
É modus operandi da comunidade universitária atual denunciar o “mito” da democracia racial brasileira. Partindo de tal premissa, defende-se as cotas raciais em vagas de empregos e universidades, posto que os negros supostamente são discriminados no mercado de trabalho e por isso recebem salários mais baixos do que os brancos. Uma das manias intelectuais mais esquisitas em nossas universidades públicas e certos setores da imprensa é o alardeamento desse “mito”. A idéia de “democracia racial” foi desenvolvida por Gilberto Freire, na sua famosa obra, Casa Grande & Senzala, onde retrata a formação cultural do povo brasileiro, através da miscigenação das raças e na integração dos povos que fincaram aqui raízes no Brasil. Numa época em que as idéias racistas ainda estavam em voga na Europa, principalmente com a ascensão do nazismo na Alemanha, Gilberto Freire percebeu a grande virtude da sociedade brasileira, ou seja, a da mestiçagem, na integração harmoniosas entre as raças, se comparada ao que ocorria em violências raciais na Europa e nos EUA. A idéia de democracia racial, na verdade, dizia respeito ao convívio pacifico do emaranhado de raças da sociedade brasileira, em comparação aos guetos judaicos alemães e poloneses e os apartheids americanos e sul africanos.
A democracia racial, antes de ser uma propaganda enganosa feita de boa ou má fé, isto nas palavras de muitos militantes negros, ou uma ideologia de “hegemonia racial”, (embora ninguém não especifique de quem), retrata sim, a auto-imagem de um povo, que por natureza mestiça, não consegue aceitar o racismo. O que a militância pró-cotas e negra não explica é a miscigenação esmagadora, isto num país, que acusa de ser racista. Não explica que uns 70% ou mais da população branca têm algum ancestral negro. Não explica que os negros e brancos se misturam sem maior escândalo, que muitas loiras estão se misturando a torto e a direito com algum africano ou descendente de africano. Não explica o porquê de não termos guetos raciais, bairros só para brancos ou bairros só para negros. Tampouco explica por que muitos judeus moram num bairro cheio de árabes muçulmanos e até agora ninguém se matou pela Palestina, pelo contrário, tem muçulmano que casa com judia.
A idéia disseminada dos defensores das cotas, de que a crença na democracia racial visa “despolitizar” as raças “não hegemônicas” ou desestimular a “identificação grupal”, lembra que o exemplo mais acabado disso foi o nazismo, onde os critérios da raça foram fatores políticos determinantes no mito da “raça ariana” e na exclusão dos judeus. Ou Slobodan Milosevic na Iugoslávia, onde a politização da “raça” sérvia contra os bósnios, croatas e tutti quantti gerou uma guerra sanguinária e genocida. A despolitização da raça no Brasil se deve menos a ocultação do racismo, do que a inexistência do termo “raça” em nossa cultura, que infelizmente os movimentos negros querem reinventar, alimentados pelos cânones racistas norte-americanos. A “consciência coletiva” de uma democracia racial se deve a todo um convívio social de um país pautado na história mista de raças, onde brancos, negros e mestiços possuem uma origem comum.
Quando se vê a popularidade de tais idéias tresloucadas, é assustador o quanto um emaranhado de premissas falsas podem levar a conclusões falsas e idéias absurdas. Um exemplo claro disto é quando o governo atual deseja legalizar um estatuto de “igualdade racial”, que nada mais é do que um estatuto racista, que visa desigualar os indivíduos pela cor de sua pele e estigmatizar os cidadãos como membros de uma “raça” instituída pelo governo. De fato, é de se imaginar quanto há de loucura, quando acadêmicos, presumindo a igualdade racial, criam uma das mais odiosas desigualdades, um dos mais odioso status, o status jurídico da raça. Mas a conseqüência lógica da lei racista que tenta vigorar na legislação de nosso país é fruto de um emaranhado de sofismas pomposos falados a exaustão na comunidade acadêmica, que acabaram se oficializando como dogma do mundo “cult”.
Movidos por uma completa ignorância da realidade e presos aos preconceitos acadêmicos e a projeções de pessoas notórias em seu meio cultural, os militantes são totalmente desprovidos de analise lógica dos assuntos que se prezam a avaliar. Pelo contrário, eles, muitas vezes, não querem entender a realidade, mas reproduzir uma. Precisam abdicar completamente da compreensão real pela ideologia. E a ideologia da moda é a “raça”, mais precisamente a “raça negra”.
Quando os militantes das cotas ou denunciadores do racismo brasileiro fazem premissas comparativas de desigualdades entre as raças, há uma sofisma implícito aí. É como eles invocam o conceito de igualdade. Primeiro, a idéia mesma de igualar as “raças”, já implica uma falsidade lógica, uma vez que só podemos presumir igualdade entre indivíduos, não entre raças. Isto porque só podemos conjecturar algum tipo de igualdade no que diz respeito aos direitos, não aos méritos. Há uma completa distorção da idéia de “igualdade”, uma palavra que, de tão desviada de seu conteúdo original, acabou distorcida pra justificar as piores iniqüidades.
Ou seja, as estatísticas, comparações e nivelações entre questões raciais entre negros e brancos são falaciosas na sua essência. Porque elas induzem uma crença de “igualdade racial” abstrata e proporcional, implicando justamente uma desigualdade racial concreta entre indivíduos. É como se as estatísticas e os militantes das cotas presumissem a igualdade enquanto elementos grupais. É absurdo criar um estatuto da “igualdade” entre raças, baseando numa proporcionalidade de “brancos” e “negros” ricos ou pobres, até essa proporcionalidade cria justamente a discriminação racial entre indivíduos. “Igualdade” não implica proporção coletiva igual, mas condição igual de tratamento entre indivíduos, independentemente da raça. Pois a característica física de um grupo racial não preconiza talentos específicos de indivíduos. É o talento individual que preconiza a desigualdade de méritos. E é a igualdade de tratamento entre indivíduos que se preconiza a verdadeira justiça.
Por outro lado, há outra premissa, que também é falsa e esvazia de sentido o conceito das cotas: a própria idéia de raça num país mestiço. Os alardeadores das cotas adoram apregoar racismo no Brasil, mas nem sequer conseguem provar uma “hierarquia racial” na conduta mestiça dos brasileiros. Na falta de uma identificação racial com que possam legalizar pelo Estado, inventaram uma artimanha patética, conceituando “socialmente” uma identidade racial. Agora inventaram a raça auto-declarada por imposição legal deles. Se isso não fosse somente um sofisma, diríamos que isso é uma fraude não somente acadêmica, como jurídica.
Um exemplo clássico disso é a questão das diferenças salariais entre negros e brancos. Sobre essa questão, é curioso saber o que seria definir negro ou branco neste país? Se for catalogado quem se considera branco, negro, pardo, mestiço, teríamos literalmente um verdadeiro samba do crioulo doido. Se for considerado pela nomenclatura da inteligentzia “sociologuesa”, ou seja, “afro-descendente”, até eu, que tenho a pele branca, sou afro-descendente. Numa sociedade mestiça como a nossa, é tremendamente difícil avaliar a situação econômica dos ricos e dos pobres somente pelos critérios da raça. Ainda mais num país socialmente pobre, onde a maioria dos brancos, negros e mestiços são incontestavelmente pobres. Onde brancos têm irmãos mulatos, onde mulheres brancas têm maridos e filhos negros, a definição de quem é mais miserável é quase sempre imprecisa e em alguns aspectos absurda.
As cotas raciais são tão fora de nossa realidade, que muitas pessoas do povo estranham uma lei que julga as pessoas pelo critério da raça, e isto por uma razão muito simples: o racismo no Brasil é um elemento historicamente superado, isolado, residual, sem vivência prática no convívio social. O racismo é tão inútil, que a maioria das pessoas têm vergonha de declarar-se como tal. O que exclui certos setores da sociedade não é o racismo, mas sim a miséria, a falta de oportunidade e a decadência das escolas públicas do país. Dizer que esta falta de oportunidades é monopólio dos negros é desconhecer o próprio país. A maioria dos mestiços também estão nesta redoma de carência, como a maioria dos brancos.
Se muitos brancos são privilegiados pela educação, o que isto tem a ver estes afortunados com os brancos sem educação somados com os negros e mestiços? É uma incoerência lógica tremenda excluir os brancos pobres só pelo fato de haver mais brancos ricos do que negros ricos, conforme adoram verberar os sociólogos, colocando em pauta estatísticas duvidosas. Contudo, deve-se entender que a denúncia militante ao racismo é apenas uma projeção ideológica de militantes e intelectuais, que usam premissas visivelmente racistas em tudo. Tal obsessão denuncia sim, o fanatismo deles.
Entre as coleções de sofismas básicos sobre as cotas, há outro, a de acusar a nossa sociedade camuflar o racismo, como se houvesse uma conspiração racial para esconder algum conflito étnico prestes a explodir. Supostamente, uma malvada "elite branca" inventou o mito da mestiçagem racial, pra esconder uma dominação imperceptivel, capaz de domar os negros, eternos escravos da miséria e opressão. A falácia deste argumento é bastante simples: Uma sociedade que considera o racismo como valor cultural não se envergonha de declarar sua hostilidade a outras etnias. Pelo contrário, a assume declaradamente, sem rodeios. Se um brasileiro médio se envergonha de se declarar "racista", é precisamente pelo fato de que o racismo não ser bem visto pela sociedade. Entretanto, a militância negra, querendo buscar o racista "oculto" dentro de nós, canaliza mais sofismas nestes termos:
1) a ausência de negros em determinados setores de nossa sociedade é prova de que a sociedade os discrimina; 2) que há preferências pessoais de contratantes por pessoas mais claras; 3) ou que diferenças salariais refletem discriminações raciais. As análises aqui são petições de princípio, pois julgam evidenciado um fato sem ao menos ter sido provado.
Com que pressupostos podemos dizer que a ausência de algum grupo racial num ambiente de trabalho ou universidade é prova de racismo? Resposta: nenhum. Até porque existiriam mil e umas razões para que os contratantes escolham seus funcionários e nem todos os negros estariam disponíveis, em dado momento, a ser mão-de-obra para tais empresas ou associações. E no caso das universidades, os critérios de avaliação são iguais para todos, já que os alunos são avaliados pelo nível de conhecimento que apresentam nas provas, não pelas variadas cores de suas peles.
Em contrapartida, com que critérios o Estado pode avaliar a subjetividade de um contratador? Desde quando o Estado, que deve tratar por igual os indivíduos, pode impor preferências raciais acima da vontade particular do contratante? Com que direito o Estado pode impor uma desigualdade em provas e avaliações de vestibulares, para escolher suas próprias preferências raciais, ao arrepio da lei? Se alguém tem preferências por contratar pessoas claras, outras preferem pessoas magras, gordas, mulheres, homens e negros. E nos vestibulares, os alunos são classificados, de fato, por seus talentos individuais. É bastante provável que a maioria dos empresários contratem pessoas, julgando irrelevantes os critérios raciais. Porém, é mais absurdo que o Estado interfira na liberdade individual de contratar, precisamente porque ninguém é obrigado a aceitar com algo que seja contrário às suas preferências. Pior, é o Estado impor a desigualdade nos critérios de avaliação do vestibular, criando uma forma legalizada de racismo. Isto porque o Estado quer impor sua subjetividade racial, partindo do pressuposto de uma falácia de presumir supostas preferências em ambientes de trabalho e universidades. O Estado, em nome de uma presunção de racismo no meio social, acaba legalizando uma forma grotesca de racismo.
Outro sofisma repetido à exaustão é relacionada às diferenças salariais. Para os defensores das cotas, os negros recebem salários menores do que os brancos, porque presumivelmente há critérios discriminatórios de raça refletido nas remunerações. Há a premissa inicial falsa de comparações entre “raças” e não entre indivíduos; e por outro, esse esquema de pensamento ignora outros fatores, como nível educacional, qualidades particulares dos mais capacitados e competitivos no mercado de trabalho, que dependem mais de méritos exclusivos do que de projeções raciais.
Os paulistas e sulistas possuem renda média maior do que os cidadãos do norte e nordeste do país. Os europeus têm um nível de renda e instrução maior do que os negros da África. Os americanos natos possuem um nível salarial maior que os imigrantes mexicanos. Há diferenças salariais entre eles? Sim. E por quê? Precisamente, e apenas, por causa da diferença do nível de instrução e economia deles. Dizer que negros ganham menos que brancos por causa do racismo, pode ter o mesmo sentido ridículo de dizer que paulistas ganham mais que nordestinos por racismo. . .ou seja, um nonsense lógico, embasado em presunções erradas e até fraudulentas.
Se num ambiente de trabalho, um homem considerado negro for mais instruído e educado que um branco, é provável que um negro tomará seu lugar e ganhará mais. O fato de um negro muitas vezes ter salários mais baixos que os brancos, não reflete nada de racismo, mas sim a comparação de instrução entre negros e brancos, como também, a investida de uma nova classe média negra no mercado de trabalho, em comparação aos brancos que já consagraram seus empregos. Ou seja, a tendência é que muitos negros, só com seu esforço, com o tempo ganharão mais do que muitos brancos. Este fenômeno ocorre também entre as mulheres, que conquistaram seu espaço no mercado de trabalho e só pela sua formação, há muito tempo já conquistam os melhores cargos de advocacia e medicina. No Brasil existem mais médicas e advogadas do que médicos e advogados. E não se precisou de nenhuma lei injusta e discriminatória privilegiando as mulheres. E esta tendência, da mesma forma que beneficiou as mulheres, beneficiará os negros.
Não se poderia dizer que o racismo não exista. Ele existe. Só que as discriminações no Brasil estão associados mais à miséria do que a raça em si. Os negros são discriminados porque são pobres, não porque são negros. Mas isto não acontece somente aos negros, mas também a brancos e mestiços. E se houver atos racistas, a lei nos invoca a igualdade inclusive racial, e cabe combatê-los pela lei.
Não cabe, portanto, criar novas formas de racismo, tais como as cotas, porque são por princípio, contrárias a lei, e por sentido ético, degradantes e imorais. A igualdade é para resguardar o mérito pelo esforço individual de cada um, não para privilegiar indevidamente a quem não merece, seja por privilégios raciais e sociais. O pior de tudo é que a ladainha, em nome de combater o racismo, vai é sim estipular um racismo mais pernicioso, e pior, oficializado. Ao invés de inventar privilégios indevidos e fomentar um racismo artificial e grosseiro, por que estes militantes das cotas raciais não apregoam a igualdade, no acesso irrestrito às escolas e locais de trabalho, tanto de brancos como de negros, através do mérito e do trabalho individual, ignorando os atributos ou infortúnios da raça? Muitas pessoas defensoras das cotas aparentam um discurso cheio de boas intenções. Todavia, ao contrário do que se pode presumir, a denúncia militante ao racismo é uma propaganda enganosa.
As cotas raciais seduzem os sociólogos de plantão, porque parece um lugar-comum da engenharia social moldar a sociedade por decreto e pelo poder do Estado. Criticam o racismo, contudo, criam cursinhos exclusivos para negros e índios. Criticam as desigualdades, mas estipulam privilégios raciais para algumas raças, excluindo outras. Criticam a democracia racial brasileira, porém invocam modelos dos guetos racistas americanos na perversão “separados, mas iguais”. Na prática, os intelectuais, em nome de denunciar o racismo, estão é sim inventando o racismo. Em miúdos, em nome de denunciar o mito da democracia racial, estão é inventando uma falsa auto-imagem, o mito do racismo no Brasil. É, em suma, uma doença intelectual.
7 comentários:
Parabéns, Nobre Cavaleiro, por denunciar as misérias da esquerdalha e tratá-la como merece: no coice!
Beijos! ;)
Flavinha
Oi, Cavaleiro Conde!
A Flavinha me indicou o seu blog e realmente é muito bom! Já está nos meus favoritos. O Brasil precisa de mais Cavaleiros como você. Nem tudo está perdido! Que D'us esteja sempre contigo.
Smacks!
Isso não é nobre, é um plebeu mal-educado que se faz de conde. Forca para esse fajuto
I'm impressed with your site, very nice graphics!
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oi sua besta vc provavelmente não é negro ou preto seja lá o que vc quiser.
eu sou negro queria ver vc falar uma asneira dessa na minha cara.
Só mesmo um imbecil escroto como esse para escrever uma porcaria dessas. Mas o que esperar de um saudosista da monarquia que acredita que a princesa Isabel libertou os escravos? Parece que vivemos num renascimento às avessas, principalmente no Brasil, onde a herança lusitano-monarquista, responsável pela desgraça desse país, parece estar renascendo da lata de lixo da história, de onde nunca deveria ter saído.
Só mesmo um imbecil escroto como esse para escrever uma porcaria dessas.
Conde-Só mesmo um imbecil para perder tempo não tendo resposta alguma ao que argumento.
Mas o que esperar de um saudosista da monarquia que acredita que a princesa Isabel libertou os escravos?
Conde-Eu não acredito, ela libertou mesmo os escravos, seu idiota! Ou a Lei Áurea nunca existiu?
Parece que vivemos num renascimento às avessas, principalmente no Brasil, onde a herança lusitano-monarquista, responsável pela desgraça desse país,
Conde-Felizmente tivemos essa herança lusitano-monarquista, senão seríamos um conjunto de republiquetas latino-americanas falando português. Quer dizer, já somos uma grande republiqueta, com o sr. Lula.
parece estar renascendo da lata de lixo da história, de onde nunca deveria ter saído.
Conde-Vc não precisa ser da história para ser lixo. Vc será lixo desde sempre!
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