“Há uma frase muito citada no discurso de posse do Presidente Kennedy: ‘Não pergunte o que sua pátria pode fazer por você – pergunte o que você pode fazer pela sua pátria’. (...) Nenhuma das duas metades da declaração expressa uma relação entre cidadãos e seu governo que seja digna dos ideais de homens livres numa sociedade livre. A frase paternalista ‘o que sua pátria pode fazer por você” implica que o governo é o protetor, e o cidadão, o tutelado – uma visão que contraria a crença do homem livre em sua própria responsabilidade com relação a seu próprio destino. A frase organicista ‘o que você pode fazer por sua pátria’ implica que o governo é o senhor ou a deidade, e o cidadão, o servo ou o adorador. Para o homem livre, a pátria é o conjunto de indivíduos que a compõem, e não algo acima e além deles. (...) (o homem livre) considera o governo como um meio, um instrumento – nem um distribuidor de favores e doações nem um senhor ou um deus para ser cegamente servido e idolatrado.”
Milton Friedman (1912- 2006)
Até hoje eu me recordo do pensamento de uma amiga, que foi escolhida para ser oradora da turma de minha formatura, no curso de direito. Faço minhas lembranças, pois nada me apavorou mais do que aquele discurso e sua monstruosidade lógica, por trás das palavras bonitas. Ela dizia que os alunos da universidade pública deviam retribuir à sociedade, naquilo que ela pagou aos formandos. A colega não percebeu, que por trás das boas intenções de se “retribuir à sociedade”, coloca o indivíduo num status inferior. A “sociedade”, neste caso, torna-se um totem, um objeto abstrato de culto e proprietário do cidadão comum. Aliás, ela faz uma confusão semântica entre Estado e sociedade, como se a sociedade fosse um reflexo da organização e centralização do poder estatal. Em outras palavras, a “sociedade” é o Estado, representado pela universidade pública. E o cidadão comum, eterno devedor dessa “sociedade”, é um servo agradecido por uma dádiva dos céus. O discurso dela é reflexo de algo muito mais profundo, que contaminou a alma de uma boa parte da humanidade: a possessão ideológica do Estado totalitário no século XX. Hobbes foi bastante feliz em representar o Estado como Leviatã, o gigantesco peixe bíblico, que acaba engolindo os peixes pequenos, os cidadãos comuns. O Leviatã não engole apenas os civis: ele os enfeitiça com seu poder. E no final, ele os consome. Insaciável, por vezes, ele não poupa nem suas próprias entranhas, de tão destrutivo que é. Exemplos fatais são até corriqueiros. O surpreendente é a legião de possessos do século XX, capazes de se sacrificarem pelo Leviatã. É um dos maiores enigmas de nossa história contemporânea.
Recentemente, assisti a um filme sobre a vida de Olga Benário; militante alemã, judia e comunista, foi amante do famoso Luis Carlos Prestes, líder espiritual do PCB. Baseia-se no livro de Fernando Morais, “Olga”, e narra uma história romanceada, que é pura propaganda política. Muitas universitárias de cabelos longos e idéias curtas já leram o livro, achando que é uma novela. Algumas até se emocionam, tal como as dondocas que lêem romances açucarados de bancas de revistas. Mas o enredo do livro de Morais é qualquer coisa, menos histórico. De fato, é uma novela, já que o livro é uma mistura funesta de ficção e realidade. Há mocinhos e bandidos, stalinistas santos e fascistas ardilosos, o maniqueísmo ideológico do bem e mal personificado em indivíduos. . .
E como não devia deixar de ser nos filmes brasileiros, a história é um choramingo de hagiografia esquerdista: Olga é exaltada como uma comunista idealista, capaz de salvar o mundo da maldade humana, personificada pelos fascistas, capitalistas, nazistas e toda sorte de reacionários do Brasil e do mundo. Junto com Prestes e o komintem, participou da rebelião comunista de 1935. Presa pela polícia do capataz Filinto Muller, o governo Vargas, farto da bondade humana da esquerda, deportou-a para a Alemanha nazista. Lá, a pobre judia foi trancafiada num campo de concentração e morreu numa câmara de gás.
Isso seria real, se não fosse por um detalhe: Olga Benário e Prestes foram fieis cães de guarda do gigantismo do Leviatã, os possessos fanáticos de sua força. Eram espiões de Stalin e fiéis defensores do tirano. Inclusive, Prestes foi mentor intelectual do assassinato de Elza, a esposa do secretário do Partido Comunista Brasileiro. O livro de Fernando Morais e o filme falsificam de forma grosseira a história. Relatam-na como “provocateur"ou seja, como traidora do Partido, que entregou informações valiosas à policia brasileira. Na verdade, a jovem nem era militante e nunca entregou absolutamente nada. Há relatos históricos comprovados de que muitos camaradas do partido tinham perfeita consciência de que a mulher era inocente. Entretanto, Prestes nem titubeou: não estava interessado na inocência dela. Mandou executá-la sumariamente, estrangulando-a. Cinicamente, membros do partido comunista mandavam noticias da jovem ao secretário, preso nas masmorras de Vargas, afirmando que ela ainda vivia e em segurança. Esse era o tipo idolatrado de pessoas que representavam Prestes e Olga. Eles, embora criminalizassem os fascistas, faziam vistas grossas aos expurgos e assassinatos em massa patrocinados pelo Partido Comunista na União Soviética. E pela lógica sombria, queriam alargar esse sistema de terror sobre o Brasil e toda a humanidade. O Leviatã é implacável: engole a todos e é ainda autofágico. É como a revolução, que guilhotina a torto e a direito, até a lâmina chegar no pescoço dos guilhotinadores. Há de se lembrar que a revolução é a mãe do Leviatã moderno, e seu espírito de guilhotina se torna lei, quando a revolução dá a luz ao poder estabelecido. Nada mais correto em afirmar que a revolução é a opinião que adquiriu algumas baionetas. . .ou que sabe algumas guilhotinas.
Milton Friedman (1912- 2006)
Até hoje eu me recordo do pensamento de uma amiga, que foi escolhida para ser oradora da turma de minha formatura, no curso de direito. Faço minhas lembranças, pois nada me apavorou mais do que aquele discurso e sua monstruosidade lógica, por trás das palavras bonitas. Ela dizia que os alunos da universidade pública deviam retribuir à sociedade, naquilo que ela pagou aos formandos. A colega não percebeu, que por trás das boas intenções de se “retribuir à sociedade”, coloca o indivíduo num status inferior. A “sociedade”, neste caso, torna-se um totem, um objeto abstrato de culto e proprietário do cidadão comum. Aliás, ela faz uma confusão semântica entre Estado e sociedade, como se a sociedade fosse um reflexo da organização e centralização do poder estatal. Em outras palavras, a “sociedade” é o Estado, representado pela universidade pública. E o cidadão comum, eterno devedor dessa “sociedade”, é um servo agradecido por uma dádiva dos céus. O discurso dela é reflexo de algo muito mais profundo, que contaminou a alma de uma boa parte da humanidade: a possessão ideológica do Estado totalitário no século XX. Hobbes foi bastante feliz em representar o Estado como Leviatã, o gigantesco peixe bíblico, que acaba engolindo os peixes pequenos, os cidadãos comuns. O Leviatã não engole apenas os civis: ele os enfeitiça com seu poder. E no final, ele os consome. Insaciável, por vezes, ele não poupa nem suas próprias entranhas, de tão destrutivo que é. Exemplos fatais são até corriqueiros. O surpreendente é a legião de possessos do século XX, capazes de se sacrificarem pelo Leviatã. É um dos maiores enigmas de nossa história contemporânea.
Recentemente, assisti a um filme sobre a vida de Olga Benário; militante alemã, judia e comunista, foi amante do famoso Luis Carlos Prestes, líder espiritual do PCB. Baseia-se no livro de Fernando Morais, “Olga”, e narra uma história romanceada, que é pura propaganda política. Muitas universitárias de cabelos longos e idéias curtas já leram o livro, achando que é uma novela. Algumas até se emocionam, tal como as dondocas que lêem romances açucarados de bancas de revistas. Mas o enredo do livro de Morais é qualquer coisa, menos histórico. De fato, é uma novela, já que o livro é uma mistura funesta de ficção e realidade. Há mocinhos e bandidos, stalinistas santos e fascistas ardilosos, o maniqueísmo ideológico do bem e mal personificado em indivíduos. . .
E como não devia deixar de ser nos filmes brasileiros, a história é um choramingo de hagiografia esquerdista: Olga é exaltada como uma comunista idealista, capaz de salvar o mundo da maldade humana, personificada pelos fascistas, capitalistas, nazistas e toda sorte de reacionários do Brasil e do mundo. Junto com Prestes e o komintem, participou da rebelião comunista de 1935. Presa pela polícia do capataz Filinto Muller, o governo Vargas, farto da bondade humana da esquerda, deportou-a para a Alemanha nazista. Lá, a pobre judia foi trancafiada num campo de concentração e morreu numa câmara de gás.
Isso seria real, se não fosse por um detalhe: Olga Benário e Prestes foram fieis cães de guarda do gigantismo do Leviatã, os possessos fanáticos de sua força. Eram espiões de Stalin e fiéis defensores do tirano. Inclusive, Prestes foi mentor intelectual do assassinato de Elza, a esposa do secretário do Partido Comunista Brasileiro. O livro de Fernando Morais e o filme falsificam de forma grosseira a história. Relatam-na como “provocateur"ou seja, como traidora do Partido, que entregou informações valiosas à policia brasileira. Na verdade, a jovem nem era militante e nunca entregou absolutamente nada. Há relatos históricos comprovados de que muitos camaradas do partido tinham perfeita consciência de que a mulher era inocente. Entretanto, Prestes nem titubeou: não estava interessado na inocência dela. Mandou executá-la sumariamente, estrangulando-a. Cinicamente, membros do partido comunista mandavam noticias da jovem ao secretário, preso nas masmorras de Vargas, afirmando que ela ainda vivia e em segurança. Esse era o tipo idolatrado de pessoas que representavam Prestes e Olga. Eles, embora criminalizassem os fascistas, faziam vistas grossas aos expurgos e assassinatos em massa patrocinados pelo Partido Comunista na União Soviética. E pela lógica sombria, queriam alargar esse sistema de terror sobre o Brasil e toda a humanidade. O Leviatã é implacável: engole a todos e é ainda autofágico. É como a revolução, que guilhotina a torto e a direito, até a lâmina chegar no pescoço dos guilhotinadores. Há de se lembrar que a revolução é a mãe do Leviatã moderno, e seu espírito de guilhotina se torna lei, quando a revolução dá a luz ao poder estabelecido. Nada mais correto em afirmar que a revolução é a opinião que adquiriu algumas baionetas. . .ou que sabe algumas guilhotinas.
Os comunistas não foram poupados da fúria sanguinolenta de seu monstro. Os sobreviventes da Intentona Comunista de 1935 que voltaram para a Rússia, quase todos foram esmagados pelo maquinário soviético. Não sobrou quase ninguém pra contar a história. Até os cúmplices em massa da matança foram assassinados. Yagoda e Yezhov, chefes da policia política soviética e notórios alimentadores do monstro marinho, foram sugados pela boca do peixe. Sobrou Stalin, o cérebro do monstro. Isso porque há situações em que o Leviatã come o próprio cérebro. Certamente pessoas como Olga Benario e Prestes sabiam dessas histórias. Porém, esse tipo de gente diz amar a humanidade em geral, e odeia a humanidade em particular.
A maior tragicidade do século XX é o sacrifício cego, irrefletido, fanático, da própria individualidade pela ideologia do Leviatã. Os seus seguidores não só sacrificam sua própria individualidade, como também a individualidade alheia. Encarnam uma força indômita, demoníaca, que apossa dos espíritos e os enerva, suprime, rebaixa. Olga Benario não foi somente esmagada pelo totalitarismo nazista: uma espiã soviética estava muito abaixo das virtudes de uma pessoa normal. Pelo contrário, a lógica dos campos de extermínio nazista seria perfeitamente aceitável a Olga, se ela fosse chefa de um Gulag. A militante comunista renunciou à sua família, à uma vida normal, por uma causa, que levada na íntegra, é patológica, doentia. Que dirá de Luis Carlos Prestes? Ele, anistiado por Vargas, depois de dez anos de prisão, acabou por apoiar o velho algoz de sua mulher. Lembremos, Olga não era somente amante de Prestes: era também mãe de sua filha. Imaginem alguém sacrificar sua dignidade, a ponto de apoiar um sujeito responsável indiretamente pela morte da mãe de seu filho? Todavia, para Prestes, a causa revolucionária do Leviatã valia mais do que a morte de sua mulher. Relembrar a história trágica de sua amante é algo supérfluo, perto das forças demoníacas e sedutoras da causa totalitária. Já dizia Stalin, que a morte de uma pessoa é uma calamidade, e a morte de milhões, uma estatística. Olga Benário poderia ser única, mas era apenas uma estatística, um pequeno preço a ser pago dentro da grandiosidade hipotética do futuro comunista. O gigantesco monstro marinho engoliu a alma dos dois. De Prestes, apenas sobrou-lhe o corpo. De Olga, nem isso!
Tal demonstração é apenas um pequeno arcabouço de coisas bem piores: há uma história na Rússia de Stalin, que reflete esse grau de anulação total do ser humano, em nome de sacrifícios inúteis a uma força abstrata, invisível e maligna. Foi em 1932, época da grande guerra que os bolchevistas moveram contra os camponeses kulaks, coletivizando a agricultura e reduzindo os cidadãos do campo a servos estatais. Pavlik Morozov era um garoto, filho de camponeses kulaks, que, fanatizado com a propaganda comunista nas escolas russas, ameaçou denunciar os pais e avós para a policia política soviética. No auge da fome, a família do rapaz escondia grãos de alimentos e bois de arado, temendo que fossem confiscadas pelo Estado soviético. Lutavam pela sobrevivência, já que a expropriação estatal de insumos e grãos causou uma brutal carestia de alimentos. Sabendo-se da ameaça de delação do jovem, a família não teve outro jeito senão matá-lo. Descoberto o assassinato, toda a família do garoto foi presa e deportada, sendo todos executados. O mais monstruoso dessa história foi o Estado soviético ter tornado Morozov um herói, precisamente porque era capaz de trair os pais em nome da causa revolucionária. Durante um bom tempo, as crianças soviéticas foram doutrinadas nas escolas a cultuarem a memória de Morozov e a delatarem seus próprios pais. O Estado nazista fazia este mesmo tipo de patrulhamento nas crianças alemãs: os pequeninos se tornaram mera extensão da policia política, a fim de policiarem os próprios familiares. Daí o surgimento da Juventude Hitlerista, do Komsomol e de todos os espécimes juvenis criminosos dos regimes totalitários. A alma das crianças foi estatizada. E o Estado aniquilou todos os laços de humanidade do delator: sua família, seus amigos, sua esposa, seu filho, seu pai, sua mãe, e todo seu círculo mais caro de afeto. O Leviatã despreza tanto as pessoas traídas, quanto as traidoras: são como os kapos judeus que, reduzidos a vira-latas da SS, entregavam seus concidadãos judeus. E tal como fizeram com o personagem Winston Smith, na novela de George Orwell, “1984”, o Estado mete a bala no leal servo do Leviatã, agradecido pelo projétil na nuca.
Lamentavelmente, as crianças são apenas uma parte da engrenagem totalitária. Até porque o Leviatã, ciumento de adoração divina, esmaga os indivíduos e seus laços pessoais, numa cultura insuportável de traições mútuas. Destrói os laços mais sinceros de solidariedade, enquanto os força numa cumplicidade lunática com a lógica criminosa do Estado. Hannah Arendt, em sua obra, “As Origens do Totalitarismo”, dizia que a sociedade totalitária sufoca o indivíduo até sua nulidade. Aliás, ela dizia, com razão, que o Estado totalitário acha que cumpre uma faculdade superior da natureza ou da história, sem ter nenhuma relação com o bem estar individual, ao esmagar a sociedade civil. É tudo em nome da “sociedade”, do “Estado”, da “classe”, da “raça”, etc. Por esta razão é que se faz crimes monstruosos e sacrifícios absurdos, em nome de uma coletividade em abstrato. O indivíduo é apenas um peão de uma engrenagem maior, descartável quando desnecessário ao sistema.
Por falar em traição, em Cuba, famílias inteiras são dilaceradas pela cultura policial da ilha-prisão. Para falar a verdade, quando o Leviatã domina uma sociedade, todo um país se torna um gigantesco campo de concentração de prisioneiros, kapos, policiais e o chefe maior do campo, o ditador. Cuba é uma prisão de Alcatraz no Caribe, com 11 milhões de pessoas detidas. Cidadãos cubanos, fiscalizados pelos CDR´s (comitês de defesa da revolução), são obrigados a fazer relatórios de seus vizinhos, seus amigos e até de seus familiares, com o intuito de serem cúmplices da própria escravidão. O Estado incentiva a fofoca mútua, com o intento de descobrir os “gusanos” contra-revolucionários reais e imaginários. Um escritor cubano exilado escreveu uma história assim: chamado pelo CDR e reticente em denunciar os amigos, o burocrata do partido comunista joga toda a papelada na mesa, com os relatórios de amigos e parentes, comentando os passos do pobre literato. Isso não é muita novidade em Cuba: lá, poetas agradecem pela prisão, fazem “auto-crítica” e ainda delatam parentes e amigos. Foi assim com o poeta Herberto Padilla; além de ter sido preso, humilhado e obrigado, na marra, a admitir erros que não cometeu, ainda acusou a esposa de subversão ao regime. Claro, esse casal nem agüentou: pegou a primeira mala e foi pra Miami, pra nunca mais voltar! Nelson Rodrigues dizia que o socialismo produz o anti-humano, a antipessoa. Perfeita descrição!
Contudo, os possessos do leviatã não apenas vivem em terras onde ditadores mandam e desmandam, enfeitiçados pela loucura do monstro: as democracias estão povoadas de possessões desse tipo. A revolução cultural politicamente correta é um arquétipo adaptado de uma cultura totalitária na democracia. O feminismo radical, o movimento negro racista, o gay militante e toda sorte de rejeitados, são devotos do Leviatã, crédulos da ilusão totalitária que promete o paraíso, mas ameaça massacra-los. A feminista mediana hostiliza o macho, odeia os maridos, rejeita a maternidade e anula a feminilidade, enquanto presta culto cego ao tirano abstrato que a rejeita. Na verdade, o tirano abstrato ri de sua desagregação pessoal, de suas reivindicações infantis. A feminista enragé é uma vestal do Estado, uma assexuada das ideologias. O militante negro racista, insuflado pelo ódio vazio da raça, vira instrumento de divisão social e alimenta mais ainda a segregação que tanto condena. O culto tribal das origens africanas extintas o isola da sociedade ocidental que o acolhe nas democracias. Lembra o nazismo, com suas idolatrias fictícias às Valquírias e aos deuses pagãos germânicos. Qual negro ocidental e cristão, em sã consciência, vai voltar às origens do vodu e da umbanda? E o “orgulho gay” militante é uma espécie de compensação psicológica de pessoas, que no fundo, são sofridas e frustradas, crentes na idéia de que a engenharia social pode moldar a moral por decreto. Não é isto que significa a lei contra a discriminação sexual? Uma tentativa do Estado de querer moldar nossas crenças, valores morais e até preconceitos? Quem são os homossexuais para moldar as crenças alheias, em favor de seus próprios credos e preconceitos? Será que vão processar a Igreja Católica e as demais igrejas Protestantes porque que não aceitam gays? Tais manifestações culturais são formas policiais de comportamentos, idéias e linguagens. Disfarçam a possessão totalitária implícita do discurso das minorias. Será estranho que essas minorias tenham, justamente, simpatias por regimes socialistas?
O interessante é que somente as sociedades democráticas têm escrúpulos para ouvir minorias. E, no entanto, querem a escravidão, contanto que o ogro filantrópico estatal os mimem. Ainda ouço a prédica de um militante homossexual e comunista que esperneia: Cuba tem o melhor sistema de saúde do mundo! Verdade, os gays são tratados como doentes mentais e confinados em campos de concentração, porque lá se presume que gays são “pessoas anti-sociais” com "desvios burgueses". Minorias não valem absolutamente nada no Estado socialista. Pra falar a verdade, nem as maiorias valem. Só valem como rebanho.
Muitos socialistas sabem das tragédias que defendem. Os cubanófilos brasileiros conhecem perfeitamente o alto grau de miséria espiritual, moral e material que passa o povo cubano. Em contrapartida, como são possuídos pela ideologia, fazem filtros da realidade, para camuflar os fracassos. Eles sabem que mentem. Todavia, eles acham que o terror e a miséria moral compensam o preço da ideologia que defendem. Vale a pena mentir, matar, destruir pelo que eles querem construir. Quem dizia isso era o dramaturgo Brecht, pois em nome do comunismo vale tudo. Que sociedade eles querem construir, destruindo tudo? Ridículos são aqueles meros simpatizantes de Cuba, completamente ignorantes sobre o que defendem! Enquanto eles são capazes de duvidarem das liberdades de nossas democracias, são capazes de crerem bovinamente nas mentiras de Fidel Castro! As fraudes grosseiras sobre a medicina cubana e mesmo sobre o padrão de vida do país, são opiniões que soariam folclóricas, se não fossem levadas a sério!
Minha amiga, aquela que fez o discurso da formatura, nem é socialista. Ela, como uma estudiosa de leis, jamais apoiaria quaisquer modelos totalitários. No entanto, a cultura acadêmica está tão impregnada de possessão estatal, que hoje muitas pessoas "doutas" idealizam o socialismo como um consenso. Discursam, sem perceber que aderem a lógica perversa dele. No auge de Hitler e Stalin, um esquerdista inglês já declarava uma célebre frase: hoje todos somos socialistas! O estado espiritual de nosso país e de uma boa parte do mundo está assim: é tão socialista, que nem notam a diferença! A cultura totêmica e mística do Estado possui a alma deles. É um péssimo sinal de nossos tempos!
Leonardo Bruno
27 de novembro de 2006
A maior tragicidade do século XX é o sacrifício cego, irrefletido, fanático, da própria individualidade pela ideologia do Leviatã. Os seus seguidores não só sacrificam sua própria individualidade, como também a individualidade alheia. Encarnam uma força indômita, demoníaca, que apossa dos espíritos e os enerva, suprime, rebaixa. Olga Benario não foi somente esmagada pelo totalitarismo nazista: uma espiã soviética estava muito abaixo das virtudes de uma pessoa normal. Pelo contrário, a lógica dos campos de extermínio nazista seria perfeitamente aceitável a Olga, se ela fosse chefa de um Gulag. A militante comunista renunciou à sua família, à uma vida normal, por uma causa, que levada na íntegra, é patológica, doentia. Que dirá de Luis Carlos Prestes? Ele, anistiado por Vargas, depois de dez anos de prisão, acabou por apoiar o velho algoz de sua mulher. Lembremos, Olga não era somente amante de Prestes: era também mãe de sua filha. Imaginem alguém sacrificar sua dignidade, a ponto de apoiar um sujeito responsável indiretamente pela morte da mãe de seu filho? Todavia, para Prestes, a causa revolucionária do Leviatã valia mais do que a morte de sua mulher. Relembrar a história trágica de sua amante é algo supérfluo, perto das forças demoníacas e sedutoras da causa totalitária. Já dizia Stalin, que a morte de uma pessoa é uma calamidade, e a morte de milhões, uma estatística. Olga Benário poderia ser única, mas era apenas uma estatística, um pequeno preço a ser pago dentro da grandiosidade hipotética do futuro comunista. O gigantesco monstro marinho engoliu a alma dos dois. De Prestes, apenas sobrou-lhe o corpo. De Olga, nem isso!
Tal demonstração é apenas um pequeno arcabouço de coisas bem piores: há uma história na Rússia de Stalin, que reflete esse grau de anulação total do ser humano, em nome de sacrifícios inúteis a uma força abstrata, invisível e maligna. Foi em 1932, época da grande guerra que os bolchevistas moveram contra os camponeses kulaks, coletivizando a agricultura e reduzindo os cidadãos do campo a servos estatais. Pavlik Morozov era um garoto, filho de camponeses kulaks, que, fanatizado com a propaganda comunista nas escolas russas, ameaçou denunciar os pais e avós para a policia política soviética. No auge da fome, a família do rapaz escondia grãos de alimentos e bois de arado, temendo que fossem confiscadas pelo Estado soviético. Lutavam pela sobrevivência, já que a expropriação estatal de insumos e grãos causou uma brutal carestia de alimentos. Sabendo-se da ameaça de delação do jovem, a família não teve outro jeito senão matá-lo. Descoberto o assassinato, toda a família do garoto foi presa e deportada, sendo todos executados. O mais monstruoso dessa história foi o Estado soviético ter tornado Morozov um herói, precisamente porque era capaz de trair os pais em nome da causa revolucionária. Durante um bom tempo, as crianças soviéticas foram doutrinadas nas escolas a cultuarem a memória de Morozov e a delatarem seus próprios pais. O Estado nazista fazia este mesmo tipo de patrulhamento nas crianças alemãs: os pequeninos se tornaram mera extensão da policia política, a fim de policiarem os próprios familiares. Daí o surgimento da Juventude Hitlerista, do Komsomol e de todos os espécimes juvenis criminosos dos regimes totalitários. A alma das crianças foi estatizada. E o Estado aniquilou todos os laços de humanidade do delator: sua família, seus amigos, sua esposa, seu filho, seu pai, sua mãe, e todo seu círculo mais caro de afeto. O Leviatã despreza tanto as pessoas traídas, quanto as traidoras: são como os kapos judeus que, reduzidos a vira-latas da SS, entregavam seus concidadãos judeus. E tal como fizeram com o personagem Winston Smith, na novela de George Orwell, “1984”, o Estado mete a bala no leal servo do Leviatã, agradecido pelo projétil na nuca.
Lamentavelmente, as crianças são apenas uma parte da engrenagem totalitária. Até porque o Leviatã, ciumento de adoração divina, esmaga os indivíduos e seus laços pessoais, numa cultura insuportável de traições mútuas. Destrói os laços mais sinceros de solidariedade, enquanto os força numa cumplicidade lunática com a lógica criminosa do Estado. Hannah Arendt, em sua obra, “As Origens do Totalitarismo”, dizia que a sociedade totalitária sufoca o indivíduo até sua nulidade. Aliás, ela dizia, com razão, que o Estado totalitário acha que cumpre uma faculdade superior da natureza ou da história, sem ter nenhuma relação com o bem estar individual, ao esmagar a sociedade civil. É tudo em nome da “sociedade”, do “Estado”, da “classe”, da “raça”, etc. Por esta razão é que se faz crimes monstruosos e sacrifícios absurdos, em nome de uma coletividade em abstrato. O indivíduo é apenas um peão de uma engrenagem maior, descartável quando desnecessário ao sistema.
Por falar em traição, em Cuba, famílias inteiras são dilaceradas pela cultura policial da ilha-prisão. Para falar a verdade, quando o Leviatã domina uma sociedade, todo um país se torna um gigantesco campo de concentração de prisioneiros, kapos, policiais e o chefe maior do campo, o ditador. Cuba é uma prisão de Alcatraz no Caribe, com 11 milhões de pessoas detidas. Cidadãos cubanos, fiscalizados pelos CDR´s (comitês de defesa da revolução), são obrigados a fazer relatórios de seus vizinhos, seus amigos e até de seus familiares, com o intuito de serem cúmplices da própria escravidão. O Estado incentiva a fofoca mútua, com o intento de descobrir os “gusanos” contra-revolucionários reais e imaginários. Um escritor cubano exilado escreveu uma história assim: chamado pelo CDR e reticente em denunciar os amigos, o burocrata do partido comunista joga toda a papelada na mesa, com os relatórios de amigos e parentes, comentando os passos do pobre literato. Isso não é muita novidade em Cuba: lá, poetas agradecem pela prisão, fazem “auto-crítica” e ainda delatam parentes e amigos. Foi assim com o poeta Herberto Padilla; além de ter sido preso, humilhado e obrigado, na marra, a admitir erros que não cometeu, ainda acusou a esposa de subversão ao regime. Claro, esse casal nem agüentou: pegou a primeira mala e foi pra Miami, pra nunca mais voltar! Nelson Rodrigues dizia que o socialismo produz o anti-humano, a antipessoa. Perfeita descrição!
Contudo, os possessos do leviatã não apenas vivem em terras onde ditadores mandam e desmandam, enfeitiçados pela loucura do monstro: as democracias estão povoadas de possessões desse tipo. A revolução cultural politicamente correta é um arquétipo adaptado de uma cultura totalitária na democracia. O feminismo radical, o movimento negro racista, o gay militante e toda sorte de rejeitados, são devotos do Leviatã, crédulos da ilusão totalitária que promete o paraíso, mas ameaça massacra-los. A feminista mediana hostiliza o macho, odeia os maridos, rejeita a maternidade e anula a feminilidade, enquanto presta culto cego ao tirano abstrato que a rejeita. Na verdade, o tirano abstrato ri de sua desagregação pessoal, de suas reivindicações infantis. A feminista enragé é uma vestal do Estado, uma assexuada das ideologias. O militante negro racista, insuflado pelo ódio vazio da raça, vira instrumento de divisão social e alimenta mais ainda a segregação que tanto condena. O culto tribal das origens africanas extintas o isola da sociedade ocidental que o acolhe nas democracias. Lembra o nazismo, com suas idolatrias fictícias às Valquírias e aos deuses pagãos germânicos. Qual negro ocidental e cristão, em sã consciência, vai voltar às origens do vodu e da umbanda? E o “orgulho gay” militante é uma espécie de compensação psicológica de pessoas, que no fundo, são sofridas e frustradas, crentes na idéia de que a engenharia social pode moldar a moral por decreto. Não é isto que significa a lei contra a discriminação sexual? Uma tentativa do Estado de querer moldar nossas crenças, valores morais e até preconceitos? Quem são os homossexuais para moldar as crenças alheias, em favor de seus próprios credos e preconceitos? Será que vão processar a Igreja Católica e as demais igrejas Protestantes porque que não aceitam gays? Tais manifestações culturais são formas policiais de comportamentos, idéias e linguagens. Disfarçam a possessão totalitária implícita do discurso das minorias. Será estranho que essas minorias tenham, justamente, simpatias por regimes socialistas?
O interessante é que somente as sociedades democráticas têm escrúpulos para ouvir minorias. E, no entanto, querem a escravidão, contanto que o ogro filantrópico estatal os mimem. Ainda ouço a prédica de um militante homossexual e comunista que esperneia: Cuba tem o melhor sistema de saúde do mundo! Verdade, os gays são tratados como doentes mentais e confinados em campos de concentração, porque lá se presume que gays são “pessoas anti-sociais” com "desvios burgueses". Minorias não valem absolutamente nada no Estado socialista. Pra falar a verdade, nem as maiorias valem. Só valem como rebanho.
Muitos socialistas sabem das tragédias que defendem. Os cubanófilos brasileiros conhecem perfeitamente o alto grau de miséria espiritual, moral e material que passa o povo cubano. Em contrapartida, como são possuídos pela ideologia, fazem filtros da realidade, para camuflar os fracassos. Eles sabem que mentem. Todavia, eles acham que o terror e a miséria moral compensam o preço da ideologia que defendem. Vale a pena mentir, matar, destruir pelo que eles querem construir. Quem dizia isso era o dramaturgo Brecht, pois em nome do comunismo vale tudo. Que sociedade eles querem construir, destruindo tudo? Ridículos são aqueles meros simpatizantes de Cuba, completamente ignorantes sobre o que defendem! Enquanto eles são capazes de duvidarem das liberdades de nossas democracias, são capazes de crerem bovinamente nas mentiras de Fidel Castro! As fraudes grosseiras sobre a medicina cubana e mesmo sobre o padrão de vida do país, são opiniões que soariam folclóricas, se não fossem levadas a sério!
Minha amiga, aquela que fez o discurso da formatura, nem é socialista. Ela, como uma estudiosa de leis, jamais apoiaria quaisquer modelos totalitários. No entanto, a cultura acadêmica está tão impregnada de possessão estatal, que hoje muitas pessoas "doutas" idealizam o socialismo como um consenso. Discursam, sem perceber que aderem a lógica perversa dele. No auge de Hitler e Stalin, um esquerdista inglês já declarava uma célebre frase: hoje todos somos socialistas! O estado espiritual de nosso país e de uma boa parte do mundo está assim: é tão socialista, que nem notam a diferença! A cultura totêmica e mística do Estado possui a alma deles. É um péssimo sinal de nossos tempos!
Leonardo Bruno
27 de novembro de 2006