
Em uma antiga reportagem da revista Veja, a respeito do projeto de lei do Presidente da República de criar dois órgãos executivos de controle da imprensa e da produção cinematográfica, a imprensa se pôs a afirmar que tal atitude foi apenas uma “tentação autoritária”, e não um ato consciente do governo. Limitou-se timidamente a afirmar que tal ato é de setores “stalinistas” do PT e não um propósito claro de um projeto político. O curioso de tudo isso, é que a imprensa no Brasil, que já foi hostilizada com a expulsão de um jornalista estrangeiro, acha que isso foi ocasional. Será?
Um dos aspectos mais impressionantes de nossa época é o total servilismo de imprensa brasileira, que lobotomizada pelo governo, é capaz de engolir qualquer chantagem ou ameaça à sua livre existência como acidental. Mas um jogo de erros mostra que por trás das tentações governamentais, há as intenções. O PT nunca escondeu sua ideologia totalitária, seu credo ditatorial e seu jargão populista. O pior de tudo é que o governo petista se revela num duplo pensamento de eufemismos, tão visíveis de intenções escusas, que a imprensa e uma boa parte da sociedade civil só não quer ver por pura esquizofrenia. Ademais, a esquerda é mestra nos eufemismos, que revelam ou ocultam seu duplo pensamento. Ou seja, aquilo que prega e aquilo que é de fato. Um eufemismo, aliás, que domina a mentalidade de uma sociedade cada vez mais vesga nas intenções do governo.
Nas universidades, vemos militantes petistas apregoando a “democracia socialista” ou a “democracia social” cubana, nos eufemismos duplos para defender sua ditadura tão sonhada. O MST em seus folhetins, prega a revolução armada, o assassinato dos proprietários de terras, declara ao governo que vai saquear terras e quebrar prédios públicos, e depois, num cinismo sacrossanto, diz que foram mal interpretados. Isto porque, claro, o Incra está todo dominado pelo MST, com a cumplicidade do governo em relação às invasões, que elevou um grupo de criminosos organizados a um respeitável grupo político, (inclusive liberando verbas públicas para os assentamentos do grupo, aos olhos de uma sociedade letárgica). Cabe lembrar que o MST está criando campos de doutrinação ideológica totalitária sobre crianças, sob a farsa de “educação”, com o dinheiro dos contribuintes, em visível ameaça ao Estado de Direito Democrático. O presidente Lula nutre amizades e simpatias declaradas por governos totalitários, como Cuba, China, Gabão, além de grupos terroristas e guerrilheiros, enquanto se crê que tudo não passa de tentações.
O pior é que tais simpatias determinam as relações internacionais, colocando o país em verdadeiros fiascos diplomáticos, como o desastre do apoio do governo brasileiro a Hugo Chavez e a Fidel Castro. O governo brasileiro é capaz de arregimentar atitudes solidárias com governos desprezíveis, enquanto parece querer imitar aqui o que vê nas suas alianças. Isolando o país de nações democráticas e aproximando-o de países totalitários, parece que o governo quer ser um deles. O PT tenta censurar a imprensa, fazer dossiês contra adversários políticos, partidarizar o Estado, policiar servidores públicos e informações internas da administração, e tudo isso no jargão petista não passa de “controle social”. E para isso, o Partido-Estado quer controlar tudo: economia, imprensa, cultura, Ministério Público, Judiciário. O governo petista fabrica a maior campanha da história do país, e ninguém vê nisso o menor disparate, já que o partido mais santarrão do país está fazendo em escala piorada, o que antes criticava nos outros: ou seja, usar o dinheiro público para suas campanhas eleitorais. E para sustentar sua campanha cara, criou uma formidável e inimaginável estrutura de corrupção partidária, coisa soberba até mesmo para os padrões dos mais famosos apadrinhados políticos das mamatas e falcatruas do Estado brasileiro. Com tamanho arcabouço orçamentário e político, é capaz de comprar jornalistas, matérias de revista, publicidade, artistas e o apoio de emissoras de TV numa escala espantosa, num domínio somente encontrado nos regimes totalitários. Porém, o PT, cinicamente, ainda continua denominando o partido “ético” da moralidade pública. . .
O “duplipensar” esquizofrênico da esquerda já dominou de tal ordem uma boa parte da psicologia da população, da imprensa e dos meios intelectuais, que a ousadia de questionar todas as arbitrariedades, conchavos e conspirações, é coisa de fanático direitista, fascista nostálgico da Guerra Fria. Em outras palavras, o partido já conseguiu domesticar com tal poder a rejeição contra seu sistema e seu credo, com seu “duplipensar”, que qualquer crítica contra as arbitrariedades governamentais são sumariamente contidas e diminuídas, enquanto o Partido se julga detentora da moral e de verdade. Com a ajuda de uma legião de militantes e intelectuais farsantes e servis espalhados em vários setores da sociedade civil, inclusive imprensa, a oposição foi reduzida à mera reprodução do próprio governo. O governo conseguiu também domesticar a oposição. Contudo, tudo isso não passa de “tentação”, “teoria da conspiração”, como muitos acreditam. . . Ou mesmo “conspiração da direita”.
O partido-Estado petista é tão hegemônico, por assim dizer, na política brasileira, que até uma parte da chamada “direita” do Congresso Nacional foi estatizada pela esquerda. É puro nonsense um petista afirmar que a “direita” está conspirando contra o PT. Sabe-se que uma parte dessa chamada “direita” foi toda comprada pela causa petista, vide o caso do “mensalão”. Mas a reputação da esquerda sobrevive, precisamente por causa de seus delírios imaginários.
Devemos nos ater ao fato que este duplo pensamento de falsas tentações e notórias intenções foram muito bem expostas no romance de George Orwell, “1984”, sobre a ditadura do Grande Irmão. É uma espécie de “novilíngua”, ou seja, a invenção de uma linguagem própria, no sentido único e exclusivo de confundir, ludibriar e manipular. Distorcer palavras, fatos, idéias, é um lugar comum da militância esquerdista atual. Não é por acaso que a manipulação descarada da linguagem gera uma confusão tão desastrosa de idéias na população, que são capazes de acatar qualquer abuso em nome de qualquer palavra oca. “Guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância é força”, eis as palavras do Partido do Grande Irmão. De fato, no romance de George Orwell, a “novilíngua” era uma gramática do Partido totalitário, a fim de controlar, reduzir e empobrecer de tal maneira a linguagem, a tal ponto dos cidadãos responderem apenas por automação, as palavras de ordem do Partido, e serem impossibilitadas de pensar. A sociedade atual, repetindo jargões vazios e caindo nos estereótipos da esquerda, apenas reproduz, sem perceber, a linguagem do Partido único, em suma, a novilíngua do PT.
Uma boa parte da classe média e alta, envenenada pelo discurso confuso da justiça social, é tributada impiedosamente e empobrecida, enquanto acredita que está fazendo uma grande causa, que é seu suicídio. Essa classe média e alta ainda crê piamente que o liberalismo e o neoliberalismo são “malvados” e “fascistas” e o capitalismo é “desumano”, enquanto alimenta a crença infantil de um paternalismo estatal messiânico e salvador. O MST invade terras e saqueia fazendas, enquanto quem reage e se arma contra as invasões é apologista da violência. Aliás, no linguajar da novilíngua esquerdista, não existem “invasões”, mas “ocupações”. O governo tenta desarmar a população, com uma estupenda manipulação da imprensa servil, enquanto os bandidos estão aí firmes e soltos, com seus fuzis de primeira geração. E agora, insatisfeito com a fraude de desarmar velhinhas com seus trabucos enferrujados, quer desarmar o campo, colocando em risco a segurança dos fazendeiros, que serão presas fáceis para o MST. “Tudo pela paz”, naturalmente.
Não é de impressionar que o MST pregue a luta armada, a violência política e a destruição da democracia nos bastidores, enquanto condena publicamente quem denuncia isso. Ou quando o presidente Lula, chamando os jornalistas de “covardes”, por não aceitarem o controle da imprensa, e afirmando que viajou no Gabão porque queria aprender a ficar 37 anos no poder, seja mero acidente, mera tentação. Lula mostra um enorme desejo de ser ditador, porém, ainda lhe falta segurança pra isso. Alguns escrúpulos democráticos ainda sobram numa sociedade confusa e mentalmente vulnerável.
Aliás, o sonho do PT é uma ditadura, e a mudança repentina do partido para ganhar as eleições, é apenas uma miragem no deserto. Todavia, no eufemismo petista, a sua ditadura totalitária é apenas a “radicalização da democracia”, e o radicalismo comunista petista declarado é apenas coisa das Heloísas Helenas e Babás da vida, já que o socialismo, no “duplipensar” petista, aparentemente é coisa do passado. Na verdade, “radicalização da democracia” é o velho centralismo democrático leninista, tão bem reproduzido no expurgo simbólico dos petistas inconvenientes, cujo princípio só engana aos idiotas. Isso alimenta o mito da esquerda moderada “light” do PT e o fim do radicalismo, enquanto por baixo dos panos, o partido faz sua estratégia de concentração e partidarização do Estado. Curioso que o socialismo, uma ideologia aparentemente falecida, é o pensamento mais vivo nos meios culturais, universitários, educacionais, jornalísticos, com pouquíssimas exceções. O pior de tudo é que quase todo mundo é tão convencido do socialismo e de suas crenças obtusas, que por puro automatismo, ninguém mais se reconhece como socialista. O socialismo tomou as mentes de maneira rarefeita, quase imperceptível. O imaginário socialista é tão hegemônico, que qualquer questionamento pode se passar como um reacionário hidrófobo da pior espécie. Tornou-se verdade religiosa, unanimidade, a despeito de a realidade mostrar o contrário. O duplo pensamento esquerdista soube transformar as monstruosidades do socialismo em coisas belas e elevadas. Olga é a heroína stalinista, os guerrilheiros totalitários albaneses do Araguaia são paladinos da democracia e Che é o psicopata justo. E não é mera coincidência que os assassinatos sumários patrocinados pela esquerda, tinham o eufemismo de “justiçamento”. Do resto, as práticas do PT e seu discurso são quase todos, sem exceção, socialistas, no sentido mais autoritário e totalitário da palavra.
Eufemismos, eufemismos, eufemismos. Com uma imprensa chapa branca, um congresso nacional medíocre e acovardado, um judiciário inepto, uma intelectualidade servil e canina, e uma sociedade civil letárgica, além de um executivo cada vez mais centralizador de poder, através de um partido onipotente, nada há de se impedir de caminhar para a ditadura, para a servidão, se os escrúpulos democráticos sumirem. A sociedade precisa parar de mentir pra si mesma e ver de cara que o governo não tem tentações, mas intenções. A linguagem dupla do PT é isso: Guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância é força. Esse é o lema de qualquer partido totalitário, e o PT, com seu duplipensar está para mostrar isso.
Leonardo Bruno
Belém, 18 de março de 2006

2 comentários:
ne é necessario ler o artigo, só de colocar fidel, chavez e lula na mesma foto, como se fossem iguais já mostra uma tremenda ignorancia de conjuntura politica.
Pelo contrário, o único que ignora a conjuntura política é vc.
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