Este texto foi publicado em um antigo site, no dia 10 de maio de 2005. A história de um professor universitário, acusado injustamente de "racista" pelos grupos da ku klux klan negra da Universidade de Brasília, e a tentativa de censura do blog evangélico de Júlio Severo por militantes homossexuais, fez-me recordar desse artigo. Eu escrevi na época em que o PT queria criar uma "cartilha politicamente correta" para o público, policiando linguagens e pensamentos alheios. Na época, todo mundo achou graça e ninguém levou a sério. Agora que o totalitarismo petista é hegemônico nas universidades, (como aliás, sempre teve influência, porém, está soltando suas garrinhas), nada melhor do que republicar este texto, que é a mostra da atualidade da miséria espiritual, intelectual e política brasileira.
Se houvesse uma ditadura petista tal, que controlasse até nossa gramática, não falaríamos mais palavrões, não teríamos mais ironias, não teríamos mais piadas ou deboches, enfim, não riríamos mais. É pior, não teríamos mais palhaços pra rir, já que estamos proibidos de fazer qualquer menção a eles, pois poderiamos ofendê-los. É pior, além de sermos proibidos de pensar com nossa linguagem, ainda seriamos proibidos de identificar nossos censores: OS COMUNISTAS! ISSO MESMO, OS COMUNISTAS! Seriamos, acima de tudo, um povo idiotizado, um povo sem nexo lógico das palavras, repetindo cartilhas de gramática digna do romance de 1984, de George Orwell. Domesticados por uma linguagem incompreensível e cada vez mais pobre, seriamos proibidos até de pensar. Seria não somente a ditadura do mudismo gramatical, como da língua presa petista.
É isso que explica a publicação pífia da “cartilha politicamente correta” do governo federal, sancionada pela Secretaria Especial de Direitos Humanos (não seriam direitos bovinos ou asnáticos?), sugestionando tirar algumas palavras do vocabulário cotidiano, por serem consideradas “ofensivas”. O que é grosseiro nas mistura de estupidez e burrice governamental, é a prepotência com que este pessoal ignorante se autoriza a controlar nosso modo de falar, a naturalidade das expressões do povo e da língua. Quando se reprime palavras do vocabulário, por mais chulas que sejam, se está apenas podando os sentimentos e expressões com que a população conceitua as situações ou fatos que vê. O politicamente correto não é somente uma expressão de imbecilidade: é uma forma de engenharia social, para controlar nosso pensamento e moldar nossa visão de realidade, alienando a nossa compreensão do mundo, esvaziando o sentido da linguagem. Reprimindo as expressões e podando-as, está se podando a nossa própria forma de pensamento, a nossa própria capacidade de gerar valores dentro da linguagem e a percepção mesma da realidade.
Vejamos a maluquice. Diz o besteirol politicamente correto: não devemos comparar as pessoas com falta de seriedade aos palhaços, porque estes precisam ser levados a sério. Se um dia o palhaço for levado a sério, a profissão do riso estará extinta. Coitado dos palhaços, eles agora serão levados a sério! O governo quer monopolizar a palhaçada! Isto sem contar que, na gramática totalitária petista, devemos evitar palavras jocosas as prostitutas, tais como “mulher de vida fácil” ou “mulher da vida”, porque elas são trabalhadoras e mulheres tão sérias quanto à mulher recatada que se escolhe como esposa. São “profissionais do sexo”, e como tais, fazem imensos sacrifícios, como agradar turistas e trazer divisas para o país. Que muitas mulheres militantes esquerdistas tenham má fama sexual, vá lá, elas não se interessam pela dignidade pequeno-burguesa das verdadeiras mulheres honestas, mães primorosas e esposas fiéis. Como as prostitutas são colocadas no mesmo nível de respeito à mulher honesta, não iremos muito longe quando alguém for xingado de “filho da puta”, achando uma honra bastante elevada tamanha lisonja à própria mãe.
Vou me lembrar disto quando xingarem a mãe do Presidente Lula. Será uma honra para ele, já que sua mãe, supostamente, na cartilha politicamente correta, deva ser uma profissional do sexo, digamos, “liberal”. Se ela vivesse, quem sabe não deveria ter pedido uma carteira assinada e uma aposentadoria?! E haja aposentadoria! Eu não conheço nenhum petista guerrilheiro que tenha aposentadoria que não seja polpuda!
Eu ainda me lembro, há tempos atrás, de uma deputada petista exigindo que o vocabulário mudasse o sentido comum de “mulher pública” de prostituta, para o sinônimo de mulher que participa da política. “Mulher pública” teria o mesmo sinônimo de “homem público”, tal como deputado, senador ou governador. Da próxima vez, quem sabe chamaremos todas as petistas de prostitutas, porque seriam “mulheres públicas”, logo estadistas! E os homens públicos seriam prostitutos (e olha que alguns são mesmo!).
Não vamos longe. Para os petistas, tudo que lembre algo com a denominação de “negro” ou “preto”, é sinônimo de racismo. O militante socialista brasileiro médio é histérico quanto a isso. Quando faz parte de um movimento negro então, é um esquizofrênico crônico. Ele crê piamente que o racismo nos Eua é melhor do que no Brasil, precisamente porque lá o racismo é declarado, ao contrário daqui, que é “escondido”. Ou seja, é mais sincero e menos odioso um racismo em que grupos racistas brancos penduram um negro numa árvore do que os meros xingamentos bobos que muitos pardos fazem a negros. Percebe-se a macaquice de imitar neuroticamente a cultura norte-americana, naquilo que ela tem de pior. Isso porque, crendo que todo mundo é racista escondido, o militante negro médio quer procurar o racista oculto que há em qualquer coração brasileiro. Só falta a ditadura politicamente correta se tornar uma inquisição e colocar sob tortura o malvado racista, a fim de ouvir uma confissão de sua heresia.
Atualmente, negro não é negro e nem preto. Então como vamos chamar os negros? Queimados? Carvões? Grafites? morenos? Urubus? Azulões? Não, a moda agora é chamar os negros de afro-brasileiros. Quando um politicamente correto da vida nos ouvir afirmar que a “coisa está preta”, ele vai nos dizer, censurando: - isso é racista, a coisa está afro-brasileira! Não vamos mais dizer que a “coisa está preta”, tanto quanto a noite é escura. O militante negro doente mental não percebe que o contraste entre o branco e negro é relacionado a luz clara e trevas escuras e não a cores raciais. O que os militantes fanáticos afro-lunáticos querem é proibir até de definirmos a sensações ópticas das cores da luz e das trevas, em nome de suas neuroses raciais.
O pior de tudo é que a cartilha mostra ser muito mais racista do que o próprio cidadão comum, ao proibir a palavra “negro” como sinônimo de identidade da população negra. Tampouco agora poderemos comparar os trejeitos efeminados de um homossexual com o bambi, o veado ou a sapatão. As figuras de linguagem que identificam algo que nos parece caricato, aos partidários petistas do Big Brother, é digno de censura. Querem reprimir até expressões regionais consagradas, como “baitola”. Querem ditar para nós o que devemos falar. Sô falta nos dizer que ser homossexual é lindo. Ou quem sabe é virtuoso ser filho da puta, por que as putas merecem respeito?!
Isso não é o bastante. Tais cartilhas não querem apenas castrar nossa linguagem, querem impor um tipo de anti-moral, em que reprimem o riso e o humor, numa espécie de carolice às avessas. Tem gente que vê maldade até no anedotário e nas piadas. A partir em diante, não poderemos dizer em nossas piadas, que os portugueses são burros, os judeus e árabes são gatunos e avarentos com nariz adunco. Não poderemos contar que os nordestinos têm cabeça chata, que os gaúchos são viados enrustidos, que os japoneses têm falo pequeno ou que os efeminados são cômicos e, tampouco, zombar dos negros, dizendo horrores deles. Ou quem sabe os gordos, os magros, as mulheres. Imaginem então os estereótipos vulgares e os palavrões do povo, que fazem a diversão da linguagem? Da mesma forma que querem elevar prostitutas e homossexuais ao nível de recato digno de uma donzela, querem proibir os nomes feios que damos a eles. O problema da esquerda e de todos os neuróticos afins, sejam gays, negros e feministas, é que eles não têm senso de humor. O mundo deles é de ódio e ressentimento. Mais cômico ainda é que, no fundo, eles são uma completa caricatura, são humorísticos por excelência. Os seus ódios, os seus sentimentos de inferioridade são puramente caricatos, no sentido que se dá a uma boa comedia. Eis o problema deles. Levam-se a sério demais, enquanto apenas inspiram o ridículo. No final são motivos de piadas, tanto quanto se contava piadas de padres e beatas. É uma espécie de humor involuntário.
Porém, eis a grosseria do governo “politicamente correto”: proibir a palavra “comunista”, por ser “pejorativa”. Diz o besteirol petista: “Contra eles foram inventadas calúnias e campanhas de perseguição que resultaram em assassinatos em massa, de caráter genocída, como durante o regime nazista na Alemanha”. Como é que vamos chamar o Partido Comunista do Brasil, já que faz parte do PT? Se isso não fosse uma falsificação grotesca do sentido das palavras, seria apenas uma falsificação da história, pois os comunistas foram os únicos, junto com os nazistas, que mataram e caluniaram em massa na história. Os comunistas foram, historicamente, os piores mentirosos e assassinos que a história já registrou. As execuções sumárias e a repressão política brutal bolchevista, ainda na Revolução Russa de 1917, os expurgos de Stalin, os campos de concentração gulags, o genocídio e outros elementos odiosos de crueldade são fatos reais e não calúnias de seus inimigos. Ser “comunista” é uma palavra que tem tudo pra ser pejorativo. Aliás, pode-se achar que os petistas fazem aí um ato falho: se eles acham os comunistas pejorativos, deve ser precisamente porque a consciência oculta deles revela o pensamento. No final, eles acabam por assumir a ruindade da palavra, na boca de quem os detrata.
Todavia, não era essa a intenção do governo. Incrível é proibir o direito do povo de ver a verdade, ou seja, de achar os comunistas pejorativos. No final, não vamos mais identificar os atos cruéis dos comunistas, os projetos odiosos dos comunistas e as ditaduras comunistas, conceituando-as de “COMUNISTAS”. Caindo nessa novilíngua de 1984, um escritor famoso disse que o projeto petista é “fascista”. Mas é isso que o PT quer: não quer que o povo veja seus censores, seus futuros escravizadores. O nome é certo e preciso: SÃO COMUNISTAS. Ver algo fascista dentro do comunista é uma perversidade lingüística, que só mesmo o esquerdismo mais doentio é capaz de fazer. A esquizofrenia comunista é capaz de ver até os seus inimigos nos seus próprios atos. Eles nunca assumem suas sujeiras. Ainda que o governo seja comunista, a violência seja comunista, o partido seja comunista, quando as sujeiras do Partido são vistas às claras, a culpa é dos fascistas inexistentes. O mesmo raciocínio que se aplica ao escritor estupefato, o PT quer que o povo pense assim.
Nelson Rodrigues, com razão, dizia que o comunismo é o pesadelo humorístico da história. Eles conseguem ser cômicos, sem riso, sem graça, sisudos, cônscios de sua seriedade no ridículo.No entanto, só conseguem ser realmente engraçados, quando nós, cidadãos comuns, estamos fora do controle e da loucura deles. No controle deles, querem reprimir o humor, o riso, a espontaneidade. O pior é que a histeria quer reprimir todo tipo de linguagem espontânea. Eles não se locupletam em censurar palavras e expressões do cotidiano: querem censurar livros, revistas, poesias, piadas, internet, tudo. É um despotismo em que os medíocres, invejosos, recalcados, cretinos, burros, querem ditar os costumes e padrões aos mais livres, autênticos e inteligentes.
Eu tenho é pena do palhaço. Ele é agora obrigado a ser levado a sério. De tão reprimido que ele é pela seriedade petista, ninguém vai mais rir dele. Se ele contar uma piada, debochar de alguém ou ridicularizar o governo, pode ser preso pela policia da gramática estatal, junto com uma legião de militantes organizados e fanáticos. Palhaço é pra se levar a sério, não é pra rir não! O governo leva tanto a sério o palhaço, que quer ser um. Pobre palhaço! Chora palhaço! Piange Pagliatti!