
Ouço uma moda comum nas universidades públicas e privadas, que é um vício de linguagem generalizado em todos os cursos acadêmicos, principalmente nos de pedagogia: a idéia vitimológica de exclusão social. Ela implica dizer que a sociedade capitalista atual em que vivemos é malvada e injusta, pois existem pessoas que não são supostamente “aceitas” do meio social, excluídas, rejeitadas de todas as formas possíveis. E que para isso o Estado deve estender suas mãos e ampará-las em soluções compensatórias de suas desgraças. A esquerda radical inventou até uma data, usurpando o dia cívico da independência, o sete de setembro: “o grito dos excluídos!”. É o mal que surge da Revolução Francesa pra cá. Os sans-culottes ainda usam calças curtas!
Recentemente assisti a um vídeo do notório charlatão disfarçado de pedagogo, o Sr. Paulo Freire, que fazia declarações, mostrando sintomas de mal de Alzheimer: “Eu morreria feliz se eu visse o Brasil cheio em seu peito histórico de marchas, marchas dos que não tem escola, marcha dos reprovados, marcha dos que querem amar e não podem, marcha dos que se recusam a obediência servil, marcha dos que se rebelam, marcha do que querem ser e são proibidos de ser.”. E o sujeito acredita que tais revoltas são ímpetos amorosos para “mudar o mundo”. Parafraseando o seu “peito histórico” de marchas, eis que me deparo com as lembranças de um homem que foi profundamente “excluído” durante uma boa parte de sua vida e que mudou radicalmente a história do século XX. Este pobre coitado se chamou Adolf Hitler. E sua marcha, seu “movimento social” de grito dos excluídos, por assim dizer, foi o nazismo. Ainda relembro daquele desfile militarizado das bandeiras nazistas, filmado com tanta maestria por Leni Riefenstahl, no seu filme, “O Triunfo da Vontade”. O desfile do Partido Nazista é a marcha histórica dos excluídos da Alemanha.
É interessante notar que certos historiadores e sociólogos esquerdistas defendam os chamados “movimentos sociais”, exaltando os grupos operários, camponeses e marxistas, quando ignoram conscienciosamente que o nazismo e o fascismo foram movimentos muito mais agregadores do que o marxismo, ideologia comum, em grande parte, da inteligentsia e da classe média radical. Eles ignoram, ou fingem ignorar, que o nazismo, como o fascismo, foi um movimento de massas que apaixonou tanto as classes pobres como ricas, tornando-se um movimento genuinamente popular. E mais: foi um completo movimento de excluídos. Os deserdados, declassès, marginais e ralés de todas as classes sociais aderiram em peso ao partido nazista. O conceito de “popular” dos nazi-fascistas foi muito mais abrangente do que os marxistas. Eles não abrangiam uma classe específica (os alemães e italianos estavam fartos de facciosidade partidária e classista de suas democracias parlamentares), mas todo o conjunto da nação. E por que não falar da psicologia do mais completo dos excluídos e um dos mais importantes deles, senão Adolf Hitler?
No interessante livro sobre a vida do líder nazista, escrito pelo fantástico historiador alemão Joachim Fest, deparei-me com um Hitler curiosíssimo. Não aquela figura caricatural apresentada na TV ou em alguns livros, como a figura do tirano histérico e assassino em massa. É o Hitler jovem, na sua adolescência, que sonhava em ser artista e que, na descrição de seus contemporâneos dessa época, tinha delírios de grandeza sobre si mesmo como pintor. À primeira vista, esse Hitler jovem não parecia nada de anormal, era um adolescente tolo, auto-suficiente, como o são uma boa parte dos jovens. Há até um ar de hippie, de contracultura, no posicionamento dele, algo que se encontraria perfeitamente no Fórum Social Mundial. Entretanto, há algo em Hitler que parecia refletir no seu comportamento: por mais que aparentemente fosse cheio de si, o jovem austríaco filho de funcionário público se sentia um eterno excluído, porque não concretizava nada dos seus sonhos e desejos. Sua juventude é cheia de fracassos. Ele não consegue passar na Escola de Belas-Artes em Viena e vagueia por anos, sem rumo e sem norte, na grande capital austro-húngara, procurando algo para se sentir importante. Se o iludido sobre si mesmo é frustrado e egocêntrico, ele acha que alguém neste mundo o injustiçou. A transferência de responsabilidade é notória. A culpa não foi dele, mas da sociedade que não o reconhece. Essa revolta é visível em Hitler. E da revolta, há de surgir os bodes expiatórios. A descrição estereotipada dos judeus feita no Mein Kampf é uma projeção de ódio imaginário a algo que se quer culpar. E Hitler não estava sozinho nessa idéia. Alguns alemães se achavam excluídos em seus países, seja na Áustria e na Alemanha. Quando eles foram derrotados na Primeira Guerra Mundial e humilhados pelo Tratado de Versalhes, esse fosso de inferioridade contagiou uma boa parte do povo germânico. E o judeu, o pária social, que virou tanto elite econômica capitalista como elite política comunista, tornou-se o opressor, o dominador, em escala nacional e mundial.
O bolchevismo é outro fenômeno do excluído, embora tenha uma grande força na classe média universitária, bem mais do que nas classes baixas. De aristocratas renegados como Lênin a judeus apóstatas como Trotsky, percebe-se aquele ressentimento típico de homens de elite que não se satisfazem com o reconhecimento social que possuem. Eles queriam mais, queriam o poder absoluto. E para isso, odiavam os membros de suas próprias classes, ainda não que não amassem as classes baixas. Pelo contrário, percebe-se que para estes indivíduos, as pessoas normais não são seres de carne e osso. São categorias abstratas e impessoais, adaptáveis às estruturas fantasmagóricas de suas ideologias, cujo ódio pode ser facilmente racionalizado e a moralidade neutralizada. Assim fica mais fácil matar. Contudo, Stálin é um caso à parte, um filho de sapateiro da Geórgia que se assemelha muito a Hitler em vários aspectos: o narcisismo exacerbado, a ânsia de ascensão a todo preço e a crueldade vingativa contra a humanidade, por supostamente excluí-lo. Nesse quesito, o ditador soviético era pior: não poupara a maioria dos seus rivais no Partido Comunista, matando quase todos eles.
Atenhamos a frase de Paulo Freire, sobre as passeatas dos rejeitados e toda sorte de estúpidos neuróticos que se vitimizam. Para ele, basta gritar, espernear e reunir uma turba, que essa gentalha lunática já se torna portadora de direitos, de exigências. Se o negro se sente rejeitado pelo branco, se a mulher se sente rejeitada pelo homem ou se o homossexual se sente rejeitado pela Igreja e pela sociedade heterossexual, claro, é porque o seu sentimento de rejeição demanda direitos. O pior é que o pedagogo estúpido ainda coloca os reprovados na sala de aula como alguém credor de reivindicações: ou seja, o negócio mesmo é matar a professora ou bani-la num campo de concentração qualquer, porque ela é uma odiosa paladina da pedagogia da opressão capitalista. Daí a entender o porquê do aluno brasileiro médio ter sido bestializado, a ponto de não ser mais avaliado pelos critérios de provas e vestibulares; e o porquê dos professores serem espancados na sala de aula. As provas são opressivas aos alunos burros! E os alunos burros são excluídos e potencialmente revolucionários porque odeiam a professora exigente e os colegas inteligentes que estudam. E os que querem amar e não conseguem? No palavrório vazio do Sr. Freire, os que querem e não podem amar, bem que poderiam estuprar ou matar a mulher amada que rejeita o amante. E os que querem ser? Os psicopatas são o que são e realmente há muitos problemas com eles. Devem ser pobres “excluídos”, coitados, porque muitos estão na cadeia e a sociedade não permite a eles serem como são. A conclusão que se chega é a de que o Sr. Paulo Freire, um dos arautos do discurso dos excluídos na educação, não passa de um débil mental, um velho senil e infantil, que fala asneiras com solenidade messiânica. E os seus seguidores o aplaudem, tais como os beatos do Antonio Conselheiro!
E por falar em imaturidade, o paradoxo de nossa época democrática é a politização do ser imaturo, do homem comum tolo, que não consegue governar sua cozinha e quer ditar para o mundo inteiro. Como se acha mais importante do que a média dos medíocres, ele crê que a indiferença sobre seus dotes é um ato de injustiça. A aceitação do outro agora é obrigatória, as criaturas mimadas não podem ser rejeitadas ou ignoradas. Elas devem ser eternamente bajuladas. Convém dizer que esse tipo de “excluído” está muito bem financiado, seja com verbas públicas, seja com dinheiro de empresas psicologicamente chantageadas por ONGs e “movimentos sociais”. É este tipo humano espiritualmente fraco que faz as fileiras no Partido Nazista, Fascista e Comunista ou mesmo no MST. Desde quando uma mulher é importante por ser mulher, um negro é importante por ser negro, um pobre é importante por ser pobre ou um homossexual é importante por ser homossexual? Eles se acham importantes, tal como Hitler se achava o membro eleito da raça ariana. Na idéia desses notórios palermas, a “emancipação”, a “libertação”, a “autonomia”, é a satisfação completa de seus caprichos, sem a menor preocupação com a realidade, ou mesmo com o dever, que é o contraponto ao abuso do direito. Na concepção deles, a “justiça”, por assim dizer, não é o princípio universal que orienta as civilizações para o dar o que é devido; é a prerrogativa fútil de pessoas infelizes, deserdadas, porém, invejosas, que se rebelam contra tudo e contra todos. Elas se sentem injustiçadas, porque, na prática, são intelectual e moralmente inferiores, e querem condenar em indivíduos destacados, ou mesmo na sociedade, como responsáveis pela causa de todos os seus males. Isso é a inveja elevada como protótipo de justiça. A ascensão dos excluídos no poder acaba se tornando despótica. E eles tiranizam o povo, porque o ódio aos melhores acaba se tornando um ódio universal sobre o mundo. Quando organizações como o MST exigem determinadas regalias, ainda que pisando sobre todas as leis do Estado de Direito Democrático, em conjunto com grupelhos estudantis e ONGs que condenam a “criminalização dos movimentos sociais”, eles estão dizendo, nada mais, nada menos, que podem fazer tudo. A lei, o dever, a ordem, a democracia, simplesmente não valem nada. O que vale é a vontade de poder deles. Foi a partir dessa premissa que Hitler conseguiu destruir a democrática República de Weimar. Os alemães excluídos tomaram o poder no grito. E também na porrada!
Os “movimentos sociais” de esquerda partem da mesma exploração dos sentimentos de rejeição que engendraram e arrebanham os grupos totalitários. Se cada ditadura comunista ou nazista teve um Stálin ou Hitler como líder, em cada exigência descabida, em cada militância fanática dos chamados “excluídos”, há um Hitler ou Stálin em miniatura, um ditadorzinho atomizado dentro da massa, inquirindo toda a sociedade ao bel prazer dos seus disparates. O problema é que os seres da massa são demasiados medíocres, não possuem o dom da liderança. Pelo contrário, preferem ser mandados como quaisquer capatazes de fazenda. A ideologia do excluído ressentido não cria cidadãos autênticos; gera tão somente uma legião de seres tolos, infantilizados, dependentes, incapazes de serem cidadãos, justamente porque são incapazes de assumir atos responsáveis de adultos. Não é por acaso que exigem um líder salvador ou um Estado acolhedor e opressivo para suas vidas. Eles são “homens-massa”, precisam de um "führer" alemão ou de um "Void" soviético para se locupletarem. Maturidade é senso de dever. E o direito exigido dentro do dever é exigir aquilo que é merecido, não aquilo que não nos convém. Quem tem consciência dos deveres não teme a exclusão, porque ela faz parte da vida, já ninguém está inserido em tudo. O homem maduro sabe que a vida, naturalmente, impõe limites. Ninguém precisa da aceitação comum pra ser alguém ou ter valor. Basta ter valor entre seus pares dignos. A justiça está nos atos de quem a merece. O universo dos “excluídos”, ou seja, não daqueles que precisam de amparo autêntico, e sim, dos imaturos, toscos, idiotas e cretinos que são mão-de-obra para os projetos totalitários esquerdistas, é a força motriz que ameaça internamente nossas democracias e a própria civilização.
10 comentários:
Ótimo texto,caro Conde!
O Esquerdismo é uma doença;produto de mentes doentias,como psicopatas,sociopatas,e mesmo assassinas...A PROVA DISTO está nas duas CENTENAS de MILHÕES de cadáveres de civis inocentes...
HOSPÍCIO JÁ para estes demenciados satanistas!
Ritter
E pior! O Brasil não está preocupado apenas com os seus excluídos. Leia matéria no Estadão: "O diplomata Arnaldo Carrilho, designado embaixador do Brasil em Pyongyang, afirma que a intenção do governo brasileiro ao estabelecer uma representação na Coreia do Norte é ajudar a retirar o país asiático do "isolamento" e desobstruir os caminhos para o diálogo. "O Brasil surgiria, e eu pretendo ainda que surja, como um proponente do diálogo", disse Carrilho em entrevista à BBC Brasil. 'O que queremos é fazer a República Popular Democrática da Coreia do Norte sair do esconderijo onde está, desse isolamento onde está'."
Entenderam? A Coreia do Norte está excluída!!!!
Caro Conde:
Parabéns pelo artigo.
Se eu soubesse me exprimir tão bem quanto você eu até acharia que esse artigo foi escrito por mim.
Já faz tempo que eu tinha notado esse comportamento social hodierno mas não conseguia traduzi-lo em palavras tão coerentes quanto às suas.
O máximo que consegui chegar foi chamar essa gente de filhinhos de mamãe que lutam contra o mundo do pai pois querem mamar eternamente na mãe sem uma contrapartida.
O mundo do pai é o mundo da realização e o da mãe o das vontades e desejos.
Às vezes, até tenho dificuldades de culpar essa gente pois sei o mal que causa ao indivíduo a síndrome do pai ausente.
Infelizmente, o feminismo e a revolução sexual lançou na sociedade muitos filhos sem pai.
As mães se julgam capazes de suprir o filho como pai e mãe, desprezando o papel masculino na formação da família.
Daí toda essa caca social que não tem resolução fácil e simples.
Abraços;
Ass.: Labrego
B R A V O!!!!
Excelente artigo.
Acho que você deveria dedicar mais artigos às idéias de Paulo Freire. Não há um texto, monografia, dissertação, tese, etc, na área de educação, que não cite este Sr.
Entretanto, seus livros, particularmente os mais "didáticos", têm tanta besteira e vigarice, que, como diria o filósofo Olavo de Carvalho, quando a gente chega na página 3 dá vontade de jogar o livro fora.
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Bob Dylan Sobre Hitler:
Isso poderia significar que Alec Guiness é Hitler?
Bem, claro, uma parte dele é. Mas é lógico que ele não é Hitler. E nem ninguém mais. Hitler foi Hitler.
Você se lembra de imagens de Hitler da época em que estava crescendo?
Não, crescendo não. Ele morreu quando eu tinha quatro ou cinco anos. Eu nunca entendi aquilo de verdade.
Nunca entendeu o quê?
Como você pega um pintor de paisagens fracassado e o transforma num louco fanático que controla milhões. Esse é um truque e tanto. Quer dizer, os poderes que o criaram devem ter sido impressionantes.
Bem, as condições sociais e econômicas da República de Weimar eram muito diferentes das de agora.
Sim, claro, olhando em retrospecto, você pode ver que alguém teria que tomar controle. Mas ainda assim, é tão estranho. Por que ele? Você pode ver que o homem é um vira-lata completo. Nenhuma característica ariana. Você não poderia supor sua linhagem. Cabelo castanho, olhos castanhos, compleições pálidas, nenhum tipo particular de estatura, o bigode de Hitler, a capa de chuva, o chicote de hipismo, a coisa toda. Ele sabia alguma coisa. Ele sabia que as pessoas não pensavam. Olhe pros rostos dos milhões que o idolatravam e você verá que ele inspirava amor. É assustador e triste. A tocha da palavra falada. Eles estavam felizes por segui-lo para qualquer lugar, leais até o osso. Então, é claro, ele encheu os cemitérios com eles.
EXCELENTE,caro Conde!!!
PARABÉNS!!!
KIRK
É por isso que a esquerda odeia a democracia. Numa democracia autêntica ninguém tem o direito de se vitimizar, criando "categorias especiais" de cidadãos. Todos, em tese, participam da sociedade de acordo com seus predicados. Suas vitórias e suas derrotas são resultados de seus próprios esforços individuais. O Estado cumpre seu papel de fazer cumprir a lei, estritamente. Não há (em tese) trapaça. Não adianta culpar o "sionismo internacional", ou o "capitalista selvagem", ou esperar a "luta de classes", ou chorar o "imperialismo". Tudo tem uma explicação factível. Existem distorções numa democracia verdadeira? Existem. Há injustiças? Idem. Ora bolas, a democracia é tão curiosa que permite que até a esquerda, que é eminentemente totalitarista e ditatorial (ou seja, anti-democrática), exista no seu seio. Mas, convém lembrar, não existe sistema perfeito. Acho que foi Churchill quem disse que a democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas.
Mais um excelente artigo! Continue assim!
Leonardo,
Em uma das últimas frases do texto você escreve:
"E o direito exigido dentro do dever é exigir aquilo que é merecido, não aquilo que não nos convém."
O correto não seria "não aquilo que nos convém"?
Abraço,
T.
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