Muito boa essa, Conde. Nos alerta que a “versão paz e amor” do bandido não é confiável e, de tempos em tempos, precisa liberar as energias das trevas, que vai se acumulando na fase da dissimulação. Nesse caso, nada como um brinquedinho como esse, que ela aprendeu a manejar, com maestria, nos tempos em que foi “companheira de armas e luta” de Zé Dirceu (palavras dele, no dia da passagem de comando, na Casa Civil) O maior problema é que ela não tem experiência com munição de festim, só real mesmo. E, na posição elevada sobre a paisagem, que ela quer que a coloquemos e com o brinquedinho novo que pediu a Papai Noel para este Natal, o estrago pode ser grande. Pobres pombos...
Faz tempo que não leio o verbo “respigar”, de uso corriqueiro nas velhas redações. Era a leitura dos jornais do Interior e de outros Estados, para catar fatos interessantes e pitorescos, e também, quando se levava “furo”, a coleta de dados do concorrente que antecipara a notícia, reescrevendo-os para dar ideia ao leitor de que estava lendo a continuação de algo que não percebera na edição anterior.
Lembrei a velha artimanha ao ler o artigo “Lula, o PT e suas heranças: 2002 e 2006”, do economista Pedro Malan, publicado no Estadão de domingo, mostrando a respiga que Lula e o PT fizeram do Governo FHC, para criar o “Nunca na História deste país”, belo tema para Escola de Samba Unidos do Pavão, cuja cantoria desafina a própria história que acabou de passar diante dos nossos olhos.
Sobre a situação de 2002, quando Lula se candidatou pela quarta vez à Presidência, Malan relata: “Lula e o PT tinham uma história de mais de 20 anos e, portanto, uma herança que consigo carregavam. Fazia parte dessa herança a ferrenha oposição ao lançamento do Real em 1994, chamado de ‘pesadelo’, de ‘estelionato eleitoral’ e com duração por eles prevista para poucos meses. Fazia parte dessa herança a oposição às mudanças constitucionais que permitiriam ampliar os investimentos privados em infraestrutura. Fazia parte dessa herança a oposição às privatizações, à redução do número de bancos estaduais e à abertura comercial”.
Prossegue Malan: “Fazia parte dessa herança o plebiscito pela suspensão dos pagamentos das dívidas externa e interna e pelo ‘rompimento’ com o FMI. Fazia parte dessa herança a oposição do PT à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) no Congresso, a tentativa de derrubá-la no STF e a aprovação, em dezembro de 2000, por seu Diretório Nacional, de texto em que o PT declarava sua posição: ‘A LRF precisa ser radicalmente modificada porque o preço da responsabilidade fiscal não pode ser a irresponsabilidade social. Fazia parte da herança com que o PT e Lula chegaram a 2002 o programa de governo aprovado em dezembro de 2001 pelo seu congresso nacional, a mais alta instância decisória do partido, e que tinha como subtítulo A ruptura necessária com tudo aquilo que ali estava”.
Tão logo as pesquisas apontaram crescimento eleitoral de Lula, “a taxa de câmbio desvalorizou-se em mais de 50% nos seis meses que antecederam a eleição”, assinala Malan. “O risco País chegou a multiplicar-se por quatro no período, chegando a 2.400 pontos em outubro, e a inflação em 2002 alcançou 12,5%, tendo mais da metade deste aumento sido registrada nos últimos três meses do ano”.
Foi preciso a “Carta aos Brasileiros”, o compromisso de arquivar as maluquices passadas e de manter a política de estabilização da moeda do governo FHC para conter a derrocada. Oito anos depois, não há como discordar de Malan:
“ (...) é cada vez mais claro que a gradual desconstrução da herança construída pelo PT para si próprio em 2002 foi facilitada por um contexto internacional extraordinariamente favorável no quadriênio 2003-2006 (só comparável ao quadriênio 1970-1973, afirma estudo recente do FMI); uma política macroeconômica não-petista e uma herança não-maldita de inúmeros avanços institucionais e mudanças estruturais que foram de enorme serventia ao novo governo. aos quais o governo Lula soube dar continuidade, ainda que pretendendo ter inventado a roda - em alguns casos, com desfaçatez e hipocrisia”."
3 comentários:
Muito boa essa, Conde.
Nos alerta que a “versão paz e amor” do bandido não é confiável e, de tempos em tempos, precisa liberar as energias das trevas, que vai se acumulando na fase da dissimulação.
Nesse caso, nada como um brinquedinho como esse, que ela aprendeu a manejar, com maestria, nos tempos em que foi “companheira de armas e luta” de Zé Dirceu (palavras dele, no dia da passagem de comando, na Casa Civil)
O maior problema é que ela não tem experiência com munição de festim, só real mesmo.
E, na posição elevada sobre a paisagem, que ela quer que a coloquemos e com o brinquedinho novo que pediu a Papai Noel para este Natal, o estrago pode ser grande.
Pobres pombos...
Para quem estiver em São Paulo ou no Rio:
http://photos-a.ak.fbcdn.net/hphotos-ak-ash1/hs454.ash1/24988_101568709878325_100000755905900_45692_5478129_n.jpg
Venha tomar um cafezinho pela sua liberdade!
Ajude-nos a divulgar essa mobilização!
"A respiga de Lula e do PT
17/02/10
Jayme Copstein
Faz tempo que não leio o verbo “respigar”, de uso corriqueiro nas velhas redações. Era a leitura dos jornais do Interior e de outros Estados, para catar fatos interessantes e pitorescos, e também, quando se levava “furo”, a coleta de dados do concorrente que antecipara a notícia, reescrevendo-os para dar ideia ao leitor de que estava lendo a continuação de algo que não percebera na edição anterior.
Lembrei a velha artimanha ao ler o artigo “Lula, o PT e suas heranças: 2002 e 2006”, do economista Pedro Malan, publicado no Estadão de domingo, mostrando a respiga que Lula e o PT fizeram do Governo FHC, para criar o “Nunca na História deste país”, belo tema para Escola de Samba Unidos do Pavão, cuja cantoria desafina a própria história que acabou de passar diante dos nossos olhos.
Sobre a situação de 2002, quando Lula se candidatou pela quarta vez à Presidência, Malan relata: “Lula e o PT tinham uma história de mais de 20 anos e, portanto, uma herança que consigo carregavam. Fazia parte dessa herança a ferrenha oposição ao lançamento do Real em 1994, chamado de ‘pesadelo’, de ‘estelionato eleitoral’ e com duração por eles prevista para poucos meses. Fazia parte dessa herança a oposição às mudanças constitucionais que permitiriam ampliar os investimentos privados em infraestrutura. Fazia parte dessa herança a oposição às privatizações, à redução do número de bancos estaduais e à abertura comercial”.
Prossegue Malan: “Fazia parte dessa herança o plebiscito pela suspensão dos pagamentos das dívidas externa e interna e pelo ‘rompimento’ com o FMI. Fazia parte dessa herança a oposição do PT à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) no Congresso, a tentativa de derrubá-la no STF e a aprovação, em dezembro de 2000, por seu Diretório Nacional, de texto em que o PT declarava sua posição: ‘A LRF precisa ser radicalmente modificada porque o preço da responsabilidade fiscal não pode ser a irresponsabilidade social. Fazia parte da herança com que o PT e Lula chegaram a 2002 o programa de governo aprovado em dezembro de 2001 pelo seu congresso nacional, a mais alta instância decisória do partido, e que tinha como subtítulo A ruptura necessária com tudo aquilo que ali estava”.
Tão logo as pesquisas apontaram crescimento eleitoral de Lula, “a taxa de câmbio desvalorizou-se em mais de 50% nos seis meses que antecederam a eleição”, assinala Malan. “O risco País chegou a multiplicar-se por quatro no período, chegando a 2.400 pontos em outubro, e a inflação em 2002 alcançou 12,5%, tendo mais da metade deste aumento sido registrada nos últimos três meses do ano”.
Foi preciso a “Carta aos Brasileiros”, o compromisso de arquivar as maluquices passadas e de manter a política de estabilização da moeda do governo FHC para conter a derrocada. Oito anos depois, não há como discordar de Malan:
“ (...) é cada vez mais claro que a gradual desconstrução da herança construída pelo PT para si próprio em 2002 foi facilitada por um contexto internacional extraordinariamente favorável no quadriênio 2003-2006 (só comparável ao quadriênio 1970-1973, afirma estudo recente do FMI); uma política macroeconômica não-petista e uma herança não-maldita de inúmeros avanços institucionais e mudanças estruturais que foram de enorme serventia ao novo governo. aos quais o governo Lula soube dar continuidade, ainda que pretendendo ter inventado a roda - em alguns casos, com desfaçatez e hipocrisia”."
KIRK
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