sexta-feira, agosto 11, 2006

Cuba e os Intelectuais!


Certas declarações simpáticas a ditadura de Fidel Castro, atribuídos a alguns intelectuais nacionais, refletem um grande problema de caráter comum do século XX: a irresponsabilidade dos indivíduos pelos próprios atos, acusando em forças abstratas, a justificativa covarde de suas ações. Destarte, este problema de caráter não se revela somente em uma ditadura, porém, até em paises democráticos.

Primeiramente, como enquadrar este dilema na ditadura comunista de Fidel Castro? Muito simples; para justificar todas as aberrações do regime, culpa-se o inimigo abstrato, e não o sistema concreto, pela supressão das liberdades civis em Cuba. Se Cuba fuzila os dissidentes, a culpa é dos Eua. Se Cuba censura a imprensa e controla a vida do cidadão cubano através de um Estado policial, é pela "ameaça" do governo americano em invadir a ilha. Se houver democracia e o partido único sair do poder, os americanos dominarão a ilha. Enfim, um conjunto de justificativas vazias que primam em dar sustentabilidade ao regime. Na mais absurda das hipóteses, o governo, com seu propósito paternalista e tirânico de calar a população, apenas mostra o desprezo pelas suas opiniões e idéias políticas, antes querendo pensar e agir por eles.

Decerto um regime despótico precisa de um elemento para direcionar o ódio do povo, como forma de mobilização e fanatismo, e com isso, fugir de suas próprias expiações. Quando os meios praticados fogem de tal maneira dos fins, a válvula de escape é renovar inimigos ocultos, bodes expiatórios, a fim de eximir de toda culpa os fins e meios praticados. Se não são os Eua, são os "contra-revolucionários", os "gusanos" (vermes), os "inimigos do povo", enfim, uma horda inumerável de inimigos escolhidos pelos caprichos do Estado.

Outro discurso popular entre as inteligentzias totalitárias é justificar as atrocidades em Cuba, porque outros países também o fazem. Reduzem a gravidade da repressão na ilha caribenha, como aumentam as atrocidades dos Eua ou de outro rival real ou imaginário. Na prática, o cerne da violência, da opressão e de atitudes vis em nome da política, não é vista de acordo com propósitos morais, mas sim o que é conveniente ao grupo que está no poder. Ou seja, a violência em si mesma não é má, a não ser claro, quando não se atende aos fins almejados de tais movimentos. É este raciocínio irresponsável e insano com que muitos intelectuais fazem suas pregações em favor de uma ditadura totalitária.

Tal discussão perde o sentido de provar verdade ou erro, para nivelar como hipócritas todas as afirmações, inclusive as de quem provar impreterivelmente os fatos como verdadeiros. E o pior, a negação da busca da verdade tem o sentido de condescender mais ainda com as arbitrariedades em nome de tais idéias e poderes. Reduz-se todo o discurso a falta de escrúpulos, a má fé e a venalidade, como um mero jogo de ganho e perda.

Provar que a ditadura cubana é perversa, não significa um fato em si, mas um "instrumento dos agentes imperialistas". Se a ditadura reduz a miséria grande parte da população pela corrupção e despotismo da burocracia, a responsabilidade é do "embargo econômico". Se Fidel manda fuzilar dissidentes cubanos, os Eua e alguns paises de certa forma matam, portanto, redimindo o regime de Cuba de executar apenas sujeitos insignificantes, pois na prática, todo mundo o faz.

Tais argumentos são afirmados com explicações das mais abstratas. Da mesma forma que fuzilar dissidentes significa combater o inimigo, pode-se entender também como "defender a revolução" ou o "socialismo", ignorando solenemente a felicidade de pessoas de carne e osso. Se a razão da ditadura de Fidel é o "embargo americano" ou a existência dos Eua, apenas se comprova de como ele aprecia as medidas norte-americanas, que alimentam a sanha do Estado, ansioso em inventar inimigos. Procurar forjar inimigos internos e externos é a práxis de regimes totalitários para impor um governo marcial.

De fato, a lógica é muito simples: se alguém for violento, matar, esfolar, a culpa dos outros que são maus ou porque a sociedade é má! Se existe estupro contra a mulher, é culpa é dela porque é bonita ou porque é safada! Ou no mais, se se presume que todos são hipócritas, ladrões, facínoras, logo, eu também serei hipócrita, ladrão e facínora, ainda que exalte em nome disso, altos ideais, visto que todo mundo é assim. Desse modo é como os princípios que norteiam a nossa sociedade e a conduta de certos intelectuais caminham, em seres cínicos, desprovidos de caráter, fanáticos e perversos.

Esta psicologia totalitária, que oficializa as mais deploráveis ditaduras, é uma das doenças morais de nossa sociedade. Inculcada por anos em escolas e universidades, costuma-se atribuir a questões de força maior, o que é pura atitude de sujeitos conscientes, que fogem de suas obrigações. Atribuir falhas humanas à miséria, ao capitalismo, ao sistema, à sociedade, à pobreza, ao imperialismo, muito antes de refletir um condicionamento social desfavorável, são apenas respostas simplistas, uma fuga da responsabilidade individual de nossas mazelas. Esses pensamentos não são diferentes das ditaduras totalitárias, que acusam em forças externas, as conseqüências dos atos de seus burocratas e líderes. Tais premissas, muito antes de aliviarem o peso ético da responsabilidade pessoal, apenas fragilizam moralmente a sociedade, apática diante da crença de um fatalismo da realidade.

O pensamento totalitário, de certa forma é fatalista. Atribuir simulacros de fatores abstratos como propósitos absolutos da conduta individual, reduzindo-a a forças dissociadas da vontade e dos objetivos humanos, são as razões de uma ideologia déspota, como o sonho de um regime déspota. Isto é Cuba, com seu governo ad infinitum, em que o poder permanece absoluto e as perspectivas de vida e de iniciativa foram roubadas do povo pelo governo, que dita o que se come, o que se pensa, o que se vive. E como tais pessoas são incapazes de se pensarem como indivíduos, culpam coisas externas, porque só fizeram isso, viver da fuga de si mesmos. Isto é a nossa inteligentzia, que na divulgação de tais crenças niilistas e destrutivas, almeja o poder pelo poder, e, por conseguinte, a negação das liberdades mais básicas.

Se existem intelectuais numa democracia, que injetaram todo este veneno moral de miséria e opressão no caráter da sociedade como um todo, é porque como estamos muito mal orientados moralmente. Pior é levar a sério como uma ilusão do paraíso tropical, uma ditadura bananeira e militarista de quase meio século, que permanece condenada no limbo da história.

Seria ridícula, senão cômica, a bajulação do regime comunista de Cuba, se não fosse a penca de pessoas importantes que lhe prestam tributo e simpatias. Porém, se tais pessoas influentes difundem tal crença de boa ou má fé, ou se muitos acreditam, não há razões, em contrapartida, para subestimar. Os totalitários de pensamento, embora aparentemente inofensivos, estão a toda prova, conjugando a falsidade de seus ideais, com o desprezo pela sociedade aberta. Falsidade que seduz, porque abrandam as consciências do juízo, e no fundo, o inferno acaba se tornando os outros. O preço, todavia, é caríssimo, pelas experiências que a história está para mostrar.

Um comentário:

Anônimo disse...

SUA MÃE É UMA PISTOLEIRA, (E DAS BOAS) FEZ SERVIÇO COMPLETO PRA MIM E PRA MINHA GALERA, SEU FILHO DE UMA VERDADEIRA PUTA MALDITA!...SEU PAI AQUELE CORNO DO CACETE É GARI, E SUA MÃE É VARREDORA DE RUA SEU FILHO DO CAPETA!...