
Era uma vez um czar naturalista
que caçava homens.
Quando lhe disseram que também caçam
borboletas e andorinhas.
Ficou muito espantado
E achou isso uma barbaridade.
Carlos Drummond de Andrade.
Um evento particularmente curioso ocorreu nos jogos Panamericanos do Rio de Janeiro, capaz de horrorizar a inteligentsia esquerdista: um jovem jogador da seleção cubana de handebol saiu dos alojamentos do Pan, pegou o primeiro táxi e pediu asilo político de seu país. É mais um cidadão que foge de Cuba, depois da cinqüentenária ditadura de Fidel Castro. E é mais um número que engorda o exílio de 2 milhões de cidadãos cubanos, 10% da população do país. Ainda houve perfeitos idiotas latino-americanos, os capitães do mato espirituais do castrismo, que imputaram a pecha de “traidor” a um individuo que busca sua liberdade, longe da tirania. É como se o país, o governo, o “povo”, fossem donos do indivíduo. Na verdade, é como se o gado fugisse da fazenda, e o dono de terras ou mesmo os bois, sentissem falta de uma cabeça de seu rebanho. O Brasil, apesar das tentativas totalitárias do governo Lula de cercear a liberdade de expressão, ainda inspira essa liberdade. Liberdade até para cubanos.
Monstruoso é perceber como os atletas cubanos são tratados pelo regime comunista. A esquerda desmiolada adora exaltar a criação de talentos esportivos destes países, como se isso implicasse alguma promoção do projeto socialista. Ninguém explica como estes indivíduos são vistos: Fidel Castro os usa como bichos adestrados, tal como há dois mil anos, um dono de escravos trataria seus cativos. Ainda há de se recordar daquelas ginastas olímpicas russas da guerra fria, quase todas dopadas de anabolizantes, tratadas como animais domésticos pela ditadura soviética. Enfim, um regime onde a liberdade é assassinada, as pessoas são tratadas como meros joguetes do sistema político. Não são humanas, não possuem importância política alguma. Nelson Rodrigues dizia que o homem socialista, o “novo homem”, era uma antipessoa, um antihumano. A única importância política delas é promoverem o regime que odeiam e os oprimem. O espetáculo é de gladiadores, não de homens livres. E morrem, saudando César, como num picadeiro romano, no panem et circensis socialista. Nádia Comaneci, a mais brilhante olímpica que a Romênia já produziu, não aguentou os estupros periódicos que sofria do filho do ditador Ceausescu: pediu as contas e partiu para os Eua.
O alto grau de mentiras oculta a criminalidade intrínseca do regime socialista de Cuba. Frei Betto, recebido no conforto dos Mercebes-Benz cubanos de Miramar, exalta a pobreza virtuosa do cubano médio, quase famélico, contra o malvado capitalismo e imperialismo norte-americano. Comenta-se que nas agremiações do Pan, os cubanos eram um dos poucos indivíduos que se locupletavam de tanto comer nos refeitórios. Dizem que nunca tinham visto tanta comida em anos de suas vidas. Aliás, há a história de um cubano numa churrascaria, que comeu tanta carne, mas tanta carne, dizendo que comeu mais naquele dia do que toda sua vida em seu país. Para quem viaja a Cuba, Havana mais parece um país devastado pela guerra: casas em vias de desabar, carros dos anos 50 empurrados por carroças ou caindo aos pedaços, lojas e compartimentos com prateleiras vazias. A miséria ronda o povo, que pede esmolas aos turistas ou mesmo se prostitui.
O pior é pensar que o povo cubano é capaz de aceitar sua pobreza e servidão com resignação, precisamente por causa da repressão política e do controle estatal sufocante. Dos atos da vida cotidiana, até a educação e a liberdade de ir e vir, tudo é espionado pelo Leviatã castrista. A imprensa só mostra a versão do governo. A educação é um instrumento laudatório de autopromoção do regime. A delação é um empreendimento rotineiro. E as perseguições políticas são muitas: quase 20 mil fuzilados por crimes políticos, enquanto 1% da população está na cadeia. Proporcionalmente há mais prisioneiros em Cuba do que nos Eua ou no Brasil. O número de presos cubanos representa cerca de quase a metade da população carcerária brasileira. As denúncias de torturas são comuns. O número de suicídios é altíssimo. E as fugas para Miami são constantes.
Há uma outra perversão do sistema: todo mundo é proibido de crescer economicamente. Nada foge da esfera da onipotência do Partido Comunista. É a loucura particular do socialismo: o direito de buscar meios para a própria sobrevivência depende do consentimento do Estado. Comer, trabalhar, vestir uma roupa, abrir um negócio, tudo depende da vontade governamental. O reconhecido direito natural de buscar meios próprios para a sobrevivência não existe. Na mais absurda das hipóteses, buscar esses meios é um crime contra o Estado. Eis os efeitos maléficos da abolição da propriedade privada: a abolição legal da liberdade individual e da livre iniciativa. Se alguém não pode dispor de seus bens, de seu trabalho, não é livre. No caso de Cuba, como não se reconhece a propriedade privada, logo, não se reconhece também a propriedade do próprio trabalho. O cubano médio trabalha como um escravo do governo. Leis para isso são bem claras: como o regime consegue criar um estado tal de ineficiência, apatia, desilusão e letargia do povo, o trabalho é compulsório e a recusa de trabalhar para o único dono, o governo, dá cadeia. Ademais, nem o sentido da intimidade existe. Alguns brasileiros ficaram chocados, quando seus amigos cubanos foram proibidos de darem abrigo a eles. Como o Estado é dono da propriedade de todo cubano, proibiu o livre direito de um cidadão de receber quem ele quiser em sua casa. No direito "burguês", um inquilino tem direito de defender a posse da casa até do proprietário, quando invade sua privacidade. Em Cuba, as casas são verdaderos entulhos de pessoas sem privacidade alguma. . .
Fidel Castro está para Cuba, como um fazendeiro está para a ilha do Marajó. A diferença é que o fazendeiro cria búfalos. Daí pensar que o cidadão cubano ser uma espécie de gado. A diferença é que um gado bem alimentado de uma fazenda é melhor tratado do que o cubano. Ademais, a fome é tão comum no país, que as vacas leiteiras são protegidas pelo governo contra o risco de serem abatidas. A mesma proteção diz respeito aos bois, que são usados para o arado. A agricultura cubana é algo tão obsoleta e a produção tão baixa, que até o açúcar cubano é racionado. Por vezes, o governo chega a importar a mercadoria.
O atleta cubano é anátema para os cubanóides brasileiros que sonham com a miséria castrista em nosso país. Ele se tornou uma espécie de inimigo da causa socialista, no viés totalitário dessas cabeças de gado. É como se os tiranos fossem alguma espécie de suseranos que exigissem lealdade, ao sacrifício das próprias liberdades dos povos. Os vassalos de Fidel Castro choram no Brasil, regados a uísques, carguinhos e dinheiro público “petistas” (minto, o meu, o seu, o nosso dinheiro). Eles sonham em ser burocratas de Miramar, com suas mercedes, suas Land Rovers. . .ou quem sabe suas “jineteras”, patrocinadas por cafetinas da república de Ribeirão Preto?
Se o governo brasileiro cubanófilo recusar o asilo político ao esportista, ele irá pra cadeia em Cuba A Declaração Universal dos Direitos Humanos, que garante ao cidadão o direito de entrar e sair livremente de seu próprio país, no linguajar esquerdista, só existe para terroristas ou bandidos patrocinados pelo governo socialista. Direitos Humanos no Brasil é para defender narcotraficante das Farcs ou seqüestrador do Mir chileno. Esses aí têm direitos. Os cidadãos honestos do mundo não.
Pela mentira lingüística patológica da inteligentsia esquerdista, o jogador cubano escolheu as mazelas do sistema capitalista, em troca dos “avanços sociais” de Cuba. E que avanços! Ele trocou a condição de gado de um curral totalitário para o sentido ético da responsabilidade e da iniciativa individual, somente comuns a um mundo livre. Tornou-se um homem livre. O Brasil ainda pode se dizer privilegiado de não viver sob o totalitarismo, o sonho de dez entre dez perfeitos idiotas latino-americanos universitários de esquerda. Isso implica dizer que a liberdade neste mundo não é somente um direito, porém, um privilégio daqueles que lutam por ela. Adeus Lênin! E a “Cuba libre” fica em Miami. . . ou no Brasil!
2 comentários:
Mais um ótimo texto!
Meus sinceros parabéns por este artigo! Muito informativo. Frei Betto não vale o ar que respira e, o pior de tudo, infesta todas as universidades brasileiras, citado exaustivamente, como se fosse o plus-ultra da intelectualidade mundial. É lamentável. Felizmente ainda existem alguns com olhos bem abertos, embora as mãos estejam amarradas.
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