
Tive uma experiência interessante, quando fui convidado a assistir uma campanha eleitoral, patrocinada pelo PSDB e DEM, na minha cidade. Um conhecido meu, viciado 24 horas em política, cuja assessoria era uma espécie de ganha-pão, apresentou-me a alguns potentados da terra. Uma coisa que me chamou atenção nos políticos é a incapacidade de dizer a verdade. Escutava, com uma certa impaciência, os discursos demagógicos, as promessas eleitoreiras e vazias e a ânsia mesma do público por ouvi-las. Na verdade, o povo nem tinha tanta ânsia assim. Alguns eram pagos para isso. Havia um ar paternal no público de esperar favores do governo. E claro, para atender à demanda, um povo que espera clientelismos tem os políticos que merece.
O que mais me aborreceu foi a carência completa da idéia do bem comum. Ninguém negava que ali havia uma mera disputa facciosa, puramente pessoal. Era pura busca de carguinhos públicos, de conluios, de troca de favores ou mesmo de compra de votos, ainda que isso representasse promessas paternalistas não declaradas. O pior é o povo aderir a esse tipo de pensamento. Eu já não me escandalizo mais se o Pará é infestado de vereadores, prefeitos, deputados e governadores que fazem do governo uma espécie de patrimônio próprio e tetas para seus costados. A população parece aceitar perfeitamente essa premissa. Os laços particulares mais mesquinhos suplantam os sentimentos comunitários que fazem de pessoas em cidadãos nos países democráticos autênticos. Causou-me um certo pavor quando o meu amigo disse que eu tinha vocação para a política. Apertar a mão de políticos ordinários? Bajular um povo imbecilizado para ganhar votos? Aquilo soou como infâmia.
Tão desastroso quanto o povo carente de um pai, é a elite ignorar o que seja o espírito de responsabilidade e liderança necessário a quem governa. O Brasil, em geral, e o Pará, em particular, ignoram aquele espírito aristocrático que faz nações possuírem classes políticas decentes e mesmo o espírito burguês que divide o público e o privado, a propriedade e o Estado, a livre iniciativa e o poder público. O país não possui aristocratas; é dominado por oligarquias. Não é governado pelos melhores, mas pelos poucos e pelos piores. E como tais, o relativismo e a corrupção moral são seus piores defeitos.
O governo Lula representa a personificação mais elaborada de um novo patrimonialismo, de uma nova oligarquia. A idéia mesma de um “pai salvador”, encarnada na figura do presidente, muito pouco difere daquilo que é visto nas regiões mais pobres do país. Se há algo que a administração petista fez, com um sucesso estrondoso, foi fortalecer os sentimentos patrimoniais do povo pelo Estado. O bolsa-família é um exemplo clássico disso. O programa praticamente comprou as bocas, a consciência e o voto de milhões de pobres do nordeste e do norte, incluindo outros lugares do Brasil. Sem contar outras medidas paternalistas, cujas ações implicarão, futuramente, numa completa aversão do povo à iniciativa e mesmo à liberdade. Ademais, essa aversão já existe. Trocaram-se os pais. Antes, eram os coronéis do nordeste ou prefeitos do norte que compravam votos em troca de cestas básicas. Agora é o governo federal que faz isso. Não me surpreenda que as velhas classes políticas oligárquicas tenham aderido tão fielmente ao governo petista. Se hoje pessoas do quilate de Jader Barbalho, Sarney, Renan Calheiros e outras demais pérolas do atraso político nacional estão muito próximas de Lula, são pelos mesmíssimos costumes e mesmíssimas razões com que aqueles sempre se perpetuaram no poder.
Interessante notar que o governo Lula teve um grande apoio de uma parte da classe média e da inteligentsia dita “progressista”. Todavia, essa classe média, profundamente ligada ao funcionalismo público e embebida de ideologias socialistas inoculadas pelas universidades, instintivamente pensa muito pouco diferente dos estúpidos interioranos locais dos grotões do nordeste. Ela alimenta o mesmo sentimento paternalista pelo Estado. Quer privilégios em nome de supostos “direitos”. E quando está no poder, cobiça os mesmos poderes que a classe política sempre se deteve para permanecer no governo. Foi uma pequena parcela da classe média radical que criou o mito Lula. Entretanto, a ideologia da luta de classes que essas pessoas tanto apregoavam como sacerdócio se voltou contra elas. O governo petista alimenta a divisão de classes para acirrar o ódio contra a classe média e os ricos. E hostiliza a livre empresa, o empresariado ou qualquer grupo independente, os únicos que poderiam mostrar resistência a qualquer fenômeno totalitário no país.
A carência de decoro público e a ausência dos critérios necessários ao bem comum na política podem deixar um vazio perigoso para o totalitarismo. Honestidade, boa fé, senso de dever e responsabilidade moral estão ausentes na política brasileira nos últimos tempos. Esse vazio ético que se reflete nas próprias elites, está contaminando o povo. O valor mais sacrificado pela comunidade é o da verdade mesma. Vontade é que não falta ao novo poder governante de implantar um regime ditatorial que destrua a sociedade civil. Uma boa parte da população não nega que é capaz de renunciar às liberdades políticas elementares pela falsa segurança econômica do Estado. Mesmo a classe política brasileira é venal e corrupta para admitir um sistema dessa envergadura, contanto que não perca seus privilégios. O caso, porém, é que a velha classe política que faz aliança ao petismo não percebe que as ambições socialistas são muito extravagantes. Elas não se contentam apenas com meros cargos ou enriquecimento pessoal, tal como fazem os oligarcas coronelistas.
Decerto, a classe política corrupta dos Barbalhos, dos Calheiros, do PMDB, dos Sarneys, entre outros, é moralmente abjeta. Porém, essa abjeção moral não implica modificar toda uma ética social estabelecida. Eles não subvertem a moralidade que corrompem, antes a dizem encarnar, ao negarem que roubam e que são desonestos. Já o PT é muito mais ousado: admite que rouba e ainda cria uma dupla moral para o roubo. Vai mais além: justifica o roubo em nome de uma boa causa e suplanta a moralidade vigente, ditando uma nova pseudo-moralidade, revolucionária e criminosa. O PT induz a crença de que a corrupção é uma fatalidade da política e só resta ao povo aceitá-la. Os velhos oligarcas e políticos carreiristas, crédulos demais em seus poderes de bastidores e estúpidos demais no sentido de presumirem controlar essas forças, negociam e promovem seus algozes. Vendem a corda que vai enforcá-los. Os socialistas quererão o poder só para eles. E quando o regime totalitário se tornar a lei, descartá-los-ão de plano, como baratas, quando não forem mais os idiotas úteis.
A verdade é o pressuposto básico da confiança e mesmo da vida em sociedade. Seria mais incisivo: é o elemento básico da formação moral individual e social de uma pessoa decente. Sem o sentido de verdade, o homem é incapaz de compreender a realidade, é incapaz de compartilhar com seu semelhante. Na política, a transparência é algo de suma importância. É a partir da exigência comum da honestidade pública que a política caminha para a virtude e o bom senso. Sem a verdade, sem a transparência, sem honestidade, não há leis, não há propriedades, não há concórdia, não há sociedade política sã que sobreviva. A vida política acaba se deformando. As pessoas se sentem alijadas de sua realidade. E os políticos, quando enganam, tiranizam.
O Brasil sofre um fenômeno similar. Uma boa parte da mídia brasileira mente ao povo. O governo brasileiro também. E as pessoas aceitam a falsificação da realidade como algo natural, como um preço a pagar por uma ilusão de prosperidade e segurança. Chega a ser até paranóico um povo desconhecer a realidade que vivencia e que o governa. Não se pode criar uma harmonia social pautada em mentiras. No entanto, o prenúncio de qualquer regime totalitário é a perda total dos parâmetros da realidade. Ou pior, a perda da escala de valores morais e éticos que orientam o povo a julgar os preceitos que são necessários para dimensionar seus atos e a realidade em que vive. Realidade essa na vida privada e pública.
A violência e a alta criminalidade nas ruas, a corrupção desenfreada do governo, a radicalização dos “movimentos sociais”, a desmoralização das instituições democráticas, o rebaixamento moral da sociedade civil, entre outros, é um sintoma grave de que as coisas vão bem mal. Existem dois aspectos interessantes nestes fatos: o vazio moral da população, ocasião em que se torna vulnerável a qualquer projeto revolucionário; e o vácuo dessa predisposição moral, que engendra uma absorção de ideologias espúrias e destrutivas de certas classes intelectuais e que, posteriormente, se espalha por uma parte da classe política e mesmo do povo.
A política brasileira, com algumas exceções, quase sempre foi corrompida. Porém, entre a população, havia um mínimo de decoro cristão que segurava as rédeas no sentido de não se corromper com os desmandos políticos. Houve épocas em que honestidade não era sintoma da vergonha; as famílias exigiam o mínimo de respeito e dignidade nos filhos. Exigiam, inclusive, estudo e conhecimento. E a despeito dos vícios patrimoniais da classe política, havia um resquício de solidariedade e honestidade pública entre os cidadãos privados, cujas referências resguardavam a sociedade contra o caos social. Por mais limitada que fosse essa manifestação na política, ela, de fato, existia. A moralidade pública era um projeto viável,que ganhava adeptos. E causava sentido ao povo. Hoje em dia, o pensamento utilitário atual é priorizar a prosperidade econômica em desfavor da liberdade e a honestidade; a mentira sob prejuízo da verdade; o individualismo mesquinho contrário à moral e ao espírito público e pusilânime com relação ao poder corrompido. E o que convém chamar de “espírito público” é uma verdadeira extorsão de grupos políticos radicais e do Estado sobre as liberdades e propriedades dos cidadãos comuns. A decência não é mais a condição basilar de avaliação política. Uma boa parte dos eleitores deixou de acreditar nela.
É interessante pensar que o definhamento moral da sociedade brasileira não é um fato espontâneo, uma mera expressão natural de decadência. Ela é premeditada e as universidades, escolas e a mídia em geral contribuíram para essa finalidade. As ideologias corrosivas que assolam a educação do país invertem o princípio basilar da moral autêntica: a responsabilidade pelos próprios atos. Agora o modismo é o coletivismo. O individuo não é capacitado para fazer escolhas; precisa do Estado ou de alguma engenharia social partidária para isso. Ele nem mesmo as determina. São os iluminados políticos e intelectuais que querem determinar por ele. Ademais, o julgamento moral não é mais pelos frutos dos atos. Julga-se por conjecturas coletivas, por estereótipos, preconceitos, tudo em nome de uma suposta cosmovisão “progressista”. O mérito não mais existe, é ilusão. Prejulga-se o sujeito pela sua classe social, suas origens culturais, sua raça. Inclusive, essa classe política e intelectual quer determinar os destinos dos cidadãos, em detrimento de suas crenças. Querem impor as próprias. Se atualmente os “movimentos sociais” se auto-idolatram em “direitos”, sejam eles feministas, homossexuais, negros, sem-terra, entre outros, ainda que às custas de uma sociedade inteira, é porque isso retrata muito bem a falência da responsabilidade individual de cada cidadão sobre si mesmo. Até os crimes não possuem mais responsáveis! O bandido é vitima da sociedade e a vitima culpada. Querem transformar um povo num gigantesco rebanho, num organismo de massa.
Tudo é um palco que lembra as tragédias passadas da história. A República alemã de Weimar, vitimada pelo relativismo moral e pelas crenças coletivistas, acabou sucumbindo ao nazismo. O império russo, antes da revolução bolchevista, caiu no mesmo engodo, com a desmoralização completa do czar, da nobreza e da Igreja. E para que tais intentos revolucionários dominem uma sociedade civil, parte-se de uma prévia destruição das estruturas éticas e morais da sociedade política, das autoridades e do povo. Não somente as estruturas, como suas instituições. O totalitarismo nasce de uma sociedade moralmente corrupta, e cujo norte há muito se perdeu. E como a ditadura do relativismo se torna uma regra vigente, a moralidade autêntica acaba por sucumbir pela crença utilitária e oportunista da vontade política de poder de um grupo radical. O pensamento espalhado pelo governo atual, ao legitimar a própria corrupção em nome de acusar todos de corruptos, é fruto de uma ideologia inescrupulosa, que tem na visão utilitária da política e da conquista do poder, a sua finalidade absoluta. Tanto faz o governo pregar moralidade e ética na política e no dia seguinte revelar-se um grupo criminoso e bandoleiro da pior espécie. Ou deixar os banqueiros e empresários numa falsa tranqüilidade da estabilidade econômica, quando incentiva quebradeiras, violações e desrespeito à democracia, através do MST e demais quadrilhas criminosas. A manipulação, a ameaça, a chantagem, a má fé, e mesmo a intimidação, são armas para desestruturar às frágeis instituições civis. A única coisa que o petismo considera como moral é aquilo que acelera a gênese da revolução que promove. Ou seja, a ascensão do seu poder. E o século XX é testemunha desse filme. Os socialistas querem repeti-lo no Brasil.
O que mais me aborreceu foi a carência completa da idéia do bem comum. Ninguém negava que ali havia uma mera disputa facciosa, puramente pessoal. Era pura busca de carguinhos públicos, de conluios, de troca de favores ou mesmo de compra de votos, ainda que isso representasse promessas paternalistas não declaradas. O pior é o povo aderir a esse tipo de pensamento. Eu já não me escandalizo mais se o Pará é infestado de vereadores, prefeitos, deputados e governadores que fazem do governo uma espécie de patrimônio próprio e tetas para seus costados. A população parece aceitar perfeitamente essa premissa. Os laços particulares mais mesquinhos suplantam os sentimentos comunitários que fazem de pessoas em cidadãos nos países democráticos autênticos. Causou-me um certo pavor quando o meu amigo disse que eu tinha vocação para a política. Apertar a mão de políticos ordinários? Bajular um povo imbecilizado para ganhar votos? Aquilo soou como infâmia.
Tão desastroso quanto o povo carente de um pai, é a elite ignorar o que seja o espírito de responsabilidade e liderança necessário a quem governa. O Brasil, em geral, e o Pará, em particular, ignoram aquele espírito aristocrático que faz nações possuírem classes políticas decentes e mesmo o espírito burguês que divide o público e o privado, a propriedade e o Estado, a livre iniciativa e o poder público. O país não possui aristocratas; é dominado por oligarquias. Não é governado pelos melhores, mas pelos poucos e pelos piores. E como tais, o relativismo e a corrupção moral são seus piores defeitos.
O governo Lula representa a personificação mais elaborada de um novo patrimonialismo, de uma nova oligarquia. A idéia mesma de um “pai salvador”, encarnada na figura do presidente, muito pouco difere daquilo que é visto nas regiões mais pobres do país. Se há algo que a administração petista fez, com um sucesso estrondoso, foi fortalecer os sentimentos patrimoniais do povo pelo Estado. O bolsa-família é um exemplo clássico disso. O programa praticamente comprou as bocas, a consciência e o voto de milhões de pobres do nordeste e do norte, incluindo outros lugares do Brasil. Sem contar outras medidas paternalistas, cujas ações implicarão, futuramente, numa completa aversão do povo à iniciativa e mesmo à liberdade. Ademais, essa aversão já existe. Trocaram-se os pais. Antes, eram os coronéis do nordeste ou prefeitos do norte que compravam votos em troca de cestas básicas. Agora é o governo federal que faz isso. Não me surpreenda que as velhas classes políticas oligárquicas tenham aderido tão fielmente ao governo petista. Se hoje pessoas do quilate de Jader Barbalho, Sarney, Renan Calheiros e outras demais pérolas do atraso político nacional estão muito próximas de Lula, são pelos mesmíssimos costumes e mesmíssimas razões com que aqueles sempre se perpetuaram no poder.
Interessante notar que o governo Lula teve um grande apoio de uma parte da classe média e da inteligentsia dita “progressista”. Todavia, essa classe média, profundamente ligada ao funcionalismo público e embebida de ideologias socialistas inoculadas pelas universidades, instintivamente pensa muito pouco diferente dos estúpidos interioranos locais dos grotões do nordeste. Ela alimenta o mesmo sentimento paternalista pelo Estado. Quer privilégios em nome de supostos “direitos”. E quando está no poder, cobiça os mesmos poderes que a classe política sempre se deteve para permanecer no governo. Foi uma pequena parcela da classe média radical que criou o mito Lula. Entretanto, a ideologia da luta de classes que essas pessoas tanto apregoavam como sacerdócio se voltou contra elas. O governo petista alimenta a divisão de classes para acirrar o ódio contra a classe média e os ricos. E hostiliza a livre empresa, o empresariado ou qualquer grupo independente, os únicos que poderiam mostrar resistência a qualquer fenômeno totalitário no país.
A carência de decoro público e a ausência dos critérios necessários ao bem comum na política podem deixar um vazio perigoso para o totalitarismo. Honestidade, boa fé, senso de dever e responsabilidade moral estão ausentes na política brasileira nos últimos tempos. Esse vazio ético que se reflete nas próprias elites, está contaminando o povo. O valor mais sacrificado pela comunidade é o da verdade mesma. Vontade é que não falta ao novo poder governante de implantar um regime ditatorial que destrua a sociedade civil. Uma boa parte da população não nega que é capaz de renunciar às liberdades políticas elementares pela falsa segurança econômica do Estado. Mesmo a classe política brasileira é venal e corrupta para admitir um sistema dessa envergadura, contanto que não perca seus privilégios. O caso, porém, é que a velha classe política que faz aliança ao petismo não percebe que as ambições socialistas são muito extravagantes. Elas não se contentam apenas com meros cargos ou enriquecimento pessoal, tal como fazem os oligarcas coronelistas.
Decerto, a classe política corrupta dos Barbalhos, dos Calheiros, do PMDB, dos Sarneys, entre outros, é moralmente abjeta. Porém, essa abjeção moral não implica modificar toda uma ética social estabelecida. Eles não subvertem a moralidade que corrompem, antes a dizem encarnar, ao negarem que roubam e que são desonestos. Já o PT é muito mais ousado: admite que rouba e ainda cria uma dupla moral para o roubo. Vai mais além: justifica o roubo em nome de uma boa causa e suplanta a moralidade vigente, ditando uma nova pseudo-moralidade, revolucionária e criminosa. O PT induz a crença de que a corrupção é uma fatalidade da política e só resta ao povo aceitá-la. Os velhos oligarcas e políticos carreiristas, crédulos demais em seus poderes de bastidores e estúpidos demais no sentido de presumirem controlar essas forças, negociam e promovem seus algozes. Vendem a corda que vai enforcá-los. Os socialistas quererão o poder só para eles. E quando o regime totalitário se tornar a lei, descartá-los-ão de plano, como baratas, quando não forem mais os idiotas úteis.
A verdade é o pressuposto básico da confiança e mesmo da vida em sociedade. Seria mais incisivo: é o elemento básico da formação moral individual e social de uma pessoa decente. Sem o sentido de verdade, o homem é incapaz de compreender a realidade, é incapaz de compartilhar com seu semelhante. Na política, a transparência é algo de suma importância. É a partir da exigência comum da honestidade pública que a política caminha para a virtude e o bom senso. Sem a verdade, sem a transparência, sem honestidade, não há leis, não há propriedades, não há concórdia, não há sociedade política sã que sobreviva. A vida política acaba se deformando. As pessoas se sentem alijadas de sua realidade. E os políticos, quando enganam, tiranizam.
O Brasil sofre um fenômeno similar. Uma boa parte da mídia brasileira mente ao povo. O governo brasileiro também. E as pessoas aceitam a falsificação da realidade como algo natural, como um preço a pagar por uma ilusão de prosperidade e segurança. Chega a ser até paranóico um povo desconhecer a realidade que vivencia e que o governa. Não se pode criar uma harmonia social pautada em mentiras. No entanto, o prenúncio de qualquer regime totalitário é a perda total dos parâmetros da realidade. Ou pior, a perda da escala de valores morais e éticos que orientam o povo a julgar os preceitos que são necessários para dimensionar seus atos e a realidade em que vive. Realidade essa na vida privada e pública.
A violência e a alta criminalidade nas ruas, a corrupção desenfreada do governo, a radicalização dos “movimentos sociais”, a desmoralização das instituições democráticas, o rebaixamento moral da sociedade civil, entre outros, é um sintoma grave de que as coisas vão bem mal. Existem dois aspectos interessantes nestes fatos: o vazio moral da população, ocasião em que se torna vulnerável a qualquer projeto revolucionário; e o vácuo dessa predisposição moral, que engendra uma absorção de ideologias espúrias e destrutivas de certas classes intelectuais e que, posteriormente, se espalha por uma parte da classe política e mesmo do povo.
A política brasileira, com algumas exceções, quase sempre foi corrompida. Porém, entre a população, havia um mínimo de decoro cristão que segurava as rédeas no sentido de não se corromper com os desmandos políticos. Houve épocas em que honestidade não era sintoma da vergonha; as famílias exigiam o mínimo de respeito e dignidade nos filhos. Exigiam, inclusive, estudo e conhecimento. E a despeito dos vícios patrimoniais da classe política, havia um resquício de solidariedade e honestidade pública entre os cidadãos privados, cujas referências resguardavam a sociedade contra o caos social. Por mais limitada que fosse essa manifestação na política, ela, de fato, existia. A moralidade pública era um projeto viável,que ganhava adeptos. E causava sentido ao povo. Hoje em dia, o pensamento utilitário atual é priorizar a prosperidade econômica em desfavor da liberdade e a honestidade; a mentira sob prejuízo da verdade; o individualismo mesquinho contrário à moral e ao espírito público e pusilânime com relação ao poder corrompido. E o que convém chamar de “espírito público” é uma verdadeira extorsão de grupos políticos radicais e do Estado sobre as liberdades e propriedades dos cidadãos comuns. A decência não é mais a condição basilar de avaliação política. Uma boa parte dos eleitores deixou de acreditar nela.
É interessante pensar que o definhamento moral da sociedade brasileira não é um fato espontâneo, uma mera expressão natural de decadência. Ela é premeditada e as universidades, escolas e a mídia em geral contribuíram para essa finalidade. As ideologias corrosivas que assolam a educação do país invertem o princípio basilar da moral autêntica: a responsabilidade pelos próprios atos. Agora o modismo é o coletivismo. O individuo não é capacitado para fazer escolhas; precisa do Estado ou de alguma engenharia social partidária para isso. Ele nem mesmo as determina. São os iluminados políticos e intelectuais que querem determinar por ele. Ademais, o julgamento moral não é mais pelos frutos dos atos. Julga-se por conjecturas coletivas, por estereótipos, preconceitos, tudo em nome de uma suposta cosmovisão “progressista”. O mérito não mais existe, é ilusão. Prejulga-se o sujeito pela sua classe social, suas origens culturais, sua raça. Inclusive, essa classe política e intelectual quer determinar os destinos dos cidadãos, em detrimento de suas crenças. Querem impor as próprias. Se atualmente os “movimentos sociais” se auto-idolatram em “direitos”, sejam eles feministas, homossexuais, negros, sem-terra, entre outros, ainda que às custas de uma sociedade inteira, é porque isso retrata muito bem a falência da responsabilidade individual de cada cidadão sobre si mesmo. Até os crimes não possuem mais responsáveis! O bandido é vitima da sociedade e a vitima culpada. Querem transformar um povo num gigantesco rebanho, num organismo de massa.
Tudo é um palco que lembra as tragédias passadas da história. A República alemã de Weimar, vitimada pelo relativismo moral e pelas crenças coletivistas, acabou sucumbindo ao nazismo. O império russo, antes da revolução bolchevista, caiu no mesmo engodo, com a desmoralização completa do czar, da nobreza e da Igreja. E para que tais intentos revolucionários dominem uma sociedade civil, parte-se de uma prévia destruição das estruturas éticas e morais da sociedade política, das autoridades e do povo. Não somente as estruturas, como suas instituições. O totalitarismo nasce de uma sociedade moralmente corrupta, e cujo norte há muito se perdeu. E como a ditadura do relativismo se torna uma regra vigente, a moralidade autêntica acaba por sucumbir pela crença utilitária e oportunista da vontade política de poder de um grupo radical. O pensamento espalhado pelo governo atual, ao legitimar a própria corrupção em nome de acusar todos de corruptos, é fruto de uma ideologia inescrupulosa, que tem na visão utilitária da política e da conquista do poder, a sua finalidade absoluta. Tanto faz o governo pregar moralidade e ética na política e no dia seguinte revelar-se um grupo criminoso e bandoleiro da pior espécie. Ou deixar os banqueiros e empresários numa falsa tranqüilidade da estabilidade econômica, quando incentiva quebradeiras, violações e desrespeito à democracia, através do MST e demais quadrilhas criminosas. A manipulação, a ameaça, a chantagem, a má fé, e mesmo a intimidação, são armas para desestruturar às frágeis instituições civis. A única coisa que o petismo considera como moral é aquilo que acelera a gênese da revolução que promove. Ou seja, a ascensão do seu poder. E o século XX é testemunha desse filme. Os socialistas querem repeti-lo no Brasil.
13 comentários:
Parabéns!
Sempre consegue nos surpreender com seus maravilhosos textos, seu Conde!
Escuta, o povo necessita de um líder que saiba conduzi-lo ao caminho do bem, da verdade e da ética.
Vamos mudar o cenário brasileiro?
Ainda bem que o país não possui aristocratas. A gente ia precisar gastar gasolina, fósforo e pneu com eles.
E-X-C-E-L-E-N-T-E,caro Conde!!!
KIRK
Ainda bem que o país não possui aristocratas. A gente ia precisar gastar gasolina, fósforo e pneu com eles.
Conde-como não temos aristocratas, servem marginaizinhos como vc pra jogar gasolina e pneu. . .
Meu, esse Marulanda Jr. gosta mesmo é de aparecer. Na certa está em busca de algum carguinho público burocrático em administração esquerdista, ou ainda em alguma ditadura de igual espécie. É o tipo do sujeito que primeiro se oferece, nesses governos ilegítimos, para delatar os "traidores do regime", mesmo que outrora fossem amigos seus, o que faz em busca de alguma recompensa material. Além disso, o sujeito não reconhece que somente tem o direito de expressar sua opinião graças à democracia, mas, mesmo assim, por ela demonstra desprezo, com suas palavras agressivas e reacionárias.
Que nome mais estranho esse Marulanda.
O país deveria ser governado pelos aristocratas. Aliás, isso deveria ser um pré-requisito para ser político.
Amigo Conde, entre na política para acabar com a bagunça.
Caro Conde,concordo,também,com a sugestão do Yuco,às 11:37 AM,você deveria entrar para a política, para acabar com a bagunça...
O meu voto vc. já teria garantido,bem como da minha família!!!
KIRK
"Anônimo disse...
Meu, esse Marulanda Jr. gosta mesmo é de aparecer. Na certa está em busca de algum carguinho público burocrático em administração esquerdista, ou ainda em alguma ditadura de igual espécie. É o tipo do sujeito que primeiro se oferece, nesses governos ilegítimos, para delatar os "traidores do regime", mesmo que outrora fossem amigos seus, o que faz em busca de alguma recompensa material. Além disso, o sujeito não reconhece que somente tem o direito de expressar sua opinião graças à democracia, mas, mesmo assim, por ela demonstra desprezo, com suas palavras agressivas e reacionárias.
4:23 PM"
Concordo com você,amigo!!!
"Marulanda,não lhe mandaram tomar no cú,hoje?Não?!Não seja por isso:"Marulanda,vai tomar no olho do seu cú,seu néscio,seu merda!!!
KIRK
"Anônimo disse...
Meu, esse Marulanda Jr. gosta mesmo é de aparecer. Na certa está em busca de algum carguinho público burocrático em administração esquerdista, ou ainda em alguma ditadura de igual espécie. É o tipo do sujeito que primeiro se oferece, nesses governos ilegítimos, para delatar os "traidores do regime", mesmo que outrora fossem amigos seus, o que faz em busca de alguma recompensa material. Além disso, o sujeito não reconhece que somente tem o direito de expressar sua opinião graças à democracia, mas, mesmo assim, por ela demonstra desprezo, com suas palavras agressivas e reacionárias.
4:23 PM"
Concordo com você,amigo!!!
"Marulanda,não lhe mandaram tomar no cú,hoje?Não?!Não seja por isso:"Marulanda,vai tomar no olho do seu cú,seu néscio,seu merda!!!
KIRK
Que horror...
Valeu,Conde!
Altair
Assustador esse seu texto.
Mas infelizmente verdadeiro.
Não o conheço, mas muito bom esse seu texto.Pena que nossa sociedade é muito cega para ver que estamos repetindo fracassos mais que compravados pelo tempo.
Bom... é uma fotografia no mural da decadência do Brasil. O artigo é mais uma foto a ser pendurada no meu painel investigativo, que me ajuda a elucidar o Caso Brasil, para descobrir mais culpados e cúmplices da conspiração contra o nosso país.A solução é orar ao nosso Senhor, como o Rei Josias, que recebeu de Deus o consolo de ter um despertar de valores no reino de Judá, e de não ver o juízo determinado sobre a nação em razão da sua imoralidade.
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