segunda-feira, janeiro 21, 2008

A universidade do planeta dos macacos.

Quando alguém leigo se depara com certas universidades, a primeira coisa que pode assustar nestes ambientes é a militância materialista hegemônica que há em tais cátedras. Materialismo se torna uma espécie de presunção de alta cultura. Religiosidade é coisa de ignorantes e obscurantistas. Muitos universitários, intoxicados de Marx, Comte, Darwin, Freud, Nietszche, Gramsci, entre outros, encontram no materialismo uma espécie de Revelação sem Deus, uma forma de elevação espiritual. Se há algo notório dentro de uma universidade atual, com algumas exceções, é que Deus está morto. Curioso é pensar que mesmo sem Deus, os ateístas e materialistas militantes criam uma nova forma de moralidade, um novo ethos místico. E em nome disso, forjam novos dogmas: ciência, revolução cultural, dialética marxista, empirismo, psicanálise, evolucionismo e Estado laico. E como sectários de uma nova seita moderna, querem revogar, por decreto, dois mil anos de cultura judaico-cristã. E o que oferecem em troca? Feminismo, abortismo, multiculturalismo, casamento gay, totalitarismo estatal, entre outras aberrações.

Interessante notar a preferência maníaca pelo chamado “Estado laico”, este bezerro de ouro tão cultuado por esses materialistas militantes. O Estado “laico”, neste caso, não se contenta em isentar-se de uma opinião teológica definida: ele é mesmo um Estado filosoficamente contrário à religião. Dois exemplos claros podem retratar essa perversão ideológica, que contamina, em particular, a civilização européia. Quando o presidente da França, Nicolas Sarkozy, fez rasgados elogios às origens cristãs do seu país, e, posteriormente, à religião islâmica, como culturas civilizacionais para os povos que os consagraram, os cretinos ateus quiseram escorraçá-lo: diziam que o premiê francês era contra o Estado laico, contra a separação entre religião e Estado. É como se a fé religiosa não fizesse parte da cultura humana e mesmo da cultura política do mundo ocidental.

O outro caso foi ainda mais escandaloso: o papa Bento XVI planejava fazer uma conferência em uma universidade italiana, quando um grupelho de professores fez um abaixo-assinado proibindo a visita do Sumo Pontífice. O ato, além de mesquinho e preconceituoso, foi desleal: Joseph Ratzinger foi professor de Teologia naquela universidade, ironicamente chamada “Sapienza”. Tudo em nome da “laicidade”, diziam os ursos sábios da cátedra. Na verdade, a laicidade tem um nome: totalitarismo ideológico. Esse ódio irrefletido à religião e mesmo à fé católica, destratando a autoridade religiosa mais importante do ocidente, mostra o nível de fanatismo, sectarismo e intolerância vindo dos movimentos materialistas. No entanto, dentro do imaginário ateu militante, sectários e fanáticos são os religiosos. Eles, os ateus, são “iluministas”, ainda que para isso marginalizem ou persigam mesmo o papa. Ainda que policiem as expressões e pensamentos cristãos que ainda vigoram na alma do povo.


Não é por acaso que os militantes ateus querem que a religião se torne foro “privado”. Como a única coisa realmente “objetiva” é a ideologia apregoada por eles, aí só resta desmerecer os fundamentos intelectuais da religião, como se fosse um mero capricho. Claro, Deus é subjetivo, o ateísmo não. Daí essa marginalização não se limitar na esfera social e política; a esfera intelectual também conta, no sentido de recusa de debater os pressupostos da fé, em favor da tão alardeada “ciência”. A ausência completa de uma cultura clássica cristã medievalista nas universidades contrasta com o turbilhão de tolices das ideologias revolucionárias e materialistas. Em outras palavras, muitos universitários são ateus, porque só vêem um lado da história. Eles criticam o cristianismo e o medievalismo sem entendê-lo.

Por outro lado, assustadora é a burrice dos chamados militantes ateus, no que diz respeito aos pressupostos teológicos e históricos do cristianismo. As publicações recentes de Dawkins, Sam Harris, Christopher Hitchens, entre outros, a despeito de suas lorotas, são ovacionadas pela opinião pública, como o supra-sumo da inteligência atéia. O problema mesmo é a idiotice dos jornalistas e comentaristas, ao ignorarem o poço com o qual os ateus militantes se embebedam: o que Harris, Dawkins e Hitchens fazem é desenterrar as velhas ninharias iluministas anti-religiosas, com achaques de pseudo-cientificismo do século XIX, teses em muito ridicularizadas por gente inteligente e séria. O pior é quando ateus desse naipe tentam criticar a teologia e a filosofia cristã, em específico, a filosofia medieval. Eles ainda repetem aquela asnice da “Idade das Trevas”, como se o humanismo renascentista fosse a quinta essência da maravilha do universo.



Todavia, esquecem que muita coisa do pensamento renascentista estava longe de ser contrário aos pressupostos religiosos cristãos. E mesmo ignoram que a Renascença surgiu a partir da Idade Média, não como um contraponto dela. Os militantes ateus absorvem o que há de pior no pensamento renascentista: a negação do pensamento aristotélico no plano político e a rejeição da moral cristã na conduta social, em favor da ideologia da onipotência e amoralidade do Estado laico. E no aspecto do conhecimento, a explicação “cientifica” do comportamento humano, no objetivo utópico de controle sobre a natureza e o homem. Acrescente-se, ainda, a onda ocultista que está por trás desse ritual de ciência milagreira. Parte-se de uma concepção gnóstica de alguma revelação auto-divinizatória de uma verdade, através dos métodos científicos, como se eles explicassem todos os fenômenos do universo. O Estado totalitário moderno deve muito à idealização cientificista do conhecimento e da realidade humana, surgido a partir da Renascença e desenvolvido no Iluminismo. O totalitarismo é o Estado laico elevado a deus, o filho malvado dos renascentistas e dos iluministas.


O que os ateus militantes argumentam? Dawkins repete cantilenas evolucionistas, tal como uma criança da quinta série primária, querendo chocar um padre interiorano de paróquia; o “filósofo” Sam Harris, no cúmulo da ignorância mais histriônica, diz que o islamismo, judaísmo e o cristianismo jamais contribuíram para a civilização. Ou seja, ele assume desconhecer dois mil anos de cristianismo, mil e quinhentos anos de islamismo e uns três mil anos de judaísmo, para soltar uma das maiores besteiras da atualidade, indo de encontro a qualquer pensador autêntico. Hitchens afirma que a religião é má influência por toda a humanidade, e, o ideal seria todo mundo esquecer as heranças ancestrais religiosas, para pensar, claro, como o iluminado Hitchens. . .

O mais pedante de tudo isso é esses ideólogos quererem oferecer uma moralidade nova, em substituição ao velho cristianismo. Seguidores é que não faltam: satanistas, abortistas, existencialistas, evolucionistas, marxistas, entre outros. Como Deus não existe, somos frutos do acaso, todos os atos humanos são arbitrários na sua essência, e tudo pode ser permitido. Em suma, um grosseiro epicurismo. E como propõem, de forma arrogante, substituir a religião em tudo, só restam criar um Estado e uma realidade moral laica totalitarista, para pré-moldar tudo aquilo que foi até então constituído pelo cristianismo, reconstituindo uma forma aberrante de moralidade. Todos os movimentos materialistas, ao ignorarem os fundamentos e sentido da boa religião, na verdade, querem substituí-la, dentro num vácuo cultural. A moralidade politicamente correta é um produto disso.

Quando eu vejo a Patrística, a Escolástica, Aristóteles, Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino, Hugo de São Vitor, entre outros, sendo banidos por idiotas nocivos como Sam Harris, Hitchens ou Dawkins, meus brios medievais se voltam ao velho cisterciense São Bernardo de Clairvaux, para o qual o herege é digno de ser passado a fio da espada. São esses tipinhos incultos, vigaristas, que expulsam um intelectual digno como Bento XVI de uma universidade; são estes que querem banir a religião da vida pública e serem falsos profetas da modernidade, criando uma antiética, distorcida e doentia. Enfim, são estes os filhotes do grande Leviatã moderno, que na devoção apatetada do Estado e do laicismo, tornam-se imagem e semelhança dos macacos de Darwin. É, em suma, um planeta de macacos!

4 comentários:

Unknown disse...

Conde

Estamos no início do fim? Ou é cíclico?

Belo texto, belos argumentos.

Separar a crença da ciência é o mesmo que querer separar a alma, o espírito e a matéria (corpo). A ciência existe devido à crença do ser humano em Deus. Uma coexiste por causa da outra. E a mesma equivalência se aplica ao estado.

Para mim, isso cheira oportunismo barato. Os tais docentes querem quinze minutos de fama.

Postei a matéria na cmdd cansei.

Anônimo disse...

Mais uma boa matéria Conde.Acredito que estamos vendo o início do processo de desqualificação e daqui a pouco a criminalização da fé, o que já está previsto na PL 122/06. Nada que não esteja escrito no Apocalipse. A mídia quer passar a idéia de que quem tem fé é intelectualmente fraco. Um bom exemplo é o desenho dos Simpsons. Um artigo da www.wnd.com traduzido pelo júlio severo diz que dos 844 prêmios Nobel 159 foram dados para judeus, um argumento incontestável contra os anti-semitas. Sobre a maior "autoridade" religiosa do ocidente deixa para outro post...

Anônimo disse...

O Santo Padre é a maior autoridade religiosa do ocidente sim seu herege de merda. Ele é o máximo representante de Cristo, Seu vigário; sua pessoa é sagrada. Não precisamos de mais anticatolicismo rançoso, ainda mais de parte de membros de igrejolas que só entopem o Brasil de lixo e podridão. E isso vale para os bispos e padres traidores da CNBBosta - para que os discípulos de pastores ladrões e falsificadores não venham nos chamar de hipócritas. Parabéns Conde.

Anônimo disse...

Parabéns,anônimo às 8:42 PM!

Parabéns,Conde!

Continue assim!Você está ótimo!