domingo, setembro 27, 2009

Uma república da farsa.

Acompanhei com certo ceticismo as manifestações que pediam a renúncia do senador José Sarney ao cargo de Presidente do Senado. Na verdade, essas manifestações são um sinais claros de uma perversão moral completa de nossos tempos. Alguém achará aqui que defendo Sarney? Nada disso. Pelo contrário, por que será que um grupo de pessoas faz histeria nos gritos de “fora Sarney”, quando na verdade, não move uma palha ao governo que o sancionou e o apoiou, ou seja, o governo Lula? É estranho que façam campanhas pela moralidade, quando na verdade o presidente Lula, depois do completo envolvimento com o senador, torna-se figura intocável, acima do bem e do mal, a despeito de seus delitos bem piores. A culpa pela desmoralização do senado não é de José Sarney: é do governo Lula. E onde estão os protestos de “Fora Lula”?

Se há algo que retrata muito bem nessas campanhas de ética na política é a farsa moral em vista de uma indignação fingida. Não duvido muito que os idealizadores da campanha contra Sarney sejam todos quase petistas. Ou, no mínimo, uma minoria petista deu a idéia para que a massa tola seguisse os caminhos da moralidade fajuta. “Ética”, por, assim dizer, virou apenas jogo retórico para ganhar votos, manipular idiotas úteis ou atacar os inimigos. Há tal distorção do sentido da realidade, que as manifestações parecem esquizofrênicas, fora de contexto. Por que a opinião pública lava as mãos pelo presidente Lula? O viés ideológico e a cumplicidade com o crime são elementos óbvios demais para perceber o que está por trás da destruição do senador José Sarney. É assustadora a vesguice intelectual das classes políticas e das elites, no que diz respeito a uma campanha de desmoralização do Congresso Nacional. Sarney serve para virar espantalho da Casa Legislativa, no sentido de desmoralizá-la. O pior de tudo é que o senador, raposa da nossa república, ainda alimente este jogo, confundindo sua vida abjeta de corrupção e falcatruas com a impessoalidade do Senado.

De fato, o fenômeno revela algo bem pior: uma classe de pessoas neste país tem o monopólio de ditar o que é moralidade política para os outros, ainda que não se sujeite a esta. Desde a época de Fernando Collor, passando pelo governo FHC, as esquerdas revolucionárias, lenta e gradualmente, ocuparam espaços na sociedade civil, explorando o vácuo da opinião pública e tornando-se voz dominante por intermédio dos meios culturais e políticos, através dos chamados “movimentos sociais”. De fato, há um alijamento completo da sociedade civil com as entidades que dizem representá-la. Por um lado, pequenos grupos rigidamente organizados, que dominam os espaços culturais e midiáticos, suprimindo dissidências internas e implantado uma verdadeira ditadura cultural de opiniões; e por outro, uma massa amorfa de pessoas, sem representatividade, obrigada a votar em projetos que não acredita ou simplesmente ignora. O grosso desses indivíduos é conservador e anti-totalitário, mas não tem voz e não se mobiliza; uma parte importante da elite política e cultural é largamente revolucionária e totalitária e quer impor goela adentro seus projetos de engenharia social sobre toda a sociedade. Tal é o sentido da gravidade por que passa nossa democracia.

O presidente Lula, no limiar do mais completo cinismo, afirmou que as próximas eleições presidenciais serão uma disputa entre esquerdas. Ele sabe o que diz. A oposição há muito deixou de atuar no país. É pior, a oposição é também de esquerda. O presidente revela seu conceito particular de “democracia”. Na prática, a pleito eleitoral não passará de um revezamento entre facções de esquerda, uma versão disfarçada do “centralismo democrático” leninista. Só que o partido não uma entidade política ou institucional apenas: é a própria cultura, através do imaginário esquerdista disseminado sobre toda a sociedade. O próprio ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, reproduzindo Antonio Gramsci, já falou claramente que o Brasil já alcançou a “hegemonia” da esquerda. Não é por acaso: há gente que acredita que o PSDB seja de direita! Sim, os tucanos são a direita sim, mas da esquerda!

A absolvição de Sarney era mais que esperada. Com o apoio de dos ratos de porão da Casa Legislativa Renan Calheiros, Collor (outrora inimigo de Lula), a trupe petista e outros demais bandidos da república, a impunidade se tornou regra, a ilegalidade se tornou lei. No entanto, esses mesmos aliados do petismo estão afundando, lenta e gradualmente. E quanto mais as velhas oligarquias cavam sua sepultura, um novo poder oligárquico, poderoso, impassível, inescrupuloso e acima de qualquer princípio de moralidade perverte e contamina todas as instituições da república. É a farsa de nossa democracia!

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro Conde,sinto vergonha de ser brasileiro!!!

Nessas horas me vem à mente o grande ALBORGHETTI,cuja indignação deveria ser exibida na TV,no horário nobre!!!Pois a maioria silenciosa gostaria de poder soltar o verbo contra a CANALHA vermelha,como faz o grande Alborghetti!!!

Alborghetti neles:

http://www.youtube.com/watch?v=x87McDDJOzg (Lula X Chávez X "carapintadas")

http://www.youtube.com/watch?v=2ItL3O9_uHY

http://www.youtube.com/watch?v=nrhR_VT0siA

http://www.youtube.com/watch?v=I_KHoiTKBes

http://www.youtube.com/watch?v=iq-0OlLQRL8

http://www.youtube.com/watch?v=swVNoq6AA6k

“Alborghetti Explica o mensalão do governo do PT.”

http://www.youtube.com/watch?v=LvnVcEpPDzs



KIRK