
Há uma estranha diferença de concepção “moral”, por assim dizer, entre um corrupto de direita e um corrupto de esquerda: um direitista corrupto, por mais cínico, depravado e falsário que seja, parece ainda crer numa moralidade vigente, ao sujeitar-se numa concepção de ética e decoro comum, ainda que o viole. Um exemplo clássico disso é o deputado Severino Cavalcanti, do PP. Todo mundo, desde as estrelas, até as pedras do Planalto, via na testa do deputado, uma aura típica e um cheiro de corrupção no ar. A má fama do deputado, porém, se contrastava com um conservadorismo atípico, uma crença, ainda que culposa, da superioridade de uma moral vigente, que ia além de seus delitos de batedor de carteira. Um corrupto como ele nunca questionou necessariamente a moral. Pelo contrário, ele prefere ser hipócrita, incorporar a moralidade vigente, afirmando até as estrelas, descrentes das suas mentirinhas relapsas, de que é um deputado honesto, paladino da moralidade cristã conservadora ou da ética “pequeno-burguesa”, dentro do clichê esquerdista. Essa consciência culposa é interessante: como que ciente dos pecados e pego com a mão na massa, o político de direita fizesse uma mea-culpa, uma confessio em público de seus pecadinhos ordinários. Isso mostra o quanto o corrupto de direita é estreito mentalmente, se comparado ao corrupto de esquerda.
Há uma estranha moral no corrupto de esquerda. É que, ainda que pego com a mão na massa, parafraseando Trotsky, a moral “dele” não é a “nossa” moral. O esquerdista corrupto não se sujeita à moral vigente. Na verdade, ele a despreza. Intoxicado pelo relativismo moral, pela descrença na verdade, e crédulo de um projeto político, que em nome de sua finalidade, a moral, o amor à verdade e mesmo os “escrúpulos burgueses” são apenas aspectos secundários, vulgares, de uma elite e uma sociedade decadentes, o esquerdista inverte todo o sentido da ética. A ética da esquerda não é apenas roubar; é perverter o sentido da moralidade. Ela não se justifica perante a sociedade, com a aura hipócrita de honestidade; simplesmente justifica o roubo como legítimo. O “catecismo revolucionário” que está na sua alma perniciosa ignora o sentido de propriedade alheia. E o esquerdista, quando mata, ainda que seja a pessoa mais inocente da terra, mata por elevados “ideais morais”. É por isso que a esquerda faz crimes, achando que encarna uma “ética”: porém, não é a ética vigente, não é a moralidade “cristã” e “burguesa” herdada de nossos avós; é a ética do Partido, a ética da solidariedade criminosa de gângsters, em que a bandidagem e o crime são válidos, conquanto promovam o novo poder totalitário.
É por isso que as ditaduras esquerdistas, com seus expurgos, seus genocídios, encarnam uma visão de eticidade doentia; um quesito de práticas, que quando não são truculentas, são lentas, graduais, no sentido de destruir qualquer consciência moral na sociedade. E hoje, o PT encarna a anti-moralidade do poder no Brasil. Não se pode esperar de guerrilheiros, assaltantes de bancos, terroristas e parvos admiradores de regimes totalitários, a santa honestidade aprendida a chibatadas pelos nossos pais. Quem relativiza a moral e a verdade até às raias da demência, só pode ser julgado um cínico e um mitomaníaco patológicos. Mas esse é o PT no poder, é o estado de coisas, onde o que era certo, agora é errado, e vice-versa. . .a honestidade é criminalizada e a depravação moral é legalizada.
A esquerda soube muito bem pegar o fraco a direita neste ponto. Para o esquerdista corrupto, a direita é burra, precisamente porque se sujeita a essa aura de moralidade, quando é pega com as suas sujeiras de delinqüente juvenil. A superioridade política do julgamento da esquerda está ligada justamente ao fato de que este grupo não se presta a se sujeitar a nenhum tipo de moralidade vigente. Ela se acha acima disso. A direita, em geral, rouba pra ter confortos mundanos, e de maneira muitas vezes isolada. A esquerda é muito mais ambiciosa do que isso. Ela tem um projeto de poder e esta ambição implica moldar tudo de acordo com sua vontade e consciência!
Roberto Jefferson é um personagem trágico, é o último dos corruptos com alguma aparência de consciência moral. Ele não é um corrupto petista cínico, abjeto, como José Dirceu. Roberto Jefferson ainda encarna um decoro, ao afirmar uma moralidade e honestidade comum, ainda que falsa. Ele ainda reconhece uma moralidade a quem prestar contas. Ainda que com um histórico de corrupção, falou em público a verdade, pagando o preço do suicídio político. Há quem diga, que se ele não salvou o país, pelo menos retardou o projeto totalitário petista. E como um digno Macunaíma, é um herói sem caráter.
Com a ascensão petista, a desonestidade tomou conta de vez. Aquele precário senso de honestidade pública e hipocrisia, que ainda existia na política brasileira, foi sufocado: o partido nem nega mais que é corrupto; porque para o senso comum petista, se todo mundo é corrupto, logo, eles também têm o direito de sê-lo, e o pior deles. A corrupção, na visão petista, é racionalizada e justificada. E como a ideologia é o ópio, o anestésico moral deles, a esquerda ignora qualquer senso de concepção ética e ideologiza a política inteira: a crise não é “ética” e a moralidade exigida pelo povo brasileiro é uma “conspiração de direita”; pois, se a oposição é, de alguma forma corrupta, ninguém tem o direito de exigir algum tipo de dignidade, e, logo, o PT pode roubar à vontade.
Dostoievski já dizia que esses indivíduos encarnam o “demônio” bíblico. Como tal, vieram pra matar, roubar e destruir, visto que a moral “deles” não é a “nossa” moral. E, pasmem, para a tragédia nacional, a moral “deles” domina.
. . Leonardo Bruno
Em 05 de julho de 2006
3 comentários:
Se eu for assaltado por um simpatizante da Direita pelo menos vou ficar feliz por ele ter "dignidade moral"
Em tempo... Mas que blog fracassado o seu hein. Ningúem comenta, aqui vive às moscas, nem aquele seu fotolog ridículo era tão vazio quanto isso aqui
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