quinta-feira, maio 11, 2006

O CULTO DA JUVENTUDE: DOUTRINAÇÃO E INOCÊNCIA ÚTIL


Uma questão sempre me impressionou quando de minha entrada como calouro na UFPA: os valores que se alimenta para os jovens, em matéria de educação, como da vida em geral. Percebi em minha curta vida acadêmica, como muitos educadores tendenciosos aproveitam a bajulação da juventude como um salvo-conduto da exploração da consciência destes jovens. Uma parte da juventude assimila aquele estereótipo metido a bonzinho, louco para salvar o mundo e transformá-lo, ainda que à sua imagem e semelhança, sem perguntar para ninguém se o mundo quer ser mudado. Invocam valores pretensamente socialistas e pseudo-generosos, como uma espécie de afirmação de um ideal, e, na prática, uma espécie sublimada de auto-afirmação. Isto não é muita novidade, pois os jovens, em grande parte, precisam de certos estereótipos, a fim de se afirmarem, parecerem importantes para alguma coisa. Os jovens querem afirmar um grau de espaço no mundo ainda não conquistado, e para isso, muitos se apropriam de slogans, chavões e receituários de idealismo, às vezes, e na maioria das vezes, fúteis, cujo conteúdo esconde uma espécie mórbida de narcisismo. Tais considerações em parte são perdoáveis, visto que os jovens têm o direito de se desiludirem, de acreditarem em tolices comuns, e com isso, aprenderem a adquirir um saudável ceticismo em relação ao futuro e à vida.


O pior de tudo, todavia, é como tais valores são alimentados nos jovens de hoje. No caso específico da universidade, como também em cursinhos, muitos grupos políticos e professores militantes se aproveitam desta imaturidade natural dos jovens, para lhes incutir um grau incomensurável de credulidade e estupidez. Isso me ajuda a explicar porque tantas figuras históricas e políticas tão facínoras, tão inexpressivas e tão antiintelectuais possuem uma enorme popularidade entre a juventude. Exemplos disso são as devoções quase religiosas a tipos insignificantes, criminosos e celerados como Che Guevara ou Fidel Castro. Ou as próprias ideologias socialistas radicais, sacerdócios tão aceitos como dogmas de Revelação Divina entre muitos meios pretensamente “letrados”. Àqueles que poderiam ser responsáveis para o amadurecimento do jovem como educadores, alimentam mais ainda este culto da juvenil imaturidade, este complexo de Peter Pan, como um sinônimo justificável de vaidade e arrogância cega, ao invés de humildade e incerteza sábia. A apologia do jovem, tão apregoada por aqueles que querem fazer a cabeça dos jovens é uma hipocrisia, uma maneira vil de tirar proveito da pureza e da imaturidade juvenil e prolongá-la até a idade adulta.

Este “culto” da juventude idealista, messiânica e irresponsável, afeita a utopias espúrias quanto a voluntarismos desprezíveis e ghettos, acaba por transformar os jovens em figuras egocêntricas, incapazes de aprenderem com suas limitações e a de serem futuros homens livres e independentes. O jovem, não consciente de suas limitações, torna-se presa fácil de grupinhos e patotinhas, que fazem sua cabecinha como uma verdadeira vaca de presépio. E o jovem, pretensioso e adorador da auto-afirmação, está apto a aceitar as pressões externas para ser aceito pelo grupo, ainda que renunciando sua consciência. O “culto do jovem” insufla uma total dependência do jovem às opiniões alheias e o roubo de sua liberdade e individualidade. As más companhias e o acesso às drogas são algumas de suas conseqüências trágicas.

Mas por que o texto? Reflito a respeito disso, por que quantas vezes a juventude, tão cultuada como supra-suma da sagacidade, não foi utilizada para fins grotescos? Só para lembrar, os regimes mais perversos da história, tais como o nazismo e o comunismo, utilizaram este culto da juventude para os mais atrozes crimes. Os guardas vermelhos de Mao Tse Tung, como a Juventude Hitlerista foram patrocinados por pessoas inescrupulosas, que utilizaram as fraquezas dos jovens como um instrumento baixo de poder. Este processo se repete, na medida em que jovens são induzidos a adorarem a futilidade e o lugar-comum, como fruto de uma infantilidade artificialmente produzida, a fim de se tirar dividendos políticos.


O culto da baixeza moral, da vilania e da violência como sinônimo de alta cultura é uma inversão de valores, que certos educadores, cúmplices de ideologias assassinas e sanguinárias, roubam nos jovens, incutindo-os a filosofia do desespero e da deterioração espiritual de sua própria juventude. Pior são as reverências a ídolos de pedra, que mais mereceriam o devido desprezo e esquecimento, ao invés de adoração. Certos professores e educadores, como títeres de uma doutrina totalitária e despótica, utilizam suas posições para o mais violento atentado contra os jovens: a usurpação da capacidade de serem dignos, livres, inteligentes e saberem viver a vida conscientemente. Não que os jovens não tenham capacidade de discernimento sensato e inteligente, posto que muitos provam o ter. O caso é que os jovens devem ter o direito de escolha quanto às coisas boas e saudáveis da vida. E os educadores, cônscios em suas posições, deveriam orientar com responsabilidade os jovens e oferecer esse direito de escolha.

Um comentário:

Anônimo disse...

Hipócrita sanguinário!