
Alguns movimentos feministas são de uma estranha excentricidade. Cientes de uma pressuposta busca de direitos iguais às mulheres, estas militantes ensandecidas e recalcadas do belo sexo acusam no macho todas as inclinações opressoras de sua condição social, projetando naqueles, recalques mal resolvidos criadas por elas próprias. Felizmente a fase queima sutiã já é coisa do passado. Hoje em dia grande parte das mulheres podem gozar de direitos legais e econômicos sem as esparrelas neuróticas de militantes obsessivas. Contudo, uma coisa há de se deduzir nesta síndrome peculiar do feminismo enragé, ainda comum em universidades e agremiações políticas e nas inteligentzias radicais, numa espécie de ressaca provinda de um acesso paranóico de delírio; de tanto maltratarem os homens historicamente, de tanto rotularem e depreciarem o macho, as mulheres militantes, acordadas das fantasias pernósticas, sentem, na prática, um verdadeiro complexo de Electra mal resolvido, ou seja, sentem na verdade, a falta de um bom macho.
Politicamente incorreto, machista, talvez possa ser este raciocínio. Todavia, grande parte das mulheres reclamam nos homens o que até então antes estavam condenando. Muitas reclamam de que os homens não são mais gentlemen’s, mais cavalheiros, ou que são devidamente mal educados, rudes, grosseiros. Outras, mais frustradas ainda, posto que são bem sucedidas, têm melhores empregos, são mais ricas, observam a dificuldade de relacionamentos afetivos, pelo simples fato de que uma parte dos homens não são páreos socialmente para elas. Estas militantes, de tanto anularem o sentido existencial do macho, acabaram por anular os seu próprio sentido de amor e de sentimento pelo homem. E conseqüentemente, anularam a si mesmas. De tanto apelarem a igualdade de condições e a radicalizarem as condições igualitárias sobre a vida em geral, muitas feministas se ressentem com inveja da frieza das relações amorosas, em comparação aos jogos lúdicos dos cavalheiros e de damas do passado. Quiseram banir às donas de casa, mas em contrapartida, acabaram por renegar junto o sentido biológico natural de serem mães. O estereótipo da feminista solteirona não é mera coincidência. Tanto sectarismo, tanta culpa recalcada e sublimada, projetada sobre o espécime de homens, como resultado, gerou uma crise não só para os homens, porém, para as mulheres.
De fato, com a crise do sexo feminino, numa visão feminista fanática, policialesca e puritana às avessas, inventou-se uma nova forma de repressão da feminilidade, uma nova repressão cultural. Dedicar-se a um homem ou adorar os trejeitos da cortesia amorosa tornou-se sinônimo de subserviência machista. Feminilidade na doçura, recato, delicadeza, charme, como expressões femininas, virou, aos olhos de certos grupos feministas, o estereótipo opressor do machista. Nesta paranóia ideológica, só restou á mulher moderna ao ostracismo de sua natureza sexual a amorosa em relação ao macho. Só restou no seu culto neurótico ao seu próprio sexo e na depreciação irracional e ostensiva do sexo oposto, o destino de um homossexualismo narcisista ou de uma insuportável solteirona. Em outras palavras, em nome da igualdade radical, quiseram transformar a mulher num verdadeiro homem.
Não se está querendo aqui desmerecer as conquistas sociais da mulher, nem tampouco desmerecer a história do feminismo. Mas, existem situações que devem ser avaliadas, posto que se muitos atributos bons podem ser devidos, por outro lado, muitas mazelas também foram criadas. O feminismo, levado ao exagero do culto sexual do feminino, esqueceu de um detalhe que sempre nota com devido desprezo: onde estão os machos dentro desta sociedade feminista? Ademais, onde está o jeito de ser da mulher de amar os homens? Eis aí um grande desafio que grande parte das feministas, movida em seu clubinho de Luluzinha, parecem incapazes de fazer. Desfazendo-se do macho, parecem se desligar da própria gênese da raça humana. Desfazendo o papel do homem, desfazem-se do próprio papel natural da mulher. As feministas, nesta redoma de recalques, tornam-se assexuadas e egocêntricas, com a idéia vestal do mito da mulher militante purificada pelas besteiras ideológicas contra o macho malvado.
Por que ao invés de se cultuar o gueto sexual, a apologia patética a paranóica das mulheres, não se tenta isto sim, envolver um diálogo mais sério e mais feliz entre os sexos? Se muitas mulheres reclamam da rudeza de certos homens, muitas delas, em nomes dos direitos da mulher, nunca fizeram nada para melhorar a condição dos homens, só de seu clubinho feminista. Se outras reclamam da “falta de romantismo” e “cavalheirismo” dos homens, deviam saber que a igualdade não prenuncia privilégios, porém, direitos iguais, tanto a homens como a mulheres. Se os direitos são iguais, logo, os custos também são iguais. O homem já não paga sozinho a conta e a mulher deve se virar para ter o seu ganha pão. O cavaleiro medieval, visto pelo seu papel social e não pelo seu charme e sentido estético de romantismo, que ainda reflete nas relações amorosas, poderá um dia ser coisa do passado. Se o Titanic afundasse em 2001 e não em 1912, ambos, homens e mulheres morreriam juntos aleatoriamente, e não o que ocorreu em 1912, quando muitos cavalheiros morreram por oferecer seus lugares às damas no salva-vidas. É a regra da igualdade. Ela coloca todos num mesmo barco.
Mas o impressionante nestas conclusões, é que as mulheres militantes, amaldiçoando os homens, não querem perder as regalias advindas dos homens ou da cultura dita machista. Querem ter melhores empregos, mas não querem perder direitos da pensão alimentícia, e malgrados, não querem pagar a pensão alimentícia quando os homens a solicitam. Querem que os homens ofereçam os melhores lugares, mas não querem fazer o jantar para o marido. Adoram posar de auto-suficientes, porém, querem até processar o macho quando o mesmo não atende às suas suscetibilidades amorosas. A mulher, não como pessoa viva, mas como alegoria feminista, torna-se um objeto de distinção. O feminismo neste aspecto, em nome da igualdade, diferencia quem tem ou não tem os aclamados “direitos iguais”. O posicionamento anormal de certas feministas é a expressão da distinção que elas criam para si mesma, não apenas para distinguir-se somente dos homens, contudo, até contra outras mulheres. As feministas radicais, na prática, renegam as mulheres e o jeito comum de ser delas, e por outro lado, com o discurso da igualdade, querem ser como os homens, mas na prática, são mulheres, e se descobrem diferentes dos homens. No final das contas, a situação que fica é de feministas militantes de outro planeta, que se elitizam numa redoma de vidro, numa visão maniquéia, ilusória e fora da realidade.
Eis aí a grande implicação das feministas mais ajuizadas: enquadrar os direitos do macho em seu slogan político. Parar de fazer o macho como o eterno bode expiatório das mazelas do sexo feminino e principalmente, amar um pouco mais os homens. Estas distinções grosseiras de alguns movimentos feministas não passam de um complexo de auto-afirmação de determinadas mulheres neuróticas, que antes deviam fazer terapia e psicanálise do que militar na política. Certas feministas deviam fazer um terrível esforço em nome da causa da mulher, em miúdos, casar na igreja, lavar pratos para os maridos, cozinhar um bom prato ao invés de preparar só macarrão instantâneo ou comida queimada, gostar de poesia que os maus poetas escrevem, enfim, amar de verdade as tolices dos homens. Fazer tais coisas, para muitas mulheres normais, sem as ambições das feministas politizadas, antes significa um agrado sentimental e um ritual amoroso a quem se ama do que uma norma ou submissão autoritária. Tanto quanto os homens agüentarem as TPMs e os caprichos comuns do sexo feminino e agradá-lo como o centro das atenções afetivas, são os encargos dos homens que amam. Em suma, se as mulheres quiserem ser felizes, não esqueçam de amar os homens, porque, afinal de contas, os sexos se merecem. Eis o grande desafio das feministas.
Leonardo Bruno
21 de março de 2006

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