
Lembro-me quando o senador Cristovam Buarque, ex-candidato a Presidente da República e Ex-Ministro da Educação, falava do seu projeto de campanha, a “educação”. A solução do Brasil, nas palavras dele, em todos os debates, em todas as conferências, em todas as entrevistas, passava pela “educação”. Muitas pessoas ingênuas ou tolas achavam linda a idéia. A “educação” resolveria todos os nossos problemas de subdesenvolvimento político, cultural e social, porque de uma hora para outra teríamos pessoas esclarecidas, “cidadãs”, nas palavras desses toscos. Naturalmente, claro, sob os auspícios do Sr. Cristovam Buarque, gênio da fórmula milagrosa que vai colocar o Brasil fora do atraso.
O problema, contudo, é a noção filosófica que o Sr. Buarque tem sobre essa palavra. Disto, naturalmente, a maioria dos seus admiradores não se pergunta. Ou melhor, ignora. A “educação”, na visão do excelentíssimo senador, tem menos a intenção de instruir, educar, formar pessoas cultas e inteligentes, do que transformar indivíduos em seres teleguiados e idiotizados por alguma ideologia ou projeto totalitário. Com a ladainha da “educação”, ele quer moldar e manipular consciências, de acordo com a imagem e semelhança de suas aspirações estúpidas. Em miúdos, educação é pura engenharia social, para transformar pessoas em cobaias de algum experimento ideológico estatal.
O senhor da “educação” é um colecionador de causas e idéias incrivelmente idiotas. Uma delas diz respeito à obrigatoriedade de apresentação de cinema nacional nas escolas, como currículo da educação básica. Como os cineastas brasileiros não conseguem chamar atenção do público para seus filminhos ruins, o senador quer dar uma forcinha, obrigando aos alunos a perderem tempo com inutilidades pseudo-artísticas que jamais pagariam nos cinemas privados. Ou na pior das hipóteses, o senador quer impor seus gostos próprios de cinemateca, à revelia dos gostos dos alunos.
Há outras pérolas. O mesmo senador, à revelia do eleitor brasileiro, defendeu os interesses do Paraguai, com relação ao caso da usina hidrelétrica de Itaipu. Os paraguaios, manietados pela batuta do bispo demagogo elevado a presidente do Paraguai Fernando Lugo, exigiram aumento do pagamento da energia elétrica consumida pelos brasileiros. E o que o Sr. Cristovam Buarque fez? Junto com o ex-presidente Lula, apoiou a medida, afirmando que causamos a guerra do Paraguai e imputamos sérios prejuízos históricos àquele país. Logo, teríamos que pagar, de alguma forma, por essa “dívida histórica”. Se não bastasse o fato de um analfabeto funcional como ele querer nos ditar o que é “educação”, o mesmo parece desconhecer a história do país. Foi o Paraguai, através de uma guerra louca causada pelo ditador Solano Lopez, que invadiu o Brasil. Se o Sr. Buarque fosse um senador do Império, eu não teria dúvidas de que todo o Rio Grande do Sul e o Mato Grosso seriam atualmente territórios paraguaios! Ele não consegue se instruir e quer impor “educação” aos outros. Não sabe governar sua cozinha e quer governar o mundo inteiro. . .
Mas ele não se limita a impor seus próprios gostos como “educacionais”. Ele quer usurpar a própria autoridade dos pais, determinando onde eles devem meter seus filhos na escola. Um projeto de lei de sua autoria obriga aos “agentes públicos” eleitos no legislativo e executivo a colocarem seus filhos na escola pública. Na lógica doentia do senador, o fato de políticos ou agentes públicos colocarem seus filhos em escolas privadas é prova do descaso com a educação pública. No final das contas, é a inversão completa da consciência: as escolas privadas são culpadas pelo fracasso da escola pública. Logo, deve-se forçar a classe política a repassar a educação dos seus filhos para o Estado. De forma desonesta, o senador explora o ódio popular sobre a classe política para alargar a esfera do Estado sobre o pátrio poder da família.
Muita gente ingênua acatou a idéia do senador, achando que tal lei vai, de fato, melhorar as escolas públicas. Na prática, porém, ninguém percebeu a perversão do raciocínio do pseudo-educador de Brasília: se o Estado pode ditar para os políticos como, quando e onde devem educar seus filhos, o que impede do mesmo de fazer com demais cidadãos deste país? Alguém parece se esquecer de que os cargos públicos podem ser exercidos por qualquer cidadão do país e que tal medida vai criar formas distintas de pessoas incapazes de escolher como instruir seus filhos da forma que lhe aprouver. Em suma, algumas crianças e adolescentes serão discriminadas pelo fato de seus pais serem “políticos” e assim não terão direito de buscar melhor educação, por conta da “maldição” de seus pais. Quantas atitudes de chantagem o Estado não poderá causar se a classe política não tiver os mesmos direitos que a grande maioria da população? A invasão da esfera estatal no direito famíliar de educar os filhos estará bem consolidada nesta lei: o Sr. Cristovam Buarque, através de uma medida demagógica, abre um precedente para o totalitarismo educacional neste país.
Lamentavelmente, a Constituição Brasileira não parece nos proteger muito de estúpidos senadores desse naipe. Diz que a educação é um direito de todos e dever do Estado e da família. E ainda imputa aos cidadãos a obrigatoriedade do ensino. Mas é característica da loucura do modelo democrático atual transformar o direito em algo compulsório, um “dever”. No final das contas, o Estado, em primeiro caso, decide o que nos educar. E não nos espantaremos quando socialistas totalitários e imbecis como o senador Buarque nos proponha uma lei, pois na prática é o fim da liberdade educacional, já que quebra a primazia da família em educar contra os ditames do Estado e trata os filhos de políticos como criaturas distintas dessa mesma legalidade estatal.
É uma absurda tendência da atualidade criar distinções de classe, escola, raça e condição social nos critérios de avalição dos alunos em escolas e universidades Esses critérios implicam racismo de movimentos negros contra brancos, preconceitos de movimentos estudantis contra estudantes de escolas privadas ou contra aqueles que são de famílias de classe média ou ricas. Ou seja, tudo transparece a ideologia de luta de classes na educação. E a presunção do senador a respeito de "estatizar" a educação dos filhos de políticos revela esse princípio. A classe política é intrinsecamente má; logo, cabe imputar controles perversos sobre seus filhos, com o epíteto maldito de serem filhos de políticos. É, na realidade, a exploração dos sentimentos de inveja e inferioridade sobre pessoas bem sucedidas.
O Estado brasileiro e a escola pública são os maiores responsáveis pela ruina da educação no país. Se a educação brasileira vale para alguma coisa é o de transformar-se num instrumento de subversão ideológica e idiotização coletiva. Neste ponto, Cristovam Buarque está bastante familiarizado com o seu “verdadeiro” conceito de educação, que é uma arma política e ideológica dos partidos comunistas para subverter a ordem democrática vigente.
O pior é a tendência cada vez maior de criminalizar a educação privada, pelo epíteto de que o Estado tenha a responsabilidade de nos educar. É como se a educação privada fosse numa anomalia social e a educação estatal um padrão regular de vida. Neste ponto, uma parte da classe política e da burocracia estatal é bastante ciumenta: quer controlar até o direito dos pais de educarem seus filhos. E não admite quaisquer formas educacionais que estejam fora do seu controle.
A lógica do senador é muito simples: como o Estado não consegue educar nada, a solução para o problema não é melhorar o ensino; é estatizá-lo, lenta e gradualmente. Seja através da estigmatização e rejeição das escolas privadas, seja pelo fator mais arbitrário, o de impor a camadas de cidadãos e de seus filhos a compulsoriedade de estudar em escolas do governo. Assim, o Estado fornecerá uma educação “pública”, “gratuita” e de “qualidade”, porque não haverá concorrentes à altura. Só os regimes nazista e soviético chegaram a esse ponto de demência.
É uma armadilha crer que os políticos, ao serem obrigados a colocarem seus filhos nas escolas pública, vão melhorar a qualidade do ensino. É muito mais provável que eles criem, com o dinheiro público, escolas próprias para seus filhos, como se fossem membros de uma nomenclatura burocrática. Ou seja, antes, o político pagava do seu próprio bolso para colocar seu filho na escola privada. Com a medida do senador vigarista e débil mental, o contribuinte também pagará um adicional a mais de privilégios para os políticos.
Agora dá pra entender por que o Brasil tem um sistema de educação universal ruim, um dos piores do mundo. O fato de um idiota professoral como Cristovam Buarque ter sido elevado a Ministro da Educação e senador é a prova viva do quanto o povo não entende nada de educação. Ou que a educação vai de mal a pior. Temos senadores com idéias de jerico “nestepaiz”.
5 comentários:
"O Estado pode facilitar, encorajar e até mesmo impor a quase toda a população a necessidade de aprender os pontos mais essenciais da educação" (Adam Smith)
“...a educação, portanto, é uma dessas coisas que é admissível, em princípio, ao governo ter de proporcionar ao povo. Trata-se de um caso ao qual não se aplicam necessária e universalmente as razões do princípio da não-interferência [...] É pois um exercício legítimo dos poderes do governo impor aos pais a obrigação legal de dar instrução elementar aos filhos.” (John Stuart Mill)
É lamentável que um senador que tenta caracterizar sua atividade política em prol da educação,tenha uma idéia estapafúrdia dessas.
Outro dia, em debate com educadores, ouvi de uma professora esta "idéia de jerico" como solução para nossas deficiências na área educacional.
É o povo acostumado com o "varejo" e com discursos e atitudes meramente eleitoreiras.
A falta de educação e cultura, neste país, tem relação direta com o descaso e a falta de seriedade dos nossos políticos.
Um forte abraço!
EXCELENTE,estimado Conde!!!
Parabéns!
Almirante Kirk
É, do jeito que vai, mais parece que se entende como um exercício legítimo dos poderes do governo a escolha pelo Estado da educação dos filhos, em substituição aos pais.
Postar um comentário