatê-la. Em miúdos, chegará o dia em que o Estado, insatisfeito pela ineficácia de suas leis anti-dsicriminatórias, proibirá o cidadão comum de ser “homófobo”, ou seja, de possuir aversão ao homossexualismo. Ou quem sabe vetará o gosto pelo sexo oposto, restando apenas aderir a conduta de gays orgulhosos.

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Se as leis anti-discriminatórias em relação a orientação sexual impõem condições que podem privilegiar uns em detrimento de outros, e causar sérias violações à igualdade e liberdade de consciência, mais estranho ainda é a opinião de alguns juristas ao acrescentar na Constituição, a “orientação sexual” como requisito igualitário perante a lei. Um fator privado tão subjetivo e evasivo como a conduta sexual é colocada como um slogan político demagógico, cujos efeitos nada contribuem para a igualdade, mas sim para as safadezas de políticos pretensamente “progressistas”. A idéia pseudo-igualitária da “orientação sexual” não somente obscurece o sentido da igualdade legal, como nivela para baixo os princípios morais da sociedade.
Equalizar todas as condutas sexuais da sociedade é uma verdadeira inversão de valores, pois ignora as diferenças valorativas que a sociedade adota como sentido ético e moral a ser seguido. Em suma, se a lei obriga o cidadão comum a aceitar o homossexualismo como algo tão “natural”, o mesmo poderá se dizer dos pedófilos, dos zoófilos, dos necrófilos, dos sádicos, dos masoquistas e toda sorte de taras, elevadas a condição jurídica de mais solene respeito moral. Não haverá de se espantar se um dia algum professor do jardim de infância tiver um carinho muito além da conta pelos seus alunos mirins. Ou algum padre se engraçar com um seminarista com a mais cândida condição de que o Estado o protege em seus direitos “igualitários” de não ser discriminado. A “orientação sexual”, quaisquer que sejam as mais aberrantes condutas, terá prerrogativa constitucional !!!

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Se as taras sexuais têm foro privilegiado perante a legalidade e a política, não menos pior é um poder político legitimar o racismo em nome de combater o racismo. As cotas raciais e o afirmative action são as excrescências que alguns intelectuais e políticos apelam, na crença despótica e mágica dos decretos salvadores da pátria (que no final, não salvam nada). O governo simplesmente, em nome dos “direitos sociais” da raça negra, privilegia legalmente uma raça sobre outras, alimentando talvez a mais perversa forma de racismo: o racismo politicamente legalizado. Em um país onde as convivências raciais são pacíficas e onde a miscigenação racial abrandou, senão tornou inexpressivo o racismo, certos grupos negros, movidos pelo culto declarado da raça e pela discriminação de outras etnias, querem inventar um racismo inexistente em nosso país. Num país onde o termo “raça” nem existe (para nossa felicidade), os patrocinadores, entre os quais, alguns militantes de esquerda e políticos demagogos de direita, movidos pela influência nociva dos movimentos negros norte-americanos, querem ressuscitar práticas segregacionistas em nossa sociedade. Criam escolas e cursinhos exclusivos para negros e índios, alimentam a discórdia e o ódio contra os brancos e outras raças não africanas a fazem apologias da discriminação racial, com a crítica implícita a miscigenação de raças. Se alguns movimentos negros, em nome do culto da raça negra, querem privilégios indevidos, o mesmo pode se dizer das feministas radicais. Tal como as cotas raciais, certas mulheres militantes querem cotas sexuais. Reclamam do machismo masculino, e querem privilégios tão abusivos de qualquer patriarca medieval. Inventam toda sorte de reclamações contra os homens, mas são tão arbitrárias quanto os machistas. Em miúdos, nunca se conspirou tanto contra a igualdade, em nome da igualdade. A tal “resistência negra, feminina, indígena e popular” nada mais é do que a expressão tola de grupos que querem ser mais iguais que os outros, com um viés caricato e cômico do neurastênico politicamente correto.
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Mas se as reivindicações são injustas, tais grupos se colocam como uma típica casta de eleitos. Os movimentos negros, gays e feministas radicais não somente adoram exaltar a distinção de raça, de sexo ou de conduta sexual, como discriminam quaisquer padrões que fujam ao propósito de suas condutas. O pior de tudo é que tais grupos são vestais: adoram denominar a sociedade de todas as tolices possíveis, porém, munidos de todos os mecanismos de censura intelectual, cerceiam o direito que a sociedade tem de refutá-los. Tão extravagante nestas aparentes leis anti-discriminatórias, é a sua utilização como instrumento de censura prévia às reações contra o movimento gay. Qualquer manifestação desfavorável que for subjetivamente considerada “depreciativa” aos homossexuais, pode ser enquadrada como uma “discriminação”, uma “ofensa”, podendo caber processos na justiça. O mesmo estilo se coloca os extremos do movimento negro ou feminista, quando tenta policiar até as palavras e comportamentos da sociedade. Adoram rotular os seus detratores de “reacionários”,“fascistas”,“homófobos”,“direitistas”, "racistas”, “sexistas”, como se não fossem fascistas, racistas, sexistas e preconceituosos os métodos que se utilizam para apregoar sua ideologia e proibirem o direito de crítica. Se tais grupos são castas, o “orgulho gay” , como o “orgulho negro” ou “orgulho feminino” , são suas formas de culto, coesos pela reverência a seu egocentrismo perverso. Na realidade, certos movimentos das “minorias” não passam de verdadeiras minorias, elitistas, arrogantes, presunçosas, no pior sentido da palavra. Na lisonja barata do igualitarismo e na busca de “direitos”, disfarçam o monopólio da moral, da verdade e o desejo do poder.
Não se está aqui criticando o direito de se reivindicar o devido respeito aos gays, aos negros ou as mulheres à dignidade humana dentro da igualdade jurídica. Entretanto, não se justifica criar discriminações em nome de “compensar” injustiças sociais. Os direitos das minorias de expressarem livremente seus propósitos pesam igualitariamente na mesma proporção de direito daqueles que têm a devida liberdade de contestá-los ou rejeitá-los. Ninguém é obrigado a aceitar os gays, os negros, as feministas, e nem conviver com eles. É obrigado tão somente a respeitar os seus direitos individuais, no que diz respeito à sua integridade. Manifestar desprezo, aversão, ojeriza a determinadas pessoas ou condutas, é o direito que compete a cada um. Tais manifestações só são condenáveis, quando atingem a dignidade comum a todos.
De fato, as leis exprimem a idéia de igualdade, implicitamente, no respeito geral a todos dentro da dignidade humana, e algumas leis anti-discriminatórias, se não são privilégios indevidos de certos grupos, no mais, são esdrúxulas. Posto que se homens e mulheres são iguais em direitos e deveres, logo, é mais que óbvio que a lei ignora preceitos como “raça”, “sexo” ou “orientação sexual”, como fatores de distinção. Nenhum decreto ou lei pode oferecer direitos a estes grupos mais do que o resto, ou protegê-los de opiniões discordantes e atos hostis, salvo quando há constrangimento real nos seus direitos básicos, pois do contrário, já não é mais direito, são regalias concedidas pelo Estado em prejuízo dos outros. Cabe somente a estes grupos o direito de reivindicar o direito legal dentro dos parâmetros de todos. Nem mais, nem menos.

domingo, janeiro 21, 2007

A Seita dos Assassinos!

A palavra “assassino”, na língua portuguesa, tem uma história curiosa. No século XII havia uma seita islâmica, cujas práticas se tornaram famosas pelo fanatismo religioso e criminalidade: a seita dos Assassinos. Liderada por um sujeito chamado Sinan, conhecido como o Velho da Montanha, a trupe usava o haxixe para entrar em transes psicóticos, disfarçados de transes místicos, e nesse estado, fazia toda sorte de crimes, assassinatos e martírios suicidas. Os membros da seita prestavam completa obediência a seu líder, considerado quase como um deus. Eram os Fidai, noviços que prestavam completa obediência ao líder, como intermediário da purificação divina. Daí a palavra Fedayen, que é usado caracterizar alguém que é fiel à causa islâmica.

Os assassinos eram minoritários, mas, tinham influência desproporcional ao seu tamanho. Eles dominavam povoados pequenos nas montanhas da Síria e da Palestina e impunham um regime draconiano e perverso. Há relatos monstruosos de suas práticas: um cavaleiro cruzado foi apresentado ao líder assassino. Como prova de seu poder, o chefe mandou que um de seus membros se jogasse de uma torre, o que este não titubeou em fazê-lo. O chefe perguntou ao cruzado, se queria rever tal mostra de poder. O cruzado recusou-se, convencido.

Em outra história, o Velho da Montanha chamou dois fidai para sua câmara, onde havia uma cabeça de um irmão assassino numa bandeja de ouro. Sinan mandou que a cabeça falasse: esta relatava as maravilhas do Paraíso Celestial. Com os brados terríveis e ameaçadores do outro mundo, dizia que “Allah com seus anjos ajude Vossa Majestade e lance vossos inimigos ao inferno” e “este mundo não é nada, e quem se ilude se arrependerá quando a penitencia não servir. Eu sou um daqueles que retornaram dos bens mundanos e as eles renuncio”. Os fidais saíram impressionados com a cena e foram embora. Minutos depois, o velho pediu para que a cabeça se retirasse e o que se viu foi um homem que fez uma encenação, saindo de um buraco que estava no chão. O fiel obediente mostrou o pescoço ao velho e num golpe de espada, teve sua cabeça decepada.

A fama dos Assassinos aterrorizava o próprio islã. Eles eram mestres em assassinatos políticos e terrorismo e matavam muitas autoridades muçulmanas. Como fanáticos xiitas, matavam principalmente os membros sunitas. O sultão Saladino, herói da Terceira Cruzada, sofreu vários atentados patrocinados pelos assassinos. Em um deles, Saladino foi esfaqueado na cabeça por uma adaga em sua comitiva, e só não morreu porque a armadura em sua cabeça amorteceu o corte. A outra ameaça ocorreu quando Saladino encontrou em sua cama, uma carta, uma adaga e um pedaço de bolo. Durante um bom tempo, Saladino correu sério risco de morrer. Os criminosos fanáticos estavam infiltrados até entre sua gente. Os Assassinos também aterrorizavam os cristãos. O senhor de Tiro, Conrado de Montferrat, foi assassinado no meio da rua, por vingança do Velho da Montanha. O marquês apreendeu suas mercadorias no Mediterrâneo e não quis devolvê-las.

Se atentarmos a estes fatos históricos tão longínquos, parece que o terrorismo islâmico tem um precedente histórico notável. Na verdade, o islamismo devoto e religioso não existe mais, pelo menos, publicamente. O que se vê atualmente no Iraque, no Irã, na Palestina e em muitas comunidades islâmicas, é a volta da Seita dos Assassinos. Os lideres islâmicos atuais, em geral, são como Sinan: sacrificam seus seguidores pelos seus interesses políticos; assassinam populações inteiras por uma pseudocausa religiosa; e não poupam nem seus patrícios, quando o sentido é apenas a imposição totalitária e pessoal de poder. O terrorismo que impõem ao mundo, sacrifica a população de seus paises.

O Iraque, sob ocupação americana, ameaça ser dominado pelos Assassinos. A única mostra de legalidade e humanitarismo que se vê no Iraque provém justamente do exército americano. A mídia ocidental, em particular, de esquerda, se escandaliza com as torturas patrocinadas por soldados americanos, em Abu Graib. No entanto, essa mesma mídia ignora frontalmente o que era Abu Graib, na época de Saddam Hussein. As cenas grosseiras de soldados americanos humilhando suspeitos iraquianos parecem coisas de criança, se comparadas às cenas de cortes de línguas, de mãos, decapitações, espancamentos assombrosos, estupros, quebradeira de ossos e outras atrocidades, filmadas pelos Fedayens de Saddam. Enquanto os soldados americanos foram rigorosamente punidos, porque violavam a lei, as torturas, matanças e estupros de prisioneiros em Abu Graib, na época de Saddam, eram a lei.

Aliás, uma parte da mídia ocidental ignora solenemente os crimes atribuídos aos terroristas islâmicos no Iraque. Ela finge estar chocada com Abu Graib, enquanto endossa as decapitações sumárias de reféns no país. Ninguém se chocou quando um civil americano foi decapitado perante às câmeras. Na verdade, a mortandade de civis no Iraque é responsabilidade quase que exclusiva do terrorismo islâmico. O islamismo Assassino é tão brutal, tão desumano, que é implacável até com sua gente. Mas isso é irrelevante: o ódio antiamericano é mais importante do que o bem estar dos cidadãos do Iraque.

Na prática, há uma cumplicidade criminosa entre a mídia chique de esquerda e o terrorismo islâmico. A Seita dos Assassinos atuais, seja no Iraque, seja em qualquer país islâmico, foi glamourizada como “resistência” para o mundo ocidental. Osama Bin Laden foi elevado nas alturas, quando matou três mil pessoas em poucos minutos em Nova York, e recentemente a esquerda ficou de luto, pela morte de Saddam Hussein. Enquanto uma boa parte do ocidente deprecia os esforços heróicos dos americanos no combate ao terrorismo, como num ato suicida, dá um tiro na cabeça. Os islâmicos chantageiam a Europa, enquanto o ocidente endossa qualquer ato perverso deles. Intimidam países como a Dinamarca, que foi obrigada, pela força, a acatar a tradição de respeitar a imagem de Maomé, a despeito das caricaturas do profeta em um jornal laico. Intimidam até o papa, ao deturparem suas palavras e o ameaçarem de morte. Só faltaram exigir a conversão do papa ao Islã. E exigem direitos diferenciados no Estado de Direito, enquanto se recusam, concomitantemente, a fazer quaisquer concessões, quando é do interesse fanático de sua religião. Isso, porque odeiam o Estado de Direito e querem destrui-lo. São, em suma, traiçoeiros, mentirosos, canalhas, desonestos, indignos de qualquer respeito cristão. Para a Seita de Assassinos, só mesmo os cruzados francos, com sua truculência peculiar. Ou melhor, para cada árabe terrorista, só mesmo o exército americano ou judeu para fazê-los sucumbir a fio de mísseis. O legado cultural ocidental é superior ao Islã. É o Islã que deve nos temer e não nós a eles. . .

Sinan, o velho da montanha, coincidentemente nascido no Iraque, é o espírito do Islã atual. É o Islã terrorista, genocida, falsário, apóstata de qualquer princípio moral e ético; enfim, uma falsa religião, uma religião de assassinos. . .

sábado, janeiro 20, 2007

A tartarização do Brasil!


Quando os movimentos reinantes do FSM apregoam suas ideologias obtusas, com grande apoio da mídia e da classe dita “pensante”; quando o governo se afasta cada vez mais do ocidente e se aproxima da barbárie totalitária do oriente, depreciando até o inglês nas provas do Itamaraty por pura hostilidade antiamericana; enfim, quando se aplaude de pé, figuras caricatas, paladinos da servidão humana, como Hugo Chavez e Fidel Castro, com a complacência governamental do país, estamos sim, caminhando para a tartarização do Brasil. Sim, estamos virando tártaros, verdadeiros bárbaros, com a submissão e o despotismo peculiares dos mongóis. Movidos pelas ideologias materialistas e coletivistas, o Brasil cada vez mais se isola das liberdades civis do ocidente, para cair no marasmo egocêntrico e doentio dos sistemas fechados típicos de pensamentos tribais.

De fato, um aspecto da doença latino-americana, como do resto do chamado “terceiro mundo”, é a crise de identidade cultural e política dentro de uma sociedade globalizada e cada vez mais cosmopolita. Dentro de tradições culturais arcaicas e autoritárias, os ventos de uma cultura mais ocidentalizante e universalizante apavoram o cerne de determinados povos ou grupos políticos que nunca se acostumaram com a idéia de um cosmopolitismo cultural que os insira dentro de uma realidade mundial. Pelo contrário, dentro de uma tradição paternalista e despótica, os países do terceiro mundo recusam os valores da democracia, das liberdades civis e se atolam num autismo cultural, tal como a posição da avestruz, temerosos nas mudanças de suas estruturas.

Conscientes da inépcia de suas instituições políticas e culturais, tais povos sentem-se completamente marginalizados aos aspectos mais significativos das civilizações. E em nome de compensar as frustrações, inserem-se numa negação total das influências culturais saudáveis em qualquer sociedade humana, para caírem num ostracismo de uma cultura decadente, estática, fechada em si mesma. É pior, uma cultura ressentida, em que o ufanismo autista de coaduna sensivelmente com o ódio às influências culturais do mundo.

Se um povo se ressente existencialmente de sua inépcia cultural e de sua necessidade de reformular seus conceitos, certas elites beneficiárias deste tipo de pensamento anacrônico se locupletam literalmente com as frustrações das massas. É uma grande perda política para estes grupos que os povos se comparem. Quem compara vê defeitos. E quem se fecha no egocentrismo cultural sempre será escravo amorfo de uma exaltação enganosa de si mesmo e de uma prisão ideológica. E quando se compara a situação das democracias tradicionais do ocidente e o fracasso dos países do terceiro mundo, as escolhas se redundam em dois fatores: ou as nações menos desenvolvidas escolhem o mesmo caminho ou o renegam. Na prática, parece que é mais difícil um povo aceitar seu próprio erro do que os erros dos outros. E num país onde as inclinações culturais são paternais, imaturas e autoritárias, a figura de uma civilidade que cobra independência, responsabilidade pessoal e individualismo assusta a um povo acostumado a viver nos grilhões de um paternalismo despótico e ao mesmo tempo acolhedor.

Todos os discursos anti-globalizantes, anticapitalistas, antiliberais e todo esse tamanho ódio à chamada cultura burguesa liberal e cristianizada, é, na verdade, uma nostalgia de um poder tirânico e acolhedor que foi perdido, e cujo vácuo ainda não foi preenchido. Não é por acaso que quase todos os movimentos totalitários na América Latina são reacionários, no estrito sentido da palavra, ainda que seus discursos sejam progressistas. Ademais, as ideologias nas consciências dos intelectuais latinos e terceiro-mundistas são o reflexo mesmo da cegueira intelectual provinciana quanto à política e cultura no resto. A ideologia socialista que impera nestes meios é “polilógica”, confusa, subjetiva, e os pressupostos fáticos são negados para serem meras projeções de idéias e conceitos culturais artificiais, forjados por uma classe intelectual odienta e inferiorizada.

O “polilogismo”, um termo inventado pelo economista austríaco Ludwig von Mises, pressupõe a crença na lógica como um conceito arbitrário e restrito aos caprichos corporativos de classe ou ideológicos, negando a objetividade do raciocínio lógico. Para estes, a lógica não tem critérios objetivos, são projeções arbitrárias e múltiplas de classe, da raça, da cultura, da ideologia. A negação do uso fático da lógica, e a transformação da mesma numa mera projeção fragmentada de grupos sobre a realidade, acaba por obstruir qualquer capacidade de conhecimento objetivo. E, por fim, já que toda verdade é negada, logo, a pseudo-verdade pode ser projetada aos caprichos de qualquer grupo dominante. A lógica deixa de ser um pressuposto de construir um entendimento de relação de causas e efeitos factuais para se tornar uma construção racional e dogmática da ideologia. E dentro da racionalidade fechada e estática do discurso ideológico, todo conhecimento é obstruído pela capacidade da ideologia de se alienar da realidade. Tal raciocínio não é diferente quando isto é aplicado ao que o intelectual médio latino-americano medita sobre a cultura e a política.

Quando um militante socialista diz que uma cultura não pode ser comparada ou que todo o conhecimento reflete apenas um conceito cultural ou ideológico em si mesmo, ele apenas nega os fatores universais que estão implícitos em todas as culturas humanas e o conhecimento objetivo mesmo acumulado dessas culturas. O próprio conhecimento, em seu sentido epistemológico é negado, aos caprichos da sua ideologia arbitrária e de seu conceito grupal ou tribal de cultura.
Portanto, é perfeitamente compreensível entender por que os intelectuais do terceiro-mundo, odiosos da civilização ocidental, absorvem precisamente as armas que o próprio ocidente inventou para sua destruição: as ideologias racistas, nacionalistas xenófobas e totalitárias. Quando os movimentos negros brasileiros alimentam ódios e ressentimentos raciais contra os brancos, dentro de uma sociedade não racista; quando os bolivianos indígenas exaltam critérios racistas para afirmarem uma identidade cultural extinta e o desprezo a um presidente americanófilo; ou quando o nacionalismo agressivo é associado a um suposto desprezo imperialista, estamos apenas vendo o ressurgimento de todos os totalitarismos que vingaram no século XX. A velha cegueira de não fazer comparações e se isolar ressentidos de um mundo culturalmente mais desenvolvido, acaba por criar uma cultura de irresponsabilidades éticas de um povo com relação ao seu destino. Incapazes de ver os próprios erros, eles precisam culpar nos outros as razões da própria desgraça e da cegueira. A histeria coletiva se torna uma espécie de vitimização neurótica e uma auto-comiseração de si mesmo. Quanto mais se afundam no fracasso de sua alienação, mais se convencem de que o inferno são os outros. O mais degradante é que esta psicologia é fatalista: se o imperialismo tem tanto domínio sobre os fracassos do terceiro mundo, nada se pode fazer, pois nunca houve decisões dos próprios cidadãos, e sim de um poder superior, distante e intocável, que os impede de tomarem quaisquer tipos de ação.

Muitos intelectuais militantes do terceiro-mundo têm uma desculpa pronta quanto às comparações culturais: eles as negam com o pressuposto relativista de que não existem culturas superiores ou inferiores. O paradoxo incoerente deste raciocínio é que a idéia mesma de uma cultura não comparável, absolutiza a cultura como um fim em si mesmo, tanto quanto relativiza a própria universalidade do homem. O relativismo cultural praticamente leva aos mesmos pressupostos de quem apologeticamente declara em absoluto a idéia de superioridade cultural. O problema em si não é detectar prós e contra de uma cultura, mas elevar a cultura num plano em absoluto acima de conceitos e atribuições que são universais no homem. As culturas são superiores e inferiores, em termos relativos às atribuições comuns comparáveis a todas as sociedades humanas. Até porque as culturas se modificam e se aperfeiçoam mutuamente, valorando suas tradições e conceitos. E existem elementos intelectuais e filosóficos universais, que estão acima do plano restrito das culturas, e que servem de parâmetros comparativos. Aliás, cada fragmento de uma cultura em particular, faz parte do todo da criação humana. E a presunção do relativismo cultural isola as culturas de uma totalidade da produção cultural humana, presumindo que a humanidade seja uma babel, incomunicável, incapaz de possuir enquanto espécime, uma linguagem universal. O relativismo cultural, na incapacidade de juízo de valor entre as culturas, é um nonsense, para dizer o mínimo.


O desenvolvimento cultural só é possível, quando uma cultura se compara com a outra e cada membro de uma cultura inserida tira suas conclusões sobre elas. No entanto, parece que o intelectual terceiro-mundista, em particular o latino, nega todo o efeito comparativo das culturas para simplesmente exaltar uma cultura como um fim em si mesmo. Se uma sociedade renuncia as comparações é porque precisamente ela quer se acreditar superior em relação ao resto. Ou na pior das hipóteses, ela teme ser comparada, porque no fundo, não é tão superior assim. Não é por acaso que os caudilhos latinos, em específico, Fidel Castro e Hugo Chavez, aproveitam-se de uma concepção autoritária e estática de cultura e identidade política para manter o isolamento cego no autismo nacionalista.

Decerto devemos entender que as variedades de coletivismos na América Latina, sejam eles socialistas, nacionalistas, xenófobos e até internacionalistas, são, na verdade, uma nova expressão de conformismo social e cultural. Tais variedades aperfeiçoam e renovam toda uma tradição de servidão patriarcal. É pior. Elas querem destruir todos os resquícios de uma cultura civilizatória que ainda existe do ocidente, em nome de uma nova ordem política, social e cultura artificializada. As influências mal definidas do cristianismo, do liberalismo político e da sociedade de mercado em nossa cultura, estão ameaçadas por uma nova ordem política tirânica e corporativista, que em nome de uma renovação cultural, quer na verdade destruir o processo civilizatório em nossa cultura. Tais forças políticas querem destruir as raízes boas do passado, para simplesmente aperfeiçoar as ruins. Ainda que o discurso seja reacionário e os chavões sejam ultrapassados, a metodologia é toda revolucionaria, no sentido de mudar, de maneira violenta, toda uma cultura instituída. Isso porque tal cultura revolucionaria quer revitalizar o que há de pior no passado autoritário desta cultura, enquanto os aspectos mais amenos, mais humanos e mais civilizados serão totalmente destruídos. O ressentimento antiamericano tem menos a ver com o imperialismo do que com o modelo de vida representado pelos Estados Unidos, a antítese do caudilho, do ditador socialista, do regime totalitário. O difícil mesmo é o latino-americano médio admitir seu grau de inveja quanto a isso.

Na verdade, a xenofobia, o militarismo, o ódio multiculturalista e o coletivismo totalitário disfarçam um projeto imperialista muito mais sombrio, que visa destruir a liberdade civil no continente latino-americano. A contradição do discurso atual na América Latina é a mistura da xenofobia nacionalista antiamericana e anti-ocidental, com a destruição sistemática das autonomias das nações democráticas, em favor de uma burocracia internacional. O verdadeiro imperialismo do continente não é o americano, e sim o latino-americano. E a Venezuela é o retrato mais cabal de uma meta imperialista e militarizada no continente, camuflado sob o viés revolucionário.


Um problema tão sério quanto o autismo cultural e político é o autismo econômico da América Latina. Os movimentos que dominam os centros culturais do continente querem, em nome de um pan-americanismo socialista, fechar o continente ao mundo. O conceito de economia fechada, controlada pelo governo de maneira patrimonial é uma tradição cultural latina. Todavia, o que é um universo relativamente sufocante de cultura autoritária na economia, se elevará num plano absoluto de verdadeira opressão econômica e política burocrática totalitária, pouco conhecida na América Latina. Isto porque o isolamento econômico gerará mais miséria e mais descontentamento, uma vez que o continente não acompanhará os avanços mundiais, copiando modelos estatizantes que nunca deram certo em lugar algum.

Parece que os cegos e totalitários intelectuais latinos não se convenceram de que o Muro de Berlim caiu e o socialismo fracassou. O polilogismo cultural se reflete também na economia. Como na concepção de tais sujeitos, as leis de mercado e a prática empírica da economia de mercado não passam de estruturas ideológicas caprichosas, logo, os ideólogos de plantão vão inventar uma “nova economia solidária” milagreira que nada mais é do que o estulto socialismo, reciclado mediante uma revolução cultural de linguajar viciado. Não há de assustar quando um intelectual esquerdista latino-americano reverbera o “totalitarismo do mercado” ou a “ditadura do mercado”, enquanto apregoa a “economia popular” estatal, na mais perfeita novilíngua orwelliana. A impregnação ideológica é o mais alto grau de alienação. O culto do Estado onipotente é sua panacéia pronta para todos os males do continente, embora ele mesmo seja causa da maioria deles. Na pior das hipóteses, o novo modelo buscado de Estado socialista será a causa destruidora da economia e da sociedade.
As relações diplomáticas atuais na América Latina caminham para os países totalitários, por puro ressentimento e fanatismo ideológico anti-ocidental. Ignora-se mercados ricos, que poderiam tirar da miséria as bocas esfomeadas da América Latina, via Estados Unidos e Europa, enquanto se faz acordos diplomáticos e econômicos com países sem a menor credibilidade econômica ou política nos negócios internacionais. Sem contar a “causa” apregoada pela narco-esquerda boliviana, que derrubou um governo precisamente porque este fez um acordo comercial para vender gás natural aos Estados Unidos. Tamanha sandice chegou a demagógica esquerda latino-americana em recusar o comércio de gás, em nome do uso privativo dos bolivianos. Pela lógica esquerdista, é possível que hoje os bolivianos comam gás natural.


A neurose ideológica é tanta, que a diplomacia brasileira é capaz de engolir as safadezas comerciais de um sistema criminoso e genocida como o governo chinês, enquanto hostiliza gratuitamente um velho aliado rico e democrático como os Eua. Que dirá então do saque que o governo boliviano fez contra a Petrobrás, estatal brasileira? Como o governo brasileiro é capaz de sacrificar a economia pela ideologia, é perfeitamente compreensível o comprometimento traiçoeiro do Brasil com a causa esquerdista. Os acordos atuais do Brasil com o mundo são movidos por questões ideológicas, e não questões econômicas. Raramente o Brasil se tornou tão insignificante internacionalmente. E a diplomacia brasileira almeja o isolamento político e econômico, quando aceita a influência perniciosa dos aliados latino-americanos nos seus interesses.

A coerência econômica foi abandonada pela irracionalidade da ideologia. Sem acordo de comércio livre, sem relações internacionais que façam valer os interesses dos países do continente num entendimento próspero com o mundo, só restará um destino digno da Coréia do Norte. O curioso é que os intelectuais lunáticos da América Latina prometem a prosperidade caminhando para o segredo mais fácil a miséria absoluta. O ódio anti-Alca e anti-globalização reflete a loucura e ignorância a que chegou o continente.

O discurso doentio e xenófobo socialista não tem fim. Hugo Chavez expulsa empresas multinacionais em nome do imperialismo, enquanto causa um caos social e econômico terrível na Venezuela. Isto porque já confisca empresas e tenta por todos os meios, censurar a imprensa, em nome do socialismo. A Argentina se orgulha em dar calote nos outros, enquanto perde a credibilidade internacional. Por muito tempo, só um sujeito muito corajoso ou muito louco investirá num país de caloteiros fanfarrões. E o Brasil se desmoraliza em uma diplomacia caduca, inepta, que se afasta do ocidente, enquanto se torna cada vez mais tártaro, mais perto dos bárbaros. Um projeto em comum dos governos da América Latina, em particular na diplomacia, é a aliança com países árabes, com forte vocação para o totalitarismo e o terrorismo internacional. Isso tem explicação na aliança de uma esquerda latino-americana para um novo totalitarismo, ainda que com sinais trocados ou novas nomenclaturas. A esquerda terceiro-mundista se alimenta dos mesmos ressentimentos culturais invejosos dos islâmicos. Ademais, os paises árabes sofrem o mesmo processo de crise civilizacional: ou aceitam a modernidade fundada nos valores ocidentais, ou se enterram no isolamento cultural obscurantista. Ainda que os valores e as concepções do Oriente Médio sejam diferentes, há uma aliança entre árabes e latinos no dilema entre se democratizar ou se tartarizar. E parece que ambos, embora por linhas tortas, resistem a um processo mais apurado de ocidentalização.


O dilema do terceiro mundo, em particular a América Latina e o Brasil, parece ser de um caminho tortuoso e perigoso. A intelectualidade totalitária disseminada na política e economia latino-americana é o processo mais rápido de negação total dos valores do ocidente, e, por definição, da civilização. Os contra-valores totalitários negam a democracia, os direitos humanos, os valores da liberdade individual e qualquer dose de humanitarismo que o ocidente, através de seus valores judaico-cristãos, soube herdar e transmitir ao mundo. Os novos pseudo-nacionalismos populistas, estatizantes e socialistas, mesclados com a internacionalização de revoluções aventureiras e burocracias no continente, são as novas doenças que a América Latina haverá de se defrontar. E o sucesso dessas ideologias é o destino mais trágico e certo da tartarização do Brasil e do continente. Deus nos livre desta fatalidade!

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Uma sociedade sem classes: o maior sonho de um déspota tirano!


Este texto foi escrito em 2002 e publicado na universidade. Pela sua atualidade e pelo seu nível de argumentação, pensei que seria útil republicá-lo na internet.
Dois modos de pensamento foram influências quase que determinantes no século XX: uma foi a ideologia determinista da raça; outra foi a ideologia do determinismo de classe. Herança das idéias pseudo-racionalistas e pseudo-cientificas do século XIX, no escopo histórico e político, tais princípios nortearam os sistemas totalitários mais conhecidos da história, o bolchevismo e o nazi-fascismo. Historicamente, o nacionalismo racista está para as nações, como o corporativismo de classe está para as outras classes que estão fora da cartilha. Em outras palavras, o nacionalismo extremado e racista está para a guerra entre nações, como a luta de classes está para a guerra civil. Embora a nação e a classe sejam contextos aparentemente diferentes em sua estrutura, seus apelos coletivistas são muito semelhantes.


A “nação” no epíteto fascista ou a “raça” no jargão nazista, são tão parecidas na sua idéia de um povo privilegiado sobre a independência dos demais povos, a ponto de subjugá-los sob o domínio de um povo único superior. Como a “classe” é um corpo castiço que prevalecerá sobre os demais, na utopia platônica de um determinismo histórico onde haverá a sociedade sem classes. Se Marx, em seu Manifesto Comunista, dizia que “a historia da sociedade é a historia da luta de classes”, o fascista e o nazista apelavam ao argumento da “luta de nações” ou da “luta de raças” como o pressuposto crucial da história da sociedade. Se há a “luta de classes” ou a “luta de nações” ou “raças” como pressuposto motor da história, por exceção, se presumirá que a destruição de todas as nações, como a destruição de todas as classes, haverá a destruição de todas as diferenças ideológicas e sociais da sociedade. Ou seja, uma sociedade sem classes e sem nações, dominada por um poder único. A conseqüência trágica destas idéias foi a destruição dos valores das liberdades individuais nas nações democráticas e a aniquilação da sociedade pelo Estado totalitário. Com o descrédito do nazi-fascismo, nos terríveis horrores que a Segunda Guerra Mundial deixou notícia, a luta de nações e de raças pereceu, pelo menos ideologicamente. Porém, a intelectualidade militante conseguiu preservar a ideologia mística da luta de classes.

Para os comunistas e socialistas, a concepção de “classe” é rígida, categórica, como se esta entidade pudesse ter vida social personalizada e influência determinante sobre a conduta individual. Os marxistas projetam em algo abstrato e de valoração muitas vezes imprecisa na classe, como se fosse um conceito exato e com aura de afirmação cientifica e histórica inquestionável. Mas tudo veio a calhar em gritante fracasso, ao se perceber que a classe é uma ficção, um papel social, e como tal, pode ser mudado pelo bel prazer de seus próprios integrantes. Na observação de muitos pensadores críticos do marxismo, a classe é movida por indivíduos que possuem interesse e valores comuns e que são reconhecidos em práticas assemelhadas de conduta e identidade social. E embora as motivações do grupo possam ser razoavelmente semelhantes, até seus interesses individuais se diferem na busca de uma causa comum. A classe social, não é, ao contrário dos marxistas, um grupo fechado e unido por interesses econômicos, e sim por um reflexo comum de aptidões, idéias, conceitos, ideologias, credos e muitos outras particularidades, tanto materiais ou abstratas que os vinculam a uma pequena sociedade. Na prática, a classe é uma “pequena sociedade”, onde o individuo cria sua aura de ligações coletivas, embasadas no seu interesse individual. A classe não é algo compacta, fechada. A classe é algo dinâmica, modificável, de acordo com os indivíduos que a compõem e complexa em suas crenças e idéias. O determinismo de classe, (tal como afirmar que é a “consciência social que molda o individuo), é uma das maiores falácias já inventadas pelas inteligentzias de esquerda. Pois é mais que comprovado que o individuo não é produto fatalístico de sua cultura ou de sua classe. É um ser atuante, que age dentro de seu meio, partindo dos pressupostos de sua própria consciência e vontade. Porém, o ideal socialista, ao contrário de seu suposto apelo libertário, esconde na prática, um apelo perigosamente messiânico e despótico. Se a idéia de que o coletivo pode moldar arbitrariamente o individual já é tirânica, a finalidade socialista é mais perversa, nos intentos que busca realizar: o mito de uma sociedade sem classes!!!


Se as classes são reflexos sociais de seus indivíduos e possuem vida autônoma, como uma espécie de pequena sociedade à parte da coletividade, a supressão das classes é a supressão de qualquer vida independente no grupamento social. Em suma, é a repressão mais que violenta da manifestação social do individuo. Não é por acaso que para criar uma sociedade sem classes, sempre haverá um poder centralizado e despótico, um Estado policial, ou eufemisticamente, uma “ditadura do proletariado”, com a destruição de todas as diferenças sociais e individuais autônomas em favor de um poder imperial e absoluto. A conseqüência disso é a tentativa de nivelar todos os indivíduos, destruir todas as suas salutares diferenças, pelo dogma da igualdade. E, por conseguinte, formar massas amorfas, sem personalidade própria, dependente de uma direção única, de um pensamento único.


Os marxistas, percebendo que as premissas econômicas da “consciência de classe” eram muito mais uma indagação artificial do que real, apelaram ao estudo da ideologia e da psicologia de massa como fator motriz de produzir essa falsa “consciência” classista. De fato, Lênin resolveu parcialmente o problema: idealizou o mito de uma vanguarda revolucionária, uma elite de intelectuais iluminados, que produziriam uma “classe revolucionaria” na centralização total do poder através de um partido único. Formado esse partido, este destruiria todas as classes sociais a fim de submetê-los aos desmandos deste mesmo poder unipartidário, na organização militarizada das massas.

O ideólogo do Partido Comunista Italiano, Antonio Gramsci, apregoava a manipulação ideológica através da figura do “intelectual orgânico”, com o intuito de combater e suprimir qualquer diferença ideológica e política independente, a não ser em favor do Partido Comunista. A figura do “intelectual orgânico” é uma militância ideológica camuflada, que conquistando espaços culturais, intelectuais e políticos na sociedade, reproduziria, de forma lenta, gradual e indolor, a hegemonia”, ou seja, o domínio cultural do senso comum em favor da causa socialista. Gramsci chamava este procedimento de "revolução passiva". Daí a infiltração comunista nas escolas, igrejas, mídia, artes, e quaisquer manifestações do plano da cultura, forjando um consenso em torno das premissas socialistas. Recriando prévia e artificialmente um imaginário cultural, a sociedade estaria mentalmente desarmada e preparada ideologicamente à ascensão de uma ditadura partidária. Gramsci foi além: idealizou uma sociedade como um gigantesco partido, onde o conjunto de valores e idéias da sociedade seria mera reprodução de uma ideologia onipresente e de um partido único, invisível e imperceptível. O “Matrix” não iria tão longe. . .A perversão vai longe: qualquer tipo de idéia contrária a essa “hegemonia” seria anulada pela mutação psicológica e cultural. Gramsci via a sociedade como um gigantesco laboratório psicológico e os indivíduos como cobaias, que imitando reflexos sutis e condicionados, seriam socialistas sem o perceber.

Para fazer uma “revolução socialista” deveria antes fazer uma “revolução cultural”: ou seja, uma grande lavagem cerebral na sociedade como um todo, a fim de aderir por sentido inconsciente, o domínio total do Estado, sob a égide do Partido Comunista. Todavia, para quem crê que a “consciência social molda o indivíduo”, os ideais socialistas caem na cartilha de engenheiros sociais ensandecidos em moldar a natureza humana a sua imagem e semelhança, como se os indivíduos fossem mera natureza omissa a ser esculpida. Ademais, a retórica de Lênin e de Gramsci muda o velho discurso de que os fatores materiais de produção determinam ou condicionam as idéias na sociedade. Se para Marx, “o real cria o ideal”, contraditoriamente, o ideal leninista e gramsciano são uma inversão do marxismo. Não basta mudar os “modos de produção”. Deve-se mudar também os espíritos.

Em outras palavras, Lênin e Gramsci apregoam, tal como Hegel, que “o ideal cria o real”, ou melhor, que a realidade deve se adaptar à ideologia (embora o “real” na concepção de Marx é tão hegeliana, que não passa de uma projeção idealista e falsa do real, tamanha a fuga da realidade). E o mais impressionante e aterrador: para criar a sociedade socialista, os militantes comunistas perceberam que só poderia haver a supressão de todas as classes sociais, se houvesse a supressão de toda manifestação independente e dos indivíduos. Se por um lado, isto significava destruir a liberdade de consciência, por outro, significaria também apagar qualquer crença numa realidade objetiva. A realidade objetiva não existe por si mesma: ela só existe enquanto monopólio de uma conjectura partidária. Os intelectuais marxistas foram elevados a sacerdotes e o Partido, a intérprete da realidade e da história. A aura platônica do marxismo e seu subsidiário, o leninismo, impôs um brutal patrulhamento ideológico, policiando qualquer pensamento e qualquer tipo de conduta autônoma.

A obsessão ideológica chegou a um verdadeiro culto religioso, um dogma inquestionável, sujeitando as manifestações intelectuais da sociedade ao culto unitário do partido. A música, pintura, poesia, arte ou qualquer manifestação intelectual transformaram-se em meras propagandas da ideologia comunista. Para a criação da sociedade comunista, não só se suprimiria as classes, como também os indivíduos, aniquilando suas identidades através de uma imposição de uma ideologia artificialmente produzida, que anulasse a existência autônoma do individuo.

Neste processo, a classe social revolucionária é apenas um instrumento da supressão de outras classes opositoras e da própria classe revolucionária mesma, a fim de instituir uma sociedade livre de quaisquer diferenças sociais. Não é por acaso que muitas vezes o Partido Comunista se utilizou de alianças momentâneas de “classe”, induzindo cada uma a sua auto-destruição mútua, e nestes conflitos artificialmente produzidos, a sua auto-promoção como poder único e irrestrito. O “proletariado” é apenas um meio, como o são os “camponeses”, já que mito da luta de classes, junto com a metodologia de uma pseudo-dialética histórica, levará também a contradições e, conseqüente, a destruição das classes envolvidas. A violência e o radicalismo, tão comuns nos discursos marxistas, como os apelos messiânicos de um poder absoluto, são apenas o reflexo de uma idéia que não se vê julgada pelo plano da realidade. Pelo contrário, o ideal marxista é um principio desprovido de todo realismo e seu apelo materialista é apenas uma roupagem mitificada de romantismo, nos dizeres das “leis” infalíveis do materialismo dialético. Além de serem uma mitificação do próprio materialismo, as suas “leis históricas” são apenas conceitos de metafísica vulgar, com premissas pseudocientíficas de racionalismo mecanicista.

A sociedade sem classes como ideal é a sociedade de massas, onde os indivíduos não existem, são apenas reflexos de um poder absoluto, produtos de um meio que os molda arbitrariamente. E qualquer sinal de vida política, intelectual e econômica independente é anulado, em favor de um ideal político central tirânico e monstruosamente despótico, controlado por uma minoria burocrática ou um ditador pseudo-iluminado, cujo meio é simplesmente aniquilar qualquer aspiração autônoma em nome de um fim inatingível. Lênin, Stálin, Mao Tse Tung, Pol Pot, Fidel Castro, Enver Hoxa e muitos ditadores não são meras coincidências do socialismo “cientifico”, pelo contrário, são os produtos mais acabados do regime: é a ideologia colocada na prática, em toda a sua plenitude real. Em suma, a sociedade sem classes, tal como uma verdadeira e perfeita autocracia, é o maior sonho de um déspota tirano.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

A autoridade moral do Estado e a desgraça da livre iniciativa!

Um discurso muito comum na panfletagem média de grande parte dos intelectuais estatizantes e de esquerda é a pretensa crença moralizadora do Estado, contra a suposta “corrupção” da iniciativa privada, esta condenada pelo seu “individualismo” e “apego mesquinho ao lucro”. O discurso condenatório do “lucro” privado pressupõe uma crença moral sublimada, de que o Estado ou poder político detém o monopólio da honestidade, da decência e da verdade, enquanto o ente privado é quase que eivado de desconfianças, senão de censura, como se a livre iniciativa fosse uma quebra de um mítico espírito de ordem coletiva.


Se a iniciativa privada é condenada pelo desejo do “lucro”, por preconizar a “miséria” alheia em favor de seus interesses, é muito ingênuo, senão estranho privilegiar o poder político como sendo contrário à premissa da “mesquinhez” ou do “lucro”, tão rotulada contra a iniciativa privada. Como já foi muito avaliado, parece que os latinos , em geral, culturalmente possuem uma reverência messiânica pelo poder político, a tal ponto de sentir dependência dele. Atribui-se tanta bondade ao poder político, como há séculos atrás um rei outorgava suas “graças”, seus decretos, suas lettres de cachet, sinônimos de status de um poder absoluto. O socialismo fortaleceu muito mais esta crença mitológica, na megalomania do Estado paternalista em função de uma caridade usurpadora da liberdade, tão usurpadora como as graças de um rei. A única diferença de um e de outro, é que se o rei era tirano “em nome de Deus”, o socialista é despótico “em nome do povo”. Mas o germe do socialismo, como de qualquer crença estatista, em países com enorme tradição autoritária e patrimonialista, é um retrato da desconfiança que a sociedade tem de si mesma. Esta, quando é incapaz de se gerir pela própria iniciativa, sempre espera que alguém “forte” e “poderoso” o acolha de sua inépcia. Há uma contradição claríssima: se por um lado a iniciativa privada é permitida, contraditoriamente, ela é malvista, senão estigmatizada. A iniciativa privada é objetada com desconfiança, porque esta tradição cultural inepta, tosca, invejosa, mentalmente atrasada, sente-se afrontada com a eficiência e com a independência de alguns.



A pergunta poderia ser dada: o que é iniciativa privada? A iniciativa privada compreende todos os membros da sociedade como indivíduos, que geram sua vida social à margem do poder político. São os cidadãos comuns, que participam da sociedade civil como entes privados. E a “livre iniciativa” nada mais é do que atos voluntários feitos por pessoas, movidas muitas vezes por suas próprias idéias, como por seus próprios riscos, sejam econômicos, intelectuais e civis, mediante livre contrato, com o intuito de satisfação comum entre as partes. E economicamente falando, “livre iniciativa” pode ser entendido como a sociedade de milhões de pessoas individuais que se relacionam mutuamente, através das trocas econômicas, relações de trabalho e a proliferação espontânea de idéias e empreendimentos dentro sociedade civil. Em outras palavras, a iniciativa privada somos nós, seres mortais da sociedade comum. Se a iniciativa privada retrata os indivíduos, o Estado é o poder político que contrapõe à sociedade, no sentido de administrar a coisa pública em seu aspecto de organização. Contudo, o Estado é uma ordem política centralizada, necessitando possuir freios ao seu exercício de poder. O Estado, como titular de poder sobre a sociedade e detentora da vingança pública, deve ter garantias que consagrem as liberdades dos cidadãos e contenham o poder político.

E nisto está a resposta de uma sociedade que preserva as liberdades: a lei e a propriedade privada. É na contraposição do poder público e privado que as liberdades civis e políticas respiram aliviadas. Todavia, nas sociedades patrimonialistas e autoritárias esta contraposição é tênue senão inexistente. Isto porque o poder político é concentrado e poderoso, não admitindo algo que esteja a margem de seu domínio. Se o poder político não admite limites e segurança à vida privada, logo, esta será usurpada. E não é por acaso, que numa sociedade onde o Estado tudo se intromete, quase todos possuem uma reverência messiânica ao poder político estatal. Ele alimenta a crença de que tudo provê, de que tudo faz, porque é o poder último da sociedade, e a sociedade civil deve viver em torno dele. A sociedade civil, impotente ao poder do Estado, acaba dependendo emocionalmente dele, como se fosse árbitro de tudo e de todos.

A antiga crença absolutista monárquica e a moderna crença socialista são impressionantemente parecidas neste culto do poder político. Ambas se primam pela idéia do “controle” da sociedade, da desconfiança da sociedade civil e da hostilidade contra o livre empreendimento. Também pudera, a burocracia estatal moderna é fruto da velha monarquia absolutista. O “burguês”, o “banqueiro”, o “capitalista”, como figuras independentes e fora de um status social privilegiado, são vistos de forma pejorativa, tanto para o nobre absolutista como para o intelectual socialista. E ambos se primam na cultura de castas: para o nobre, a sua corte e a sua estirpe; para o socialista, o partido e a burocracia. E enquanto as figuras pejorativas do “burguês” ou “banqueiro” são estes artesãos ou judeus que só pensam na previdência, na poupança e no “lucro mesquinho”, a aristocracia e a burocracia, com seus preconceitos misturados a desconfiança, hostilizam tudo aquilo, que na prática, ameaçam seu poder. Invocam supostos valores acima do bem e do mal. São os porta-vozes de algo superior, eleitos pelo sangue ou pela história. É óbvio que os valores da aristocracia são bem diferentes e superiores dos ideais socialistas. Contudo, os preconceitos são bem semelhantes.

Em contrapartida, há algo que os socialistas e estatólatras do bem público esquecem, quando cultuam as peripécias do Estado contra o “mercado excluidor” ou contra o “lucro mesquinho” : o Estado, que nada produz, que vive das contribuições e do dinheiro alheio, apropria-se desse “lucro mesquinho” que nunca produziu e sobrevive desse “mercado excluidor” que o beneficia. E o Estado, antes de utilizar os impostos para o bem público, muitas vezes extorque uns em favor de outros, aos agrados do poder político dominante. Em nome do discurso da hostilidade aos “poderosos”, o governo acaba servindo para ganhar o voto dos pobres e roubar o dinheiro dos ricos, principalmente daqueles que estão fora do poder político. Os ricos acabam fugindo ou empobrecem só resta aos pobres pagarem os tributos, para que outros ricos ligados ao Estado se privilegiem. No final da história, é o Estado que vira o todo-poderoso! A crença comum dos inimigos do “lucro mesquinho” da iniciativa privada parece ignorar que é perverso o Estado se apropriar arbitrariamente do lucro de outrem sem trabalhar por ele. Ou seja, é um lucro bem mais mesquinho.

Não se apregoa aqui o anarquismo. A sociedade civil precisa de governo, e, portanto, de poder estatal. Porém, uma sociedade que queira preservar sua eficiência e suas liberdades políticas e civis, deve sempre desconfiar do poder político. Estado bom é Estado mínimo. Não há nada que se imponha alguma superioridade moral do Estado, tampouco de suas estatais horrendas e deficitárias ou de suas pretensas “caridades” públicas. Os fatos estão para mostrar que a sociedade civil independente e a iniciativa privada forte e segura são os melhores exemplos de uma nação próspera e livre. Antes desconfiarmos da autoridade moral do Estado, pois aí está a nossa verdadeira desgraça, do que desconfiarmos da iniciativa privada ou de nós mesmos.

domingo, janeiro 07, 2007

O povo da fartura e os intelectuais da miséria: a ideologia de pobreza nos intelectuais!


Uma coisa parece inexplicável ao raciocínio lógico, em grande parte dos intelectuais e estudiosos das universidades públicas: o ódio terrível pela prosperidade e pelo rico. Os intelectuais que adoram verberar o chamado “social”, enchendo lingüiça com os discursos da “cidadania”, culpam como bode expiatório os ricos, os empresários, os banqueiros, os burgueses, como se eles fossem a causa motriz da miséria e desgraças do mundo. Para os nossos intelectuais acadêmicos, a riqueza é antinatural, não provém do trabalho digno, provém da “exploração”, só cabendo aos pobres o dom de tão sapientíssima virtude de continuarem pobres (como se os burgueses de hoje não fossem os pobretões de ontem).

Malgrado isso, a prosperidade individual é vista com desdém, com desconfiança, como se a acumulação de dinheiro e a busca do bem estar material não fossem um ato de previdência para o futuro e a melhoria das condições de vida, mas sim um maquiavelismo contra o pobre, contra a sociedade, e pior, contra o Estado. Se os militantes universitários não conseguem ver a riqueza em nada e somente cultuar a pobreza em tudo, por outro lado, não é por acaso que eles apregoam roubar dos ricos para dar aos pobres, porque no final de tudo, todo mundo fica pobre de vez. A riqueza para eles é produto da “alienação”, e a solução para isso é aliená-la mais ainda, ou seja, confiscar toda a riqueza, de ricos e pobres, para o sacrossanto Estado. Para evitar as “desigualdades sociais”, logo, deixemos na falência todos, nivelando por baixo todo mundo em nível igualitário e horrendo de miséria. E um poder estatal despótico estará a espreita contra àqueles que querem ser ricos.

Não é de se espantar que grande parte dos economistas universitários têm simpatias pelo socialismo e pelo estatismo. Esqueceram de falar que eles têm, no mínimo, a ideologia do “pobrismo”, ou uma síndrome de Fourier, ou a veneração da pobreza revolucionaria (que de revolucionária não tem nada, apenas a volta dos níveis de pobreza da Idade Média). Os economistas pobres de espírito, ainda que invoquem o trabalho, não acreditam-no como tal. Na verdade, eles só acreditam numa parteira histórica, chamada “violência”. É a violência, para eles, o começo de tudo, o animus da revolução. Na prática, os militantes universitários não acreditam no trabalho como intrínseco ao desenvolvimento da sociedade, e sim o poder político, que eles cultuam como o mais divino dos seres da face da Terra.

Se a média dos universitários militantes não acreditam no trabalho, não é por acaso que eles crêem que os países ricos só são ricos porque exploram os países pobres. Eles fecham os olhos quando a verdade é que estes países são prósperos, não porque foram imperialistas, e sim porque valorizaram o trabalho e a iniciativa econômica livre como baluarte da prosperidade individual e social. Se a teoria do imperialismo fosse correta, Portugal e Espanha seriam países riquíssimos, enquanto Dinamarca e Alemanha, países que não tiveram colônias, (ou no caso do ultimo, só uma colônia insignificante), seriam países pobres. A crença lendária do imperialismo só serve para inflar o ego complexado dos cidadãos dos países pobres, que incapazes de observarem as próprias mazelas, inventam um bode expiatório, a fim de negar-se às próprias responsabilidades. O pior de tudo é que até nisto eles são incompetentes. Não sabem identificar os próprios inimigos, nem reais, nem imaginários. E culpam os males sociais na economia de mercado, o que é na prática, sua maior benfeitora.

Se o rico, o burguês, o banqueiro, o empresário, o comerciante são as figuras odiadas e supostamente “empecilhos” da prosperidade e o poder opressor, a solução que os iluminados apresentam são estes: mais gerência Estatal, mais sobrecarga de tributos, “impostos sobre grandes fortunas”, mais empresas estatais, em suma, um arcabouço governamental capaz de fazer inveja ao rei absolutista. O curioso de toda esta ladainha anti-burguesa e anti-capitalista, é a incrível fantasia e discrepância lógica que se inventa do suposto poder da burguesia no Estado. A pregação universitária de mais Estado só comprova que a burguesia, no mínimo, não tem o Estado em suas mãos. Quem tem o Estado nas mãos são os políticos e burocratas, e estes são um corpo castiço bem diferente da burguesia, e em alguns casos, até hostil a ela. E a burguesia, antes de possuir poderes excepcionais, é muito mais frágil do que o poder político. Pois o poder político tem o monopólio da lei, da justiça e da polícia, e o poder econômico pode muito bem ser surrupiado pelo poder político. Os burocratas e políticos possuem mais “consciência de classe”, dentro do jargão marxista, do que os milhares, senão milhões de comerciantes, investidores e autônomos dispersos e espalhados pelo país.

Não há de se espantar se os credores nacionais e internacionais, os poupadores e toda a sorte de investidores do Estado sofrem verdadeiros calafrios nas moratórias de um governo. Pode-se decretar a falência de um empresário, com direito a massa falida e a corrida de credores atrás dele, com os papéis da dívida nas mãos. Contudo, não se pode decretar a falência da Argentina ou mesmo do Brasil. Se o Estado não paga, cada um que se vire. A sociedade paga o ônus do príncipe. Eis aí o seu enorme poder. Neste ínterim, (em contrapartida a lenda do burguês malvado) a invenção mais fraudulenta e conspiratória dos intelectuais contra o progresso econômico é o discurso do “social” e da “cidadania”, como panacéia pronta contra a miséria. Na prática, ela serve mais para o Estado, a burocracia e os políticos engalfinhem a sociedade arbitrariamente, não somente através de impostos, como de poder político, emperrando a sociedade.


Talvez esta desconfiança contra o rico seja um resquício do catolicismo medieval mais rançoso, que vê a pobreza como a abertura de portas para o céu. Destarte, a Teologia da Libertação possui grande popularidade em certos setores eclesiásticos nacionais, com seu culto a pobreza virtuosa, em contraposição a riqueza malvada e pecadora. E a associação vulgar entre catolicismo e marxismo nos seminários da Igreja Católica, não somente sublimou a reverência da pobreza como a incorporou ideologicamente. A total ignorância de economia dos militantes da Teologia da Libertação é diretamente proporcional ao seu culto paternalista pela pobreza. A resposta é só uma trupe de clérigos demagogos, politiqueiros, arrivistas e fanáticos, cujo gosto pela miséria é infame e intolerável. Na mais possível das hipóteses, é a inveja que motiva a fórmula do poder político e da revolução, como profissão e ganha-pão dos frustrados e incompetentes. A ideologia da pobreza é um princípio que não somente manipula os pobres, contudo, os faz como massa de manobra, ao bel prazer dos revolucionários profissionais. O povo, na prática, torna-se um mero mendigo do poder político usurpador. Conforme dizia um economista sueco, “os famintos não fazem revolução, eles só morrem de fome”. Ele só devia acrescentar que os revolucionários matam de fome o resto que sobra.

Se os intelectuais militantes são cúmplices da miséria ideológica e material, o povo, felizmente, não liga para elucubrações avoadas. Grande parte da população é pragmática, luta para vencer a pobreza, e em grande parte prospera. Se o país, apesar de pobre, progride, deve-se a pessoas que não temem os frutos da riqueza e a buscam. Estas pessoas comuns estão fora dos discursos literatos dos intelectuais politiqueiros e de suas regalias partidárias. Elas se enriquecem porque nada esperam do Estado, dos políticos salvadores da pátria e das inteligentzias ambiciosas e inescrupulosas. Elas esperam sim, os dividendos de seu trabalho e de seu empreendimento. É o mercado de trabalho e livre empresa que cria benefícios muito mais genuínos ao país do que as benesses sociais do Estado, até porque quem sustenta o Estado são os milhões de investidores, poupadores e trabalhadores na sociedade civil. Quem contribui, de fato, para a tal "cidadania", é a livre empresa, a livre iniciativa, o livre trabalho, cuja riqueza é naturalmente distribuída, na geração espontânea de empregos e bens de consumo mais baratos. É na associação espontânea de milhões de pessoas anônimas que mal se conhecem, mas que trocam e produzem entre si, a dinâmica que enriquece a sociedade brasileira, como a sociedade em geral.

Como dizia Joãosinho Trinta: “pobre gosta de luxo; quem gosta de miséria é intelectual”. Ele só esqueceu de dizer que é a miséria dos outros.

sábado, janeiro 06, 2007

PRECONCEITO E IDEOLOGIA: as duas palavras mais corriqueiras e tendenciosas dos meios cultos!


É muito comum nas escolas, universidades e na mídia em geral, a militância esquerdista forjar determinadas expressões, que de tão repetitivas, esvaziam o significado consciente das palavras. Tais conceitos se tornam, pela sua má utilização, uma instrumentalização disfarçada de rejeição aos indesejáveis, que não assinam determinada cartilha ideológica dominante. Malgrado o uso indevido de vários termos, idéias e palavras, dentre os chavões mais surrados, a fim de desmerecer a idéia de um rival, tem por graça, duas palavras, mágicas na boca dos meios supostamente letrados e politicamente corretos: preconceito e ideologia.

A palavra “preconceito” foi sumariamente apropriada por grupos, minorias e ONGS, no sentido de desmerecer qualquer idéia que seja oposta aos seus desmandos ideológicos. "Preconceito", na literalidade da palavra, quer dizer qualquer tipo de rejeição irrefletida, movida por desconhecimento ou ignorância. Porém, na boca de certos grupos, a palavra ganhou sentido dúbio, posto que ser preconceituoso é aquele que rejeita a idéia do grupo, independentemente de haver lógica ou não na rejeição ao fundamento. Nem toda rejeição a uma idéia implica “preconceito”. Imputar alguém a pecha de preconceito a qualquer idéia que seja oposta, é disfarçar, na pratica, um método de evitar qualquer discussão séria sobre os propósitos destes grupos e um confronto mais ameaçador. De fato, preconceito se tornou um sinônimo de nova inquisição das minorias. Intolerantes em ouvir qualquer crítica, impõem uma nova espécie de censura prévia. Como resposta, querem condenar a tudo e a todos como os novos moralistas da modernidade.


E neste lugar comum estão todos os grupos outrora "vitimados" pelo sistema: mulheres, gays, negros, etc. Pior do que toda a suposta injustiça contra estes grupos, é que eles adoram se autovitimar mais do que a injustiça sofrida, numa tirania rancorosa e irracional. São inquisidores, muito mais que os seus supostos algozes. E presumem que todas as aparentes injustiças lhes justificam melhor palavra e maiores privilégios do que o resto do mundo. Cabe notar uma questão: muitos destes conflitos são artificialmente fabricados, a fim de tornar pessoas cheias de sentimento de inferioridade, em verdadeiras massas de manobra e mão de obra barata para ONGS e organizações políticas. A radicalização ideológica, por trás destes slogans revanchistas, nada têm a ver com a busca de direitos. Há sim com a politicagem, a falsificação de problemas, para que grupos mais obscuros reivindiquem mais poder de ditar normas arbitrarias a sociedade.
Afirmar, muitas vezes com razão, que muitas feministas ranhetas são lésbicas, que alguns movimentos negros são racistas e odeiam os brancos e que os gays são sexualmente depravados, é anátema. O individuo que tiver essa coragem será taxado e sumariamente condenado de “preconceituoso”, senão condenado ao ostracismo e a fogueira. Seguir assumidamente a fé católica ou protestante, crer em princípios morais conservadores, é sinônimo de deplorável moralismo hipócrita ou aberração primitiva. Em contrapartida, as feministas radicais se acham no direito de apontar o dedo a condenar o macho, os negros adoram demonizar os brancos por todos os males possíveis, os gays se locupletam em denegrir a família, as relações heterossexuais e dizer, no desespero da busca do consenso, que “todo mundo é veado, até que se prove ao contrário”. Existem mil e uma formas não de concordar com as idéias destes grupos, com argumentos racionais e coerentes. Na prática, esses grupos se mostram, rotulando a tudo e a todos de “preconceituosos” sem uma justificativa lógica, literalmente preconceituosos, visto que não se deixam prestar contas de suas idéias a um debate sério, e antes cerceiam o direito de alguém contestá-los do que refutá-los com coerência. De fato, a ditadura politicamente correta oficializou, legal e culturalmente, as verdadeiras minorias em nossas sociedades democráticas: os católicos, os protestantes, os brancos, os homens honestos e machos, e os conservadores em geral. Enquanto homossexualidade militante, negritude racista e feminismo histérico detêm privilégios específicos, o inverso torna uma boa parte das pessoas da humanidade como cidadãos de segunda classe!


Se o preconceito como palavra cumpre o seu papel como um chavão mistificador, a “ideologia” ,como argumento, é um termo utilizada como justificativa da mais completa apelação demencial. Quando um militante diz que tudo é “ideologia”, é porque o método é relativizar os princípios que não estejam de acordo com a sua cartilha partidária. Pior, a relativização tem como uso, não provar uma verdade em si, mas deturpá-la, em nome de um fanatismo ideológico, antes no intento de impor uma idéia do que comprová-la. O ideólogo não tem o menor compromisso de provar nada substancialmente correto e objetivo, e, sim, justificar uma projeção platônica, ainda que em detrimento da realidade. Se não há a busca honesta de concepções objetivas entre verdade e erro, a prática da ideologia se torna a luta do “meu lado” e do “lado deles”. Ou seja, manipula-se a idéia ao bel prazer, no jogo desonesto de ganho e perda, de quem convence mais, ainda que não possuindo a menor razão. O importante aí não é ter razão, é convencer, conquistar sofisticamente as massas. Se alguém disser e provar que capitalismo gera mais riqueza e progresso do que comunismo, ou que a democracia burguesa é melhor do que o centralismo democrático de Lênin, o ideólogo apelará ao diagnostico de “contaminação da ideologia burguesa” (como se a diferença de um e outro fossem somente observações de idéia e não de fatos).
Se até hoje, nas universidades publicas, todo mundo se diz socialista, ainda que empiricamente viu-se a derrocada indelével do socialismo e de todas as atrocidades ditatoriais destes regimes, é porque o ideólogo, munido de um grosseiro fanatismo, não consegue discernir o que é realidade e o que mera projeção de realidade, o hiato da ideologia que prega e o que ela é no mundo real. Destarte, ideologia e preconceito são lugares comuns disfarçados de censura de grupos radicais que não se agradam com as críticas alheias. “Ideologizar” um debate é um mecanismo desonesto de intelectuais e ideólogos de fugir de toda observação mais elementar e concreta, e relativizar como mera projeção platônica às idéias alheias (e inclusive às próprias, posto que isenta a idéia de qualquer mácula, que não se da ao trabalho de ser observada no plano real). E “preconceito” é um Index Librum Prohibitorum contra qualquer pessoa de juízo, que resguarde valores diferenciados e que discordem desta hegemonia grosseira de opiniões e idéias irrefletidas. As idéias em si não se confundem com ideologias, coisa óbvia para uma criança e para uma pessoa normal que tenha os cincos sentidos. Só que os ideólogos querem mostrar, com artifícios retóricos e obscuros, que pau é pedra e ossos são ouros. E quando são desmascarados pela realidade e por argumentos sensatos, refugiam-se nas muralhas fantasmagóricas das crenças ideológicas e supostamente antipreconceituosas, para não prestar explicações de seus fracassos.

Não se quer negar a liberdade de tais grupos em apregoarem o que pensam. Tampouco aqueles que são mais radicais, na divulgaçao de suas reivindicações. Para grupos mais sérios, as exigências de direitos iguais às mulheres, aos negros a aos gays são legítimas. Todavia, isto não os imuniza de criticas, tanto quanto não lhes dá o direito de prejulgar o resto sem também sofrer questionamentos. Numa sociedade verdadeiramente democrática, não se deve a determinados grupos a monopólio ditatorial de opiniões. Em nome da liberdade de expressão, qualquer pessoa é livre para emitir seus pensamentos como queira, sem a interferência autoritária de qualquer grupo. E qualquer idéia que seja exposta publicamente, deve ser passível de discordância. O que não se pode dispor é que certos grupos queiram o monopólio da moral e da verdade. Porque isto, na prática, não o possuem. E ouvindo o lado oposto, podem muito aprender, em vez de quererem imaturamente ditar despoticamente para o resto.