quinta-feira, janeiro 27, 2011

Resposta a um chato. . .

Um comentarista sentiu-se ultrajado com o meu artigo a respeito do fechamento do Cinema Belas Artes, na Rua da Consolação, em São Paulo. No entanto, o que me espantou foi o viés oportunista do discurso, daqueles esquerdismos bem rançosos, típicos dessa intelectuária festiva que adora dinheiro público em causa própria. Esse pessoal deve se achar muito especial por gostar de filmes cults chatos. Vejamos:

como pode em um texto haver tantos anacronismos? não há valor histórico PALPAVEL? o que um valor historico precisa ter pra ser paupavel? mercado privado de cultura?

Conde- Não sei que tipo de “anacronismos” o autor se refere. Mas “valor histórico” significa a relevância de um prédio, de um documento, de uma arquitetura, de uma pintura ou de qualquer outro tipo de registro, que marque a trajetória e a memória de uma cidade, de um país ou do mundo, influenciando os destinos do nosso presente. O prédio em questão não tem valor algum que o distinga historicamente como algo a ser tombado, justamente porque é um prédio comum, como há muitos em São Paulo. E o cinema lá é apenas um serviço como outro qualquer, que visa o lucro, já que você não gosta dessa palavra maldita. . .o problema é que o empresário de lá é incompetente demais para chamar ao lucro. E aí precisa dessa esquerda festiva para agitar o Estado, no intuito de bancar sua incompetência, visando naturalmente ao lucro, só que pago pelo Estado. . .

existe de fato cultura dentro da lógica de mercado? ou existe só o lucro?

Conde- Curioso argumento, que demonstra uma completa indigência moral. Quando um artista ganha seus dividendos por intermédio direto de seu público pagante, o sujeitinho é acusado de ser um capitalista malvado explorador e vendilhão das artes. Agora, quando o artista é puxa-saco do governo e obriga a um público inexistente a pagar seu produto, ele acaba sendo elevado a criatura cult, ainda que ninguém dê um reles tostão à sua obra.

Quer dizer então que você acha que o Estado é que detém o poder da cultura? Esse mesmo Estado que bestializa, prostitui e oprime a cultura, em nome de dividendos políticos espúrios? Ao menos, camarada, o lucro provém do pagamento de um público que quer ver um show, uma peça ou um filme. Ainda que sejam ruins, eles não são obrigados a pagar por algo que não gostam. E convém dizer, a lógica do Estado é a do lucro, só que às custas de um público que é obrigado a pagar, mas não vê, porque o artista e o empresário são demasiado incompetentes para ter um público pagante.

pagamos CARO no cinema hoje exatamente porque o lucro tomou o espaço da cultura.

Conde- Vamos provar o quanto esse sujeito é um bobalhão. O cinema ficou caro, justamente porque os custos de sustenta-lo ficaram cada vez mais proibitivos e os ganhos compensam cada vez menos. A tendência de fechamento dos cinemas é mundial. O cinema ficou caro, justamente por falta de lucro. E convém dizer: Pagamos muito mais caro quando o Estado subsidia milhões de reais em filminhos ruins que ninguém quer assistir. Claro, só você, com a ajuda de 10 milhões de paulistanos que não dão a mínima para seus gostos. Ou você acha que filmes como o do “Lula, Filho do Brasil” saíram baratos ao contribuinte, seu jumento? O cinema brasileiro, além de dar só prejuízo, a qualidade é ainda ruim. Só que paga pelo Estado. E você acha mesmo que o cinema Belas Artes, sustentado pelo Estado, não vai ficar caríssimo aos bolsos do contribuinte, justamente porque é uma empresa falida e que não gera lucros? Por que o contribuinte vai colocar seu dinheiro num espetáculo que só tem prejuízo?

e é só uma meia duzi de gatos pingados que vai no belas artes porque desde muito cedo o dinheiro (ou a falta dele) impede que as pessoas tenham acesso a todo e qualquer tipo de cultura.

Conde- Estranha contradição. Uma hora, o público não tem dinheiro para pagar espetáculos. Outra hora, os malvados empresários ganham horrores com a cultura, já que há um público pagante. Decida cara, ou existe um público atuante, que enche os bolsos dos empresários ou não existe público algum e os empresários estão pobres e falidos. Como alguém pode lucrar se, nas suas palavras, ninguém pode pagar? Isso se aplica ao cinema que vai fechar, justamente porque, ao contrário de sua ladainha imbecil, ele não tem lucro. Sua resposta é pura incoerência!

e pior seria se não houvesse subsidio do estado porque esta cultura "chata" a que você se refere é o pouco da cultura não-tecnocrata que você, pelo jeito, não teve.

Conde-Ué? Você se diz contra a “tecnocracia” pedindo ajuda aos tecnocratas do Estado para sustentarem sua cultura? Pelo jeito, você nem sabe o que é “tecnocracia”, que é a cultura dos técnicos, entre os quais, os funcionários públicos que liberam verbas pra sustentar gostos enfadonhos como os seus. Claro, quem paga é justamente quem não quer ver.

um salve para o utilitarismo! queimemos os livros de machado de assis! eles são chatos!

Conde- Onde está utilitarismo em afirmar que não sou obrigado a pagar por filmes chatos? Só penso que ninguém é obrigado a pagar por livros de Machado de Assis, se não quiser ler. Que dirá de filmes e do resto? Obrigar as pessoas a financiarem ao seu tipo de cultura demonstra o autoritarismo de sua mentalidade. Por que ao invés de impor gostos às pessoas, você, ao menos, não tenta convence-los de que seus gostos chatos são bons?

não é em defesa dos interesses pessoais que critico seus argumentos; é pensando como todos aqueles que manifestaram contra o fechado do cinema, que há uma saída que não seja o fechamento do cinema e a perda dos lucros pelo proprietário,

Conde- A saída que você propõe é a mais mesquinha, hipócrita e vigarista possível: o contribuinte deve pagar por algo que não dá diretamente. Ou seja, você quer que os cidadãos, que não deram crédito ao cinema, sustentem a empresa falida que há lá?

mas algo que contribua para, esperamos, acesso à cultura de cinema e o valor histórico sim de preservas espaços na cidade onde há algo além de PRODUTOS. obrigado.

Conde- Vamos ver se entendi: quase ninguém vai ao cinema lá. O empresário do cinema não soube chamar público, nem administrar os recursos da empresa com propriedade. E agora você eleva a “valor histórico” um cinema falido, só porque convém aos seus gostos? E quem disse que o que você vê não é um produto? Acaso você ia de graça pra assistir filmes lá? Se você quiser preservar esse espaço, convença as pessoas a tirarem de seus bolsos, não as force a fazer isso, através da coerção estatal.

2 comentários:

Anônimo disse...

SENSACIONAL,caro conde!!!

É sempre um PRAZER vê-lo chutando os oferecidos traseiros esquerdopatas!!!

O pior é quando a referida gentalha esquerdopata(pleonasmo) acaba se viciando com os seus chutes,perdendo o rumo de casa,não saindo mais do blog,hehe!



Almirante Kirk

Anônimo disse...

O curioso nessa história é que o pretenso "valor histórico" do prédio/conteúdo somente foi "reconhecido" após a iniciativa do dono de romper com a empresa que administra o cinema. Ele não existia antes disso? Ora, é apenas a subversão do propósito legal: uma lei criada para proteger patrimônio histórico de verdade é dolosamente seqüestrada por um determinado grupo, que, pretendendo proteger nada mais que seus interesses pessoais, busca ampliar indevidamente seu alcance, quando nada mais parece socorrer à sua causa. Este é o Brasil.