segunda-feira, julho 10, 2006

MINORIAS TOTALITÁRIAS

Um fenômeno ligado às democracias são as proliferações de movimentos sociais e ong’s relacionados a reivindicações de “minorias” ou de grupos sociais pretensamente injustiçados pela sociedade, no que diz respeito a comportamentos, aptidões e idéias. Em particular, os movimentos de gays, feministas, negros, indígenas, entre outros, que através de tais organizações, cobram reconhecimento em suas opiniões.

Nada mais explicável, dentro de nossa sociedade, a organização de grupos que se reúnem para defender seus pontos de vista, uma vez que tal prática somente existe em países de tradições liberais e democráticas. Porque a experiência prova que somente nas sociedades liberais é que existem esses zelos ao pluralismo político e aos direitos individuais de quaisquer indivíduos ou grupos. Principalmente se for observado que os homossexuais são pessoas que estão fora de um padrão de moralidade aceito pela sociedade.

Contudo, o viés dos movimentos das minorias, no caso os gays, as mulheres, os negros e tutti quantti, sempre foi a idéia da politização dos comportamentos, como se a manifestação destes fosse um grupo partidário ou mesmo um ghetto. A sociedade, em parte, contribui pra isso, uma vez que existe, no caso específico dos homossexuais, uma certa dose de discriminação em comportamentos considerados incomuns ou imorais pela comunidade. Todavia, há excesso e radicalismo perigosos e impertinentes, numa espécie de culto grupal de tais organismos, como se eles fossem membros de uma classe eleita.

Não é por acaso que muitos movimentos gays, negros ou feministas apresentam uma contradição intrínseca de sua própria formação: eles se agrupam de uma maneira totalitária, criticando a tudo ou a todos que fogem de seus modelos construídos corporativa e ideologicamente, sem admitirem quaisquer críticas sérias e também válidas contrárias às suas exigências e condutas.

Um exemplo claro disso é a extrema ligação de muitos destes grupos com movimentos radicais de esquerda. Vários partidos de esquerda exploram a marginalização de muitos destes grupos sociais para alimentarem um certo grau de infantilismo, prometendo o paraíso pra lhe arrebanharem votos e canalizarem as frustrações pessoais. De fato, por uma ótica política, a estratégia é engenhosa, pois outros partidos políticos parecem não se interessar por exigências muito particulares, como comportamentos sexuais ou identidades raciais.

O mais impressionante, todavia, é que por essas influências, tais grupos são flagrantemente simpáticos a idéias antidemocráticas, sem se aterem ao fato de que possuem uma certa liberdade porque precisamente vivem nela. Não é por acaso que ouvimos um grau de messianismo que chega a ser patético, oriundos do movimento gay, feminista ou negro, de criarem idéias racistas e sexistas de culto cego aos seus próprios paradigmas e estereótipos e o horror à diferença. Uma contradição soberba, mas que se revela de uma forma notória.

Em nome da pluralidade, alguns movimentos sociais parecem não aceitá-la quando não as privilegia grupalmente. E o mais estranho é que desejam criar “direitos” específicos em nome de suas “diferenças”, sem respeitar as diferenças dos outros (isto quando não negam a igualdade perante a lei, comum a todos!). As feministas radicais, como os negros e os homossexuais militantes adoram fazer apologia da raça e de seu comportamento sexual, e, no entanto, escandalizam-se com qualquer crítica conservadora divergente de seus pontos de vista. Há, na verdade, uma tentativa de censura às avessas, como se tais grupos fossem os novos paladinos da moralidade, embora não possuam bagagem para tanto. O pior é quando se criam leis especificas atendendo-os, o que não passa de uma espécie de imposição de privilégios disfarçados.

Não são incomuns alguns grupos minoritários culparem a “sociedade ocidental” ou a “opressão capitalista” pela discriminação racial e sexual. Absorvendo os ideários radicais da esquerda, projetam ilusões, como se o socialismo ou outra forma de poder fantasioso ou “libertário” vá elevá-los a algum estado de redenção. É uma ingenuidade que beira a ignorância, pois os regimes socialistas sempre foram cruelmente impiedosos com as minorias, sejam elas sexuais ou raciais. Até porque o socialismo não valoriza o indivíduo, e sim a supremacia absoluta da coletividade. E numa sociedade coletivista, as minorias não têm espaço algum.

O capitalismo, o mercado, a democracia e o liberalismo favoreceram muito mais estas minorias do que qualquer outro sistema, pelos escrúpulos visíveis das liberdades civis que existem nos paises democráticos. Somente num país capitalista é que os gays, os negros e as mulheres possuem espaço livre na mídia, na sociedade civil a até numa sociedade de consumo, onde são atendidos em suas satisfações pessoais e no direito de serem ouvidos. Isto, sem arrebanhá-los em grupos fechados e partidos políticos e tampouco transformar isso em demagógica reivindicação política.

Num caso específico, a “politização” do sexo sempre pareceu algo entre o caricato e o patético. Visto que questões de comportamento sexual deveriam ser quase que sempre problemas da vida privada de cada um, e não uma preocupação do Estado. É claro que isto não é totalmente seguro, e há exceções, visto que na sociedade existem normas de conduta social também ligadas ao sexo, e que de certa forma, influenciam nas leis. Um exemplo clássico é a questão de práticas homossexuais em recintos públicos, um aspecto particularmente muito controverso, no que diz respeito à liberdade individual e algumas normas de conduta moral aceita na sociedade, inclusive tendo conseqüências legais. E outros, como o casamento de homossexuais e a adoção de filhos por casais gays, temas espinhosos dentro de uma sociedade culturalmente heterossexual.

As leis, de fato, não estão isentas de avaliações em relação à moral. O Estado totalmente amoral é apenas um mito, dentro do Estado laico moderno. As leis, de alguma forma, refletem um âmbito de moralidade e eticidade que está de acordo com o que a sociedade crê ser seus valores e princípios. Não matar e não roubar são princípios morais e éticos, tanto quanto os princípios ligados à família e às relações monogâmicas. A diferença básica numa sociedade liberal, é que ela reconhece aos indivíduos um certo grau de liberdade de escolhas nos aspectos morais, sem transformar isso num ato de coação. E o Estado liberal democrático apenas restringe os abusos, quando eles fogem do âmbito individual para prejudicarem terceiros.

Contudo, o que deve ser avaliado é a proporcionalidade da moral e do que é exigido, pois, nem todas as reivindicações movidas por comportamentos sexuais podem necessariamente ser atendidas. Questões como a sociedade civil entre homossexuais, no que diz respeito a bens e patrimônios construídos em comum, podem ser reivindicações razoáveis, dentro de certos limites. Porém, elevá-los no mesmo status de uma relação heterossexual é comparar duas situações não somente diferenciadas como incompatíveis. As responsabilidades, a natureza e a relevância de um relacionamento heterossexual são totalmente distintos de uma relação gay. Ainda que se possa atender certas exigências razoáveis, não se pode nivelar por baixo tudo em nem pode se negar certas crenças morais, que decerto, são também válidas.

O problema básico destas discussões é o perigo do relativismo moral. Certos grupos querem rebaixar a moral e os costumes, nivelando-os, aos olhos de um Estado democrático, como se a moral e a ética não tivessem uma hierarquização de valores. A liberdade de opiniões não nega a força e a coerência de certos princípios morais e eticidade. Tampouco o Estado democrático pode relativizar algumas regras de conduta, que são preciosas ao próprio convívio social. Pode-se tolerar alguns tipos de condutas, todavia, não é da responsabilidade do sistema democrático, e tampouco de qualquer sistema, atender quaisquer exigências, por mais absurdas que sejam, partindo do mero pressuposto de agradar a gregos e troianos ou trair o bom senso em nome deles. O homossexualismo, como algumas condutas sexuais marginais, podem ser toleradas, dentro dos atos individuais de cada um, mas nunca pode ser exemplo ou referência moral para qualquer sociedade, pela anormalidade que tal comportamento acarreta individual e socialmente. É por isso que o nivelamento do comportamento gay e o comportamento hetero são absurdos, precisamente porque o heterossexualismo, ao contrário do homossexualismo, não é uma mera conduta dentre tantas outras, mas o pressuposto básico para perpetuação da espécie, uma necessidade da própria natureza humana em reproduzir. Não se pode nivelar o amor entre um homem e uma mulher, ou mesmo as responsabilidades civis e morais entre um cônjuge heterossexual, seja no aspecto dos bens, como filhos e a família, com o “casal” ou dupla homossexual. A relação hetero é a base da família, pois só ela gera responsabilidades filiais e é por intermédio dela que a família é gerada ou mesmo imitada. Mesmo as adoções, filiações e paternidade ou maternidade estão inseridas dentro de uma conduta heterossexual e são reproduções jurídicas dela.


Por outro lado, temos os chamados movimentos negros e feministas. Há um processo de vitimização em tais grupos, que os militantes se julgam no direito de reivindicar privilégios legais ao Estado, como se os sofrimentos alegados por tais minorias justificassem esses privilégios. Nisto se reflete nas chamadas reservas de mercado para mulheres e negros, como as cotas raciais nas universidades e postos de trabalho, e também cotas sexuais. Em nome de se combater o racismo, os movimentos negros legalizam o racismo de maneira inversa, como se as supostas “dívidas históricas” pudessem ser pagas por gerações que não tiveram a menor culpa nisso. O mesmo principio de deduz nas feministas, já que estas amaldiçoam o macho por qualquer complexo que lhes dê na cabeça. Curioso é que as exigências e as justificativas que tais movimentos exigem privilégios são explicadas por supostas culpas sociais de quem não está incluído no grupo. O raciocínio aí não somente é visivelmente totalitário, como discriminador.

Ou seja, a culpa do mundo é não se sujeitar ou agradar aos caprichos das minorias militantes. O julgamento da sociedade, pelo prisma das minorias, não depende de uma responsabilidade individual em si de alguém com outro individuo, e sim de estereótipos grupais, sejam eles raciais e sexuais. Os brancos são culpados por serem brancos, porque cumprem um estereotipo de dominador europeu, como os homens são caracterizados como homens, enquanto patriarcais e machistas. O mesmo princípio se aplica aos homossexuais, que se acham no direito de condenar a sociedade heterossexual, enquanto não se cansam de se neurotizar e expiar suas culpas pela moral judaico-cristã.

O pior de tudo isso é o patrulhamento ideológico que está por trás do raciocínio e dos métodos de organização destes grupos. Não é mera coincidência que posições conservadoras do ponto de vista ético e moral são vistas como uma espécie de heresia, isso senão um sacrilégio medieval dentro das hordas progressistas. De fato, o autoritarismo policialesco de tais movimentos progressistas militantes não são menores do que o fundamentalismo religioso mais primitivo. Eles são, na prática, uma forma sublimada de fundamentalismo, embora de caráter ideológico. Em nome de criticarem a moralidade conservadora, eles mesmos se postam de moralistas, ainda que o seu princípio ético seja vago e permissivo. O critério de julgamento moral destes movimentos é só um: ou se acata o que eles dizem ou é condenado aos quintos dos infernos. O grupo, coletivo, é o imperativo moral superior e inquestionável, e qualquer cidadão que questione essa concepção, está excluído do processo. O mais impressionante é que tal julgamento é uma anti-ética, uma anti-moral, já que esvazia de conteúdo qualquer responsabilidade individual pelos atos, julgando-se aleatoriamente as pessoas pelo grupo. É a velha cultura e raciocínio de índole totalitária, fatalista e despótica, que prejulga as pessoas pelo raciocínio ideológico e conveniências grupais e não pelo prisma dos atos e da responsabilidade pessoal por eles.

E não é por acaso que as minorias militantes, no dogma moral de julgar a sociedade pelas suas rejeições e pelos seus complexos, possuem uma forte sedução pelas ideologias de engenharia social. Acham que podem transformar a sociedade manipulando a ética, os valores, os símbolos, a cultura, o bom senso e mesmo a razão elementar. E em nome disso, mal percebem o quanto acalentam um espírito moralmente corrosivo e destrutivo, cujas conseqüências são as piores possíveis. Ou seja, uma completa inversão dos valores, uma verdadeira esquizofrenia moral e ética, em nome de meros caprichos subjetivos, causados pela revolta e rancor. O “politicamente correto”, tal como a revolução cultural esquerdista infestada em universidades, escolas e centros culturais, são formas ostensivas de policiamento da personalidade, da linguagem, no sentido de moldar e forjar comportamentos artificiais. Nenhuma sociedade sã evolui com um princípio de moralidade pautada na crítica raivosa, na polícia de pensamento e de padrões e na moldagem servil de comportamentos. Pelo contrário, uma sociedade assim, se surgisse de fato como regra, ela retrataria o sinônimo mais grotesco de decadência.

Que dentro de nossa sociedade liberal, todas as consciências devem ser ouvidas, isso é óbvio. Que o direito a opinião deva ser sagrado, no sentido de que cada um tenha exercício do seu pensamento, além do debate livre e sério a assuntos controversos, isso também é louvável. O que não é louvável são grupos organizados criarem leis, artimanhas ou usar da força do Estado para imporem suas crenças, regras e ideologias. Tais artifícios são uma completa renúncia ao debate e uma forma disfarçada da censura a livre opinião. Tampouco cabe condenar àqueles que não concordam com os caprichos das minorias. A sociedade democrática se equilibra, precisamente quando há a liberdade de questionamentos, inclusive contrários a tais núcleos, incoerentemente chamados de “progressistas”. A sociedade democrática só sobrevive, de fato, quando a liberdade de pensamento e opinião é preservada, tanto de um lado, quanto de outro, para que haja equilíbrio. E mesmo essa liberdade, não renuncia a sua dose de moral, sob pena de caos.

Leonardo Bruno
Em 10 de julho de 2006

4 comentários:

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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Anônimo disse...

negros e mulheres são movimentos de minoria agora.


so existem homens brancos para voce