segunda-feira, maio 12, 2008

Para salvar o Rio de sua agonia. . .

Um evento curioso mexeu com os brios do Rio de Janeiro. Nas eleições de 2006, a Igreja Católica moveu uma feroz campanha contra a candidata ao senado pelo Partido Comunista do Brasil, Jandira Feghali, uma vez que ela, em seu programa, defendia a legalização do aborto. Defendia, diga-se de passagem, usando de uma manobra jurídica maliciosa, pois seu projeto de lei legalizaria o aborto apenas revogando todas as disposições em contrário pela sua proibição. Se a artimanha legal não fosse ardilosa e desonesta, seria literalmente canalha, pois criaria brechas pela oficialização do aborto sem ao menos ser exposta ou discutida a questão pela sociedade.

Todavia, os segmentos católicos cariocas foram corajosos e denunciaram a trama. E dona Jandira, mostrando que era uma boa comunista, entrou na justiça pedindo uma liminar proibindo as atividades da Igreja Católica, inclusive, obrigando padres e bispos a fazerem silêncio sobre sua candidatura. A deputada do PC do B queria simplesmente calar a boca dos bispos, padres e militantes cristãos que denunciavam, com razão, sua apologia pró-aborto. A inversão de valores tornou-se bem clara: a justiça estava impedindo que os padres orientassem aos princípios de defesa da vida humana para seus fiéis. Isto soou ofensivo aos católicos, que numa reviravolta, conseguiram inverter as preferências eleitorais e derrotaram a comunista nas urnas. O mesmo sentido de determinação e coragem católica foi observado no projeto de lei recente pró-aborto, que foi rejeitado por unanimidade pelo Congresso. A força da Igreja foi essencial para que tal lei nefasta não fosse oficializada.

Impressionante notar que o Rio de Janeiro, tão assolado por problemas de toda ordem, tenha uma instituição cuja força moral e espiritual chega a ser determinante nas escolhas dos cariocas. A Igreja Católica ainda não descobriu seu poder. Acuados, divididos, atacados, os católicos parecem crer que não influenciam mais as pessoas. Todavia, quando se organizam e pregam seus princípios, fazem um estrago político descomunal. Quem acreditaria que a deputada comunista Jandira Feghali, apoiada pelos queridinhos da esquerda letrada, tivesse sua candidatura devastada por meia dúzia de grupos católicos muito bem organizados? Quem acreditaria que o projeto abortista, aprovado pelo governo federal, apoiado pela mídia nacional, por ong´s riquíssimas e mesmo pela ONU, tivesse uma derrota tão humilhante no Congresso Nacional? A agressividade dos bispos e mesmo dos fiéis católicos cariocas que expuseram vídeos, debates e até bonecos de fetos relembrando o direito inviolável da vida, foi um dos fatores que reduziram a pó a propaganda pró-aborto. Em particular, a visita do papa Bento XVI ao Brasil foi essencial para que o projeto abortista fosse literalmente abortado. Isso envolveu os sentimentos autênticos da população brasileira, majoritariamente católica e cristã, que não tolera o assassinato de inocentes. Auctoritas venceu a potestas. A autoridade moral dos bispos derrotou a autoridade política dos governantes.

Imaginemos se os católicos, conscientes de sua influência e seu poder moral, orientassem os cariocas para outras coisas da vida cotidiana? O pobre cidadão do Rio de Janeiro é vitima do descaso da classe política. É refém do crime organizado, que tira sua liberdade de ir e vir, numa espécie ilegal de estado de sítio. Paradoxalmente, ele é escravo de outras circunstâncias desesperadoras. Muitos cariocas crêem que a corrupção das classes governantes e os desmandos dos traficantes de drogas são situações incontornáveis, imutáveis. Caem numa espécie de fatalismo, impotentes para mudar uma realidade deformada que os cerca. Daí a entender que o sonho do Rio do passado de glamour é a fuga de uma realidade cruel e perturbadora da decadência.

O problema do Rio de Janeiro é de ordem ética e moral. Na verdade, o caos social que se encontra a cidade é reflexo de um completo vazio de laços comunitários entre seus concidadãos e falta de referências morais nesse sentido. Sem contar, basicamente, as más escolhas políticas que há nessa ruptura. A Igreja Católica precisa arrebanhar essas almas num projeto político que recupere a credibilidade dos cariocas e os faça ter energia para não aceitar os problemas cotidianos que os afligem. Salvar o Rio de Janeiro do caos é combater o fatalismo e a impotência que os cariocas sentem quando o assunto é a violência urbana e o narcotráfico, quando o assunto é a mediocridade das autoridades e a estupidez intelectual das esquerdas pseudo-letradas. As pessoas honestas parecem ter perdido o norte necessário para tomar decisões claras, enérgicas, no sentido de mudar as coisas. Se a ação dos bispos e padres foi capaz de mobilizar o Rio no sentido de destruir uma candidatura pró-aborto, isto, numa cidade supostamente conhecida pela hegemonia cultural da esquerda, o mesmo pode ser aplicado a outras questões que dizem respeito aos cariocas.

Paradoxalmente, o Rio de Janeiro possui um grupo de pessoas conservadoras e intelectualmente sofisticadas, que poderiam ser consideradas umas das melhores do país. Algo similar em militância, só o sul do Brasil. Há católicos de sólida cultura e um corpo clerical da Igreja de alto nível, que se fossem menos tímidos, causariam enorme impressão nos meios intelectuais e profundo impacto no povo. O conservador médio, entretanto, tem medo de aparecer. Não gosta do público. Daí a entender que uma população simpática aos valores tradicionais não tenha referências políticas para escolher representantes sérios. Daí a entender que um povo majoritariamente conservador seja presa fácil para a militância de esquerda dominante nos meios culturais e nas disputas eleitorais.

A Igreja Católica parece se perder numa diretriz política completamente equivocada. Quando participa de atividades políticas, cai no discurso pronto de seus inimigos. Na verdade, a causa desse erro é a divisão interna dentro da instituição. São poucos os bispos que têm a coragem de criticar virulentamente as ideologias espúrias do marxismo apregoadas pela esquerda. Em nome de ser politicamente correta e agradar a todos, a Igreja acaba não agradando a ninguém. Pelo contrário, ela se esvazia de seu legado histórico conservador e mesmo de sua doutrina social, maliciosamente degradada pela Teologia da Libertação. E os segmentos de esquerda infiltrados na própria Igreja acabam determinando as suas diretrizes internas, debaixo das batinas dos eclesiásticos conservadores, já que são as facções mais barulhentas. Por outro lado, os eclesiásticos parecem sofrer de uma crise séria de escala de valores: são moralistas estéreis no caso da proibição da camisinha ou mesmo do planejamento familiar, enquanto são omissos, senão cúmplices, em questões bem mais graves, muito mais determinantes para a vida política e mesmo os destinos da Igreja no país. Alguns bispos podem condenar a camisinha, mas são condescendentes com a violência do MST. E é mais estranho que a CNBB possa fazer escândalos sobre o aborto, e, no entanto, ser leniente com o governo Lula, que aprova a campanha abortista. Na pior das hipóteses, a esquerda católica, ao arrepio da Igreja, ainda é a favor do aborto. A hierarquia mais conservadora mostra-se inepta para conter os avanços dessas ideologias revolucionárias e utópicas e combater a infiltração marxista dentro da Igreja. É por essas razões que o catolicismo se enfraquece. Ao invés de se preocupar com a direção das almas, intervém indevidamente numa seara que não a pertence. Ou pior, que é contrária mesma aos seus fins teológicos e espirituais. Ou se perde numa concepção formal e estéril de moralidade, quando se permite a coisas bem piores.


Se a Igreja Católica do Rio de Janeiro, assumindo sua vertente autenticamente conservadora, mobilizasse tantas pessoas contra o crime organizado ou mesmo contra a inépcia das autoridades públicas, abalaria os alicerces desta cidade. Quantas carreiras políticas medíocres não seriam destruídas, quantas favelas não seriam pacificadas e grupos criminosos não poderiam ter sido presos ou dizimados, se a população fosse mobilizada para o fim de resgatar a ordem e a moralidade pública, a fim de combater a violência? E quem negará que os bispos e padres não teriam esse poder moral de desobediência civil ou mesmo pressão para combater a soberania do narcotráfico ou mesmo o consumo de drogas? A influência católica não somente seria benéfica, como pedagógica. Muitos objetariam essa influência, por conta de uma interferência arbitrária da Igreja nas questões políticas. Contudo, a Igreja deve se preservar incólume de tais intrigas orientando tão somente os fiéis para a vida regrada na política. É hora dos conservadores despertarem para a finalidade da militância, para fazer valer aquilo o que acreditam. A campanha anti-aborto foi um estrondoso sucesso. Cabe agora resgatar a boa fé, a honestidade, a ordem, a paz pública e a responsabilidade moral das autoridades, no sentido de resgatar o Rio de Janeiro de sua agonia espiritual. É a auctoritas contra o potestas. É a autoridade espiritual superior à autoridade temporal. E a Igreja tem esse poder. . .

10 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns,caro Conde!!!

KIRK

Anônimo disse...

A Igreja Católica derrotou a Jandira e levou o cocozinho Dornelles, comprador de voto descarado, filhote da ditadura, para o Senado.
Parabéns, babacas!

Anônimo disse...

O Rio de Janeiro deu um enorme percentual de votos a Lula nas duas últimas eleições. É um paradoxo interessante, no entanto, observar que candidatos do PT nunca se saem bem nas eleições para a Prefeitura da capital e para o Governo do estado.

Anônimo disse...

Se é filhote do regime militar, deve ser bem melhor que uma comunista assassina de crianças.

Anônimo disse...

Arnaldo, você só esqueceu de dizer que o cocozinho apóia o Cocozão que tá lá no Planalto...

Anônimo disse...

O Rio é a capital menos católica do Brasil. Perdeu, Leoanrdo Bruno (ou será Raquel?)!

Anônimo disse...

O babaca é gozado direto no próprio site. Só para aparecer.

Anônimo disse...

"marulanda",às 5:28 PM,vc.não deu o rabicó,hoje,não?!Vc. tem uma fixação erótica,sexual,pelo Conde?!É o que parece!

Vai criar vergonha na cara,defensor de ideologia genocida:esquerdismo e ateísmo militante!


KIRK

Tintim disse...

Excelente, meu! Parabéns!
Alguém consegue ver as coisas além da mesmice da intelectualidade atual.

Anônimo disse...

Parabéns pelo blog! A defesa da vida humana é fundamental!

Sou Paulo Heráclito, presidente da ONG Juventude Pela Vida e convido a todos para conhecerem através do site www.juventudepelavida.com.br


Espero por todos também no meu site www.pauloheraclito.com.br
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Atenciosamente, Paulo Heráclito.