terça-feira, outubro 23, 2007

As duas faces do Capitão Nascimento.

O Capitão Nascimento é um dos personagens mais populares do país. O filme “Tropa de Elite” contagiou de tal maneira o público, que as frases, tiradas e máximas de seu protagonista são repetidas à exaustão pelo povo. Muitos, inclusive, exigiram que ele devesse ser Presidente do Brasil. Se os espectadores brindaram ao filme, a esquerda cultural caiu de pau contra a temática da história. “Fascista”, “autoritário”, “ intolerante”, apologista da tortura e da “violência policial”. Falou-se tanta besteira, mas tanta besteira sobre o filme, que seria necessário abrir um órgão do Ministério da Saúde para internar tipos intelectualóides com problemas mentais. A grande maioria dos artigos escritos sobre "Tropa de Elite" é imbecil, fora de contexto. A militância engajada não conseguiu esconder seu estupor. Entretanto, internar intelectuais é coisa de comunismo soviético. Seria mais gasto de dinheiro público.
Não menos tolas foram as declarações dos seus realizadores. De fato, o impacto foi inesperado para os próprios atores e o diretor do filme. Acuados, amedrontados, repetiram a cantilena tão adorada pelos esquerdistas: deploravam o Capitão Nascimento e defendiam a legalização das drogas, além do catecismo da “desigualdade social”, da “miséria” e da “pobreza”. Em particular, o ator Wagner Moura, protagonista do personagem, fez sua “mea culpa, mea máxima culpa”, e aderiu à “autocrítica” stalinista, escrevendo um artigo para os jornais. Fez o discursinho politicamente correto e repetiu a cartilha dos ativistas sociais maconheiros por excelência, os mesmos que são zombados no filme. É curioso pensar que os atores e o diretor sentissem tanto pavor das críticas, a despeito do sucesso estrondoso do filme. Parece que o único público deles é a esquerda que despreza o seu trabalho.

A esquizofrenia mental dos atores e do diretor reflete perfeitamente a mentalidade dos estudantes drogados que discutiam Foucault no filme: a incapacidade de ver a realidade mais óbvia, a de que a pobreza, a desigualdade e a “exclusão social” não são causas da violência. Por mais que o filme quisesse passar a idéia de uma polícia brutal, ainda que honesta, o tiro saiu pela culatra. O Capitão Nascimento está longe de ser um psicopata louco. Não há caricatura em seu personagem. É um homem comum atordoado pela profissão estressante e depreciada. A procura pelo seu substituto demonstra o esgotamento psicológico do policial: um cidadão que convive diariamente com uma guerra nas ruas e volta para sua família, tentando ignorar o que fez na noite anterior. Um homem que mata, tortura e elimina bandidos e não consegue voltar à vida normal. A crise emocional e moral do policial é mais que óbvia. O método do capitão é a completa ausência da lei, ainda que haja nisto, uma espécie arbitrária de justiça. Na verdade, é a ausência da lei ignorada pela policia e pelo bandido, já que este domina as ruas e dita as normas para os cidadãos comuns. O capitão Nascimento apenas faz a lei do bandido, destruindo o bandido. E o povo, que vive à margem da lei, aprova seus métodos, pois a lei não protege ninguém. Que dirá então da lei proteger o policial honesto, se a própria polícia é corrupta? Capitão Nascimento acabou por se tornar uma espécie de herói trágico!


Por que o Capitão Nascimento é popular? O povo aprova a tortura? Aprova a arbitrariedade policial? É contrário ao Estado de Direito? A resposta é não. O povo se identifica com o policial, simplesmente porque ele faz aquilo que a justiça já deixou de fazer há muito tempo: supliciar e punir bandidos. A esquerda festiva, os atores e o diretor de cinema ainda não entenderam que na favela, na baixada, nas famílias de classe média e rica honestas em geral, ninguém gosta de vagabundos e ladrões. Curiosamente, o Capitão Nascimento é chamado de formas das mais depreciativas pela intelectualidade esquerdista: torturador, psicopata, fascista, etc. No entanto, quem mais encarna essa má fama é o traficante “Baiano”, que para comicidade do filme, ainda usa a camisa de Che Guevara. Ninguém se deu ao trabalho de criticá-lo. A esquerda tagarela aceita muito calmamente o bandido como ele é, mas é implacável com a polícia. Uns poderiam dizer que a polícia não tem o direito de violar a lei. Contudo, o bandido tem esse direito? Por que o bandido mereceria um benefício maior do que a polícia para delinqüir? Se alguém personifica a encarnação do psicopata e assassino é o próprio traficante Baiano. Ele não pensa duas vezes quando elimina, com requintes de barbaridade, um casal de ativistas da Ong da favela. Um grupo de pessoas que até então, creditava-o como “vítima” da sociedade capitalista.

Outro sujeito realmente psicopata é um estudante que vende as drogas na universidade. Mancomunado com Baiano, delata Matias, policial do Bope e seu colega de turma, para que seja pego em emboscada. No entanto, quem vai no lugar do policial é outro amigo policial, Neto, e este acaba sendo assassinado. Mesmo depois de todos esses ocorridos e do homicídio do casal de ativistas sociais da mesma faculdade, o estudante marginal ainda chega a participar de protestos contra a violência. Como se nada tivesse acontecido. Como se ele não tivesse culpa de nada.

Se existem os psicopatas, há os idiotizados. Maria, a ativista social, é um retrato da estupidez universitária. O retrato da usuária de drogas que não vê relação entre a violência e seu consumo. É a inocente útil, a tola mulher que se embebeda de Foucault para racionalizar e neutralizar seus sentimentos de culpa e responsabilizar o sistema e a polícia por todas as mazelas sociais. Se não é Foucault, é Marx, regado a muito tóxico. Quando ela inicia um romance com o negro Matias, mais parece compaixão dos "oprimidos" do que por afeição. E quando ela descobre que ele é policial, agente do "sistema opressor", não perdoa o segredo e abandona-o. Não é por acaso que ela aceita ser militante de uma ong, ainda que se sujeite a um criminoso ralé como Baiano. O caso é que ela representa a esquerda viciada em drogas, emburrecida e delinqüente, que encontra no bandido uma espécie de justiceiro social. Baiano, na cabeça dela e de muitos esquerdistas, “tem consciência social”. Não seria ela uma perturbada mental, tal como outros personagens do crime? O capitão Nascimento, ao menos, tem humanidade e caráter. Ele tem consciência moral. Chega em sua casa e carrega todos os males daquilo que fez, até contra bandidos ou pelo menos, alguns. Uma cena é reveladora dessa psicologia; uma mãe de um fogueteiro da favela, assassinado pelos traficantes, visita o policial e pede pra que encontre o corpo do filho morto. Afetado pela história, ele sai e procura pelo paradeiro do corpo. O capitão não dispensa a brutalidade para extrair informações de bandidos. Dentro das proporções, ele considera aquilo ali um mal menor. Por mais que isso o atinja, ele faz porque acredita que merecem. . .e o público agradece.



Talvez o fato que mais incomode para certos grupos é a severa crítica aos argumentos da maldade intrínseca da sociedade e da polícia e da suposta justiça que estaria por trás da ação de um criminoso. É curioso perceber que o diretor e os atores da produção ficaram inventando justificativas para tirar o estigma de “conservadores” ou "fascistas". A pergunta que fica é: o filme é ou não é esquerdista? Se eles tinham outras intenções, o fato é que a película demonstrou algo totalmente contrário do que eles pensavam. Na melhor das hipóteses, o filme foi um ato falho do imaginário deles. As esquerdas não perdoaram, porque se viram ali como marginais. Na prática, elas fazem apologia da delinqüência, do caos e da criminalidade e se ressentem quando são acusadas disto. E o roteiro demonstra que uma classe de pessoas supostamente bem instruídas é capaz de aderir a esse mantra, mitificando o traficante, exaltando-o como uma desforrra contra a sociedade burguesa. Está a se ver o preço: bairros inteiros dominados por bandidos frios e monstruosos e a completa isenção moral e ideológica do crime, gerando uma fábrica de sociopatas nas ruas.

Que moral há nos grupos de esquerda para combater o crime, se na lógica dos movimentos revolucionários, a apologia da violência e o terror é regra? Qual é a moral dos estudantes universitários que contestam a violência da policia, ao mesmo tempo em que defendem Lênin, Stálin, Fidel Castro, Che Guevara, e agora, Hugo Chavez? Que decência tem essa juventude universitária de esquerda que se droga, faz a defesa do terrorismo, do banditismo, morre de amores pelas Farcs e ainda critica a brutalidade da polícia?

Wagner Moura foi muito feliz na interpretação do personagem “Capitão Nascimento”. Não foi feliz nas suas declarações, a respeito da liberação das drogas. A dualidade do filme se confunde com a dualidade dos seus autores. Porém, entre o Wagner e o capitão Nascimento há uma contradição absurda, somando-se às demais declarações de outros atores e do diretor. O público já escolheu. Prefere o capitão Nascimento! Capitão Nascimento para Presidente do Brasil! E faca na caveira!

7 comentários:

Anônimo disse...

Excelente! Continue assim, Conde! Faca na caveira e morte aos comunistas!

Anônimo disse...

É engraçado q esse pessoal queria dar asilo à Saddam Hussein no Brasil! Saddam pode torturar inocentes à vontade, já a polícia não pode nem tocar nos "marginalizados". Essa esquerda é uma piada.

Anônimo disse...

Muito bom seus comentários, ganhou mais um leitor.

Otavio Macedo disse...

Talvez os realizadores não tenham sido mesmo muito felizes em passar a idéia. De qualquer forma, o filme mostra não a realidade com olhar crítico e sim, da perspectiva de um militar, para quem a obediência às regras é mais importante do que o raciocínio e o questionamento de fatos estabelecidos.

Ao matar bandidos na favela e, logo em seguida, dizer para o estudante que a culpa foi dele, o capitão está invertendo a lógica descaradamente. Esse comportamento é tão esquizofrênico quanto o da esquerda que idolatra Che Guevara.

J. Sepúlveda disse...

Meu caro Conde
O seu artigo está brilhante, com uma análise bem feita e precisa. Realmente não é tanto o que fazem ou não os policiais. O mais importante é que a sociedade disse um solene não aos mantras da esquerda: sociedade corruptora, banditismo nascido da miséria, etc.
Você também chamou a atenção para algo fundamental, ao comentar os pedidos de desculpa dos atores e do diretor do filme: para eles só existe o público de esquerda, só existe o mundinho (esclerosado!) dos intelectualóides.
É esse o grande problema de quase toda a esquerda: eles não sabem ver a realidade e criam para eles uma realidade imaginária, a qual consomem, como consomem drogas.

Anônimo disse...

Vale lembrar que quando o mesmo Wagner Moura fez o papel de JK, na série da Globo, os mesmos esquerdistas adoraram. Acharam lindo.

Unknown disse...

"Ao matar bandidos na favela e, logo em seguida, dizer para o estudante que a culpa foi dele, o capitão está invertendo a lógica descaradamente. Esse comportamento é tão esquizofrênico quanto o da esquerda que idolatra Che Guevara."

Pelo visto o Otávio não entendeu lhufas da cena, uma das mais didáticas do filme, aliás. Quando o Cap. Nascimento diz que a culpa da morte do bandido é do estudante maconheiro, ele se refere ao facto de ser ele e gente como ele que sustenta o narcotráfico e provoca tais episódios. Isso ele explica logo após, numa clareza cristalina que mesmo semialfabetizados favelados conseguiram entender bem. Analfabetismo funcional é coisa séria!